sábado, 17 de novembro de 2012
África está assim
A aprovação na terça-feira pela União Africana (UA) do envio de uma força militar internacional para reconquistar o norte do Mali, ocupado por islamitas armados, constituiu destaque no noticiário africano da semana que se encerra hoje (sábado).
Segundo um plano adoptado domingo por dirigentes da África Ocidental, o Conselho de Paz e de Segurança da UA decidiu aprovar o conceito "de operações para a mobilização planeada da força conduzida pela África, em apoio ao Mali", havia anunciado terça-feira o comissário de Paz e Segurança da UA, Ramtane Lamamra.
Os dirigentes da África Ocidental reunidos domingo em Abuja concordaram em enviar ao Mali uma força militar internacional de 3.300 soldados em um ano.
Este plano será submetido à Organização das Nações Unidas (ONU) antes do final de Novembro, através da UA, para que o Conselho de Segurança dê luz verde às operações.
Entretanto, o representante da ONU para a África Ocidental, Said Djinnit, declarou na terça-feira após um encontro com o mediador da crise maliana, o presidente burkinabe, Blaise Campaoré, que o diálogo é a "opção preferencial " para resolver o conflito no Mali, cujos resultados devem ser "rápidos".
Para as Nações Unidas, "todas as opções e vias de diálogo devem ser exploradas para se tentar resolver a questão pacificamente", acrescentou.
Ainda nesta senda, as autoridades argelinas asseguraram que "vão encerrar a sua fronteira" em caso de acção militar africana para reconquistar o norte maliano.
Foi igualmente manchete dos últimos sete dias, a eclosão quinta-feira de novos combates entre o exército e a rebelião Movimento de 23 de Março (M23), próximo de Goma, no leste da República Democrática do Congo (RDC).
Num comunicado, a rebelião acusou que o exército lançou as "ofensivas contra elementos do M23 nas suas posições sobre os eixos de Rugali, à 30 quilómetros da vila de Goma", a capital da província do Kivu-Norte, denunciando uma ruptura da trégua relativa que foi observada.
De acordo com um inquérito da ONU sobre a situação dos direitos humanos na província do Kivu-Norte (RDC) publicado quarta-feira em Genebra, pelo menos 300 pessoas, das quais 83 crianças, foram executadas arbitrariamente por grupos armados na República Democrática do Congo (RDC) entre Abril e Setembro.
Paralelamente a isso, o Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), previsto para 19 de Novembro em Bruxelas, agendou a tomada de sanções contra o Rwanda, devido ao seu suposto apoio ao grupo rebelde congolês M 23.
Segundo um comunicado divulgado terça-feira, os ministros europeus analisarão a possibilidade de decretar igualmente sanções contra os dirigentes do grupo rebelde congolês M 23.
Por seu turno, o governo do Uganda anunciou quarta-feira o encerramento de um posto fronteiriço chave com a República Democrática do Congo, a pedido das autoridades de Kinshasa, descontentes pelo facto da rebelião congolesa M23 cobrar impostos.
Mereceu igualmente destaque noticioso a confirmação do governo federal da Nigéria de ter iniciado negociações "informais" com o grupo Boko Haram, a fim de pôr termo à violência perpetrada por esta seita islamita.
Segundo o porta-voz da presidência nigeriana, Reuben Abati, "as negociações em curso são informais, onde pessoas que conhecem membros do grupo discutem com eles em nome do governo".
No mês passado, Boko Haram disse estar pronto para dialogar com o governo, mas com algumas condições, nomeadamente que o ex-chefe de Estado militar nigeriano, Muhammdu Buhari, seja um dos facilitadores e que as discussões decorram na Arábia Saudita.
O governo aceitou a oferta, mas o general Buhari recusou fazer parte das negociações e o grupo Boko Haram não reagiu à sua decisão.
A situação política na Guiné-Bissau também mereceu destaque na imprensa africana, desta feita com a declaração da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) de que continua a "aguardar os termos de referência" da missão conjunta para a Guiné-Bissau, aprovada na última Assembleia-Geral da ONU.
À saída de uma audiência com o presidente português, Cavaco Silva, realizada terça-feira em Lisboa, o secretário executivo da CPLP, Murade Muragy, disse que a União Africana (UA) "ainda não enviou" aqueles "termos de referência", que determinarão "os objectivos da missão conjunta".
Na ausência disso, a CPLP "ainda não decidiu" sobre a sua participação na missão, acrescentou. Em Setembro, as Nações Unidas decidiram enviar à Guiné-Bissau uma missão composta pela CPLP, pela UA, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e pela própria ONU, para avaliar a situação e recomendar medidas para a estabilização do país, gerido por um Governo de transição desde o golpe de Estado, em Abril passado.
Por outro lado, a rejeição do governo da Gâmbia de prestar qualquer apoio à desestabilização da Guiné-Bissau também mereceu destaque nos últimos sete dias.
Quarta-feira, o embaixador da Gâmbia na Guiné-Bissau, Abdu Djedju, negou que o seu país possa servir de base ou de apoio a quem queira desestabilizar a Guiné-Bissau, como tem sido sugerido pelas autoridades civis e militares guineenses.
"Sempre disse que o Governo da Gâmbia está sempre ao lado da Guiné-Bissau em diferentes situações difíceis, pelo que em nenhuma situação a Gâmbia poderá ser parceira de alguém que queira desestabilizar a Guiné-Bissau", defendeu Abdu Djedju.
Constituíram ainda manchete na semana os preparativos para as eleições na Serra-Leoa, que se realizam hoje (sábado), onde pelo menos 2,6 milhões de eleitores são chamados a votar nestas eleições gerais consideradas como um teste crucial para a consolidação da democracia.
Dez anos após o fim de uma longa guerra civil (1991-2002), que causou 120.000 mortos, é a primeira vez que o governo organiza esse escrutínio, sem a intervenção directa da ONU, que está presente no país, desde 1999. O reagrupamento dos escrutínios (presidenciais, legislativas, municipais e regionais) é igualmente uma primeira.
Teve igualmente respaldo noticioso, a aprovação na terça-feira pelo parlamento da Somália da composição do novo governo somali. Dez ministros do novo governo formado pelo presidente Hassan Cheikh Mohamoud a 04 de Novembro, em que entram duas mulheres, foram confirmados pelo parlamento.
Por fim, a dissolução quarta-feira pelo presidente da Côte d’Ivoire, Alassane Ouattara, do governo formado em Março e encarregue de levantar o país após a crise político–militar mortífera de 2010–201, foi igualmente destaque. Segundo a presidência ivoiriense, o presidente anunciou, quarta-feira de manhã, no conselho de ministros a dissolução do governo, sem precisar as razões dessa dissolução inesperada, nem quando será formado o novo gabinete.
Guiné-Bissau abandonada
"Bom dia Irmão, obrigado a Deus por ter possiblitado o senhor sair da Guiné-Bissau, ileso. Gostaria de partilhar com os bons filhos desta terra a dor e o sofrimento que se vive na Guiné-Bissau.
Para mim a comunidade Internacional abandonou a Guiné nas mãos dos criminosos, traficantes e mercenários da CEDEAO. Faço só um breve comentario, foi dado o golpe no Mali e o pais esta divido, foi imposto um governo de transicão. O Mali actualmente esta dividido, onde se vive um clima de medo e de incerteza. Mas o povo vive de medo, não do seu exercito mas das forças invasoras que serão enviados a mando de Ocidente para eliminar os rebeldes. Porque é que as Nações Unidas não se comportou da mesma maneira com a Guiné-Bissau, onde um grupo de pessoas liderados pelo Kumba yala fez golpe nas vesperas da segunda volta das ELEIÇÕES financiadas por esta mesma comunidade Internacional que admite a presença de rebeldes vindos de alguns países vizinhos, ditos ECOMIB, que assistiram ao assassinato de mais de 15 pessoas pelo grupo de Milicias de Indjai e Iala. Tambem a Guiné esta dividido como o Mali, de um lado Aly Silva e bons filhos da Guiné e do outro pelos golpistas. A comunidade Internacional será responsável de tudo o que se poderá passar na Guiné.
QUERO DEIXAR ALGUMAS CONSIDERAÇÕES. ACONTECEU NA UNIVERSIDADE LUSOFONA, A UM PROFESSOR QUE APOIO GOLPISTAS FOI COLOCADO ESTAS PERGUNTAS E NÃO SE PERCEBEU O PORQUÊ...
Povo - Um grupo de seres humanos unidos por um factor comum, tal como a nacionalidade, cor da pele, etnia, cultura, religião, país. Os membros de um determinado "povo", (como, por exemplo, o povo português, ou o povo Angolano) partilham valores, crenças e hábitos em comum.
Milícia- É a designação genérica das organizações militares ou paramilitares compostas por cidadãos comuns, armados ou com poder de polícia que teoricamente não integram as forças armadas de um país. As milícias podem ser organizações oficiais mantidas parcialmente com recursos do Estado e em parceria com organizações de carácter privado, e podem atuar na defesa de interesses particulares, com objetivos políticos e monetários.
Rebelde - Alguém que não obedece ninguém e nem escuta conselhos, que acredita que possui uma autoridade legítima. Existem também os metais rebeldes, que são refratários resistentes à ação do fogo.
Obrigado,
Ibraima"
Até onde vai a impunidade?
Caro Aly
Hoje, por volta das 10h00, na estrada de Quelelé, via Libia Hotel, estava eu sozinho no carro, atras de um outro carro de estado cuja a matricula é 96 70 da serie CD.
O homem que estava ao volante levava um menino ao colo e...era esse menino que estava a fazer manobra. Fomos até a entrada da antiga instalação da embaixada dos EUA, o homem meteu o carro no meio da estrada, e eu fiz a ultrapassagem a direita pensando que o homem estava a ir para esquerda. Ao ultrapassar o homem acelerou, eu tentei fugir mas não consegui e ouve um choque. Desci do carro fui falar com ele, e todo arrogante perguntou-me como é que vamos fazer, disse-lhe que a única solução é chamar policia, mas ele disse-me que não tinha tempo para esperar a policia e que eu podia fazer o que bem entendesse porque o problema era meu.
Fui para Policia, fiz queixa, tomaram nota num pedaço de folha e de seguida disseram-me que podia ir embora que assim que encontrassem o carro iam contactar-me. Eu disse ao policia que sabia para onde o homem foi e que o meu carro está disponível caso quisessem ir... mas o policia nem me respondeu foi sentar no seu cantinho. Até onde vai a impunidade na Guiné-Bissau?
Obrigado,
N. J. A. C.
França ameaça encerrar embaixada na capital guineense
A França que recentemente manifestou-se disponível a apoiar as autoridades de transição da Guiné-Bissau na luta contra a impunidade, combate ao narcotráfico e a reforma do sector da defesa e segurança, considera agora a hipótese de vir a encerrar a sua missão diplomática na capital Bissau.
Apoiante das soluções encontradas pela CEDEAO para a crise guineense pós golpe de 12 de Abril, Paris vê-se entretanto mediante o alerta dos seus serviços secretos, na iminência de ter que levantar a âncora e partir de Bissau. Em causa os riscos de exposição da sua embaixada e do pessoal diplomático a potenciais acções terroristas na região, em particular na Guiné-Bissau, conhecida pela permeabilidade das suas fronteiras e pela crescente actividade do narcotráfico, esta com alianças ao extremismo islâmico na região.
Uma combinação letal aos interesses dos países ocidentais e da França em particular, que receia que as ameaças dos grupos jihadistas com vínculos a Al Qaida que operam no norte no Mali, encontrem na anarquia em que se transformou a Guiné-Bissau, terreno propicio a sua exequibilidade. Recorde-se que grupos extremistas islâmicos que controlam o norte do Mali , nomeadamente o Ansar Dine e o Movimento da Irmandade e Jihad para a África Ocidental ( MUJAO) , com ligacoes a rede Al Qaida para o Magrebe, ameaçaram atacar os interesses dos países ocidentais na região, caso a CEDEAO, aposte na intervenção militar para devolver a soberania e a integridade territorial do norte daquele país saheliano, a Bamako.
Com o engajamento de Paris que assume o apoio logístico a operacao militar gizada pela CEDEAO, a forca de intervenção oeste africana para o Mali, vai em principio ser realidade. Conta para já com o aval da União Africana e do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que unanimemente e sob proposta da Franca, aprovou recentemente uma resolução a propósito. Numa operação alinhavada em parceria com Washington, Drones franceses vigiam a região, de actividades terroristas e crimes transfronteiriços.
E é pois confrontada com as ameaças dos grupos extremistas islâmicos e com o cenário do recente ataque contra o consulado dos Estados Unidos da América, em Benghazi, Líbia, que vitimou o embaixador americano naquele pais do norte de África, em presença, que temendo pelo pior, a França tem vindo a considerar a reavaliação da presença da sua missão diplomática na capital guineense Bissau. A se concretizar, a decisão francesa representaria um sufoco final de um regime de transição que faz frente a um cerrado isolamento internacional que paradoxalmente a Franca e os Estados Unidos da América têm procurado atenuar.
E que Paris e Washington receiam que perante um enclausuramento do poder bissau-guineense, na sequência do isolamento internacional, a Guiné-Bissau se transforme definitivamente num santuário para o crime transfronteiriço e uma ameaça narco-terrorista na região.
Fronteiras vulneráveis
Para a crescente apreensão de Paris para com a porosidade das fronteiras nacionais guineenses terá por certo contribuído, a recente acção de um grupo de homens armados contra quartel dos para-comandos, por sinal uma das mais bem guarnecidas unidades militares do país na periferia de Bissau.
É que fazendo fé na versão das autoridades de transição guineenses, o ataque foi liderado por um capitão do exército, que teria conseguido infiltrar-se no território nacional, através da fronteira com a província senegalesa do Casamansa. Um argumento de que as autoridades de transição têm-se valido para justificar a tese de uma suposta conspiração internacional mas que acaba por deixar Bissau, numa situação incomoda quanto mais não seja por expor a vulnerabilidade das suas fronteiras. Remonta entretanto a Janeiro de 2008, o primeiro episódio a despertar as suspeitas de Paris para com a porosidade dos 350 quilómetros da fronteira terrestre guineense.
Numa operação conjunta com a polícia guineense, os serviços secretos franceses detiveram num hotel de Bissau, Sidi Ould Sidna e Mohamed Ould Sidi Chabarnou, dois operacionais da rede terrorista Al Qaida do Magreb, envolvidos um mês antes, no assassinato de quatro turistas franceses, na Mauritânia.
Os dois jihadistas teriam conseguido iludir a perseguição policial transfronteiriça e refugiar-se na Guiné-Bissau alegadamente com apoio de células locais daquele grupo extremista. Extraditados para a Mauritânia num controverso processo, o julgamento dos extremistas islâmicos por um tribunal em Nouakchott e a consequente condenação a morte, em 2010, ficaria marcado por revelações surpreendentes, nomeadamente o facto de Sidi Ould Sidna ter passado por um campo de treino de terroristas da rede Al Qaida na Argelia e de ter fixado residência na Guiné-Bissau. Aliás, seria o conhecimento do terreno e o relativo domínio do crioulo bissau-guineense, a determinar a opção pela Guiné-Bissau, como país de refúgio na fuga a perseguição policial transfronteiriça.
Recorde-se que ao ser escoltado pelos militares guineenses para o avião da Força Aérea da Mauritânia que o aguardava no aeroporto de Bissau, durante o processo de extradicao, Sidi Ould Sidna , ameaçou em crioulo “fazer Bissau pagar pela detenção dos combatentes da Jihad”. Na altura as autoridades policiais guineenses procederam igualmente a detenção de três outros cidadãos mauritanianos com residência em Bissau, acusados de cumplicidade na fuga dos dois extremistas islâmicos, facto que acabaria por levantar suspeitas quanto a existência de células de organizações terroristas, no país.
Verdade ou não o certo é que uma fonte da investigação policial guineense que pediu anonimato admite o facto do caso “Sidna “ ter sido mantido à margem nas investigações as circunstâncias do assassinato a bomba, um ano depois, do então chefe de Estado-Maior das Forças Armadas guineenses, o general Tagme Na Waie. Já na altura confrontado com a complexidade da organização das células terroristas na África Ocidental e sua conexão ao narcotráfico, Washington que se manifestara disponível a apoiar as autoridades bissau-guineenses nas investigações do caso, alertara para os potenciais vínculos entre o narcoterrorismo na região e o assassinato daquela alta patente militar guineense.
Nelson Herbert
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Adiada sine die visita internacional a Bissau
A visita que estava prevista para 5a feira, de uma missão internacional composta por UE, UA, ONU, CPLP e CEDEAO, foi adiada sine die. "Não temos informações sobre a viagem e a composição dos membros da delegação", disse Edwidge Olga Rodrigues, do serviço de comunicação do ministério dos Negócios Estrangeiros francês. Os serviços do protocolo de Estado não puderam precisar quando é que a visita terá lugar.
Tudo indica que a intransigência do governo de transição em conceder vistos de entrada a cidadãos de países que recusam reconhecer as autoridades saidas do golpe de Estado de 12 de abril - UE, UA, ONU, CPLP - esteja na origem do adiamento desta importante missão internacional. AAS
GUINÉ-BISSAU: UM PAIS SEM ESTADO
A CEDEAO (Comunidade Economica dos Estados da Africa do Oeste) decidiu pelo envio de 3.300 soldados para o Mali tendo em vista o restabelecimento da autoridade do Estado em Bamako e pôr fim à rebelião dos grupos terroristas islamistas no Norte do pais. Esta missão militar durara um ano. Os membros desta organização regional chegaram a um consenso apos discusões maratonas que duraram muitas semanas. No entanto, não é so no Mali onde os islamistas imperam a sua lei. Da Somalia à Nigeria, para não citar que estes dois paises do mesmo continente, porquanto o numero de islamistas armados e a sua capacidade de produzir estragos não precisa de apresentação. Para além dessa luta contra os islamistas da Al-Qaïda, não é so no Mali que a autoridade do Estado deve ser restabelicida.
É o caso da Guiné-Bissau, um dos membros da CEDEAO, que se contenta com sanções que não produzem quaisquer efeitos sobre a Junta Militar no poder depois a independência do pais em 1974. Em Bissau, as forças armadas controlam todos os segmentos da vida politica e economica. Esta constatação não é uma novidade nesse pais onde, no espaço de sete meses, assistimos a dois golpes de estado, do qual um contra-golpe de Estado. Porém, tal parece-me não interpelar as Organizações sub-regionais, continentais e internacionais que se contentam com paliativos de comunicados e de discursos ultrapassados para exprimir o seu «descontentamento», assim como algumas sanções que penalizam mais as populações do que os militares no poder.
No entanto, o que se passa na Guiné-Bissau é matéria de muita preocupação e inquietude. Para além do trafico de droga que é directamente «gerido» pelas altos quadros da instituição militar guineense, o pais esta vivendo uma situação dramatica no plano dos Direitos Humanos. Assassinatos premeditados são regularmente cometidos por homens armados, normalmente identificados. Quem ousara levantar o mais pequeno dedo para denunciar esses crimes que as autoridades de transição, isto é a junta no poder, tentar dissimular ou maquilar quando as pessoas assassinadas são opositores ou pessoas proximas dos responsaveis politicos depostos?
O assassinato de Luis Ocante da Silva, empregado de uma companhiae telefônica, esta longe, longe de ser um caso isolado. O assassinado não é um simples empregado de empresa. Ele é também um prôximo do Almirante José Zamora Induta, Chefe dE Estado-Maior das Forças Armadas deposto no dia 1 de Abril 2010. Segundo os médias guineenses, José Zamora Induta foi indicado como o responsavel do ataque de 21 outubro ultimo à caserna dos para-comandos, não longe da capital, Bissau. Segundo a agência oficial chinesa Xinhua que cita o Estado Maior das FA guineense, o Almirante Induta coordenava este ataque a partir da Gambia vizinha onde se encontra neste momento.
Exilado em Lisboa, em Portugal, o antigo Primeiro ministre deposto, Carlos Gomes Junior, destituido por um golpe de estado em abril ultimo e acusado de ser o cerebro do contra-golpe falhado de outubro, não para, no entanto de alertar a opinião publica africana e internacional sobre as violações quotidianas dos direitos Humanos no seu pais que os militares isolaram do resto do mundo para se dedicarem ao trafico de droga na maior tranquildade. «Somente a implantação de forças internacionais sob a égide da União Africana e das Nações Unidas podera pôr fim à vaga de terror que se instalou no pais», afirmou Carlos Gomes Junior, numa entrevista reproduzida pela AFP. «Nos exigimos o prosseguimento do processo eleitoral interrompido pelo golpe de estado em meados de abril apos a primeira volta das presidenciais que ganhei largamente», acrescenta o entrevistado. O seu apelo sera tido em conta ? Nada é seguro nesse sentido. DE certeza néao no seu proprio pais, em todos os casos, onde o povo não dispõe de meios de luta politica para fazer face a uma junta militar que não deixa minimamente se intimidar, nem pelas sançéoes diplomaticas, nem pelos constrangimentos economicos.
Taur Matan Ruak > "Condenamos a perseguição e o uso da violência para a conquista do poder"
O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, condenou hoje (sexta-feira)a "perseguição" e o "uso da violência" para a conquista do poder na Guiné-Bissau, sublinhando que vai chegar um momento em que as pessoas vão dizer "basta". "Primeiro condenamos a perseguição e o uso da violência para a conquista do poder, segundo, acreditamos que isto é passageiro e há de ter um fim porque o mundo não vai continuar a admitir isto e os guineenses também não", afirmou o Presidente timorense. Taur Matan Ruak falava aos jornalistas durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente interino deposto da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, que iniciou na quinta-feira uma visita de trabalho a Timor-Leste.
"Se formos ver o passado Timor foi um bocadinho isso também. Chegou um momento em que as pessoas acabaram por dizer basta. Acho que na Guiné-Bissau vai chegar um momento que as pessoas vão dizer pára, para não continuar", afirmou, acrescentando que o seu país está a fazer um esforço para que isso aconteça. Nas declarações aos jornalistas, o chefe de Estado timorense recordou também que a Guiné-Bissau foi durante muitos anos uma inspiração para Timor-Leste quando ainda lutava contra a ocupação indonésia. "Com a honrosa presença do senhor Presidente aproveitei para agradecer tudo o que a Guiné apoiou a causa de Timor, a luta, mas também manifestar a nossa solidariedade e assegurar a disponibilidade de Timor-Leste para continuar a apoiar a Guiné-Bissau na busca de uma solução aceitável internacionalmente", acrescentou.
A 12 de Abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o Presidente. A Guiné-Bissau está desde então a ser administrada por um Governo de transição, apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em Abril do próximo ano. A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não reconhece as novas autoridades de Bissau.
"Noto medo"
Caro Aly Silva,
Muito obrigado pelo seu trabalho de divulgação do dia a dia da Guiné-Bissau, país que conheci no inicio deste ano de 2012 e que me fez apaixonar pela sua "nossa" terra, paixão essa que me fez voltar quatro vezes e que penso não me libertarei mais. Tenho ao longo destas quatro idas a Bissau notado uma degradação enorme das condições de vida e pior do que isso se é que isso é possível, tenho notado MEDO nas pessoas. E com muita tristeza que vejo um pais que passei a amar como se fosse o meu não estar a conseguir encontrar um rumo pois tem todas as condições para que tal aconteça e melhor do que isso tem um povo maravilhoso!!!
Mas com optimismo e coragem o futuro será maravilhoso e no que puder contribuir assim o farei. Mais uma vez obrigado pelo seu trabalho porque é em tempo real a única fonte verdadeira de noticias da Guiné-Bissau que passa para o exterior.
Grande abraço
R. S.
A Geopolitica: Guiné-Bissau, futuro incerto!
Hoje apraz-me falar da geopolítica. Desde ontem que vinha matutando nisso, pois não sou perito na matéria. Olha, calha bem! porque três artigos publicados (no dia 15) pela Ditadura de Consenso dão matéria mais que suficiente para tratar o assunto. Trata-se do “Tiros na fronteira”, “Assalto” e “Ninguém está acima do interesse nacional”. Hão-de entender porquê. A geopolitica como se sabe (fui ao google) é a interpretação dos fatos da atualidade e do desenvolvimento político dos países usando como parâmetros principais ás informações geográficas e visando compreender e explicar os conflitos internacionais e as principais questões políticas da atualidade.
Reflexões individual e colectiva sobre a Guiné-Bissau e seus sucessivos conflitos convidam a questionar, para além das causas internas, as relações entre este país e seus vizinhos e a subregião. Que interesses animam os países vizinhos próximos e afastados no trato com este pequeno estado? Que divergências existem e que vantagens apresentam a Guiné-Bissau no estado da paz e em situação de conflito?
Recuando no tempo: Foi sobejamente conhecidos os pontos de vista divergentes de Cabral e do Senghor relativamente a opção do PAIGC por uma luta armada no território da colónia portuguesa e pelo relacionamento com os países do leste. No entanto, do ponto de vista ideológico, Cabral nunca se pronunciou como comunista. Tudo isso se compreende, estavamos na época da guerra fria!
Nos principios da década de 90, a Guiné-Bissau e o Senegal confrontaram-se numa guerra ferenha na fronteira norte, nas bandas do Cabo Roxo, para o contrôle de algumas milhas de terra e do mar supostamente pertencendo a Guiné Bissau e onde existe petroleo. O conflito acabou na Haya e foi resolvido a “moda africana”: repartição do beneficio em função do número de habitantes. Talvez por isso, até a data presente, a placa de definição dessa fronteira teima em ter pés para passear de um local para outro...
Decorrido um pouco menos de uma década, surge o conflito de 07 de junho 1998. Os dois vizinhos próximos, o Senegal e a república da Guiné, apressaram-se em enviar suas forças armadas justificando acordos assinados anteriormente. Essa intervenção estrangeira não fez mais que agudizar o conflito, instalar definitivamente a guerra civil com todas as consequências que hoje se vive no país.
Como é sabido, o Senegal possui uma diplomacia reconhecida no mundo como bastante boa. O que significa grande capacidade de negociação. Porque não a usou para persuadir o então presidente a enveredar por um processo de negociação, apesar da insistência da sociedade civil e do parlamento nacionais que apontaram e batalharam para a via negocial. Porque será que o Senegal se envolveu tanto que, em determinada altura, assumiu a gestão do conflito, substituindo-se às autoridades nacionais? Quem não se lembra que era o estado maior do Senegal para a Guiné-Bissau sedeada em Bissau, quem concedia autorização de circular em viaturas na capital e deste para atravessar as linhas de frente sob seu comando ou para aceder a área sob seu contrôle? Somente para avivar as memórias: lembrem-se quando morreu em Cantchungo o falecido João da Costa, combatente da liberdade de pátria. Foi “arrancada” uma autorização ao dito estado maior para que, enfim, o corpo desse camarada pudesse atravessar as linhas de frente e ser enterrado em Bissau. Manuel Saturnino da Costa (quantas vezes ministro e até primeiro ministro), próximo familiar do camarada morto, deve ter lamentado sua juventude perdida em prol da independência e conhecido então a maior humilhação da vida.
O Senegal não teria querido resolver o conflito de Casamance apoiando-se na crise da Guiné-Bissau? Mais! O Senegal não é um país que recruta analfabetos para suas forças armadas e muito menos tem oficiais analfabetos como é o caso da Guiné-Bissau. Então porque essa violenta agressão aos arquivos do Instituto Nacional dos Estudos e Pesquisa e do Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação, servindo os documentos como combustivel para os militares fazerem o tradicional chá chamado de “uarga”? Mas porque será que ocuparam essses estabelecimentos? Essa atitude não constitui um elemento para questionar uma possível prática intencional?
Apenas uma parêntese de esclarecimento: A vizinha república da Guiné também enviou homens mas se comportou timidamente. E, a Gambia mais discreta facilitaria negociações entre facções durante a guerra de 07 de Junho e integraria as forças do Grupo de Monitorização de Cessar-Fogo “ECOMOG”, da CEDEAO.
Não será o Senegal apenas o chefe de fila de um propósito subregional relativamente a uma Guiné-Bissau que teima em manter-se lusófona e fora da influência francófona (ma i ka pudi dja kapli)? Porque será que a França se envolveu no conflito de 07 de Junho? Terá sido apenas devido a morte de turistas franceses, supostamente traficantes de armas, mortos supostamente pelos rebeldes da Casamance na fronteira entre o Senegal e a Guiné-Bissau ou no território guineense, assassinados pelos traficantes guineenses de armas?
Será que se lembrem que permanece a “indefinição” dos limites fronteiriços na zona norte entre o Senegal e a Guiné-Bissau? Quem administra a zona litigiosa do Cabo Roxo? Já se deram conta que nos últimos sete anos registaram-se vários confrontos entre as “forças armadas” ou milicias(?) da Guiné-Bissau e os rebeldes de Casamance? Uma mudança de campo? de quem? Porquê? Como? Quem é acusado de armar os rebeldes de Casamanca? Não foi o suposto tráfico de armas para esse destino que constituiu a gota que transbordou o copo de água no caso de 7 de Junho? No entanto, a rebelião da Casamance tem quase ou senão mais de 3 decadas de actividade guerrilheira. Neste assunto, temos que reconhecer a capacidade da diplomacia Senegalesa em distrair a atenção internacional e em adiar a questão de Casamance que, aliás, acaba por ser entendido como um problema entretido pela turbulenta vizinha que é a Guiné-Bissau (vendedor de armas, base de retaguarda, celeiro dos guerrilheiros).
A instabilidade da Guiné-Bissau é somente obra dos seus ex-guerilheiros (quantos estão ainda vivos e com que capacidade física? E os actuais quem são?) que interiorizaram a cultura da guerra e cujas referências são profudamente étnicas? Quem tem interesse a que a Guiné-Bissau se mantenha em perpétua instabilidade? Porquê e para quê?
Ora, vou relatar o que ouvi há dois anos. Podemos todos duvidar. Não há provas. A dúvida, o questionamento são intrínsicas a pesquisa, a procura de conhecimentos.
Um técnico superior contou que, numa missão a Abijan, foi interpelado por um ex-ministro de Houfouette Boigny por saber que era guineense. O senhor abordou-lhe sobre a situação do país de Cabral (que admira) e, lastimando veio às confidências: teria deixado escapar que o golpe de estado de 1980 fora comanditado após uma breve visita do presidente Senegalês Senghor à Guiné-Bissau durante o regime de Luis Cabral. O tema da conversa que teve seguidamente com o presidente Houfouette focalizou as iniciativas em curso na jovem república sob o ponto de vista geopolítico e o perigo que poderia representar para os regimes dos dois países.
Conotado então de país de ideologia comunista, a Guiné-Bissau estava dando largos passos em matéria da construção de uma economia que parecia solidamente fincada na valorização dos recursos agrários, sua vocação natural: em funcionamento estavam os projectos de desenvolvimento agricola, insdustrias de transformação de produtos agricolas e da madeira, montagem de viatura citroen, projectos turisticos nas ilhas de Bubaque... Associado a estes empreendimentos, buscava-se um sistema educativo que permitisse colmatar as necessidades de quadros técnicos que era uma urgência para o desenvolvimento do país. Sobre a mesa e, em negociação, encontravam-se os projectos de construção de pontes com vista a facilitar a construção de uma economia integrada mas também o projecto da prospeção do petróleo. Imaginemos que tudo isso tivesse sido realizado e beneficiado a quem de direito. Qual seria o impacto desses avanços na vida social e política dos vizinhos de perto e mais afastados cuja ideologia e relações se mantinham do lado do bloco ocidental, lado oposto ao bloco sobre o qual a Guiné-Bissau assentava suas relações de cooperação.
Travar os avanços da Guiné-Bissau parecia então imperativo para evitar que houvesse o efeito bola de neve. Era preciso combater a ideologia comunista para adiar convulsões sociais e políticas internas e pôr termo aos debates, na altura, muito vivos nas oposições dos dois países sobre o neocolonialismo e a independência total. E, não faltavam motivos para suscitar um golpe de estado, que já, nessa época era de moda nos países africanos. De entre muitos, a questão da unidade Guiné e Cabo Verde seria uma excelente causa. Os conteúdos dos primeiros discursos justificando o golpe foram suficientemente claros. Os assassinatos e as valas comuns? um aparato macabro! De responsabilidade partilhada. Práticas que perduram até hoje.
Actualmente pouco ou nada restam dos investimentos mencionados. Os produtos agricolas e florestais do país tem outros destinos que são naturalmente os mercados senegaleses e em menor escala os da república da Guiné. A entrada na UEMOA para beneficios incertos, favorece. No entanto, o guineense vende pouco ou não vende em nenhum país da subregião. As regras de livre circulação são validas só para uns. A maior parte de bens essenciais provêm do Senegal via terrestre: o combustivel, o arroz, o açucar etc... . Louvado seja o Senegal que rebocou o país, incluindo nas suas importações as necessidades de uma boa parte da população guineense, excluindo apenas a região de Gabu - leste do país - sob o controlo dos comerciantes da república da Guiné (boa estrategia! Afinal não é só ele!).
Será que aos governantes e politicos interessa somente a exportação da castanha de caju, acabando os indianos por arrecadar o grosso do benefício? Será que a eles interessa apenas aliar-se, em momentos de campanha eleitoral, às pessoas internacionalmente apontadas como narcotraficantes? E que mais os interessa? Leiloar permanentemente o PAIGC? Em que mãos cairá brevemente?~
Muitas lacunas concorrem para o estado da diriva (nô chalan ku pirdi si rumo!) em que se encontra a Guiné-Bissau: a inexistência de uma liderança, de um projecto e de uma estratégia politicos para o país e a ausência de uma visão geopolítica do seu contexto geográfico; sua diplomacia vive confundindo relações de estado com relações pessoais; sua fraca capacidade de negociação no plano externo coloca-o a mercê de influências e de interesses alheios aos da nação (nação? será que tem interesses nacionais definidos?). Ainda no plano interno, a destruturação permanente das bases do estado em construção, em particular do sistema judicial e a fraqueza do poder legislativo (poder na rasta rabo na rua!) abrem grandes as portas à impunidade, ao narcotráfico e oferece condições optimais para o desenvolvimento de interesses étnicos obscuros que se associaciam a ganância pelo poder. Onde está o patriotismo?
A caminhada é longa: quase 40 anos após a sua independência, a Guiné-Bissau não resolveu a questão da delimitação fronteiriça com o Senegal e com a República da Guiné. Que estado não conhece os seus limites territoriais? E, aí vem o petróleo, o bauxite, o fosfato e também mais e mais outras guerrilhas... (sendo que o recrutamento de milicias se faz nas aldeias de origem e no seio familiar e a taxa do analfabetismo elevada, haverá sempre carne viva para canhões? Que me desculpem!)
E, se aproveitassemos para (re)colocar a questão da Guiné-Bissau no contexto geopolítico da subregião? O golpe de estado da CEDEAO não se encaixaria num possível projecto desta organização para com o seu “estado” membro? Considerando a atitude “passiva” (claro que não se desvalorizam as reações e os combates em curso mas quão dispersas, enfim!) quaisquer que sejam as razões e, por vezes atitudes cúmplices de certas franjas das forças vivas da país face a esse acto da CEDEAO, que outras situações pode-se esperar? O apoio do Senegal ao opositor do Yaya Djame não segue as mesmas linhas? Tanto que a Gambia é acusada de albergar a rebelião da Casamance e individuos não gratos da Guiné-Bissau. O certo é que algum dia, os actores hão-de mudar, haverá outros que irão pensar a subregião com mais discernimento. Até lá ...
Cuidem-se guineenses, kau s’ta mau!!!
QES
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Transcendente
Aly,
Quero começar por dizer que és um grande jornalista e a dedicação e a entrega que tens pela profissão que escolheste é algo de transcendente e para mim só o amor pode explicar isso. O amor por um país, por um povo mas também a atitude, a inquietude e o inconformismo.
Não sou jornalista mas é simples perceber que de nada vale o amor ou até mesmo o talento sem esses três últimos, principalmente na tua área de atividade. E isso tu tens de sobra.
Desejo-te genuinamente e de coração o melhor da vida e que vejas os teus objetivos concretizados, mas acima de tudo que tenhas muitos anos de vida e muita saúde para que continues conosco e que a tua inquietude se continue a fazer sentir. Há um barulho que se escuta no silêncio. É António Aly Silva.
A.M
D. Berta em livro
Caro Aly
Dizer que o conheço só porque o vi uma vez em Bissau, é estultícia. Foi em Maio de 2010, no dia em que terminava o campeonato português de futebol, estava eu no restaurante Porto rodeado de benfiquistas por todos os lados a ver o jogo quando você "entrou em campo" com uma camisola do Sporting! Certamente lembra-se da "calorosa recepção" que a plateia lhe fez e eu, que sou do Belenenses, achei muita graça à irreverência do seu gesto de afirmação clubista. Enfim, já dizia o poeta e escritor Vargas Llosa que o encanto do futebol deve-se ao facto de, "...ser melhor do que a vida".
Costumo segui-lo porque o seu blogue dá-me notícias da terra onde está a minha filha, e sigo com preocupação o que aí se passa.
Mas a razão deste escrito prende-se com o lançamento do livro que escrevi sobre a D. Berta. Esteja onde estiver, aqui vai o convite.
Cumprimentos
José C.
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E a propósito do livro, um amigo escreveu
Meus Caros Amigos,
Sei que nem todos conhecerão a Dona Berta e que nem todos os que a conhecem estarão por Lisboa no próximo dia 21 de Novembro. Poderão mesmo assim, eventualmente conhecer alguém que a conheça e que por Lisboa esteja e assim, agradeço, re-transmitir. A nossa mais do que querida Dona Berta vive desde há já longos meses um epílogo de vida bem ingratamente distante do mundo de doçura, carinho e amor desinteressado que foi a marca de toda a sua vida.
Neste momento, é muito provável que, mesmo tendo-lhe sido dito, não apreenda que no próximo dia 21 um livro com o seu nome e a si inteiramente dedicado verá a luz do dia. O próprio autor, José Ceitil (obrigado sem fim, José!) lho há-de ler. Lançamento na sede da CPLP…dificilmente poderia ser mais simbólico o local, falando nós de uma caboverdiana do Maio, guineense de Bissau por coração inteiro, portuguesa de Campo de Ourique e com a Ordem do Infante, avó, mãe, irmã, amiga de brasileiros, s.tomenses, moçambicanos, angolanos, timorenses e tantos outros de tão desvairadas paragens que nela em Bissau tiveram o privilégio de colher o seu oiro de ímpar riqueza humana ao longo de 50 anos.
Se neste mundo reconheço uma marca que deste mundo não é, é pelo nome de Berta Bento que ela responde. Eu não estarei em Lisboa no dia 21 de Novembro. Cada um de vocês que possa estar atenuará a minha melancolia. F. S.
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