quarta-feira, 25 de abril de 2012

A palavra é: vegetar

O tempo tarda a passar. Uma hora leva um século; um dia, uma eternidade. E entretanto já passaram 13 dias. Bissau adormece triste e acorda acabrunhada. Vive na incerteza. O corrupio de gente que se vê à volta de tudo o que mexe, não passa de uma ilusão. Um dia, contudo, tudo passará. Tudo se esbaterá, esqueceremos tudo. O que era ontem já não é hoje. Sei-o há muito. Aqui, tudo acontece e uma vez acontecidas, se fixam para sempre e se vão somando na eternidade até à plena consumação dos séculos. Sempre acreditei nisto - que piada. Mas aqui, convém deixar bem claro: uma coisa é a memória, outra o sentir. Podemos pensar sem nada sentir, temos esse direito. Se não está na Constituição, isso agora pouco importa. Também já não existe a Constituição. Está na gaveta, fecharam-na lá - e quem terá mesmo a chave dessa gaveta? Bissau continua, nesta sua ausência de espaço e de tudo, assustada, porém serena. Bissau tornou-se na própria imagem da relativadade. Aqui, nada se concretiza. Vai-se adiando, atropelando tudo e todos. Por cá, tudo é efémero. Até chorar os mortos. Chora-se baixinho, talvez com medo que alguém nos fixe o rosto. E nos denuncie. E por aqui estamos. Como sempre, tudo correu torto e no meio de enorme confusão. Quando o sol se põe, Bissau torna-se ruidosa. Tacteio entre as pessoas. Quero sentir-me vivo, quero ter alguém, ainda que desconhecido, com quer falar de coisas banais. O sol está quase a pôr-se. Por três horas, parece que esta cidade, estagnada e quase sem vida, vem para a rua. Vejo a angústia nos rostos dos mais velhos e a indiferença nos mais novos. Pressinto nuns a amargura dos dias difíceis por vir. Sente-se essa presença, que são bem mais palpáveis que a própria angústia existencial. Dói. É evidente que perdemos uma certa dose de paz. A indiferença, consciente e responsável, está a conduzir-nos para um beco sem saída. A Guiné-Bissau está isolada, quase decapitada. Os funcionários públicos não receberão os seus vencimentos, e as empresas privadas despediram trabalhadores porque também não facturam. É o drama social que se aproxima a passos largos. Um tsunami! Devemos todos estar preparados. Eu tenho medo, não por mim, mas pelos mais necessitados. Mas devemos ter medo, porque no fundo eu sei que tudo só vale a pena quando se sabe que nada vale a pena, quero dizer, quando aceitamos e não estorvamos, mas também não participamos, a não ser por acaso. E Bissau? Cá está, solarenga, quente como o inferno, a humidade cola-se-nos à pele. Mas continua a haver nas suas gentes uma doçura e simplicidade que me conforta. É na simplicidade que nos vemos melhor, nos avaliamos e o mundo torna-se, de repente, claro. Muito mais claro. António Aly Silva

terça-feira, 24 de abril de 2012

Declaração da Presidente do Conselho de Segurança da ONU sobre a Guiné-Bissau

NOTA: Esta declaração foi emitida na capacidade dos Estados Unidos como presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU O Conselho de Segurança relembra a sua declaração à imprensa SC/10607 de 13 Abril de 2012 e reitera a sua forte condenação ao golpe militar pela liderança militar e elementos políticos na Guiné-Bissau, que põe em causa a conclusão do legítimo processo eleitoral presidencial. O Conselho de Segurança rejeita a criação inconstitucional de um Conselho Nacional de Transição pela liderança militar e os seus apoiantes. O Conselho de Segurança exige a restituição imediata da ordem constitucional, bem como a reinstalação do governo legítimo da Guiné-Bissau. O Conselho de Segurança exige ainda a libertação imediata e incondicional do Presidente interino, Raimundo Pereira, do Primeiro Ministro, Carlos Gomes Júnior, e de todos os responsáveis detidos para que se possibilite a conclusão das eleições presindenciais e legislativas. Neste sentido, o Conselho apoia a decisão do Conselho de Paz e Segurança da União Africana em suspender, com efeito imediato, a Guiné-Bissau da União Africana (UA) até ao restabelecimento efectivo da ordem constitucional. O Conselho de Segurança sublinha a necessidade de se garantir o bom estado de saúde e a segurança das pessoas detidas e que os indivíduos protagonistas da violência e actos ilegais sejam responsabilizados. O Conselho de Segurança manifesta-se profundamente preocupado pelos relatos de repressão violenta contra manifestantes pacíficos, pelas pilhagens, limitação da liberdade de movimento, pela detenção arbitrária de civis e exige a sua libertação. O Conselho exorta a liderança militar para tornar público o número de detenções realizadas e os nomes dos detidos, bem como o seu paradeiro, e exorta ainda os militares a proteger os direitos humanos, incluindo os direitos de liberdade de movimento, de assembleia e de expressão. O Conselho de Segurança congratula-se e apoia o engajamento activo e as medidas tomadas pela União Africana, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e encoraja a coordenação desses esforços que visam o restabelecimento imediato da ordem constitucional na Guiné-Bissau. O Conselho de Segurança exorta os parceiros da Guiné-Bissau para fortalecerem ainda mais esses esforços e solicita ao Secretário-Geral para apoiar esses esforços, nomeadamente através do seu Representante Especial. O Conselho está pronto para tomar possíveis medidas adicionais, incluindo sanções dirigidas contra os autores e apoiantes do golpe militar, se a situação não se resolver. O Conselho de Segurança tomou nota da decisão da União Africana em iniciar consultas com a CEDEAO, a CPLP, as Nações Unidas e outros parceiros sobre possíveis meios adicionais necessários para a estabilização do país, em concertação com o governo legítimo da Guiné-Bissau. O Conselho solicita ao Secretário-Geral para que mantenha este órgão informado sobre os desenvolvimentos na Guiné-Bissau e que submeta um relatório até ao dia 30 de Abril de 2012, em relação ao restabelecimento da ordem constitucional na Guiné-Bissau. O Conselho de Seguran¬ça sublinha que a interferência ilegal recorrente dos militares na política contribui para a continuação da instabilidade e de uma cultura de impunidade, e dificulta os esforços convista a consolidação do estado de direito, a implementação da Reforma no Sector da Segurança, promoção do desenvolvimento e a implementação de uma cultura democrática. Neste sentido, o Conselho congratula-se com os esforços da Comissão de Configuração Específica de Consolidação de Paz do País e da Missão bilateral Angolana (MISSANG) na busca da paz e da estabilidade no país. Os membros do Conselho de Segurança enfatizam a necessidade de se assegurar e respeitar a soberania, unidade e a integridade territorial da Guiné-Bissau. O Conselho de Segurança vai manter-se activamente a acompanhar este assunto.

MISSANG: Deputados ficaram a saber sobre a 'linha de acção' da missão angolana na Guiné-Bissau

As linhas gerais do acordo de cooperação bilateral entre as repúblicas de Angola e da Guiné-Bissau foram dadas a conhecer hoje, terça-feira, em Luanda, aos deputados, durante a VIII sessão plenária ordinária da Assembleia Nacional. A informação foi prestada pela secretária de Estado das Relações Exteriores para a Cooperação, Exalgina Gambôa, que enfatizou o acordo militar no domínio da assistência técnica destinada à reformar as forças armadas e a polícia daquele país lusófono. Explicou que a cooperação bilateral assenta em dois pilares básicos: assistência técnico-militar (Missang), que privilegia o programa de reforma no sector da defesa e segurança, e o apoio orçamental e financiamento de programas a Guiné-Bissau, através de linha de crédito. Devido ao clima de instabilidade que se instalou na sociedade e a atitude castrense e à reacção da ala militar, o Executivo da República de Angola decidiu suspender, unilateralmente, o protocolo para a implementação do programa técnico-militar com a Guiné-Bissau e, consequentemente, ordenar a retirada da Missang. Explicou que a atitude do Executivo angolano resulta do facto de ter havido alteração da situação política, quebra da confiança na ala militar guineense em relação as forças armadas angolanas e a falta de segurança para a continuidade do programa. Contudo, afirmou que Angola continuará a manter o mesmo nível das excelentes relações de amizade e cooperação com a Guiné-Bissau, alicerçadas na proximidade histórico-cultural desde a luta de libertação nacional dos povos dos dois países. Precisou que a República de Angola procurará contribuir no quadro bilateral e multilateral para a segurança, estabilidade e a consolidação do Estado democrático e de direito, bem como o desenvolvimento económico e social da Guiné-Bissau. Quanto ao auxílio que Angola prestou a Guiné-Bissau no âmbito das recentes eleições presidenciais naquele país, Exalgina Gambôa explicou o mesmo circunscreveu-se no quadro institucional e não para apoiar um dos candidatos. Durante o debate em torno do relatório, o líder da bancada parlamentar da UNITA, Raul Danda, condenou a atitude golpista dos militares na Guiné-Bissau, porém, pediu explicações ao Executivo angolano sobre o eventual envio de material de guerra de grande porte para aquele país. Em resposta, o vice-ministro da Defesa, Silvino de Jesus Sequeira “Kianda”, esclareceu que o material que se encontra na Guiné-Bissau era necessário para a formação das forças de defesa e segurança locais. Sublinhou que a cooperação militar entre os governos de Angola e da Guiné-Bissau foi estabelecida através do general António Njai, chefe do Estado-Maior general das forças armadas daquele país, que se deslocou a Angola a propósito no dia 4 de Setembro de 2010. Declarou que Angola não teve influência no golpe militar, pois a missão das suas tropas naquele país circunscreveu-se apenas naquilo que foi acordado, explicando que a retirada da Missang da Guiné-Bissau está a ser negociada com a CDEAO, por uma questão de segurança. A Missang foi instituída na Guiné-Bissau em 21 de Março de 2011, em cerimónia presidida pelo malogrado presidente da República Malam Bacai Sanha, acompanhado do ministro da Defesa de Angola, Cândido Pereira Van-Dúnem, entre outras individualidades nacionais e estrangeiras.

UE: Golpe deve servir de 'guia de acção'

O presidente da Comissão Europeia afirmou hoje em Bruxelas que a declaração do Conselho de Segurança da ONU sobre a Guiné-Bissau deve servir de "guia de ação" para a comunidade internacional, no sentido da restauração da ordem constitucional. "A declaração presidencial aprovada pelo Conselho de Segurança no passado sábado deve servir de guia de ação para toda a comunidade internacional. A União Europeia estará sempre ao lado daqueles que procuram promover a paz, a democracia e a segurança na região", declarou Durão Barroso, depois de receber em Bruxelas o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves. O presidente do executivo comunitário apontou que o recente golpe militar na Guiné-Bissau foi um dos pontos abordados no encontro, havendo sintonia de posições quanto à condenação, de "forma veemente", do golpe militar de 12 de abril. LUSA

Força de estabilização: Brasil disponível

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, afirmou hoje na Etiópia estar disponível para a criação de uma missão para a estabilização na Guiné Bissau após o golpe de Estado de 12 de abril. "O Brasil manifesta a sua disponibilidade e vontade de continuar a trabalhar ao lado da União Africana, e sob os auspícios das Nações Unidas, para a produção de um processo de coordenação que irá levar a um esforço de estabilização, a uma missão de estabilização na Guiné Bissau", afirmou o ministro brasileiro durante o seu discurso na 319.ª Reunião do Conselho de Paz de Segurança da União Africana. Patriota defendeu que a missão deverá permitir não apenas a conclusão do processo eleitoral, em conformidade com a Constituição do país, mas também a criação de um "Mapa do Caminho" que permita a estabilização interna, no longo prazo, "por meio de ações no campo militar e político". LUSA

PAIGC reage em comunicado, sobre a zaragata, hoje, na sua sede

aaa pai O comunicado, e a pistola apreendida a um militante do PAIGC... Viva a democracia!!! DSCF5096

PJ leva banhada

Com esta é que a polícia judciária não contava... Então não é que descobriram farinha em vez da droga? Tudo isto, depois de uma perseguição a alta velocidade, chiar dos pneus, culminando em tiros, de intimidação e depois rebentando dois pneus. Com os supostos traficantes já neutralizados, e algemados, a carrinha segue para as instalações da PJ a alta velocidade. Uma vez chegados, toca a revistar tudo. Qual não foi o espanto da PJ quando, em vez de cocaína...descobriram farinha. Está por saber se a farinha é da marca 'Branca de Neve' ou outra... Mas o que é certo é que houve uma fuga de informação, e a PJ levou uma banhada! AAS

A democracia representativa

"A única forma de democracia possível no mundo moderno é a democracia representativa . Coisa que os nossos militares não sabem ou fingem não saber.  O regime democrático é apenas um método para escolha dos governantes.Em primeiro lugar, um líder nacional popularmente eleito, é um meio de superar o particularismo regional e económico (...). Em segundo lugar, em uma época em que se faz necessária uma reestruturação económica importante no país, é vital uma figura de proa com autoridade para impor políticas frequentemente impopulares (...). Terceiro, um presidente plebiscitário irá oferecer o melhor mecanismo para assegurar liderança responsável, forte e pessoal na Guiné-Bissau. A eleição feita na sala de aula para eleger um aluno como chefe de turma é mais importante do que as eleições presidenciais feitas na Guiné-Bissau.  Muitos jovens que terminaram os estudos têm medo de voltar ao país pra trabalhar justamente porque acham que não conseguirão um emprego digno e, ou, desses levantamentos que ocorrem de tempos em tempos.  Preferem ir para o estrangeiro trabalhar como ajudantes de cozinha, babas de crianças, empregados de limpeza, ... porque sabem que, no final do mês, terão o salário prometido e dormirão tranquilamente sem ter que se refugiar no meio da noite.  Os empresários que acreditavam no país, estão desacreditado nela. São cada vez menos as ajudas que vem de fora. (...) Onde vamos parar?? Já caímos do abismo ou ainda não? Já reflecti e racionei porque um país de uma extensão de 36.125  quilómetros quadrados não pode desenvolver-se na paz e tranquilidade!!?? "Nó cansa guerra" é a frase mais triste que eu li nos últimos 15 anos. Neste momento só lhe posso agradecer pelo trabalho que tem feito na Guiné-Bissau. Alzira R. Socióloga Coimbra"

PJ em perseguição furiosa a traficantes de droga

Há pouco menos de duas horas, Bissau voltou a ser ensombrada por tiros de pistola e de gente armada com metralhadoras AK-47. Tudo começou com uma perseguição a alta velocidade pelas ruas de Bissau. Era a polícia judiciária no encalço de traficantes de droga, que, na iminência de perderem o rasto aos infractores, que viajavam numa viatura Renault Megane, dispararm, primeiro como intimidação e depois para os pneus, tendo acertado em dois. O susto foi maior porque tudo aconteceu e acabou em frente ao hospital nacional 'Simão Mendes'. Mas em pouco menos de cinco minutos, estava tudo acabado. Enquanto a população, assustada, fugia em direcção a um sítio seguro, os agentes da PJ controlavam a situação. Os bandidos foram algemados, e enfiados nas viaturas. A polícia retirou uma embalagem de dentro da viatura, e tudo indica que se trata de cocaína pura. Os militares chegaram pouco depois dos tiros, mas assim que souberam do que se tratava, bateram em retirada. AAS

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Reflexão nacional

As Organizações das Nações Unidas como órgão estabilizador deve exercer sua autoridade firme para por cobro a esta prática nefasta imposta à sociedade guineense, auxiliando de forma verdadeira na promoção da Paz, Segurança, Justiça, Democracia, Valorização Intelectual por meio das vantagens competitivas, estimulando a educação de qualidade como forma de erradicação do nepotismo desqualificado e outras práticas absurdas que comprometem a estrutura social e política do nosso país. A Guiné-Bissau não precisa de mecanismos saneadoras a curto prazo mas sim de mecanismos firmes e concretos de forma a reduzir conflitos de interesses entre diferentes setores da vida social e política nacional. A Guiné-Bissau só alcançara a paz quando os guineenses entenderem o verdadeiro significado desta palavra. Paz. Para que este sonho se torna realidade convido a todos os guineenses a refletirem de forma consciente os 37 anos de retrocesso nacional. Estamos no século XXI onde as decisões de mudanças devem ser tomadas baseadas no intelecto e não da formas como é tradicionalmente conhecido. É inegável que os problemas crônicos dos guineenses surgiram com o próprio nascimento da nação que nunca teve oportunidade de experimentar o seu crescimento social e econômico sem interrupções. Problemas esses que surgiram na luta de libertação nacional entre os guineenses que nunca souberam discutir de forma republicana suas diferenças. Perante os 37 anos de puro fracasso urge às seguintes indagações: 1) Será que não temos a capacidade de fazer o diferente? 2) Que tipo de ser constitui a sociedade guineense? 3) Até quando vamos viver a sombra dos constantes sobressaltos? 4) Este acontecimento é a última ou teremos mais no futuro? Qual é a causa? 5) Se as outras sociedades chegaram lá... Por que ainda ficamos no buraco? 6) Será que temos domínio dos nossos atos? 7) Temos representantes (governo/força armadas) com aptidão social, cultural, ético e profissional a altura do cumprimento de suas atribuições? 8) Obtenção de um diploma universitário é condição suficiente para administrar com dignidade o patrimônio Público? 9) Sem conhecimentos acadêmicos, mas com experiência profissional garante condições administrativas e de liderança capaz de prover a mudança? Page 2 10) Será que a sociedade guineense entende claramente os verdadeiros preceitos da escolha e do desenvolvimento? Será que estamos preparados para a mudança que tanto se refere? Por quê? 11) A proposta da comunidade internacional para o envio de força estabilizadora a Guiné- Bissau é maléfico e ou benéfico? Por quê? Os questionamentos acima mencionados estão abertos as discussões republicanas de maneira a encontrar o ponto cego da situação que contribui para estagnação do país. Diante do exposto estão convocados todos os guineenses de diferentes esferas sociais, cultural e principalmente os experts residentes no mundo afora e os residentes em Bissau a comungarem seus esforços e inteligência de forma a debater os principais problemas que contribuiu para o fracasso da historia da Guiné-Bissau e propor alternativas diferenciado para a mudança que a sociedade tanto aguarda. Eis a minha contribuição, despertando a reflexão e não a distorção. Vitória-ES/Brasil 20/04/201 Patricia B.

Desilusão e tristeza, mas...

Caro Aly Silva (para mim ês e serás o eterno Ticha), No meio de tanta desilusão e tristezas, a decisão da União para a Mudança de Agnelo Regalla em não fazer parte do CNT, e a postura firme e inabalável do PAIGC na reposição da constitucionalidade, são as poucas boas notícias que recebo cá em Luanda da nossa Guiné-Bissau. O mais triste, foi a confirmação de que a esmagadora maioria da nossa classe política, NUNCA pensa ou pensou na G-B e no seu POVO, mas sim, em "como chegar mais rapidamente as rédeas do poder" para daí conseguir fazer suas negociatas por forma a poder enriquecer da noite para o dia. Esses políticos, sabem que o POVO nunca os elegerá (ou voltará a eleger) para cargo algum, e tentam aproveitar-se desta confusão, para se içarem, aos mais altos cargos do Estado. Não necessito citar seus nomes, porque todos os vimos a saírem da escuridão, como fazem os ratos. Essa escumalha bem conhecidas da praça de Bissau, parasitas crónicos e vegetantes exímios, podem estar cientes que o povo atento já os tem na mira. Agora que a situação começa a começar a inverter, obedecendo aos seus instintos de roedores traiçoeiros, alguns até já estão a tentar retroceder, mas já é muito tarde, porque já estão todos mais do que identificados. Cá estaremos também para testemunhar os seus próximos passos. Abraço grande a todo mártir POVO guineense. José T. - Luanda

COMUNICADO DA LIGA GUINEENSE DOS DIREITOS HUMANOS

COMUNICADO À IMPRENSA Na sequência do Golpe de Estado reivindicado pelo Estado Maior General das Forças Armadas no passado dia 12 de Abril de 2012, a Liga Guineense dos Direitos Humanos tem recebido de forma sistemática denúncias de cidadãos comuns que dão conta das violações dos direitos humanos que tem ocorrido em todo o território nacional, através de um Gabinete de Emergência, instituído para o efeito. Após a detenção ilegal do Presidente Interino e do Primeiro-ministro, restrição da liberdade de imprensa e proibição de manifestação, repressão intimidatória e brutal dos manifestantes, Pilhagens e vandalismos nas residências dos membros do governo e outras figuras públicas; os militares continuam a perpetrar actos ilegais e atentatórios dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, em particular dos políticos. A Liga regista com muita apreensão as detenções ilegais e arbitrárias do Brigadeiro General Fodé Cassama, actual Secretario de Estado dos Antigos Combatentes, do seu condutor Domingos Imbale e seu assessor para assuntos protocolares Sabino Pinto Sanca na cidade de Farim, norte do país no passado dia 21 do corrente mês. Segundo as fontes credíveis a que a organização teve acesso, as detenções em causa, foram executadas em público e em circunstâncias extremamente, humilhantes, tendo as vitimas sido amarrados, agredidos e conduzidos para um lugar incerto e incomunicável. Em virtude destas práticas sistemáticas dos actos de violações dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos que tem sido levados a cabo pelo Estado Maior General das Forças Armadas, a Direcção Nacional da Liga Guineense dos Direito Humanos delibera o seguinte: 1. Denunciar e condenar publicamente os actos de flagrante violação dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos à margem das leis em vigor na Guiné-Bissau; 2. Exigir a libertação incondicional de Coronel Fode Cassama assim como de todos os detidos no âmbito do Golpe de Estado do pretérito dia 12 de Abril de 2012; 3. Responsabilizar o Estado Maior General das Forças Armadas pelos comportamentos ilegais e abusivos dos militares sob suas ordens, exortando-o a pôr termo a esta onda de violência inaugurada a partir do golpe de estado. 4. Exigir do Estado Maior General das Forças Armadas informações sobre os locais das detenções, assim como autorizar o acesso dos familiares, advogados e médicos aos detidos. Feito em Bissau, aos 23 dias do mes de Abril 2012 A Direcção Nacional

Ao Comando Militar

Dez dias e nove noites, sem os meus materiais de trabalho, o que me deixa bastante insatisfeito e irritado. Pareço uma bola nas mãos dos militares. "Vem à tarde, vem amanhã, ou depois", é a tropa a gozar comigo. No sábado, fui chamado ao EMGFA "para ir buscar as minhas coisas". Fui. Uma hora depois, trouxeram apenas o computador ACER. "Não assino e nem levo nada. Falta o iPad, a máquina CANON EOS 50D e tudo o resto." - disse. As chefias zangaram-se. "Entreguem as coisas ao rapaz", disseram. Até hoje, nada. Mas há crime: o meu portátil foi violado (sei o nome da empresa, e da pessoa que violou o meu portátil - serão todos RESPONSABILIZADOS). Revistaram as minhas caixas de email, a minha página do Facebook, eu sei lá que mais. E eu disse-lhes, lá, na Amura: "Isso é um crime, é uma violação flagrante dos meus direitos de cidadão e de jornalista". APELO AO 'COMANDO MILITAR' Devolvam-me todos os meus materiais; ou, na melhor das hipóteses: - O portátil ACER; - O iPad; - A máquina CANON EOS 50D Isso chegava-me. António Aly Silva

domingo, 22 de abril de 2012

ÚLTIMA HORA: PAIGC, em comunicado, retirou a confiança política ao presidente em exercício da ANP, Serifo Nhamadjo. AAS

Vamos pensar na Guiné-Bissau e para a Guiné-Bissau

«A todos os Guineenses, meus irmãos vamos fazer um exercício mental sobre a situação do nosso país. É fundamental pensar antes de agir, para que as nossas atitudes não discordem com as nossas intensões. Os conflitos na Guiné-Bissau vêm dos tempos ancestrais. Mas olhando para o nosso passado recente, cerca de 15 anos atrás é possível fazer uma leitura cabal para perceber a situação atual. No ano de 1998 houve um levantamento militar denominado “Junta Militar”, tinha condições para ser uma grande revolução mas os factos mostraram que foi um grande erro. Sem querer dizer que a situação em que o país se encontrava era boa ou má., aqui o objectivo é encontrar uma solução plausível. A forma como a “Junta Militar” foi pensada e todo o processo pós-Guerra evidenciou muitas lacunas. Faltas que se fazem sentir hoje passados 14 anos. Houve muitas mortes durante o período em causa (…) nada do que aconteceu é para esquecer, porque ao esquecermos do nosso passado podemos correr o risco de cometer o mesmo erro. Agora vamos todos pensar: o que queremos da nossa Guiné? A resposta passara por, “um país justo e próspero”. Neste instante tem que responder a uma outra questão mais pertinente mas sempre de olhos apontados para aquela que é o nosso grande objectivo “um país justo e próspero”. No dia 12 do Abril de 2012 houve um novo levantamento militar denominado “Comando Militar”, mas em circunstâncias completamente destintas à de 7 de junho 1998. Agora a população está cansada porque as guerras passadas não evidenciaram melhorias que justificassem tal sacrifício, os militares estão cansados, a comunidade internacional está cansada. Isso é verdade porque o problema da Guiné é de difícil resolução. Os militares insurgirão de novo contra o governo, desta vez reclamam que existe um acordo secreto entre o Governo Guineense e o Governo de Angola, com vista à utilização da força contra as Forças Armadas da Guiné-Bissau (…) Nós população não sabemos, queremos saber o porque e para que se for verdade tal acusação, mas esse processo tem que cumprir a legalidade constitucional. No meio disso os militares com arma querem dissolver o governo, para tal propuseram um órgão transição formado por alguns partidos polítlºicos para governar o país até uma próxima consulta popular que vai se realizar no prazo de dois anos. A população através das associações e organismos, de várias formas tem dito que não quer a guerra seja qual for o motivo. Bem a população neste momento não tem força de decisão, é só nas eleições é que o povo decide pela maioria e neste momento é complicado descortinar a vontade popular. Logo a população está dependente da comunidade internacional e da força da arma dos militares. Mas a população continua a gritar “não queremos qualquer tipo de guerra”. A comunidade internacional cansada com os problemas da Guiné e principalmente com os problemas dos militares. A comunidade internacional tem que agir aos apelos da população, e não sabe como. Poderá optar pelo uso da força, mas essa solução pode esconder vários outros problemas. Também não pode aceitar as condições dos militares porque seria altamente conflituosa. No entanto pediu a rendição dos militares e o restabelecimento da ordem constitucional. E agora? Cabe a nós herdeiros e pensadores meditar numa solução que vai responder a todas essas questões mas sempre com a responsabilidade de levar a Guiné a ser “país justo e próspera”. Podemos recorrer a teoria de jogos e ao equilíbrio de Nash para chegarmos a uma solução Paretiano. O jogador um é “Comando Militar” com a estratégia (cooperar, não cooperar) e o jogador dois “Comunidade Internacional” com estratégia (atacar, não atacar) os pagamentos já é mais complexo de quantificar mas através da análise caso a caso podemos chegar a esses valores. Pela exclusão de parte podemos tirar algumas das eventuais soluções. O governo de transição neste conteste sociopolítico não coaduna (…), seria (não cooperar, não atacar) Uma força de interposição aos militares Guineenses não é uma boa solução (…), seria (não cooperar, atacar). A condenação dos militares ou a sua prisão também não é uma boa solução (…), seria (cooperar, atacar) A única solução que resta mas complicada é a rendição e reposição da ordem constitucional e abertura de inquérito para apurar as verdades, seria (cooperar, não atacar). É sobre este ponto que temos que debruçar e não dar margem a qualquer outra hipótese de resolução deste dilema, porque as coisas tem que ser resolvidas com cabeça fria para não corrermos o erro de mais tarde termos mais problemas do que já temos. As duas partes “Comando Militar” e “Comunidade Internacional” têm que ter presente que as suas ações são propensos de erro e esses erros podem ser desproporcionais e os custos, e nós é que pagamos sem margem de dúvida. Mas futuramente irão ser responsabilizados. Aos militares apelamos a rendição e reposição do poder constitucional, essa solução acarreta menos custos para ambas as partes e para a população Guineense. Os militares devem juridicamente produzir provas das acusações e junto aos órgãos competentes fazerem valer os seus direitos. Nós vamos apoiar nesse sentido, para mais tarde se apurar os verdadeiros culpados. Esses sim vão pagar como a lei manda. Este apelo parece evidenciar melhor resposta possível no meio de tanta confusão e maldade para com o povo sofredor. Obrigado. Pascoal Correia Alves Junor. Economista. Lisboa»