quarta-feira, 10 de setembro de 2014
CRÓNICA: Não Conseguem Matar a Honra
"Quem me conhece bem sabe que não sou pessoa de desistir facilmente. Tenho, de resto, o empenho estampado no rosto. Gosto do meu País. Dez minutos depois de atravessar as suas fronteiras, começo a sentir arrepios. Bom, dez minutos talvez seja exagerado; Que sejam cinco. Mas de certeza que de trinta minutos não passa.
Pessoalmente, tenho dificuldade em orgulhar-me das coisas que me acontecem por casualidade. Fernando Pessoa escreveu: «O lugar onde se nasce é o lugar onde mais por acaso se está» - uma frase com a sua piada.
Eu nasci na Aldeia Formosa (actual Quebo). Já fui ao Quebo umas vezes, passei outras tantas sem parar e confesso que nem de uma nem de outra vez senti grande coisa. Nem um arrepio na alma. Não me vieram - ao contrário dos piegas - lágrimas aos olhos, nem me deu vontade de escrever contos. Nem sequer um poema.
Pouco me importa que milhão e meio de guineenses desconheça onde fica a vila do Quebo, ou quantos habitantes terá ou teve em tempos. Ou sequer se tem tradições, e já agora quais serão.
Trata-se de um sítio, e pronto. Um sítio de merda, como o são aqueles sítios onde por nada deste mundo assentamos arraiais, ainda que por breves momentos. Passámos, e às vezes desviámos o olhar, talvez envergonhados.
O facto de eu ter nascido na Aldeia Formosa, não transformou o Quebo num lugar especial - e é assim que está bem. Um sítio banal, aquele onde eu nasci. Talvez seja por isso que eu vivo de forma espartana. E não me tenho dado mal.
Mas não trocaria o Quebo por nenhum outro lugar. E com a vossa licença vou embora já. Vou para o outro Sul - e será sempre o eterno Sul cheio de estrelas e de noites intermináveis." António Aly Silva
UE apresenta relatório final sobre eleições
A União Europeia apresentou hoje o seu relatório final sobre as ultimas eleições gerais na Guiné-Bissau do qual constam oito recomendações às autoridades guineenses para a melhoria do sistema eleitoral e da própria democracia. O relatório, que agora vai ser entregue às autoridades, foi apresentado aos jornalistas por Krzysztof Lisek, chefe da missão de observadores europeus às eleições (MOE- UE) realizadas entre março e abril deste ano.
No documento, a MOE-UE recomendou que seja atribuída a independência administrativa e orçamental à Comissão Nacional de Eleições (CNE) através de uma rubrica específica do orçamento do Estado. Pede também que seja revista a distribuição de mandatos por círculos eleitorais a fim de promover igualdade no sufrágio de acordo com a distribuição da população e ainda dar à CNE a competência de supervisão do recenseamento eleitoral.
A missão exorta ainda às autoridades a tomarem medidas no sentido do reforço da presença feminina nas listas eleitorais em lugares em que possam ser eleitas, nomeadamente fixação de quotas.
Recomendou também a adoção de legislação que permita a observação eleitoral por parte de grupos apolíticos da sociedade civil, que seja permitida a propaganda eleitoral paga nos meios de comunicação social privados durante a campanha eleitoral e concedida meios financeiros aos órgãos públicos conforme estabelecido por lei.
Ainda exorta a que as eleições autárquicas - nunca realizadas na Guiné-Bissau em 20 anos de democracia- sejam organizadas como forma de levar o poder político ao nível local.
Confrontado com o facto de as recomendações das missões eleitorais da UE terem sido apontadas nos processos anteriores, Krzysztof Lisek, disse não cabe a sua organização impor o cumprimento das recomendações "que são isso mesmo, recomendações". Lusa
COISA PÚBLICA: Governo quer maior dinamismo e responsabilidade
O Executivo da Guiné-Bissau liderado por Domingos Simões Pereira nomeou novos responsáveis para os portos, aeroporto e alfândega do país, a este foi pedido um maior dinamismo e responsabilidade na gestão pública. Citado pela Agência de Notícias da Guiné (ANG), o secretário de Estado dos Transportes e Comunicações, João Bernardo Vieira declarou:
«O contexto político, económico e social que vivemos hoje exige maior responsabilidade na gestão, maior eficácia na execução dos programas de desenvolvimento a curto, médio e longo prazo.» O governante exortou ainda os nomeados a trabalharem em prol do cumprimento das metas traçadas pelo Governo e satisfação das aspirações dos guineenses. Lusa
ÉBOLA: Jovem conacry-guineense curado em Dacar
O Ministério de Saúde do Senegal confirmou esta quarta-feira a cura do jovem, oriundo da Guiné-Conacri, que introduziu o único caso de ébola no país. O diretor de Saúde do Ministério declarou: «Realizámos exames duas vezes. Ele [o doente] já não tem o vírus. Está curado.»
O jovem conakri-guineense entrou no Senegal antes do encerramento das fronteiras com a Guiné-Conacri, a 21 de agosto, tendo escapado à vigilância das autoridades do seu país, que alertaram os senegaleses. O doente chegou a entrar em contacto com 67 pessoas, as quais têm sido alvo de monitorizações em Dacar. Lusa
AMNISTIA para golpes de Estado e crimes de sangue? NÃO, o tanas!!!
Não, não e não. Uma proposta para o Presidente da República, e para o Governo da Guiné-Bissau:
Façam um referendo para que o Povo diga se quer ou não AMNISTIAR golpes de Estado e crimes de sangue decorrente dos mesmos. Não podemos mais adiar.
Na democracia NÃO há lugar para golpes de Estado, nem para a matança sem responsabilização. Ditadura do Consenso vai, a propósito da tão propalada e descarada amnistia, publicar vários dossiers. Há que responsabilizar tudo e todos, chamar os nomes que devem ser chamados e provar onde roubaram e quem mataram, e a pena a que foram condenados (se é que isso alguma vez aconteceu) - e se cumpriram a pena!!! Os autores morais e materiais; os ladrões do Estado idiota da Guiné-Bissau devem de uma vez por todas ser TODOS responsabilizados, doa a quem doer! António Aly Silva
SONDAGEM DC: O 'podia ser melhor" deve fazer o Governo pensar
PERGUNTA DC: Como classifica os 100 dias do Governo liderado por Domingos Simões Pereira?
Muito Bom = 241 votos, (34%)
Bom = 236 votos, (33%)
Fraco = 86 votos, (12%)
Sofrível = 19 votos, (2%)
Podia ser melhor = 126 votos, (17%)
Votos apurados: 708
Sondagem fechada
terça-feira, 9 de setembro de 2014
ÉBOLA CHEGOU À GUINÉ-BISSAU?
Três pessoas estão de quarentena no Hospital Regional de Bafatá no leste da Guiné-Bissau, como medida de prevenção do vírus Ébola, anunciou hoje o diretor da instituição. As três “estão bem e não têm sintomas” de infeção, mas entraram no país a partir da Guiné-Conacri, país vizinho afetado pelo surto que assola várias zonas da África Ocidental.
Uma mulher está na unidade há uma semana, dois homens entraram há seis dias e todos devem permanecer no hospital “durante 21 dias”, prazo máximo durante o qual a doença pode surgir. “É o que vamos fazer com qualquer pessoa que tenha entrado em Bafatá vindo da Guiné-Conacri”, sublinhou Mamadu Sambú, diretor do hospital.
A unidade de saúde tem falta de medicamentos. Conta apenas com sete conjuntos (“kits”) de equipamento de proteção para os profissionais de saúde lidarem com pessoas doentes suspeitas de infeção, que receberam formação sobre o vírus.
Apesar de a Guiné-Bissau ter fechado as fronteiras com a Guiné-Conacri em agosto, têm sido conhecidos casos de pessoas que entram no país a par de denúncias de alegados subornos a agentes de segurança. À margem de uma visita a Bafatá, o ministro da Administração Interna, Botche Candé, disse hoje aos jornalistas que as denúncias já foram averiguadas, mas não confirmadas. Seja como for, sublinhou que “a lei não pode ser negligenciada”. “Se o governo decidiu que as fronteiras terrestres estão encerradas, ninguém pode desobedecer a essa ordem”, destacou.
Desde o início do ano, um surto de Ébola na África Ocidental já fez mais de dois mil mortos na Guiné-Conacri, Serra Leoa, Libéria, Senegal e Nigéria. A Guiné-Bissau não registou qualquer caso. Observador
APOIO: Portugal e Gana apoiam encontro de grupo das Nações Unidas sobre Guiné-Bissau
A ministra ganesa expressou o desejo de Portugal e Gana reforçarem a sua parceria para responder a “desafios atuais” como o problema da segurança marítima no golfo da Guiné.
Portugal e Gana vão apoiar uma reunião do grupo internacional de contacto das Nações Unidas sobre a Guiné-Bissau, anunciou hoje o ministro português dos Negócios Estrangeiros, que defendeu o aproveitamento da atenção atual da comunidade internacional sobre o país.
“Portugal e Gana estão dispostos a apoiar a Guiné-Bissau a convocar o grupo internacional de contacto das Nações Unidas, a um prazo breve, para debater as reformas em curso, as modalidades futuras do apoio internacional no terreno, a renovação do mandato do escritório das Nações Unidas em Bissau e a realização de mesas redondas de doadores”, disse hoje Rui Machete após uma reunião em Lisboa com a ministra ganesa dos Negócios Estrangeiros e Integração Regional, Hanna Tetteh.
Os dois países, acrescentou, coincidem na “necessidade de a comunidade internacional continuar a apoiar firmemente a Guiné-Bissau no seu presente processo de retorno à ordem constitucional, à paz e à estabilidade e ao desenvolvimento sustentado”.
“Não podemos perder tempo, visto que a dinâmica da vida internacional vai trazendo novos problemas, como é o caso da doença ébola, e portanto vai distrair a atenção”, pelo que há que aproveitar “esta janela de oportunidade que neste momento ainda” existe, sustentou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
No mesmo sentido, a ministra ganesa defendeu a necessidade de os dois países trabalharem “a nível bilateral, no contexto da região e também a nível multilateral, envolvendo as Nações Unidas”, no sentido de “progredir no retorno do país à paz e à estabilidade”.
O encontro do grupo de contacto internacional, “a ter lugar em outubro deste ano, é extremamente importante”, referiu Hannah Tetteh.
Na reunião de hoje, no âmbito da primeira visita oficial a Portugal da chefe da diplomacia ganesa, os dois governantes assinaram um protocolo para fomentar o ensino da língua portuguesa no Gana, através da formação de pessoal diplomático, referiu o ministro.
Os dois países ultimaram também as negociações sobre a convenção para evitar a dupla tributação, que deverá ser assinada até ao final do ano na capital do Gana, Acra. “Vai gerar mais-valias importantes para os cidadãos e empresas de ambos os países, ao diminuir os custos de uma tributação que seria injusta”, afirmou Machete.
Rui Machete mencionou ainda que, em relação ao golfo da Guiné, os dois ministros exploraram “opções de cooperação bilateral na área de segurança marítima”, estando previsto o envio de uma delegação técnica do Governo português ao Gana para negociar ações concretas nesta área.
“Gana é um dos países mais estáveis e prósperos da região do golfo da Guiné e Portugal já desenvolve ações de cooperação técnico-militar nesta área com países africanos de língua portuguesa”, lembrou. A ministra ganesa expressou o desejo de Portugal e Gana reforçarem a sua parceria para responder a “desafios atuais” como o problema da segurança marítima no golfo da Guiné.
Antes do encontro com o seu homólogo, a ministra ganesa participou num pequeno-almoço empresarial, promovido pela AICEP e pela Câmara de Comércio Portugal-Gana, no qual o grupo Sana anunciou a intenção de construir um hotel em Acra.
Hannah Tetteh convidou o ministro português a visitar a capital ganesa no âmbito da realização de um dia dedicado a Portugal no Gana. Lusa
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
OBESIDADE/ESTUDO: Guiné-Bissau tem maior percentagem de obesos na África Ocidental
A Guiné-Bissau é o país da África Ocidental subsaariana com maiores taxas de obesidade, revela um estudo hoje publicado pela revista Lancet.
Liderada por Emmanuela Gakidou, do Instituto para a Avaliação e a Métrica da Saúde na Universidade de Washington, nos EUA, a equipa de investigadores diz ter feito a análise mais exaustiva de sempre, com base em dados recolhidos em estudos, relatórios e na literatura científica sobre a prevalência de excesso de peso e obesidade em 188 países entre 1980 e 2013.
Entre os 19 países incluídos pelos investigadores na região África Ocidental subsaariana -- onde também se incluem Cabo Verde e São Tomé e Príncipe -- a Guiné-Bissau tem a taxa mais elevada de obesidade em adultos e crianças e em ambos os sexos (8,1% nos rapazes, 16,8 % nos homens, 8,3% nas raparigas e 24,2% nas mulheres).
A taxa média de obesidade na região é de 4,3 nos rapazes, 9,4 nos homens, 3,2 nas raparigas e 11,9 nas mulheres. Quando se inclui as pessoas com excesso de peso, a Guiné-Bissau continua a ser o primeiro país nos homens (44%) e nas meninas (20,4), mas passa para segundo lugar nos rapazes (15,8) e para quinto nas mulheres (47,8).
Entre os outros países lusófonos, segue-se Angola, que está entre os três países com mais obesidade e excesso de peso na região da África Central subsaariana. Com efeito, 15,5% dos rapazes e 20,9% das raparigas em Angola têm excesso de peso ou obesidade, taxas que sobem para 42,9 nos homens e 49,1 nas mulheres.
Já a obesidade afeta 5,7% dos rapazes, 6% das meninas, 12% dos homens e 18,7% das mulheres. Em São Tomé e Príncipe as taxas de excesso de peso e de obesidade são de 12,3% nos rapazes, 18,9% nas raparigas, 30,6% nos homens e 45,7% nas mulheres.
Moçambique tem 12,3% de rapazes com excesso de peso e obesidade, taxa que sobe para 14,1% nos homens, 14,4 nas raparigas e 26,5% nas mulheres. Entre os Cabo-verdianos, o excesso de peso e a obesidade afeta 11,5% dos rapazes, 18,3% das meninas, 31,8% dos homens e 44% das mulheres.
Timor-Leste tem 7% de rapazes e 5,7% de raparigas com excesso de peso e obesidade, assim como 3,2% de homens e 6,6% de mulheres. O Brasil é o segundo país lusófono com maiores taxas de excesso de peso e obesidade, a seguir a Portugal, com 22,1% dos rapazes, 24,3% das raparigas, 52,5% dos homens e 58,4% das mulheres afetados pelo problema. Lusa
EDUCAÇÃO: Criadas duas cátedras em Bissau
CÁTEDRA AMÍLCAR CABRAL
EMENTA
Movidos por princípios ideológicos fundantes de uma nova práxis sociopolítica de construção de ideais nobres que visem a promoção e disseminação dos estudos feitos por Amílcar Cabral, tanto no campo agronômico como no das ciências sociais e política, e mais: antropológicos e filosóficos.
Objetivou-nos, in essentia, estimular novos pesquisadores da graduação e da pós-graduação para realizarem trabalhos de investigação científica sobre a obra e o pensamento do nosso líder-mor. Assim, pode-se (e deve-se), sem dúvida, consolidar o campo acadêmico de pesquisa, de natureza transdisciplinar, sobre as interfaces entre as Ciências Agrárias e Veterinárias e as Ciências Políticas e as Relações Internacionais.
Ora, para isso, torna-se, desde logo, necessário, a edificação deste importante instrumento de reflexão crítico-científica para o estudo e a atualização de múltiplas temáticas que têm sido objeto de abordagem metodológica da agudeza do pensamento cabralista nos espaços acadêmicos. E, em suma, pretende-se tornar úteis seus ideais no processo de desenvolvimento sustentável do nosso país.
Projeto: Jorge Otinta, Ph.D
Membros: Prof. Dr. Leopoldo Amado, ex- docente da Universidade de Cabo Verde e Consultor do PNUD, e Prof. Dr. Elikia MBokolo, CNRS, França.
CÁTEDRA VASCO CABRAL DE HUMANIDADES
EMENTA
O grito inaugural da nossa guineidade nasceu, sem dúvida, e de que maneira extremamente significativa, antes sob o signo do verbo e, muito depois, muito depois mesmo, sob o signo do fogo. É assim que sob o céu (ou seio, quiçá) materno da nossa nação Vasco Cabral se tornou o poeta, pensador e humanista da exímia profundidade de conhecimento da alma humana e, portanto, o construtor da liberdade, enquanto identidade individual e coletiva do povo guineense.
Para este pensador e poeta, as angústias que restam após longas sessões de vigília duma esperança que parece esvaziar nossos olhos adormecidos, ou lábios trancafiados como cadeados duma porta para que a ninguém reste a válvula do escape da opressão e repressão colonial e, simultaneamente, a obstinada crença no devir utópico libertário que engendrou a revolução setembrina de 1973, segundo a qual a luta é apenas a primavera viçosa.
E, nesse sentido, ela inaugura o processo narrativo para a construção da identidade nacional. Uma cátedra sob a égide de Vasco Cabral, o pioneiro-mor da literatura guineense, não lhe rende apenas a justa e merecida homenagem, mas debruça-se sobre aquilo que foi o homem de cultura e de notório saber filosófico e poético, de um lado; e o ideólogo da revolução e, posteriormente, um dos artífices da nossa nova democracia, de outro.
Em suma, com a criação desta cátedra de Literatura e Humanidades pretende-se, objetiva e subjetivamente, participar na busca do conhecimento científico em áreas como, entre outras, História e Geografia, Arqueologia, Filosofia e Política, Sociologia e Antropologia, entre outros.
Projeto: Jorge Otinta, Ph.D
Membros: Prof. Dr. Pires Laranjeira, Universidade de Coimbra, Portugal e Prof. Dr. Benjamin Abdala Jr., Universidade de São Paulo, Brasil.
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