quinta-feira, 12 de maio de 2016

OPINIÃO: Discursos Ocos, Ludibrios


Tenho prestado atenção em todos os discursos do Presidente da Republica e o que me impressiona é o julgamento que ele faz para com os outros poderes da Republica.

É impressionante um representante máximo da nação fazer julgamento de outros poderes sem no mínimo ter dado o trabalho de fazer o autojulgamento. Qualquer guineense atento sabe originárias, as raízes da crise que assola o país há muito tempo e o discurso de empurrar a responsabilidade para acima dos outros, com certeza não trará solução.

Lembro-me antes mesmo de ser eleito como Presidente da Republica, José Mario Vaz já havia tornado ao publico a sua incredulidade ao setor judiciário guineense e quando se tornou Presidente faz questão de alegar que os nossos magistrados foram corrompidos e corruptos, tentando assim, os desacreditar perante a sociedade.

Para materializar-se e honrar o compromisso obscuro assumido com seus comparsas, tornou-se uma arma mortífera para então governo de DSP lançando varias acusações infundadas sem nenhuma comprovação (chama-se isso de irresponsabilidade) até no dia em que o derrubou e fez aquela atrapalhada toda que todos nós sabemos (nomear um governo de 48 horas).

Como não bastasse, com sua limitadíssima articulação política, para derrubar atual governo virou o jogou para ANP tentando obter uma maioria virtual e forçada, porém não contou com o bicho de sete cabeça que está noutro lado (DSP), que por sua vez, muito mais inteligente e mais preparado politicamente.

Uma das premissas para uma liderança bem sucedida vem de autojulgamento ou auto-avaliação do líder. Um líder sem estas premissas torna-se incapaz e dificilmente consegue exercer uma liderança verdadeira e consistente. O nosso magnífico PR além de parecer não reunir estas capacidades, constata-se uma ausência primordial e indissociável a um Presidente da Republica. A capacidade de articulação e de diálogo.

Diferente do que ele vem propagando nos seus discursos, a capacidade de diálogo não constitui num discurso oco, vago mas sim, é saber ouvir sem julgar, sem tomar posição imediatamente. Exige especial atenção, pois pode ser o remédio para todos os males, uma vez que ele permite a unificação das ideias, dos sentimentos, dos sonhos e também das mágoas, que só podem ser resolvidas se forem trazidas à luz, se se fizerem claras e evidentes. Presidir uma nação pressupõe lidar com interesses antagônicos de cada habitante, de cada região, de cada grupos, de cada etnias, etc, e os caminhos corretos e eficientes para colocar/conjugar esses interesses num mesmo trilho deverão passar pelo diálogo constante e um PR articulador politicamente.

A conjuntura da crise política atual e os métodos usados pelo Presidente da Republica para saná-las são ineficientes e provocam ainda mais para agudização da crise. O PR é o principal personagem da crise atual e não se pode junto com a instituição que representa (Presidência da Republica) culpar outras instituições ou poderes, cultivando assim, com seus discursos uma ilusão de diálogo. Lamentavelmente, este tipo de atitude tendo sido habito do PR culpar os outros dos seus desastres e das suas desventuras políticas sem ao menos apresentar uma solução consistente. Chama-se isso de fracasso político e não pode esperar de alguém do tipo uma atitude honrosa (pedir demissão).

Que Deus abençoe Guiné-Bissau.

Leitor Identificado.