quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Até onde e... até quando?
"Caro amigo Aly,
Antes de mais o meu fraterno e reconhecido abraço, querendo reconfortar-te, reconhecendo o trabalho corajoso e sem paralelo que tens feito em prol da democracia e dos anseios de liberdade do Povo da Guiné-Bissau. Estou certo, Aly, que este meu encorajamento, embora não seja nada de especial, da minha parte será decerto uma prova de amizade, de amizade e de solidariedade. Posto isto, muito me agradecia caso assim entenderes util, esta minha modesta contribuição a voz da revolta do nosso Povo, a qual tens sido o maior porta-voz com o teu site.
Fraternalmente,
Oguis
Aonde vamos parar...
Depois da fracassada e vergonhosa missão do "governo de transição" tendente a querer forçar a sua participação na AG das NU, aproveitando uma entrevista concedida à New York Times, o todo-poderoso General, dono e senhor de Bissau, não conseguiu esconder a sua ira e desagrado pelo falhanço da missão do seu Presidente. Assim, perante a pergunta da jornalista Jessica Hatcher da NYT, disparou em todas as direcções, tendo como alvos preferidos, o Primeiro Ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr (o que não é de espantar neste caso) e contra a Organização das Nações Unidas (ONU), particularmente contra a pessoa do Representante Especial do Secretário Geral das Nações Unidas, Joseph Mutaboba e do Sr. Yuri Fedotov, Chefe do Escritorio das NU contra as Drogas e o Crime Organizado.
A entrevista do General, foi um chorrilho de insultos e de má-educação contra as Nações Unidas, organização que acusa de «promover e instigar problemas na Guiné-Bissau», aconselhando-o a se ocupar da Síria e do Mali porque na Guiné-Bissau "ninguém é molestado e não se matam pessoas". Enfim, assim se vive na Guiné-Bissau, na santa paz dos anjos. Quanto ao pobre do Joseph Mutaboba, foi simplesmente apelidado de "bandido, mentiroso, cunhado(!?) e cúmplice" de Carlos Gomes Jr. Ao Sr. Yuri Fedotov, Chefe do Escritório das ONU sobre Drogas e Crime Organizado, foi apelidado de "manipulador, aldrabão e de ser um ladrão" sendo que este o está a perseguir porque não quis se submeter ao CGJr.
Esses palavrões grosseiros endereçados contra os representantes de uma organização da envergadura mundial como são as Nações Unidas, seriam adjectivos normais, ordinários, nada surpreendentes e até meigos, os quais passariam despercebidos numa República das Bananas, num cartel de traficantes, num bando de milicianos armados. Esses adjectivos seriam encarados sem quaisquer problemas ou anormalidade. Enfim seria uma normalidade num Estado sem orgãos de soberania, sem leis, sem autoridade, sem respeito pela Ordem Internacional e primariamente sem hierarquia.
Acontece porém, que esses insultos foram proferidos por pessoas ligadas a um país chamado GUINÉ-BISSAU, um país dito independente, um país com uma bandeira, com um suposto «Parlamento», um suposto «Presidente» e um suposto «Governo» que, curiosamente, é, também, suposto ser membro de pleno direito dessa organização mundial.
Aos impropérios do General... nem se ouviu o zunzir de uma mosca, nem uma ínfima reacção de condenação ou desaprovação contra esse discurso violento e desrespeitador para com as Nações Unidas (creio que nem mesmo um simples abanar de cabeça de desaprovação ousaram fazer, não venha o General descobrir e dar um zás a essa cabeçona teimosa e desobediente).
Tudo ficou caladinho num silêncio sepulcral. Nem um mugido, nem um tussido se ouviu das ditas «Autoridades de Transição»..., KAPISKO, NADA... quer do dito «Parlamento», quer do dito «Presidente», quer do dito «Governo». Principalmente esperava-se do Sr. «Presidente», que pomposamente se apregoa de homem da legalidade, da justiça, da moderação e da paz um reacção de ombridade e de homem de Estado. Esperava-se, uma pequena reacção de desaprovação que seja, um mero sinal de condenação ou, ao menos, de chamada de atenção pedagogica à contenção e à ponderação de certas atitudes desvairadas. Mas, NADA, nem um pio. O "Presi" fez-se de MÚMIA...
Porém, analisando bem o estado actual da desordem e anarquia que grassa na Guiné-Bissau e, principalmente, quem de facto exerce o verdadeiro poder nesse país, percebe-se perfeitamente que, infelizmente, esses simples OBJECTOS E DEJECTOS DE DECORAÇÃO do poder militar, não podiam reagir de outra forma. Isto porque, por um lado, nenhum deles ousaria indispôr o senhor absoluto e, por outro lado, simplesmente, porque não existem, nem como entidade, nem como pessoas que se prezem de principios. São simples fantasmas, fantoches e marrionetas à mercê de alguém que se julga acima de toda a impunidade.
Porém, a ver vamos... Quiça, o silêncio de quem devia ao menos falar em contenção, esteja à espera da vinda dos DRONES AMERICANOS que negociou em NY, para sobrevoar os céus da Guiné-Bissau, para limpar esse país do narcotráfico e do crime organizado. Estes sim, embora negociados às escondidas contra o apoio na assembleia-geral das NU são, a todos os títulos bem-vindos, pois além de silenciosos, são eficazes e costumam ser mortíferos.
O Senhor de Bissau que se cuide.
Oguis Mendes"