terça-feira, 30 de outubro de 2012
A culpa é do Ulysses
Para além de um Estado falhado, a Guiné-Bissau está a tornar-se um foco de instabilidade no continente mais instável do mundo. E isso levanta problemas ao governo português. A nossa ligação afectiva à ex-colónia obriga a diplomacia nacional a levantar a questão guineense nas diversas organizações internacionais de que Portugal faz parte: ONU, UE, CPLP, etc. O que é uma tarefa inglória porque, na prática, além de nós, ninguém quer saber dos guineenses. A verdade é essa. Há algum tempo, uma fonte diplomática dizia-me o seguinte, quando lhe perguntei porque não eram tomadas posições mais fortes em relação à Guiné-Bissau:
“Nuno, nem imaginas a quantidade de gente que se levanta da sala cada vez que falamos na questão da Guiné”.
Não imaginava. Mas também fiquei a conhecer uma piada que circula pelos corredores das Necessidades:
“A culpa disto tudo é do Ulysses Grant.”
Eu explico: em 1870, o então presidente americano foi chamado a fazer uma arbitragem entre Portugal e a Inglaterra sobre o disputado território da Guiné-Bissau. Grant decidiu que aquela era uma colónia portuguesa. Se tivesse optado por outra solução, o problema guineense não seria nosso. Mas é. E essa é que é a questão.
In: http://ntpinto.wordpress.com/tag/guine-bissau/