«Caro Aly,
Em primeiro lugar, como cada um de nós tem desfrutado das noticias postadas no teu blog, tenho que agradecer pela disposição as informações precisas e a vericidade dos Factos! É um prazer abrir o blog todos os dias e deparar com noticias "frescas" e sobretudo muito bem narradas.
É lastimável, muito lastimável o caminho que a Guiné-Bissau está a seguir. O rumo que pretendemos tomar, pessoas incapacitadas, analfabetas, sem algum traço positivo deixado atrás, são os que nos representam os que mais ouvimos nas rádios, os que vemos na Tv os que mais nos envergonham.
Pessoas como tu, que quando abrem a boca não sai lixo, são as que nos deveriam representar, deveriam contribuir com o que sabem e podem para cobrir as nossas vergonhas, infelizmente não ocupam os postos merecidos, não estão nos lugares apropiados, não desfrutam do que é realmente vosso.
Cada dia a Guiné-Bissau está a deteriorar, pois ignoramos pequenas atitudes que comprovam para sonhar com grandes palavras que iludem, finjimos não saber o que se passa para pedir que Deus nos acuda. É vergonhoso ver pessoas que numa outra Guiné-Bissau nem gravata ousariam usar, nem abrir a boca ousariam mas estão lá com gravatas a torto e a direito, e à esquerda, com bens do povo a passear e a contornar como se o País fosse um património de grupinhos.
A Guiné-Bissau vai mudar? Sim, mas quando e com que geração? Essa que vem... nem sonhemos acordados porque não é essa geração que vai mudar o País. Essa geração que vai subir é uma das piores, miudos delinquentes, mães adolencentes, jovens levados pelo marginalismo, abalados pela ganância, ilusionados pelo que vêem. Pois os que estão hoje no poder não deixaram nenhuma referencia positiva onde os jovens pudessem ao menos basear-se, ver como um espelho para tentar fazer o mesmo percurso.
Não é que eles não tenham acesso à educação - muito pelo contrário: são jovens de famílias de nome em Bissau, são jovens que tem o básico e muito mais. Infelizmente outros mereciam mas não tiveram acesso à educação, submetem-se a outros trabalhos nos campos e não têm olhos para a delinquência.
Não sou pessimista, estou a tentar ser realista para vermos até que ponto chegamos. Cada um pensa e aplicada a lei a seu bel-prazer, cada um acha-se alguém mais do que o outro, cada um come e diz o que quer, ninguém pensa no povo, nas pessoas que estão la dia e noite a sofrer a nutrirem se mal, criancas a viverem em condicoes miseráveis, familias sem nenhuma atenção, todos os olhos estão virados para Bissau como se não existissem regiões e sectores, onde só aparecem para manipular e pedir votos.
Nada nos falta naquele País nada, todos o sabem bem, mas o mais essencial de tudo é que infelimente temos muito pouco nos lugares apropriados - e falo das CABEÇAS. Avizinham se as eleições, as manobras já começaram, o circo está prestes a abrir para os que sabem ver os palhaços a desfilarem. Contudo, na vida, vale mais a lágrima de um derrotado do que a vergonha de nunca ter lutado, e vamos lutar para que os que sabem, os que podem, estejam lá, sejam o nosso orgulho, para vermos o SOL, que já não brilha há décadas, reaparecer, para não deixarmos de nenhum modo transformarem a nossa pátria o sangue de muitos que deram as suas juventudes, as suas vidas.
Um grande abraço para ti, admiro muito o que fazes e espero que um dia te reconheçam isso.»