quarta-feira, 30 de maio de 2012
Regresso a casa
Os ex-dirigentes da Guiné-Bissau que se encontravam refugiados na sede da União Europeia em Bissau regressaram às suas casas onde se estão a receber visitas de familiares e amigos, constatou a agência Lusa.
Na manhã de hoje, dezenas de pessoas entraram e saíram da casa de Adiatu Nandigna, ministra da Presidência do Conselho de Ministros no Governo deposto e que desde terça-feira À noite se encontra na sua residência. Além de Adiatu Nandigna, também abandonou as instalações da União Europeia Desejado Lima da Costa, presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), que se encontra igualmente na sua residência desde terça-feira.
Desejado Lima da Costa explicou à Lusa que regressou a casa depois de ter estado, desde o golpe de Estado de 12 de abril, refugiado na sede da União Europeia em Bissau. E disse não entender porque é que há notícias de órgãos de comunicação social estrangeiros que o dão como estando preso, primeiro no Senegal, e depois na Gâmbia. A agência France Presse noticiou que Lima da Costa, Zamora Induta (antigo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas) e Fernando Gomes (ministro do Interior no Governo deposto) teriam sido presos na Gâmbia. Desejado Lima da Costa está em Bissau e fontes familiares e antigos colaboradores de Zamora Induta e Fernando Gomes disseram à Lusa que estes não se encontram detidos em nenhuma circunstância. LUSA
A França quer...
A França espera que o novo Governo da Guiné-Bissau lute contra a impunidade, combata o tráfico da droga e organize eleições credíveis no mais curto espaço de tempo, e só então poderá avaliar a atuação do executivo de transição. Os "imperativos" foram apresentados pelo embaixador de França em Bissau, Michel Flesch, após uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros de transição, quando considerou fundamental que o povo se exprima em liberdade e se façam eleições rapidamente.
"Mas há outros dossiês que estão em cima da mesa como são os casos da reforma do setor da Defesa e Segurança e luta contra a impunidade, toda a forma de impunidade, e a luta contra o narcotráfico", observou Michel Flesch em declarações após uma audiência na terça-feira com Faustino Imbali e hoje divulgadas pela Rádio Nacional. LUSA
De irmã para irmão
"Olá querido irmão,
Analisa e veja se dá para publicar no teu Blog. Agradeceria tanto....
Estou a tentar resistir há muito tempo, mas não consigo.
Gostaria que me permitissem reagir a respeito das acusações que estão a decorrer sobre o jornalista Aly Silva (felizmente pela minoria e não pelo povo na sua maioria).
Eu não conheço o Aly pessoalmente, mas sou um dos seguidores do Blog dele, assim como de muitos outros Blogs onde se tratam dos assuntos da Guiné-Bissau.
Li umas críticas no Blog de um irmão sobre o jornalista Aly que me deixou um pouco triste. Vejamos, em resumo:
1- que o Aly defende o P.M. DO POVO, digo o PM do povo guineense, porque mal ou bem, foi eleito pelo povo e não através de abusos de armas, Carlos Gomes jr.
2- que o Aly “vendeu a sua alma” ou seja corrompeu-se.
3- que anteriormente criticava tanto o Primeiro Ministro e que agora de repente mudou de rumo, porque teria recebido algo dele (do PM) etc etc
Se eu estiver errada por favor corrija-me, Aly.
Pelo que eu percebi, ele não disse que deram golpe a um regime perfeito ou a uma pessoa perfeita, mas sim que deram golpe a vontade do povo, a uma pessoa escolhida pelo povo.
Ele nunca chegou a dizer que Cadogo é inocente ou não (ultimamente), mas pediu para respeitar a vontade do povo.
O Aly é contra o golpe de Estado, assim como a maioria, porque uma das consequências de um golpe é fazer um país voltar radicalmente pra trás e ser isolado no mundo (enquanto dependemos economicamente do "mundo").
SERÁ QUE TODOS AQUELES QUE ESTÃO CONTRA OS GOLPES E A FAVOR DAQUELES QUE FORAM ELEITOS PELO POVO, ESTÃO AUTOMATICAMENTE A FAVOR DO REGIME OU DOS DIRIGENTES ELEITOS?! EU ACHO QUE NÃO. ELES RESPEITAM SIMPLESMENTE A VONTADE DO POVO. ISSO CHAMA-SE DEMOCRACIA! RESPEITAM A VONTADE DO POVO E COFIAM NO POVO.
Um povo inteiro, ou seja quase inteiro, não se engana facilmente.
Sabe-se lá, pode até ser que o Aly não compartilhe essa escolha popular, mas respeita a democracia.
Eu creio que o Aly nunca ia pôr a sua personalidade e/ou o seu prestigio conquistado honestamente em causa, defendendo uma causa injusta.
Não tenho a mínima ideia se ele teria recebido algo do Cadogo ou não, mas uma coisa está certa para mim: ele nunca ia/vai defender uma pessoa que o povo inteiro ou a maioria do povo rejeita
Não existe praticamente na Guiné nenhum alto politico, alto dirigente do governo ou alto militar inocente!!! Ou é corrupto ou é corrupto e assassino. Até aqueles que andam a “pregar” diariamente já chegaram de se meter em casos ilícitos duma forma desfarçada ou não.
Já agora, infelizmente, temos de escolher aquele que pelo menos está a tentar levar a nossa terra para frente, que é o caso do Cadogo. Ele é o único PM, depois da era de Luis Cabral que começou a dar uns passos certos no desenvolvimento da Guiné, não quero dizer com isso que ele é um santo. Ele não é. Mas ao lado da sua imperfeição e de um ou outro crime o qual ele deve estar metido, tenta pelo menos esforçar no desenvolvimento do nosso país. Também queremos um país um pouco ordenado com diversas possibilidades de desenvolvimento assim como outros. Queremos ter orgulho daquilo que é nosso.
Há muitos guineenses capacitados, mas não são permitidos a exercitar os seus sonhos. Então, POR ENQUANTO não temos muitas escolhas. continuaremos a lutar duma forma pacifica até encontrar um melhor homem para dirigir o nosso país. Vamo-nos unir, todos nós que queremos o bem desse povo (o nosso próprio bem). A união faz a força. Vamos tentar eliminar o espirito da divisão para que o desenvolvimento do nosso país não seja constantemente interrompido com golpes. Não dar razão aos golpistas, muitas das vezes pensam só no próprio interesse, interrompendo constantemente duma forma brusca o nosso bem estar, que é o desenvolvimento do nosso país e tentam enganar-nos que fazem tudo por nós. Caso for assim, então não haveria golpe contra a vontade do povo.
Os ministros que até agora tivemos, não fizeram nada para o povo. Eu acho que muita gente não está bem informada das obras que o Cadogo já estava para iniciar, pondo de parte as suas debilidades.
Os inimigos do Senegal, da Nigéria, da Costa do Marfim e do Burkina-Faso estavam bem informados sobre isso.
Também não devemos esquecer isso: devemos evitar sobretudo daquele que vai morando pelos países árabes e que volta só para complicar o nosso bem estar e regressar de novo para o seu "paraiso".
Como é possível participar na política de um país estando voluntariamente a viver num outro?! Esse aí não tem contacto com o povo, não sabe nada da necessidade do povo.
Analisando tudo isso podemos chegar a conclusão que o Aly tem toda a razão naquilo que escreve.
Ao fim ao cabo todos nós queremos o bem estar desse país. Algumas estão bem informadas e outras menos, para poder perceber o que se passa na realidade.
Vamos analisar as coisas bem e deixar de tirar conclusões precipitadas!
Saudações fraternais de uma irmã que está dentro do assunto"
terça-feira, 29 de maio de 2012
Guerra é Guerra: Os guineenses (entre estes, um filho...ilegítimo) que vivem no estrangeiro e dizem apoiar o golpe, ou os militares e políticos que o promoveram, deviam regressar ou serem obrigados a regressar à Guiné-Bissau...e que sejam céleres na partida!!! Andam a mamar na teta dos brancos e a comer bacalhau, e ainda dizem mal deles... Palhaços! AAS
O DUELO MACKY-DOS SANTOS = Leiam, e tirem as vossas conclusões...
O interesse deste artigo merece a sua divulgação neste blog. Entre linhas ha muita coisa ai contada, incluindo... os obscuros interesses do Senegal na Guiné-Bissau. O cronista é dos mais renomados jornalistas, e comentador politico do Senegal e da sub-região. Bem relacionado, conhece os bastidores e os poderes do poder.
Fonte : (Sud Quotidien 25/05/2012)
O DUELO MACKY-DOS SANTOS
Análise – Por trás das manobras diplomáticas e do baile dos contingentes militares, a Guiné-Bissau torna-se, cada dia mais, um campo de colisão inevitável entre os interesses nevrálgicos do Senegal de um lado e os designios estratégicos de Angola, do outro lado. O duplo protagonismo da Comunidade dos Estados de Desenvolvimento da Africa Ocidental (CEDEAO) e da Comunidade dos Paises de Lingua Portuguesa (CPLP), desembocara inevitavelmente num choque frontal entre Dakar e Luanda. Duas capitais cujas intenções relativamente à Guiné-Bissau ultrapassam os planos de saidas de crise oficialmente tornados publicos e as resoluções publicamente votadas.
Os preparativos da batalha diplomatica falam por si. Os ganhos para o Senegal, na cimeira da CEDEAO, tido em Dakar, o dia 3 de maio, foram contrabalançados pelos ganhos obtidos pela posição Angolana e os paises da CPLP, perante o Conselho de Seguranca das Nações Unidas, que votou, no 18 de maio a resolucao 2048. Mesmo assim, o Senegal ganhou a primeira parte da disputa através do plano de saida de crise da CEDEAO, que crucificou as autoridades derrubadas pelo Golpe de Estado do dia 12 de abril, excluindo assim a restauração do poder legitimo.
Face a esse cenario de disputa, instaurou-se uma corrida contra o tempo. Un novo Primeiro Ministro de Transição apoiado pelos Chefes de Estado da Africa Ocidental, foi designado na pessoa de Rui Duarte de BARROS, ex-Ministro das Financas do antigo presidente Kumba YALLA, derrubado num golpe e Estado en setembro 2003. O novo Chefe do Governo tem por Ministro dos Negocios Estrangeiros, o pro-francofono Faustino EMBALI (refugiado em Dakar, depois do assassinato de Nino Vieira). E como cereja em cima do suculento bolo servido a Macky SALL, (un contingente militar senegales constituido por unidade de engenharia militar, uma importante equipa médica e de Oficiais de contra-inteligência), serão enviados para Bissau, sob a bandeira das forças africanas da CEDEAO.
Sem se dar conta e na maior das calmas, Macky Sall reedita, sorateiramente a Operação Gabu. As tropas senegalesas chegaram em Bissau sem combater, nem ser combatido. Estrategicamente, o Movimento das Forcas Democraticas da Casamance (MFDC) vão ser cercadas - feitas sandwich- por oficias de seguranca em actividades no territorio da Guinée-Bissau e por tropas de elite senegales em operacoes permanente na região de Ziguinchor.
Se os frequentes golpes na Guinée-Bissau são visto a justo titulo como inercia da Comunidade Internacional, este do General Antonio Injai, representa indubitavelmente um valor acrescentado para a seguranca da Casamanca.
Dai se explica o jogo individual do Senegal bem encapotado no processo colectivo de saida da crise da CEDEAO. Dito de outra forma, uma preocupação e intenção aparentemente dissimulada do Senegal, mas com a condescência do resto da restante comunidade. Posição contraria é firmemente assumida contra os golpistas do Mali.
A subtil legitimação do Golpe, assim como a habilidosa aceitação do empossamento dos novos orgãos de transição, colocarão Eduardo Dos Santos, numa má postura ? Seguramente que, a resposta é não. Apoiado na CPLP, onde o seu pais assume a Presidência en exercicio, Angola contra atacou, provocando no dia 7 maio, seja quatro dias depois, uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no decurso da qual, o Representante Especial do Secretario Geral das Nações Unidas para Consolidação da Paz na Bissau (UNOGBIS), o Rwandês Joseph Mutaboba apresentou um relatorio sucinto dos acontecimentos.
O peso dos paises lusofonos contou muito - nomeadamente o do Brasil -, os membros do Conselho de Seguranca (entre os quais figura o Togo, portanto ligado pelas decisões da CEDEAO) votaram unanimamente, a famosa resolução 2048 que diz o seguinte : « O Conselho de Segurança solicita aos Estados membros da ONU no sentido de tomarem todas as medidas necessarias para impedir a entrada e passagem nos seus territorios dos cinco reponsaveis do Comando Militar, entre os quais o Chefe de Estado Maior, Antonio Injai e o seu adjunto o General Mamadu Nkrumah Ture »
Propostado por Portugal, a resolução 2048 vai ao encontro das decisões da CEDEAO sobre a Guiné-Bissau e, em termos firmes : « Os 15 Estados membros do Conselho ordenam o Comando Militar a deixar o poder a fim de permitir o regresso à ordem constitucional ». Sempre dirigido por Portugal e Angola, o Conselho de Segurança preconisa o envio duma forca hibrida ONU-OU sob o modelo daquela enviada para o Darfou. Aqui esta uma prova da habilidade diplomatica que permiterá a Angola manter a sua missao militar (Missang) na Guiné-Bissau sob a bandeira da CPLP et com o aval das NU. Assim as tropas Angolanas, perto da Casamanca não será já através de um acordo bilateral, assinada entre Bissau e Luanda ; mas por uma decisão sob os auspicios das Nações Unidas, ou seja multilateral. Manobras subtis, como só bem sabem fazer os diplomatas.
Mesmo se o Secretario Geral das NU, Ban Ki-Moon, descarta de momento, o envio duma tal forca, o alerta esta esta lançado e serve de aviso para o Senegal. O Representante de Portugal nas NU, o Embaixador Filipe Morais Cabral, fez uma leitura exaustiva da resolucao 2048 : “Essa resolução monstra a imperiosa necessidade de uma coordenação eficaz entre as diferentes organizações internacionais implicadas na resolução dos problemas da Guiné-Bissau A nossa posição é invariável. A solução para a crise passa pelo restabelecimento das instituições democraticamente eleitas e o regresso à ordem constitucional ». Isso demostra que Lisboa quer o regresso dos seus protegidos Raimundo Pereira e Carlos Gomes Junior, homens de confiança de Angola.
Na verdade, a vontade de Angola de fortelecer a sua posição na Guiné-Bissau permanece intacta tanto militarmente como economicamente. Luanda comprou um hotel em Bissau para alojar os seus oficiais da MISSANG, esperando a refecção e a construção de novas casernas. No meio do mês de abril, o Ministro da Defesa, o General Van Dunem viajou para Bissau. No capitulo politico, os Angolanos exploraram bem as falhas e fisuras no bloco pouco compacto da CEDEAO, e desencadearam uma operação de charme para obterem o apoio do Presidente Alfa Conde da Guiné Conakry que, recebeu calorosamente, no dia 16 de maio, o Secretario de Estado dos Negocios Estrangeiros, Rui Manguerra, portador de uma mensagem pessoal de Eduardo Dos Santos.
Ofensiva bem alvejada e positivamente conseguida, quando se sabe que, Conakry e Praia foram intransigente no que toca ao regresso à ordem constitucional, sinonimo do regresso ao poder de Raimundo Pereira e de Carlos Gomes Jr.
Efectivamente, na cimeira de Abidjan do dia 26 de abril, o huis clos dos Chefes dos Estados foi marcado pela clivagem, onde o Presidente Alfa Conde e Jorge Carlos Fonseca, excluiram quaisquer tipos de concessões ou compreensões vis-a-vis aos autores do golpe de Estado e dos civis que estavam a apoiar os golpistas que fizeram interroper o curso do processo eleitoral, entre as duas voltas das eleições presidenciais. Vitima duma recem tentativa de golpe de Estado, o Presidente Conde manteve-se firme na sua posição mesmo se não esteve presente na reunião de Dakar, sendo ele proprio o facilitador da CEDEAO na crise da Guine. Militante da Federacao dos Estudantes da Africa Negra em Franca, o Chefe de Estado da Guinée-Conakry, mostra abertamente as suas afinidades ideologicas com o MPLA no poder em Angola. Numa palavra, isso quer dizer, que Angola tem mais do que um cavalo de Troia na CEDEAO.
O duelo Macky-Dos Santos será duro na Guiné-Bissau (fronteira da Casamance), onde Macky Sall joga o destino unitário do seu pais ; e, Eduardo Dos Santos, por seu turno, tenta confortar os interesses duma potencia da Africa Austral (Angola) com objectivos expansionista na zona. O confronto está à vista, mas será que os protagonistas têm armas iguais nesse confronto ? Ao Senegal não faltam vantagens (proximidade e motivações), mas melhor ganharia a seguir prospectivamente esse pais tão perto, mas muito complicado, mobilizando equipas de «seguimento»... e de trabalho sobre esse seu vizinho que se dedica à anarquia politico-militar como principio. Do lado dos Negocios Estrangeiros, capacidades não faltam, tais como, Sua Exca Omar Benkhtab Sokhna, o inamovivel Embaixador do Senegal em Bissau durante os anos 90. E, a este titulo obreiro da vertente diplomatica da operação Gabu decidido pelo presidente Abdou Diouf. As suas notas e testemunhos podem inspirar e orientar as melhores decisões do Governo.
Quanto à Angola – mesmo diplomaticamente pressionado e militarmente em retirada - ela nao vai deixar as coisas ir por àgua abaixo. Angola dispõem em Bissau de laços e redes locais capazes de ajudar rasgar (sabotear) o mapa de saida de crise da CEDEAO. Uma margem de manobra herdada não apenas duma colonização em comum, mais também de uma camaradagem baseada numa osmose politica entre os quadros do MPLA e do PAIGC. Recorde-se que, os dirigentes do nacionalismo Angolano tais como Lucio Lara, Luis de Almeida e o escritor Mario de Andrade davam aulas ou animavam regularmente seminarios na Escola dos quadros doPAIGC baseado na época na Guiné-Conakry. Por outro lado, até ao derrube do Presidente Luis Cabral, en novembro 1980, o Angolano Mario de Andrade, era Ministro da Cultura na Guine-Bissau. Junta-se a todos esses factos uma fraternidade de armas concretisada pelo engajamento em solo Angolano de uma unidade militar da Guiné-Bissau (ao lado dos cubanos) durante a guerra entre MPLA contra UNITA e o FNLA.
Em outros termos, o Presidente Macky Sall tem pela frente um adversario consistente e coréaceo, na pessoa de Jose Eduardo Dos Santos. Esta na poder desde 1979, (substituindo Agostinho Neto),o mestre de Angola é o mais enigmatico Chefe de Estado do continente africano. Rico com os seus barris de petroleo, mestre na arte do poker geopolitico e dotado de reflexos bismarquanos, Dos Santos, derrubou o diabo de Savimbi. Fora das fronteiras de Angola, ele acabou com a guerra entre Sasson Nguesso e Pascal Lissouba em Brazzaville, salvou a cadeira do poder de Kabila pai em Kinshasa e livrou a RDC, de uma eminente colonização rwandesa en 1998. Em 2008, Angola estendeu a sua influência até à Costa do Marfim apoiando Laurent GBAGBO onde a Sociedade de Estado dos Petroleos, SONANGO detinha 22% das acções da principal rafinaria de Abidjan.
Entretantto, sufocado pela a sua memoria, o lider da MPLA nunca esqueceu do apoio sem reservas do Presidente Senghor ao Chefe da UNITA, Jonas Savimbi. Mesmo com o fecho do Escritorio da UNITA em Dakar, e um encontro na Ilha de Sal (Cabo Verde) com Abdou Diouf, en 1981, Eduardo Dos Santos nunca visitou o Senegal, em 33 anos de poder. Isso e uma prova bastante do barômetro da sua posição.
Isso quer dizer, que a vigilancia deve impor-se a partir de agora em torno da Casamanca. Porque é um jogo de crianças para os serviços secretos angolanos bem organizado pelo General Fernando Garcia Miala - de iinstigar o PAIGC à insureição politica, preludio de uma guerra civil que seria uma benedicção para o MFDC proporcionando o reforço do seu separatismo armado. Um outro pais em sintonia com Dos Santos é Portugal que nunca perduou ao Senegal de ter aliciado/rebocado a sua ex-colonia para integrar a companhia aerea Air Afrique (agora extinta) e a zona do Franco CFA, através a sua adesão à UEMOA. Durante a intervenção dos Djambar's (forças especiais senegalesas) em Bissau, as movimentações de cariz militar de Lisboa foram excessivamente incômodos, a tal ponto que o Ministro senegalês dos Negocios Estrangeiros na altura, Jacques Baudim, fez convocar o Embaixador de Portugal à Dakar.
Curiosamente, no momento em que se esta se desenhar o duelo Macky-Dos Santos, o Governo, a classe politica senegalesa e os cidadãos debatem em torno de juridições a criar a fim de limpar as cavalariças d'Augias. Enfim, dificil de listar as prioridades numa densa floresta de prioridades…
PS: Os três paises africanos membros do Conselho de Seguranca das NU (Africa do Sul, Marrocos e Togo) votaram em favor da resolução inspirida por Angola e propostada por Portugal que vai em contracorrente às decisões da CEDEAO. Dificuldades à vista para Alioune Badara CISSE.
Tradução > Babacar Justin NDIAYE
Publié le 25/05/2012 (Sud Quotidien 25/05/2012)| 01H37 GMT par Babacar Justin NDIAYE
Força africana já está instalada na Guiné-Bissau
Uma força de militares e polícias que os países da África Ocidental enviaram para a Guiné-Bissau, na sequência do golpe de Estado de Abril, instalou-se no campo de Cumeré, 35 quilómetros a norte da capital. O desembarque de cerca de 600 elementos, maioritariamente nigerianos e senegaleses, foi concluído no domingo. “Os nossos efectivos estão instalados”, confirmou à AFP um responsável da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).
O passo seguinte, que terá começado ainda nesta terça-feira, é a saída do país da Missang, missão militar angolana, que esteve no último ano na Guiné. “Pode demorar quatro a cinco dias”, declarou Ansumane Ceesay, representante da CEDEAO em Bissau. Os militares que afastaram o primeiro-ministro e vencedor da primeira volta das eleições presidenciais, Gomes Júnior, e o Presidente interino, Raimundo Pereira, justificaram o golpe com um alegado acordo entre o chefe do Governo e Angola para aniquilamento das forças armadas da Guiné. O efectivo angolano, objecto de informações contraditórias, foi quantificado entre duas centenas e as seis centenas de militares.
Após o golpe, por acordo entre a CEDEAO, golpistas e partidos da oposição foram nomeados um Presidente, Serifo Nhamadjo, e um designado Governo de transição. O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), principal força política do país, liderado por Júnior, e a generalidade das organizações internacionais reclamam o regresso do Governo constitucional. Um ex-chefe das Forças Armadas, Zamora Induta, um ministro e o presidente da comissão eleitoral, que estavam refugiados nas instalações da União Europeia em Bissau e, no fim-de-semana, saíram para a Gâmbia.
Presidente BAD > "Nestas circunstâncias o nosso apoio não terá sucesso"
O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Donald Kaberuka, justificou hoje a suspensão das operações da instituição na Guiné-Bissau com a impossibilidade de sucesso no apoio concedido ao país, nas atuais circunstâncias. O BAD suspendeu a atividade na Guiné-Bissau, na sequência do golpe militar de abril passado, que provocou o derrube do Governo eleito e o cancelamento da segunda volta das eleições presidenciais.
"Suspendemos o nosso apoio na Guiné-Bissau porque não estamos convencidos que, nestas circunstâncias, o nosso apoio possa ter sucesso", disse Kaberuka, respondendo a uma pergunta da agência Lusa sobre o atual estado das relações do BAD com aquele país lusófono. LUSA
E o editor do Ditadura do Consenso, também não fala com falhados...
Quando chegarem perto, ainda que bem longe, a gente fala...
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9 452 - e ainda o dia vai a meio...
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E Portugal faz muito bem...
O ministro dos Negócios Estrangeiros português recusou hoje comentar as declarações do porta-voz do Comando Militar que tomou o poder na Guiné- Bissau , que na semana passada acusou Paulo Portas de fazer "declarações levianas" sobre o país. "Portugal não entra em controvérsia com autoridades que não reconhece. A resposta é esta", disse Paulo Portas, que falava aos jornalistas à margem da inauguração das novas instalações da Embaixada de São Tomé e Príncipe em Lisboa.
Daba Na Walna, porta-voz do Comando Militar que tomou o poder no dia 12 de abril na Guiné-Bissau, disse "que fique bem claro, ele [Paulo Portas] está a servir o café da manhã e o jantar à noite a quem é o maior responsável pelo tráfico de droga", disse Daba Na Walna, em conferência de imprensa, respondendo a Paulo Portas, que tinha apontado a questão do narcotráfico como um dos pontos-chave do golpe de Estado de 12 de abril.
Na sequência do golpe, foi nomeado com o apoio da Comunidade Económica de Estados das África Ocidental (CEDEAO), um Governo de transição que deverá promover a realização de eleições no prazo de um ano, mas que não é reconhecido pela restante comunidade internacional, nomeadamente pelos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. LUSA
O que hoje é verdade, amanhã é...
O processo do assassínio do ex-chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau Tagmé Na Waie está concluído e pronto para julgamento e o do antigo Presidente Nino Vieira em fase de conclusão, disse hoje o procurador-geral da República.
Edmundo Mendes disse numa conferência de imprensa em Bissau que a investigação do processo sobre a morte de Nino Vieira (assassinado horas depois do atentado à bomba contra Tagmé Na Waie, em março de 2009) "está numa fase irreversível de quase 90 por cento". O procurador-geral da República, que não prestou mais informações sobre os dois processos, reagia ao mais recente relatório da Amnistia Internacional, que sobre a Guiné-Bissau diz ter havido falta de progresso nas investigações dos assassínios de personalidades políticas e militares em 2009. LUSA
Artur Sanha 1 - Kumba Yala 0
Chegar ao poder pela força (das armas, ou outra) na Guiné-Bissau dá sempre resultados. Depois das ameaças veladas feitas por Artur Sanhá ao seu dono, Kumba Yala...este será o novo 'presidente' da Câmara Municipal de Bissau, e Marciano Indi, do PRID, será o 'vice-presidente'. Os dois tomarão 'posse' amanhã...
Assim, a nova República da (CEDEAO, PRS, Comando Militar) lá se vai consolidando. Talvez peçam a independência da verdadeira República da Guiné-Bissau... AAS
segunda-feira, 28 de maio de 2012
INTERVENÇÃO MILITAR NA GUINÉ-BISSAU? SIM, MAS POR QUEM?
Afinal, quase dois meses depois do golpe militar na Guiné-Bissau, onde estamos? Os golpistas continuam no poder, os líderes eleitos estão refugiados em embaixadas na capital do país ou no estrangeiro, as organizações internacionais não se entendem, todos ameaçam, mas ninguém quer intervir decisivamente.
Por: Miguel Machado
Neste tempo, Portugal e algumas organizações internacionais, das Nações Unidas (ONU) à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), passando pela União Europeia (UE) e pela Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), condenaram o golpe e, em patamares de violência verbal variáveis, ameaçaram o novo poder local. Resultado? Mais uma vez se prova que a retórica politica quando não é suportada por força militar credível…cai no ridículo.
Do inicial tom ameaçador do Ministro dos Negócios Estrangeiros português, à tomada de posse do Coronel-Maior Gnimanga Baro do Burkina Faso como comandante da força multinacional da CEDEAO para intervenção na Guiné - com 1 batalhão de 600 militares para quê? Ocupar um bairro de Bissau? - vimos de tudo. Em Portugal, após a precipitação inicial parece que a realidade foi percebida e o tom baixou. Centramo-nos, e bem, na eventual retirada dos nossos compatriotas, embora com uma politica de comunicação algo confusa, senão perigosa.
As Nações Unidas pedem dinheiro para uma eventual força, a União Europeia fica-se por sansões de duvidosa eficácia e a CEDEAO parece afinal pactuar com a revolta (sempre sai mais barato e é menos arriscado!).
Mas quem poderia afinal intervir na Guiné-Bissau? Admitindo que se conseguia algum consenso político regional - o que até agora não aconteceu - e que se queria realmente estabilizar a Guiné-Bissau, quem tem essa capacidade?
Se o objectivo fosse lançar rapidamente uma operação com probabilidade elevada de sucesso, ou seja, “entrar em força para ganhar” (tipo NATO na Bósnia em 1996/60.000 militares ou a INTERFET em Timor-Leste em 1999/11.500 militares), só os países da NATO e/ou da União Europeia têm essa capacidade. As Nações Unidas, como é sabido (ou devia ser) só em condições muito especiais aceleram os seus intrincados mecanismos de decisão.
Talvez poucos hoje se lembrem, mas em 2006 a Aliança Atlântica realizou o exercício “Stead Fast Jaguar” (SFJ) em Cabo Verde. Bem perto da Guiné-Bissau portanto, para fazer a “validação final” da sua Força de Reacção Imediata, a célebre NRF que nunca actuou mas está em permanente alerta deste então. Forças portuguesas estão ciclicamente incluídas nestas NRF’s o que aliás custa bom dinheiro.
Nesse SFJ em 2006 mais de 7.000 militares, navios e aeronaves de todo o tipo, realizaram várias acções em diferentes ilhas, tendo desembarcado cerca de 2.500 militares e 600 veículos. Tudo isto com a cobertura mediática de dezenas de jornalistas levados para Cabo Verde em voos especiais da NATO.
Só falta, portanto, convencer a NATO a intervir, mas haverá capacidade para provar aos nossos aliados essa necessidade? Talvez se devesse ter começado por aí.
Este artigo foi originalmente publicado no “Diário de Notícias” em 28 de Maio de 2012.
Os fazedores de reis...
A crise político-militar da Guiné-Bissau despoletada pelo golpe de estado de 12 de abril último, veio mostrar aos guineenses de forma clara e inequívoca, qual a "consideração" e o sentimento de "respeito" que a CEDEAO, tem para com a Guiné-Bissau, ou seja: NENHUMA.
De um sentimento escamoteado de nos considerar à surdina, de um país membro de segunda categoria, a CEDEAO deixou cair a máscara ao assumir uma posição impensável e arbitrária considerarando o nosso país, não como País membro de pleno direito, mas sim, como um País-Tutorado pela CEDEAO. Essa concepção obtusa e desrespeitosa à nossa dignidade e orgulho de país soberano, advêm da «decisão» inqualificável e estúpida do desbocado Ministro dos Negócios da Nigéria, coadjuvado pelo seu homólogo pateta da Costa do Marfim, com o subterfúgio de «respeito» à Constituição guineense, de «nomear» nas nossas barbas, o Sr Manuel Serifo Nhamadjo, candidato de Blaise Campaoré ao cargo de «Presidente de Transição» da CEDEAO para a Guiné-Bissau.
Nos anais da história, ficará a aberração de um candidato, 3° classificado numa corrida eleitoral com 15% dos votos, ser guindado a «Presidente de uma República». Isto, nem numa república das bananas... A história registará este facto insólito, aberante, e os seus autores prestarão contas um dia ao Povo da Guiné-Bissau, contra quem foram cúmplices nessa humilhação sem precendente na nossa curta história democrática. Nada mais aberrante e HUMILHANTE para os guineenses, se aceitarmos de ânimo leve e de mãos cruzadas, sem resistência, pacífica ou violenta, essa afronta à nossa dignidade e soberania, conquistadas à custa de incomensuráveis sacrifícios de vidas e sonhos de guineenses de todos os estractos sociais.
Por mero oportunismo, uma corja de políticos mal preparados e oportunistas, aplaudem, apoiam e servem-se hoje desse jogo de vil maquinância, vergonhosamente perpretada por um grupo de Estados Golpistas da CEDEAO. A esses políticos que se dão ao jogo colonial da CEDEAO, estejam cientes de que, um dia, por mais que possa tardar, responderão pelos seus actos no banco dos réus perante o povo da Guiné-Bissau por traição à pátria e alienação da soberania nacional a favor dos seus mesquinhos interesses.
A história dessa «investidura golpista» começou depois de, inicialmente, o Comité Técnico da CEDEAO ter sugerido que,p a solução para a eleição do Presidente de Transição passaria pela ANP (então dissolvida, porém, nunca restituída pela mesma forma (parelelismo de forma) pelo Comando Militar de Antonio Injai), com a eleição dos novos membros da Mesa, da qual sairia o novo «Presidente de Transição». Porém, repentinamente o dito CT mudou de estratégia, passando pela surpreendente nomeação abusiva e discricionária tout court do representante dos seus interesses no pleito eleitoral na Guiné-Bissau.
A razão dessa mudança repentina de estratégia, estava na resistência e coesão surpreendente dos «libertadores» que, querendo ou não, detêm a maioria na ANP e caso se optasse pela eleição da Mesa, seria certo de que o escolhido não seria Manuel Serifo Nhamadjo, considerado "traidor" da causa dos "Libertadores". Assim, contadas as espingardas, os emissários da CEDEAO deram rapidamente conta da sua desvantagem e na impossibilidade de "eleger" Nhamadjo por essa via. Assim, recebendo ordens de Abidjan, via Burkina-Faso, passam a velocidade de cruzeiro e, sem competência e muito menos mandato para tal (pois, nem a Conferência de Chefes de Estados o tem para o efeito) nomeiam contra a corrente do curso negocial, o seu Presidente para dirigir a transição fantoche à moda da CEDEAO na Guiné-Bissau.
E bom que se saiba que as manobras da CEDEAO, vinham de longe e tem um braço longo que começa no Burkina Faso, passa pela Csta do Marfim, Nigéria e desagoa no Senegal, nosso eterno e fraterno vizinho inimigo. Blaise Campaoré, quer-se omnipresente em todos os conflitos da África do Oeste e não só, pois apesar de ser Coordenador em chefe do conflito no Mali, nunca deixou de ter um olho vigilante e uma mão manipuladora sobre o conflito guineense, onde o mediador era o Professor Alpha Condé, Presidente da República da Guiné-Conakry, sendo a Nigéria o país Coordenador em Chefe.
A razão? Entre outras, para além da primeira e já citada, três outras concorrem para esse facto: primeiro, o medo da influência positivamente crescente de Angola no contexto Guineense, nomeadamente com a exploração e desenvolvimento das ricas potencialidades naturais e minerais que pressupõe um quadro de desenvolvimento promissor para a Guiné-Bissau, com particularmente destaque para a construção do Porto de águas profundas, em Buba (largamente mais competetivo em termos de localização e custos relativamente ao Porto de Dakar e Abidjan) e a exploração da Bauxite e do Fosfato. Também o posiconamento paulatino deste país lusófono na geopolítica da África Ocidental (caso das boas e frutuosas relações com a Guiné-Conakry e, mais recentemente, com a Gâmbia), sem esquecer claro, a «espinha atravessada» do apoio que Angola dispensou a Gbagbo contra ADO contribuiram para "sabotar" o processo eleitoral e impedir Carlos Gomes em aceder à Presidência da República da Guiné-Bissau.
Ssegundo, uma aversão e complexada e inexplicável que Blaise Campaoré tem contra Carlos Gomes Junior (diz-se por influência de um seu conselheiro guineense muito influente que, até recentemente, constava ser indicado como MNE do governo de transição..., mas por recusa de Kumba Yala, acabou por ver o posto...por um canudo) e, terceiro e por ultimo, proteger e fazer ganhar por quaisquer meios, o seu candidato, Manuel Serifo Nhamadjo, quem financiou principescamente com dinheiro de proveniência duvidosa e com o qual delinearam importantes acordos referentes à alienação dos nossos recursos naturais, minerais e petrolíferos passando, neste último caso, pelo gigante Nigéria. De permeio, estão também o interesse estratégico nas ilhas Bijagós para os negócios de que o outro é muito versado.
Pergunta-se: Qual a razão de tanta omnipresença do Presidente Blaise Campaoré neste processo guineense, se, à frente dele tem três paises (Nigéria, Costa do Marfim e Senegal) que aparentemente, são mais poderosos que o seu país? A Nigéria, compreende-se, não lhe interessa sobremaneira expôr-se de forma directa no conflito guineense, sabendo que por detrás desse pequeno país estão interesses e simpatias de gigantes africanos que lhe podem fazer frente de forma custosa e inapelável - casos de Angola e, em última instância, de outro colosso, a África do Sul, que tem para com Carlos Gomes Junior, o PAIGC e a Guiné-Bissau uma relação de simpatia apreciável e recíproca. Assim se explica que, apesar do interesse da Nigéria no processo da Guiné-Bissau por causa da repartição da plataforma géologica do petróleo do Golfo da Guiné, este país prefere fazer low profile neste processo e deixar o Burkina assumir por conta própria a despesas dessa imiscuência.
A Costa do Marfim, apesar de deter a Presidência em exercicio da CEDEAO e, aparentemente não ter qualquer interesse directo no conflito Guineense, ela é devedora de enormes favores ao Presidente Blaise Campaoré, a começar pelo seu apoio militar, material e humano à revolução do norte do país que conduziu a queda de Laurent Gbagbo e, por outro lado, não se deve esquecer que este país tem as suas «contas» a ajustar com Angola devido ao apoio que este país dispensou ao deposto Presidente Gbagbo. Portanto, nada mais fácil que «pagar» esse favor ao Burkina, cedendo aos caprichos de Blaise Campaoré, convencido do seu incontornável papel de «fazedor de reis» da África Ocidental.
A posição do Senegal dispensa comentários quando o assunto toca com as nossas ciclícas situações de convulsões político-sociais, porquanto a nossa infelicidade derivado das perturbações socio-políticas, fazem a felicidade e o regozijo pelas bandas do país dito de teranga. Foi assim com Abdou Diouf, também com Abdoulaye Wade (pior) e assim continuará com Macky Sall. É a chamada a política da continuidade de dividir... para melhor explorar. Para nós, os Guineenses, o Senegal é mais, um país de «tanga» pois de teranga nada têm para connosco.
Com a nossa instabilidade permanente, Senegal benefecia e continuará a beneficiar 'à la largesse sénégalaise' (di kumê ku dús môn como bem sabem fazer) dos nossos recursos pesqueiros (sem terem acesso ao nosso rico mar, só lhes resta comer yay boy); da nossa produção agricola (compram as nossa produções a vil preço para abastecerem o seu mercado depaupurado), inclui-se neste aspecto também, a produção e a exportação da castanha de caju (hoje o Senegal até figura como país exportador da castanha de caju, competindo connosco, quando em Casamaça toda a plantação não chega para encher um barco de exportação). Os nossos recursos petrolíferos cuja previsão de exploração/extracção esta previsto e confirmado entre 2014/2015 é o maior alvo de cobiça desse país, que tanta cobiça e ganância tem sobre o nosso querido país.
A dita Agência de Cooperação de Exploração da Zona Conjunta dos Recursos Maritimos e Petrolíferos entre o Senegal e a Guiné-Bissau, funciona às expensas e sob tutela e ordens do Governo Senegalês. O nosso alegado «representante» mais parece um funcionário do governo Senegalês que, verdadeiro representante e defensor dos legítimos interesses da Guiné-Bissau, porquanto estes sempre têm andado a reboque das orientações dos interesses e maquinâncias senegalesas em detrimento dos nossos superiores interesses. Enfim, custos de dormir com o inimigo e,... pior ainda quando, somos nós mesmos os guineenses, a «prostituir-mo-nos» sem dignidade que não vis interesses materiais em prejuízo do nosso país.
Entretanto, é bom que saibamos separar o trigo do joio, porquanto a historia do Grupo de Contacto e de Mediação para a Guiné-Bissau, demostra que a Guiné-Bissau tem ao seu lado países dignos e amigos. Citamos sem reservas, os paises irmãos Cabo-Verde e a Guiné-Conakry, mas também a Gâmbia e o Togo, este, principalmente no quadro da UA. De Cabo-Verde dispensam-se comentários, senão os nossos agradecimentos na irmandade. A Gâmbia assumiu-se firmente e de forma desafiadora e coerente contra as posições maquiavélicas dos supracitados países membros ao longo de todo este processo. A Guiné-Conakry, sabendo de antemão do hold up preparado pelos quatro países que transformaram subrepticiamente a reunião de grupo de contacto da CEDEAO para a Guiné-Bissau realizada em Dakar numa Cimeira deliberativa sobre a Guiné-Bissau, preferiu protestar contra esse maquiavelismo, sabotando a reunião de Dakar, tendo renunciado, primeiro, em receber os golpistas no seu chão, e, depois, a participar na mascarada montada pelo quarteto instigador do Golpe de Bissau, isto é, o Burkina-Faso/Nigéria/Senegal/Costa do Marfim.
No entanto, a realidade teima em animar-nos e mostrar-nos de que, não nos devemos desesperar e desistir da nossa luta e afirmar a nossa dignidade. O povo da Guiné-Bissau, hoje mais do que nunca, sabe o que se passa e não dará um minuto de descanso aos fantoches! Vai lutar, com tudo o que tem à mão!!! E vencerá.
A CEDEAO, vezeiro na sua estratégia nesse contexto de antecipação, quer jogar contra o tempo e contra o golpe de Bissau (entenda-se "decisão de nomear Nhamadjo Presidente", prestou-se logo a disponibilizar imediatamente tropas para proceder à interposição e proteger o «seu Presidente e o seu Governo» de fantoches...
Face ao "justificativo" da CEDEAO, interessa perguntar: protegé-los de quem? Do Comando Militar decerto que não, pois este é o braço armado dos beneficiários do golpe de estado de 12 de abril! Melhor Guarda Pretoriana o Presidente Fantoche não poderia ter. Porém, o respeito do Povo jamais o terá...
Contudo, como se viu até agora, essas ditas forças da CEDEAO têm chegado a conta gotas, em números irrisórios e com soldados de duvidosa operacionalidade. Os aviões (enormes até) chegam mais carregados de munições (diz-se que a pedido do Comando Militar, pois estes têm escassez de munições ligeiras) do que militares que, supostamente, seriam os mais indicados a serem transportados para o teatro das operações. O Senegal promete duas centenas de homens, sobretudo em engenharia militar, mas basta dar uma olhada à imprensa senegalesa para se saber dos verdadeiros intentos desse país em participar nessa missão de interposição.... Inadvertidamente, confessam os propósitos que lhes anima a aventurarem-se nessa missão na Guiné-Bissau. Enfim, os resquícios da «Operação Gabou» ainda está presente na mente das autoridades senegalesas e o desejo de vingança é latente, mesmo que inadvertidamente exposta.
Porém, quando o Porta-Voz do Comando Militar, na suas saídas paranóicas cataloga a antiga Junta de Ansumane Mané de rebeldes - porque lutaram contra os senegaleses invasores - dizendo que foram apoiados pelos «colonialistas portugueses»... i ta da ku pensa. Daí a pergunta que creio ser pertinente: Será que o Comando Militar está às ordens do Senegal, pais que se perfila como nosso pretenso colonizador?
Seria bom termos presente de que essa estratégia desenfreada de se acaparar do processo Guineense pela CEDEAO (entenda-se os quatro mencionados países), visa três objectivos principais, sendo dois imediatos e um por consequência da realização dos dois primeiros:
1°: Conseguir a retirada das tropas da MISSANG da Guiné-Bissau em condições de fragilidade, dando satisfação às pretensões dos seus comparsas do Comando Militar e tentar humilhar directamente o envolvimento de Angola e inderectamente a CPLP, no processo da saída de crise da Guiné-Bissau (facto que humilharia também seguramente mais de 80% dos Guineenses);
2°: Apoderar-se de eventuais fundos que seriam doados pela comunidade para alimentar a sua clientela de tráfico de influências. Ao que parece esta estratégia está condenada ao fracasso porquanto os dadores só estarão disponiveis a comparticipar. A estrutura militar disponibilizada pela CEDEAO não tem nem cariz nem preparação para proceder a qualquer reforma que seja. Só pode reformar quem já reformou e nenhum desses países tem meios e competência para tal. Quiça o Senegal, mas tendo sido copiosamente derrotado pela Junta Militar no conflito de Junho 1998, "não tem condições nem morais, nem psicologicas" para pretensamente o querer fazer... Daba na Walma dixit!;
3°: Com os dois factores conjugados, a CEDEAO (B-F/NG/SEN/CI) em conluio com o Comando Militar e o seu «cipaio» travestido de Presidente, consolidariam o poder que passaria de um periodo de transição a intransitavel... até o regresso de novo de Kumba Yala ao poder com a organização de eleições fraudulentas (Cadogo seria barrado) à moda e à maneira da CEDEAO
Essa análise, se bem que tenha abarcado outros assuntos já focados anteriormente por outros compatriotas no blogue, afigura-se de certo interesse e complementaridade para se compreender o actual processo politico-militar na Guiné-Bissau e atirar à atenção dos nossos concidadãos para alguns aspectos que quiça lhes tenha escapado, por desconhecimento... ou por omissão de análise.
Viva a Guiné-Bissau! AAS
Lubu ka ta kumé lubu, ma anós nó ta kumé santchu!...
É a desordem na Guiné-Bissau, ou, se preferirem, o caldo entornou-se. António Artur Sanha, outrora menino bonito do Koumba Yala - entretanto caído em desgraça com uma carga de porrada pelo meio - está pela hora da morte. Agora, e à falta de um fisga, tem andado armado com granadas e duas pistolas desde quinta-feira passada. Nesse dia, depois de uma calorosa discussão com o seu 'padrinho', este decidiu tirar-lhe... o carro. Artur, por sua vez, ameaçou já desmascarar tudo e todos: queria um cargo neste governo golpista. Não teve nenhum... Está-se mesmo a ver: a luta entre os golpistas já comecou e ninguém sabe como vai acabar. Tanto melhor. Comam uns aos outros...
Adja Satu Camará, por seu lado, falou e disse: no funeral do vice-presidente da Conselho Nacional Islâmico, acompanhado de um funcionário da primatura, disse alto e bom som que "a transicão vai durar mais de 2 anos". Mas alguém no seu perfeito juízo pensaria o contrário? Só Deus sabe o que vai na cabeça dos novos 'governantes' da Guiné-Bissau. AAS
Aos canalhas
FALEM MAL, MAS FALEM DE MIM.
Fale mal de mim,
Mas fale!
Diga que estou no fim,
Mande que eu me cale.
Pisa meu ego
Chama-me de ignorante,
Que eu sou cego
Um louco delirante.
Mas falem de mim!
Não me importa se bem ou mal
Eu só sei viver assim,
Na primeira página do jornal.
Gosto de ser manchete,
Assunto do dia
Que no outro se repete.
Para meus ouvidos é melodia!
Gosto de chamar a atenção
De ser centro de debates.
Quando falam de mim, que emoção!
Sinto-me figura de destaque,
O modo de como me vêem
Isto não tem nenhuma importância
Nem me importa o que lêem,
Esteja eu perto ou à distância.
Falem mal, mas falem de mim,
Enquanto eu ouvir é porque estou vivo...
P.S. - Viver no ostracismo é o suplício de tântalo, doi viver ignorado é sentir-se enterrado vivo, e isso é tão comum no nosso meio. A nossa sociedade evoluiu por um lado, por outro ela regridiu, no passado havia mais contato principalmente nas classes mais humildes onde a distância entre eles eram menores. Agora com a modernidade nós nos afastamos cada vez mais levados por uma educação que não nos une, e sim nos separa.
Guiné-Bissau: Instabilidade política compromete crescimento económico
O flagelo da contínua instabilidade política compromete o crescimento da economia na Guiné-Bissau, quase totalmente dependente do preço do caju no mercado mundial, adverte uma projeção económica sobre o país, hoje divulgada. Além dos efeitos da instabilidade política, de que o mais recente retrato é o golpe militar de abril passado, a economia do país deverá ressentir-se da provável baixa de preços do caju no mercado mundial, em consequência da crise que atravessa a União Europeia.
"A taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) irá abrandar em 2012 e em 2013 e o défice da conta corrente irá agravar-se", prevê o relatório Perspetivas Económicas em África 2012, coproduzido pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), pela OCDE, pela Comissão Económica da ONU para a África (UNECA) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), hoje divulgado em Arusha, Tanzânia. EXPRESSO
BAD suspendeu todas as operações na Guiné-Bissau
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) suspendeu todas as operações que desenvolvia na Guiné-Bissau, na sequência do golpe de Estado de abril que derrubou o Governo do país, disse hoje à Lusa fonte da instituição.
"A situação política está um pouco instável e nós, de momento, parámos os projetos operacionais", disse Cristina Hoyos, especialista do BAD em políticas para os Estados frágeis africanos, falando à margem da assembleia anual da instituição, que arrancou hoje em Arusha, Tanzânia. "Estamos à espera que a situação seja normalizada para continuarmos a colaboração", acrescentou Hoyos. Na Guiné- Bissau, o BAD desenvolve vários projetos como a construção de um porto de pesca na capital e o apoio a um hospital pediátrico e, em 2011 lançou a estratégia de redução da pobreza no país, em colaboração com o Governo deposto pelo golpe militar de abril deste ano.
Em janeiro, o BAD aprovou a concessão de ajuda ao alívio da dívida da Guiné- Bissau, no âmbito da iniciativa Países Pobres Fortemente Endividados, no valor 60,4 milhões de dólares (48,5 milhões de euros). No relatório Perspetivas Económicas em África 2012, lançado hoje em Arusha, considera-se que o flagelo da contínua instabilidade política compromete o crescimento da economia na Guiné- Bissau. Assim, as mesmas projeções apontam para que a taxa de crescimento do PIB passe de uns estimados 5,1 % em 2011 para 4,6% em 2012, e a inflação caia de 4,6 % para 3,4 % no mesmo período. Lusa
A Guine e Africana, pertence a CEDEAO e assim vai continuar para sempre
Voces que hoje falam de democracia e constituicao devem e ser hipocritas ou querem poro e simplesmente ignorar a verdade......
num pais democratico e de direito, o Cadogo nunca devia ser primeiro ministro em primeiro lugar, pelo que todos nos sabemos do passado dele com o ditador sanguinario NINO VIEIRA, empobreceu os cofres do estado, levou muitas empresas a falenca, tudo isto emcoberto pelo ditador; a quando das eleicoes, ele era o primeiro ministro, e sabemos que a constituicao disse que ele nao estava apto para canditar a nenhum outro cargo; ele usou a "forca e dinehiro roubado ao povo para impor)
num estado de direito e democratico, a morte por assissanato de uma so pessoa sem que tenha resultado em acusacoes, pode fazer cair um presidente, primeiro ministro e o seu governo, ora na Guine foram mortas 19 pessoas ( falamos de numeros por defeito), incluindo um presidente, um chefe de estado maior, um canditato a presidencia, e um deputado ,
so isso per si poderia servir de argumento suficiente para afastar cadogo do seu lugar, mas o coitado do povo esta feito de refen por CADOGO, por que ele e que tem o dinheiro do povo na mao dele e ele da de comer a quem bem entender, por isso usou a sistema maos ao ar no voto do seu partido, porque sabe que paga todos do seu bolso e ninguem ousaria disafia lo........
Para exemplos temos que ser exemplar, quando ele faz tribalismo nomeando so "gente de praca" do seu circulo, ignorndo 98% dos outro Guineense, ele nao e tribalista, mas quando o Kumba nomea 5 balantas e e tribalista, sera que voces teem o sonho de pensar que vamos deixar a Guine em vossas maos para convidarem os vossos padrinhos "coitados/Tugas" que ja falharam redondamente na sua aspiracao de EUROPA, para apropriarem da guine como vosso Quintal enquanto continuamos a servir de espetadores tal como foi durante a colonizacao e pos Independencia?
O Cadogo deve ser responsabilizado por isso, e a CPLP que se cuide com a sua organizacao sem cabeca...
A Guine e Africana, pertence a CEDEAO e assim vai continuar para sempre
VIVA O POVO DA GUINE
VIVA UNIDADE NACIONAL
VIVA A JUSTICA
Abaixo os complexados de Raca
abaixo os sanguinarios
Oremos pela paz e justica
Donkuor Mbalo
Tokyo
Japan
O MEDO
Medo, esse sentimento que nos priva da liberdade, como todos sabemos.
É este sentimento que neste momento está a tolhir a liberdade aos guineenses, permitindo-se ser humilhado, amordaçado e impedido de gozar a plenitude dos seus direitos como um povo livre que deseja a democracia.
Medo, esse sentimento que não pode tornar-se num direito que convive diariamente com o povo guineense. Mas, sabemos que a intimidação e o abuso das forças das armas, estão a ser transformados em direitos adquiridos pelos militares guineenses e é esse abuso e a impunidade que importa hoje, todos os guineenses combaterem.
"As massas humanas mais perigosas são aquelas em cujas veias foi injetado o veneno do medo. Do medo da mudança." (Octávio Paz)
Sei que o meu povo, o povo guineense não tem e jamais terá medo da mudança! Acredito no povo no seio do qual nasci e cresci até os meus 18 anos. Também acredito na mudança, porque ao longo da minha curta vida empreendi várias mudanças que me permitiu ser o adulto livre que hoje sou. O povo guineense também só precisa vencer o medo das armas, irresponsavelmente autorizadas nas mãos dos criminosos e, empreender mudanças com vista a conquistar a plena liberdade na vida e na sociedade Bissau-guineense.
"No fundo, sabemos que o outro lado de todo o medo é a liberdade."
(Marilyn Ferguson)
A liberdade, o tão desejado direito e estado da alma dos cidadãos, de uma sociedade e de todo um povo. A liberdade de expressar as ideias, a liberdade de aglomerar e manifestar-se, sem que nenhuma agressão de loucos armados nos interrompa. A liberdade de andar nas ruas do próprio país, a qualquer hora do dia, sem que ninguém nos incomode, independentemente do Partido politico a que pertencemos, ou ideias que tivermos manifestarmos.
A liberdade, o tão ambicionado estado da alma, é irmã gêmea dos direitos. Direitos, esse irmão da liberdade, de tão difícil conquista da sua amizade, não anda sem a sua irmã liberdade. Mas, para encontrar esta, é necessário primeiro conquistar o seu irmão Direitos. Infelizmente, esses dois irmãos gêmeos abandonaram a Guiné-Bissau no dia 12 de Abril do corrente ano, mas não tenho dúvidas que é com bilhetes de regresso. Só não sabemos a data que eles vão regressar. Mas, temos consciência que pode demorar, porquanto o medo e a intimidação constituirem um direito e o povo guineense continuar a não querer conhecer o outro lado do medo, onde resplandece a liberdade… Mais difícil se torna o regresso dos “irmãos liberdade e direitos”, quando ainda existem conterrâneos que insistem em confundir os seus irmãos sobre o conceito da liberdade e direitos, usando ódios e quezilhas pessoais, para tentarem legitimar toda a acção armada que tolhe a população dos seus direitos, garantias e liberdades e dessa forma assassinar a democracia na Guiné-Bissau. Será que, para combater as supostas ilegalidades de um Primeiro-Ministro, vale tudo, inclusive oprimir o próprio povo?
Não gosto dos donos da verdade, quaisquer que sejam eles. Assustam-me e me entediam. Sou fanaticamente antifanático.
(Luís Buñuel).
Mas, a mediocridade tem dessas coisas! É pela mediocridade e não só, que os militares embarcaram na manipulação dos cinco candidatos derrotados na primeira volta das eleições presidenciais.
E é pela mediocridade que vimos partidos politicos sem representação parlamentar assaltarem a Assembleia Nacional Popular, local onde o povo nunca os permitiu sentarem para discutirem o destino do país…
Também, acredito sériamente que é pela mediocridade que alguns cidadãos hipotecam alguns valores morais e preferem defender uma ditadura declarada pelos militares, do que uma democracia deficitária com os lideres que o povo escolheu.
Como o guineense comum era feliz, se visse os governos a serem derrubados através de Moções de Censura e a serem criados Governos de Salvação Nacional, com base no diálogo dos partidos com representação parlamentar, em vez do Primeiro-Ministro e candidato a Presidência da República e ainda o Presidente da República interino serem subitamente levados através da força das AK-47 e tiros de bazuca! Se nos dessem a votar, garanto-vos que aceitavamos de muito bom grado, mandar o Paulo portas para a Guiné-Bissau e transferir o António Indjai para a Madeira e o povo guineense saíria a ganhar…
Termino apelando ao sofrido povo guineense, para lutarem de forma abnegada contra o medo e a mediocridade, permitindo dessa forma o rápido regresso à nossa pátria dos irmãos direitos e liberdade…
"Tenho mais medo da mediocridade que da morte." (Bob Fosse)
domingo, 27 de maio de 2012
Kuma bôs, kin kons di bida, ku n'bala na sabura...
Adivinha, adivinha
Da estupefacção ao riso... foi, meio passo. Não resisto a fazer alguns comentarios sobre certas «ilustres» figuras que fazem parte dessa verdadeira associação de malfeitores e salteadores, que o Presidente da CEDEAO, em Bissau, teve a ousadia de bafejar o povo Guineense. Enfim, fica para amostra uma parelha de falsos titulados de «Doutores» e «Engenheiros». O que esperar dessa gentalha que tomou de assalto o poder na Guiné-Bissau? Nada. Mas, indo directo ao assunto, começo pelo cabeça de lista:
QUEM SERÁ?:
É o mestre dos 'bonnes de trésor', que empobreceu o erário público guineense, quando passou pelo Ministério das Finanças e fez enriquecer um seu «testa de ferro» actualmente principescamente instalado num país da sub-região. Discrecto, mas frio e calculista para alcançar os seus objectivos, esconde bem a sua incompetência para lidar com situações de "apertos" na permanente postura de indecisão. Tudo faz para satisfazer a vontade dos seus patrões de sempre - os militares e o seu clã. A eles se deve a sua quase crônica presença nas instâncias da UEMOA e a eles deve, também, a sua "ascensão" ao cargo;
QUEM SERÁ? («Dr»?...hum!):
É o mestre dos calotes, vulgo "mon di timba", e useiro e vezeiro no jogo da trapaça. Notoriamente conhecido como fazendo parte da ligação ao narcotráfico, sendo mandatário encapotado dos seus interesses na Guiné-Bissau. Aquando da curta passagem pelo Governo da Unidade Nacional, amealhou o suficiente para comprar com «cash» uma belissima casa em Prior-Velho, um Porsche e um WV Touareg, e outros bens de luxo zeladamente escondidos dos seus credores em Portugal. Nos tempos livres, dedica-se à pedofilia e descaminho de menores. Amante da noite e da má vida. Até o Pai foge dele..., tantas foram as "banhadas" do filho, tendo mesmo accionado uma queixa crime contra este. Que Deus nos acuda desse predador económico e...;
QUEM SERÁ?
Este é outro 'djitu tem ku tem'... Mas, infelizmente, não tem djitu para nada a não ser Golpes de Estado. Mestre da conspiração, acérrimo defensor da teoria da "vitimização" da etnia balanta. Outro "engenheiro" dos golpes com os 'bonnes de virement' do Tesouro Público e cúmplice na delapidação dos bens públicos no triste reinado de Kumba Yalá. Traiu Hélder Proença (assassinado em 2009), servindo-lhe de engodo para lhe entregar às mãos do actual CEMGFA... o resto da história contar-vos-ei noutra ocasião, embora os próprios responsáveis da morte deste estejam a vender e a contar falsas versões desse casos. De Dakar, onde vivia, participou directamente no retorno de Kimba à politica e ao pleito eleitoral, graças ao financiamento do Advogado da viúva do Presidente Nino, Dr Boucounta Diallo. Teve igualmente influência marcante neste processo do Golpe de Estado de 12 de abril. Queria ser PM, mas sobrou-lhe um cargo mais modesto... enfim, outro terreno propício para, durante um ano, vender crapulosamente os interesses da Guiné-Bissau a muitos e sedentos interessados nas nossas potencialidades.
OLHA ESTE!
O homem de mão de Kumba Yala para os trabalhos sujos. Um autêntico serial killer, discreto..., mas mortal. Ponham-se a pau...
E MAIS ESTE
Outro exemplo de quem não podia ser Magistrado. Corrupto até ao tutano, complexado e vingativo. Finalmente, tirou desta vez a cabeça de fora. Conjuntamente com P. S., constituem o tandem do PRS no STJ. Tudo fizeram para bloquear a candidatura do Cadogo e, continuarão a fazé-lo, pois o cenário está já a ser montado para o segundo "round"...
O ROUXINOL da ROTUNDA
O único «senhor» da extensa lista de Drs e eng°. Um pé descalço, um peixe fora de água... não pode viver fora do poder para ter acesso aos mamanços. Chorou quando caiu o primeiro governo de Cadogo e acusou este de não os terem deixado «aproveitar nada e de terem saido com uma mão à frente e outra atrás». Desta vez, decerto sairá com a barriga cheia dos minérios e petróleos da Guiné-Bissau. Nas pescas, a sua avidez pelo dinheiro, foi até ao ponto de cobrar comissões aos candidatos a embarcadiços nos barcos de pesca. Porém, desta vez, estando minerado e petrolado, que não se esqueça pelo menos de ir liquidar o enormissimo descoberto que tem na Ecobank... um grande buraco de "mon di timba" de largos milhões que até hoje não sabe justificar.
OUTRO PIRATA
O 'Sr' Ministro dos Golpes de Estado e de governos de Transição, sejam elas pacíficas ou violentas. Está sempre a transitar, entre o BCEAO e o Governo ou Conselheiro Presidenciais. Três vezes ministro, todos em regimes anormais, sejam de de golpes de Estado, ou de transição. O ministro preferido dos militares, com quem se entende na perfeição e nas titulagens forjadas. Um verdadeiro desastre para a economia da Guiné-Bissau, pois está entregue a esta predador nato. Catalogado de «alto quadro do BCEAO», onde irônicamente não fez mais do que um par de anos no conjunto do tempo de serviço prestado. Foi nomeado Director na sede dessa instituição, baseando-se no suposto «rico curriculo de ministeriavel», porém cedo deu ele conta que aquilo era muita areia para o seu camião e,... nada melhor do que, "bater a sola" e, regressar as lides que mais domina..., a politica e a conspiração. Em pezinhos de lã... la se foi a sua lide preferida, e do nada aparece titulado Conselheiro do falecido Presidente Malam Bacai Sanha. Pelas bandas de Dakar diz-se que, «bazou»...mas por falta de arcaboiço.
CÁ ESTÁ UM, O PAPAGAIO
Este é outro Ministro das situações de anormalidade, isto é, de Golpes e de transições. Recebe agora o prémio pelas suas patéticas chicanas de analises encomendadas. Sem carácter e, tendencialmente, sempre do lado de situações perversas. Um instigador e manipulador nato das inconstâncias da vida politica guineense da qual sempre se aproveita em consequência. Tudo o que faz só tem um sentido: os seus interesses... o resto é só "bitaites" e "postad-de-pescada". Estando no "governo golpista", teve, mais uma vez, o prémio a que a sua competência normal nunca lhe daria. Bravo!
Por agora, fico-me por cá. Quanto aos outros, não é que não mereçam o meu comentário. Uns por não serem particularmente relevantes os seus "quês" de conduta politica, moral ou social, mas tão só porque seria exaustivo. Há outros que mereceriam o meu comentário, a grande maioria não citada, porém, porque não quero ser exaustivo e abusivo. O seu dia chegará...
A GUINÉ-BISSAU NÃO É UM FEUDO DA CEDAEO NEM UMA PROVÍNCIA DO SENEGAL, MUITO MENOS DA NIGÉRIA, DO BURKINA FASO OU DA COSTA DO MARFIM, PAÍSES CÚMPLICES DA SITUAÇÃO ACTUAL DO NOSSO PAÍS.
REPUDIEMOS A PRESENÇA DAS TROPAS SENEGALESAS E DE OUTROS NARCO-ESTADOS ENCAPOTADOS NO NOSSO TERRITÓRIO, PORQUE ELES JÁ INVADIRAM O NOSSO TERRITÓRIO E MATARAM SELVATICAMENTE OS NOSSOS IRMÃOS GUINEENSES. ELES DEVEM SER CONSIDERADOS PELO POVO COMO FORÇAS INVASORAS, E, COMO TAL, MERECEM UMA LUTA SEM QUARTEL!!!
Bem haja à Guiné-Bissau
PS: Por fim, não compreendo o discurso do «Presidente da CEDEAO». Serã que ele agora é também Chefe do Governo ??. Fala de auditorias internacionais, baixa de salários. Tudo isso num ano!!! Espero que mostre ao Povo o seu «roteiro de presidência da CEDEAO» para que o Povo fique a saber se, também, a CEDEAO ja impôs na Guiné-Bissau o regime presidencialista e, já agora, por quanto tempo!!!. Espero que o faça pois o seu tempo de prestar contas quanto à sua enfeudização aos jogos da CEDEAO chegará mais cedo do que espera... e terá que se justificar-se a esse Povo que vergonhosamente TRAIU. AAS
Cuidado com a pedra
- Corre por Bissau, tendo o barulho chegado a Lisboa, que o presidente golpista imposto pela CEDEAO aos guineenses... gastou 30 milhões de Francos CFa (50 mil euros?!) para mobilar a 'Casa de Pedra', na Presidência da República.
Pa ka pedra bin dau son na kabeça...;
- A CPLP diz que NÃO reconhece o 'Governo' e o 'Presidente' impostos pela CEDEAO. Pena, pena, é esta organização ficar-se pelas palavras... AAS
sábado, 26 de maio de 2012
A CULPA É UM ELEMENTO DE IDENTIFICAÇÃO INTRANSMISSÍVEL
Ao assistir parte da declaração do António Ndjai, no absurdo de que Portugal pretende colonizar, por uma segunda vez, o nosso cobiçado território, fiquei com mais pena de tantos outros como ele, e também de Kumba Yalá, o seu provável ideólogo.
Para os que assim aprenderam, a colonização, enquanto durou, entre várias políticas e outras incontáveis práticas nefastas, para melhor dominar os colonizados, procurava negar instrução de qualidade a maioria da população indígena, filtrando com critérios discriminatórios, em todos os diferentes acessos, aos meios oficiais de aprendizagem académica, assim como os de enriquecimento espiritual, facto esse que, de maneira mais que óbvia, favoreceu uma minoria localizada nos grandes centros urbanos, da qual não fazia o grosso, muitas famílias, mas que felizmente, com os mais altos sacrifícios de alguns descendentes daquela minoria antes privilegiada, chegou-se aos anos da ambicionada independência, e com eles, a promoção da plena liberdade, e direitos equitativos para todos.
Portanto, se hoje a nossa sociedade pode contar com demais quadros superiores, provenientes de todos os estratos, foi também porque, os que outrora beneficiaram de uns especializados tratamentos dos colonos, que por isso mesmo, quase sempre, nem eram dos mais adequados aos padrões civilizacionais, souberam, com considerável grau de altruísmo, disponibilizar influência e mobilizar vontades e saberes, ao serviço de uma gloriosa luta de libertação nacional. Por isso é que, tendo em conta estes e mais outros factores, continuo a não entender, porque milhentas cargas de água, mesmo passados todos esses anos, ainda persiste nalgumas mentalidades, e muitas delas, da dita classe dos intelectuais, um vergonhoso, quando não é repugnante, complexo de inferioridade, em relação aos que ainda atribuem o pejorativo de assimilados do colonialismo.
Gente, com Portugal, apesar todos os pesares, mais do que qualquer outra nação do nosso planeta, de fora Cabo Verde, temos uma longa ligação histórica e afectiva, que nada, mas nada e nem mesmo ninguém, conseguirá fazer fracassar, quanto mais fazer desaparecer; Portugal de todas as culpas e mais algumas, é a nossa maior janela para todo um vasto conjunto de oportunidades, no que respeita às necessárias conexões de diversas linhas diplomáticas, para uma cooperação económica internacional, e o seu devido sucesso; Portugal de hoje paternalista e tirano, sempre demonstrou ser o país mais disponível, por via das mais diversificadas ajudas aos polos de desenvolvimento, para a resolução dos nossos problemas conjunturais e estruturais.
E julgo, com certas dúvidas, que devemos registar para todo o sempre, o facto de, nessas últimas eleições, mesmo a lidar com os malefícios de uma grave crise económica e financeira, Portugal ter enviado, e suportando todos os custos, um avião militar de carga, com todos os materiais gráficos necessários, para tentar garantir ao povo, a condigna expressão de uma liberdade fundamental em democracia, que é o simples direito de mandatar, através dos votos singulares nas urnas, os seus legítimos governantes, que apesar de tudo, agora, como de resto tem acontecido na sequência das anteriores eleições, foi lhe negado, por um grupo de prevaricadores.
Aos que com uma hipocresia doentia, tentam a todos os custos, hostilizar Portugal por tudo e por nada, quero vos lembrar a partir daqui e agora, que a vossa frustração será cada vez maior do que o tamanho industrial da vossa ignorância. A verdade dos factos é incontornável, e vocês serão todos os dias das vossas vidas, uma insignificância, muito abaixo desse nível que tanto vos incomoda, por isso mesmo andam inflamados nessa aflição constante, a exaltar uma afirmação ingrata. Sobre pontas dos pés, e sem timbre para encarar nos olhos alguém que seja, sempre caminham os que se sentem pequeninos.
Fiz uma referência ao reputado necrófago político, Kumba Yalá, porque esse, como dos mais conhecidos e destacados pregadores dessa ideia tão retrógrada, como o próprio colonialismo, fundou um partido, cujo o decifrar da sigla, não deixa enganar os mais atentos, que no momento, até representa aparentemente, uma segunda força política, na Assembleia Nacional Popular, mas que de facto, só representa uma tentativa mais que faliada, de enraizar tristes consequências de um superável mal estar na alma, de tantos e tantos quanto ele.
Esse homem com os anos já mais adulto, devia lembrar que em tempos de profundos desesperos, nos múltiplos quadrantes da nossa sociedade, - portanto, justificáveis, com alguma dose de compreensão - conseguiu ascender ao mais importante cargo na hierarquia do Estado. Mas porque não conseguiu impor, pela respectiva consideração, nunca fez por merecer, e jamais merecerá, a nobreza daquela função.
A felicidade, como o mais supremo bem, entre todos os outros possíveis, consegue-se a partir do nada, justamente, porque só se encontra dentro de cada um nós. De nada adianta grandes obsessões, ao longo da vida, sobretudo, quando essas significam lutar para destruir tudo o que julgarmos ser, um dos motivos, para a felicidade dos outros.
Quem com coragem e determinação suficiente, conseguir empreender a mais dura de todas as caminhadas, e de maneira solitária, fazer uma viagem interior, na descoberta da sua felicidade, para sempre será feliz, porque também deixará um eterno legado de felicidade ao nosso mundo.
Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.
Flaviano Mindela dos Santos
Gostava de vos ver aqui
A vigília pela paz na Guiné-Bissau acontece hoje, das 20h às 23h, na igreja do Campo Grande, em Lisboa e é organizada pelo Fórum dos Guineenses Católicos em Portugal. Aos guineenses, independentemente da sua cor partidária, independentemente de apoiarem, ou não, o golpe de Estado de 12 de Abril: APAREÇAM, e tragam uma vela. A Guiné-Bisssu é de todos, mas, se me permitem, será mais daqueles que não embarcam em golpes, inventonas ou intentonas.
Basta de medo!,
Basta de sangue!,
Basta de mortes!
Vem dizer NÃO!, aos golpes de Estado na Guiné-Bissau.
António Aly Silva
... O Perfume (o livro)
"Olá, Aly
Estava no Facebook, quando uma pessoa por quem tenho enorme respeito, apesar de muitas vezes discordar do que escreve, publicou um artigo sobre a sua prisão. Despertou-me a atenção, porque seres humanos rebeldes e corajosos são sempre fascinantes. E nos seus olhos existia a centelha que vi nos olhos de uma menina (é já uma mulher e mamã, enfim...) que conheci em Moçambique. A mesma cor, a mesma coragem, a mesma força de Vida e a mesma sombra. Aquela sombra…
A menina de que lhe falo, chega a Xai-Xai (Moçambique), com os seus 23 anos, uma cadela e a força do seu olhar. O seu objectivo: marcar a diferença na vida das crianças da Praia de Xai-Xai. E sozinha construiu essa diferença. Imagino que, neste momento, esteja muito cansado. Imagino apenas, porque sei o quanto a vida africana nos consome em emoções, mas não sei o que é viver essa luta que está viver. E é aí que cada um de nós estará sempre sozinho. Só o António Aly saberá qual é o motor da sua existência, quais são os seus objectivos, qual a sua missão e os seus limites.
Apenas lhe vou dizer algo e perdoe-me se considerar uma intromissão: o António é dono do seu destino, mais ninguém. Neste momento, é muito conhecido. Nestes casos, lembro-me sempre do livro o Perfume. As multidões (existe sempre uma parte de nós que deseja, ainda que inconscientemente, atrai-las) podem acabar por nos devorar. Seja leal a si próprio nas suas decisões, apenas isso. As únicas pessoas a que deve algo são aquelas que ama e que o amam e que generosamente aceitam estar consigo, apesar de terem o coração sempre em sobressalto. E essas estarão sempre consigo, seja quais forem as suas decisões.
Anteriormente enviei-lhe uma mensagem, desejo sinceramente que não o tenha ofendido. Não sabia quem era. Apenas a sua história me comoveu. Não sabia que não precisava dessa ajuda. Vivemos tempos esquisitos, cada ser humano com a sua luta. A coragem de uns serve de força para outros. As histórias de uns servem de motor para outros. E no fundo, o que fica é que todos somos humanos, demasiado humanos e às vezes, maravilhosamente humanos.
Desejo que esteja recuperado e com a maior serenidade possível, dentro das circunstâncias. Cada ser humano sabe do seu destino e não vou fazer qualquer consideração sobre esse assunto. Apenas desejo que uma energia superior o proteja, assim como aos que estão junto a si. Se necessitar de qualquer colaboração a nível humanitário, desde Portugal, basta informar o que é necessário fazer. A nível politico, não sou guineense, não tenho legitimidade para me intrometer.
Não necessita responder a esta mensagem, nem tão pouco agradecer. Há coisas mais importantes que tem a fazer.
Mas se necessitar de qualquer tipo de colaboração, não hesite. Não lhe desejo coragem, porque isso não lhe falta, mas desejo-lhe sabedoria e protecção,que nunca são demais.
Paz para o povo da Guiné. Que o António continue a contribuir para a construção dessa Paz e que a encontre em si. Não sei lhe deveria escrever isto, afinal não passo de uma utópica e o que o Aly precisa neste momento é de muita racionalidade: proteja-se. Sem se trair a si próprio, proteja-se.
Não conheço a Guiné, não vivi aí. Não se pode falar sobre nada, sem se ter vivido. Parece-me que o seu motor de vida está ligado à Guiné-Bissau. Um sentimento maior que tudo, chegando a ser obsessivo. Não sei se estou certa. Conheço esse sentimento e acho que só mesmo no contexto africano conseguimos sentir assim, sem nos sentirmos ETs. Em nenhum outro lado a natureza humana se revela de uma forma tão crua: na sua bestialidade, na sua crueldade, mas também na sua pureza, dignidade, força e superação. Em nenhum outro lugar somos tão verdadeiros perante nós próprios. No ocidente, encobrimos tudo isso com muitos conceitos ocos, à escolha para todos os gostos.
Oxalá, esteja errada, mas parece-me que os próximos tempos serão muito dolorosos para a Guiné.Mas em todos os lugares, existem pessoas que são catalizadores de mudança. E a verdadeira mudança faz-se com sabedoria e demora muito tempo.
Cuidado com os actos movidos pela adrenalina. A Guiné vai precisar de si, durante muitos anos. E que maior recompensa lhe poderá ser oferecida do que ver surgir uma nova Guiné, que ficará sempre muito aquém do que o Aly e pessoas como o Aly idealizaram, mas que será uma melhor terra para o seu povo. Tempos de Bosta, estes. Mas outros virão. Não se perca, Aly.
Imagino que sair da Guiné e aterrar na Tugalândia não seja o melhor dos bálsamos. Mas não se perca na dor e confusão. Posso estar errada, mas os seus textos estão confusos, doridos, violentos. Força! Não desista.Não desista de nada, inclusivé da sua saúde.
"Se perder um amor... não se perca!
Se o achar... segure-o!
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.
O mais... é nada."
A maioria de nós, de alguma forma, está a perder algo, Aly. Se nos perdermos de nós próprios, a coisa vai ficar bem pior. Circundar de rosas, amar (existem tantas formas de amor). Força, você tem uma marca. Nada será fácil para si. Mas a natureza deu-lhe muitos dons para enfrentar tudo o que vier. É um previligiado. Depende de si, a forma como vai utilizar tudo isso como bálsamo para o seu sofrimento e dos demais.
Nkosi sikelel' iAfrika
E também a si.
Júlia R."
DE MISSANG A NEOCOLONIALISTAS PORTUGUESES, PASSANDO PELA ONU
Os argumentos dos golpistas guineenses, tentando justificar o golpe de estado e toda a ridicularidade que envolveu e envolve as recentes nomeações do Presidente e Primeiro-Ministro de Transição, estão a esgotar-se e a angariar cada vez menos simpatizantes guineenses e entre os principais parceiros económicos do nosso país! Actualmente, a “fuga em frente” no contexto político actual tem dessas coisas, principalmente quando estamos a falar de um dos países mais pobres do mundo e mais dependente das ajudas externas. Quem se aventurar em desrespeitar as regras da política económica internacional, inicialmente pode até angariar algumas simpatias pontuais e conseguir limpar alguns obstáculos do seu caminho, mas acaba-se sempre por “espetar com a cabeça na parede” e perceber que atitudes revolucionárias do género terão de ser muito bem justificadas para acolher alguma simpatia das potências económicas internacional, caso contrário, acabam a falar sozinhos.
Quanto mais tempo passar depois do golpe de 12 de Abril, mais os aventureiros golpistas vão aperceber-se do isolamento internacional a que submeteram o país e o seu povo e que a ajuda de alguns países regionais não chegarão para cumprirem com o mínimo necessário para a satisfação das necessidades da população. Por isso, quem se aventurou neste governo de transição, só pode ser ingénuo ou ambicioso e sedento do poder, porque é sabido que, no contexto actual, qualquer governo tem mais probabilidades de falhar e criar má imagem perante os eleitores, do que propiamente deixar saudades aos guineenses…
Antes de voltar aos argumentos dos golpistas a tentar justificar o injustificável, queria afirmar de forma clara a todos os guineenses que, este golpe não teve outra motivação que não a sede da manutenção do poder dos militares que têm consciência que uma reforma séria da defesa e segurança do país acabaria com o domínio que eles ainda detêm sobre o povo, que se encontra personificado no CEMGFA António Indjai, associada a sede do poder dos cinco candidatos contestatários das eleições.
Cada vez mais vai ficando mais claro que as motivações do golpe foram esses e desenganem-se os que pensarem o contrário. Felizmente que são cada vez menos! Os poucos civis que ainda se manifestam a favor do golpe, são apenas aqueles que sempre tiveram algum órgão visceral e pessoal ao CADOGO Jr. e ao seu enriquecimento. Esse enriquecimento, lícito ou ilícito, só ao Ministério Público e aos tribunais competem investigar, não passando todos os comentários de rua ou virtuais ao nível da insignificância onde se colocam os boatos… Estranho é que essas manifestações críticas ao Cadogo Jr e o seu governo, tenham carácter e intensidade periódica, chegando a haver alturas (de Maio de 2010, até a morte de Bacai Sanhá) em que não se viu publicações do género, com excepção do blog Ditadura do Consenso...
Voltando aos argumentos dos golpistas para justificar o golpe, primeiro agarraram-se à capacidade bélica da MISSANG e à necessidade da “defesa da soberania nacional”. Só que esqueceram-se que, numa democracia, o detentor do poder da defesa da soberania nacional é o povo, que elege nas urnas os seus representantes políticos que, por sua vez, definem os actos e declarações que constituem a ameaça á soberania nacional e os meios e métodos a usar para a sua defesa. Salvo raras excepções, a força militar é apenas um instrumento para a objectivação da defesa da soberania e, não pode transformar-se de forma leviana em detentora dessa soberania, mesmo contra aqueles a quem o povo confiou a condução do país
Quando se aperceberam que MISSANG era um argumento perigoso, muito carente de popularidade, pelo contrário, até motivou manifestação popular a solicitar a permanência dessa força estrangeira no país, rapidamente surgiu a carta que Cadogo Jr. escreveu a ONU, a solicitar a intervenção na Guiné, como se ao nível da política internacional é assim que essas coisas se processam e que o contingente militar da ONU representa ameaça aos militares dos seus países membros!
Agora, querem estimular o sentimento nacionalista e ultrapatriótica do povo, contra o ex-colonizador e a CPLP, tentando garantir a simpatia popular e, ao mesmo tempo, tentarem angariar algum parceiro europeu que lhes abrissem algumas portas aos financiamentos externos. Por isso, decidiram declarar guerra verbal a esses dois países, com acusações já gastas da era pós-independência, de sentimentos neocolonialistas do nosso ex-colonizador.
Um dado curioso, é ouvir o porta-voz do Comando Militar a dizer que Paulo Portas devia preocupar-se com quem está a servir o café da manhã e o jantar, insinuando que esse (o Cadogo Jr. Jr.) é que é o dono da empresa de controlo das bagagens no aeroporto, portanto, na lógica de um doutorando em direito, torna-o automaticamente suspeito de participar ou facilitar o tráfico de droga!!! Nos seus “brilhantes” conhecimentos de direito, como é que Daba Na Walna enquadra legalmente aqueles que protegem e facilitam a aterragem de aviões carregados de droga, em aeroportos desactivados? Será que o melhor enquadramento legal para esses traficantes é nomeá-los CEMGFA? Julgo que Daba Na Walna deve preocupar-se mais com quem anda a bajular, do que Paulo Portas com quem anda a servir!
Esses dois últimos argumentos, só colheram simpatias dos mesmos que eu já tinha referido acima e que de noite para dia tornaram-se Constitucionalistas de qualidade superior a aqueles detentores de títulos académicos que se pronunciaram sobre a legalidade da candidatura presidencial de Cadogo Jr.
O povo, esse continua a exigir o retorno à legalidade constitucional e ao respeito as suas vontades expressas nas urnas, apesar das restrições e espancamentos a que são submetidos…
Jorge Herbert
COMUNICADO da UNIOGBIS
COMUNICADO DE IMPRENSA
25 Maio 2012 - No quadro das suas consultas regulares sobre a Guiné-Bissau, embaixadores e representantes de organizações internacionais acreditados no país reuniram-se hoje em Bissau sob a presidência do Representante Especial do Secretário-Geral e chefe do UNIOGBIS Joseph Mutaboba, para analisar a situação no país à luz da Resolução 2048 do Conselho de Segurança aprovada a 18 de Maio último.
No seu parágrafo 3, a resolução “pede ao Secretário-Geral para que se mantenha ativamente envolvido no processo de mediação e que harmonize as respectivas posições dos parceiros bilaterais e multilaterais”, em particular a União Africana (UA), a CEDEAO, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a União Europeia (UE) e “garantir a maior coordenação e complementaridade dos esforços internacionais a fim de desenvolver uma estratégia integrada e abrangente com medidas claras destinadas a implementar a reforma do sector de defesa e segurança, reformas políticas e económicas e o combate ao narcotráfico e à impunidade”.
Os participantes tiveram discussões frutuosas e concordaram em manter-se envolvidos com vista à normalização da situação política e sócio-económica na Guiné-Bissau no quadro da Resolução 2048 do Conselho de Segurança.
www.uniogbis.unmissions.org
COMUNICADO - Liga Guineense dos Direitos Humanos
MEMBRO DE:
FIDH – Federação Internacional dos Direitos Humanos
UIDH – União Internacional dos Direitos Humanos
FODHC-PALOP – Fórum das ONGs dos Direitos Humanos e da Criança dos PALOP
Fundador do Movimento da Sociedade Civil
PLACON – Plataforma de Concertação das ONGs
MEMBRO OBSERVADOR JUNTO DE:
CADHP – Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
COMUNICADO À IMPRENSA
A Liga Guineense dos Direitos Humanos registou com muita preocupação e tristeza, mais uma demonstração abusiva de força por parte das autoridades militares e paramilitares contra manifestantes pacíficos na sequência do golpe de estado do dia 12 de Abril de 2012. Ontem dia 25 de Maio de 2012, um grupo de cidadãos que se manifestava contra o golpe e a favor da democracia, foi brutalmente espancado pelos agentes afectos a Guarda Nacional e Forças Armadas, em frente das instalações das Nações Unidas, tendo resultado num ferido grave, numa clara afronta ao direito internacional.
A Guiné-Bissau enquanto estado de direito reconhece o direito a liberdade de reunião e de manifestação como valor fundamental, ao qual, assiste a todos os cidadãos por forma a poder exprimir de forma livre e espontânea as suas opiniões sobre os assuntos de interesse publico. Porquanto, o seu exercício além de ser proclamada pela constituição da república, constitui um instrumento fundamental para a participação cívica dos cidadãos no aprofundamento da democracia, promoção da paz e reconciliação nacional.
Tendo em conta a gravidade destes actos de espancamento dos manifestantes que constituem mais uma vã tentativa de silenciar o povo guineense desencadeada desde o golpe de estado e de lhe negar o direito a paz, democracia e desenvolvimento, associada a necessidade do retorno a normalidade constitucional, a Direção Nacional da Liga delibera os seguintes:
1- Condenar firmemente a repressão brutal e gratuita dos manifestantes pacíficos, perpetrados pelos agentes da Guarda Nacional e das Forças Armadas;
2- Alertar a corporação militar e agentes policiais que de acordo com a lei, em particular os Estatutos da Condição Militar, não estão obrigados a cumprir ordens ilegais sobretudo, quando implica a prática de um crime.
3- Responsabilizar o Estado-Maior General das Forças Armadas e a Guarda Nacional, sobretudo este último, criada no quadro das reformas e modernização das forças de defesa e segurança, pela integridade física dos cidadãos;
Feita em Bissau, aos 26 dias do mês de Maio de 2012
A Direção Nacional
COMUNICADO - Movimento Nacional da Sociedade Civil
REPÚBLICA DA GUINE-BISSAU
MOVIMENTO
Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz Democracia e Desenvolvimento
COMUNICADO À IMPRENSA
O Movimento Nacional da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento vem acompanhando com muita atenção e preocupação a situação polico-militar do país, sobretudo após a instalação de novas autoridades de trasiçao.
O Movimento da Sociedade Civil acompanhou através dos órgãos de comunicação social, (Radio Televisão Portuguesa) do acto bárbaro de espancamento protagonizado pela Guarda Nacional no dia 25 de Maio, contra manifestantes que legitimamente manifestavam a frente da sede da UNIOGBIS em Bissau.
O presente acto de espancamento demonstra de forma clara a verdadeira intenção dos protagonistas de Golpe de Estado que dentre outros, visa a implantaçao na Guiné-Bissau de um regime ditatorial, de restrição das liberdades fundamentais e da democracia que, foi uma conquista do povo guineense, na base de grande sacrifício, suor e muitas vidas humanas.
Perante a gravidade deste acto, o Movimento da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento delibera o seguinte:
1. Condenar e repudiar o acto de espancamento e de proibição de manifestação protagonizada pelo Guarda Nacional;
2. Responsabilizar o Estado-Maior General das Forças Armadas e ao Ministério do Interior pelo referido acto;
3. Exortar ao Governo no sentido de tomada de medidas necessária para evitar que acto do gênero volte a repetir, bem como de ações conducentes a garantir e assegurar o livre exercício dos direitos e liberdades fundamentais aos cidadãos, mormente o direito a manifestação;
4. Apelar a comunidade internacional no sentido de continuar a acompanhar a situaçao no país e exigir as autoridades o respeito pelos direitos humanos e a liberdade fundamentais dos cidadãos.
Bissau, 26 de Maio de 2012.
Movimento Nacional da Sociedade Civil
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Movimento
E-mail: movimentosc@yahoo.com.br; elbachir_12@hotmail.com
Sede Provisória, Rua-Justino Lopes, Casa Nº13 (atrás da casa Escada), Tel (245) 6604831/675.20.31
Cp.n 65-Bissau/ Republica da Guine-Bissau
Sarabandeando
SARABANDA. Ou, A Primorosa de Alvalade. Frequento esta casa desde os anos '90, e, de cada vez que venho a Lisboa, visito-a. Aqui, sinto-me bem, sou bem acolhido, tanto pelo dono como pelos empregados. E apetece-me, hoje, falar do Henrique. Há sítios onde nos sentimos bem, confortáveis. Não nos incomodamos com nada, e o ambiente favorece. Comecei a frequentar o Sarabanda por influência de um amigo e quase-irmão: o Tó-Manel. À sexta-feira, e ao sábado era fatal. Um telefonema avisa: vamos. E temos a mesa. Eram duas garrafas de bom whisky. Bebíamos, felizes, sem nos importarmos com o passar das horas: a casa era mesmo ali ao lado, na Óscar Monteiro Torres.
O Sarabanda era frequentado por muitos guineenses, compatriotas nossos, gente sedenta de diversão. Hoje, passados mais de vinte anos, é a ÚNICA casa que eu frequento quando venho a Lisboa. Gosto, e os gostos não se discutem. Ponto. Sou bem recebido, a começar pelo porteiro. Um senhor simpático e afável, conhecedor da noite e dos clientes. Sorri para nós. Sempre que me vê à porta, larga um grande sorriso. "Bem-vindo, há que tempos!". Sabe bem. Fortalece-me por dentro.
Voltei ao Sarabdanda, ontem. Volvidos mais de dos anos (o tempo que já não vinha a Lisboa), o porteiro ainda se lembra da minha cara, o que é bom. Agradecido, retribuo animado. E contente. Frequento esta casa desde os anos '90 e não tenho razões para não voltar. Volto sempre, voltarei as vezes que forem necessárias. Uma, duas, as vezes que forem. Sinto-me bem ali. Nada me preocupa. Os clientes, ainda que os não conheça, sorriem, cumprimentam. É a alma do Sarabanda.
Mas apetece-me falar do Henrique. Um velho conhecido, do 'bar dos fumadores', que me cumprimenta com um aperto de mãos, de homem. Um amigo dos idos tempos. E, não, nunca falamos do Tó Manel. O Henrique sabe que o Tó deixou-nos faz tempo, mas que eu continuo a frequentar a casa, talvez pelo Tô, mas certamente pelo Henrique. Hoje, apresentou-me uma marroquina. "Falas francês?" - Oui, bien sure. E ela era simpática, uma senhora.
O prorietário da casa, um senhor 5 estrelas. Conhece-nos pelos nomes. "Vi-o há dias na televisão", disse-me preocupado. "Que tal está?". Tudo bem. Confidenciei-o. "Coragem, aquilo não é fácil". Concordamos. Uma palmada no ombro selou aquele encontro. Estou-lhe agradecido. Sabe bem voltar a casa, pensei. Podem tomar-me por um piquinhas, mas adoro o Sarabanda. Frequento-o sempre que venho a Lisboa - aliás, é a única casa que frequento. Sinto-me bem ali, mesmo junto à praça de Entrecampos, na Av. Estados Unidos da América.
O Saabanda merece uma visita, e dois dedos de conversa. Com o Henrique, ou qualquer dos empregados. Tem duas salas, uma com música ao vivo e outra para dançar. Em qualquer uma sentimo-nos bem. Somos tratados com respeito e amizade. E quem é que não gostaria de se tratado assim. Hoje mesmo, voltarei. Para umas imperiais e dois dedos de conversa com o meu amigo Henrique. Um abraço ao Sarabanda. António Aly Silva
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Portugal: "Nova intervenção militar portuguesa não está em cima da mesa", diz o ministro da Defesa
O ministro da Defesa de Portugal, José Pedro Aguiar-Branco, descartou hoje o envio de uma nova missão militar para garantir a segurança da comunidade portuguesa na Guiné Bissau. «Tivemos uma missão que visou acautelar uma eventual necessidade de evacuar a comunidade portuguesa, caso houvesse risco, e essa força já foi objeto de retração. Neste momento, não está em cima da mesa uma nova intervenção das Forças militares portuguesas», afirmou à Lusa o ministro da Defesa, que se encontra no Rio de Janeiro. Aguiar-Branco informou ainda que discutiu a situação da Guiné Bissau com o ministro da Defesa brasileiro, Celso Amorim, durante a reunião realizada nesta quinta-feira, em Brasília. LUSA
Carlos Gomes Jr.: "Povo está a exigir o retorno do Governo saído das urnas"
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau deposto pelo golpe de Estado de 12 de abril, Carlos Gomes Júnior, afirmou hoje, em Lisboa, que "o povo guineense está a exigir o retorno do Governo saído das urnas". Carlos Gomes Júnior e o Presidente interino também deposto pelo golpe de Estado, Raimundo Pereira, reuniram-se hoje com eurodeputados portugueses no Centro Jean Monnet, onde funciona a representação do Parlamento Europeu em Lisboa, numa iniciativa organizada pela eurodeputada socialista Ana Gomes. "Esta reunião foi bastante frutuosa para demonstrar que o povo guineense está a exigir o retorno do governo saído das urnas e nós vamos continuar a trabalhar nesse sentido", declarou Gomes Júnior aos jornalistas no final da reunião, em que também participaram o embaixador guineense em Lisboa e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo deposto.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) chegou a acordo com o Comando Militar responsável pelo golpe de Estado sobre um plano de transição para a Guiné-Bissau, que incluiu a designação de Serifo Nhamadjo para Presidente e um Governo de transição até à realização de novas eleições. Carlos Gomes Júnior reafirmou hoje que "é um governo ilegal, porque não tem sustentabilidade parlamentar". E acrescentou: "Ai de África se continuar a ter um exemplo desta natureza, em que meia dúzia de pessoas resolve depor o seu governo e arranja uma instituição estrangeira para vir dar o seu aval". O político guineense recordou, igualmente, que o seu partido, o PAIGC, obteve cerca de 67 mandatos sobre 100 nas últimas eleições e observou: "Não podemos continuar a trabalhar desta forma, ir às urnas e depois meia dúzia de pessoas porem em causa estas eleições, que foram declaradas pela própria comunidade internacional como sendo justas, livres e transparentes".
Depois de lembrar que que "a resolução do Conselho de Segurança" sobre a Guiné-Bissau "prima pelo cumprimento da lei e das normas internacionais", contra o golpe de Estado, Gomes Júnior manifestou a opinião de que "a comunidade internacional não vai continuar a pôr fundos num governo que não tenha saído do veredito popular". Ana Gomes recordou que o Parlamento Europeu já manifestou "uma clara rejeição de uma solução que não passe pela restauração da ordem democrática na Guiné-Bissau, pelo Governo legitimamente eleito e pela retoma do processo eleitoral" no âmbito das eleições presidenciais, interrompido pelo golpe de Estado.
A eurodeputada alertou ainda para a necessidade de proteger a população guineense de "um desastre humanitário de grandes proporções", com epidemias de cólera, por os serviços sanitários e de limpeza na Guiné-Bissau não estarem a funcionar em pleno devido à crise político-militar. Sublinhou, também, que "trabalhar pela governação democrática da Guiné-Bissau corresponde ao interesse estratégico de segurança da própria Europa, não deixando que as organizações de narcotráfico ali ativas se articulem com as redes terroristas já presentes no Sahel e na Nigéria". Na reunião participou também uma representante do eurodeputado do CDS-PP Nuno Melo, João Ferreira do PCP, o eurodeputado socialista Correia de Campos, uma representante do Bloco de Esquerda e ainda uma representante da organização não-governamental Afecto com Letras, com sede em Bruxelas e que trabalha com a Guiné-Bissau, envolvendo portugueses. LUSA
Tristeza e impotência
Oi irmão,
Segue este texto que te agradecia se possivel publicar no teu blog. A situação passou-se com a senhora minha mãe.
Um abração.
Eis o texto :
Estimado Sr Aly Silva,
Permita-me através do teu famoso e reconhecido blog, dar a conhecer uma situação que presenciei ontem, e que, pelo desmesurado comportamento dos intervenientes e a aparente injustificação do acto, merece a minha modesta indignação.
Ontem, fazendo o meu percurso habitual de regresso a casa apôs mais um dia de «paka-paka pa intchi barriga», um burbúrio de contestação no passeio por onde passava via sede dos Bombeiros Humanitarios junto à Presidência da República, chamou inadvertidamente a minha atenção.
Motivo : um pequeno grupo de jovens, maioritariamente moradores na zona rodeavam uma Senhora (cujo nome faço questão de omitir porque não me deu autorização para tal) que, inconsolávelmente abanava a cabeça, como que, a procurar compreender a razão para o que lhe acabara de acontecer.
Facto : funcionários da EAGB, segundo disseram, sob ordens expressas da Casa Civil da Presidência, vieram retirar de forma grosseira e com requintes de humilhação os cabos de alimentação da corrente eléctrica da sua moradia, cuja fonte de alimentação partia do posto da Presidência. A razão dessa conexão, tal como quase todos os seus co-vizinhos, deve-se ao facto de a Presidência ter a dita «corrente permanente», o séssame que todos procuram devido a permanente falta de energia electrica que assola a cidade de Bissau. Da conversa, constatei, que a corrente não era fornecida gratuitamente, porque ela passa pelo contador da EAGB e a referida Senhora tem os pagamentos das suas facturas em dia.
O insólito : a referida Senhora foi a única, entre todos os outros beneficiarios dessa fonte de ligação na referida zona, a ser alvo dessa inusitada medida de restrição. Soube ainda que, tal deve-se ao simples facto, de ser familiar proximo do deposto PM, vencedor da 1a volta das eleições presidenciais anuladas por kumba Yala e o Comando Militar e,... e como tal, ela é natural e logicamente contra o golpe de estado. Alias, sentimento comungado por uma esmagadora maioria da população da Guiné-Bissau. Foi esse o unico «crime» dessa Senhora.
Sentada numa cadeira de plastico no passeio contiguo à sua casa, a Senhora mantinha-se cabisbaixa e rodeada dos seus «mininus di casa» que não paravam de a consolar. Perante quadro tão triste e impotente de amarfanhada amargura..., sem dar conta, acheguei-me a ela e, instintivamente, toquei-lhe no ombro, quiça para lhe afagar e solidarizar-me; disse-lhe com voz um pouco embargada : tia sufri. Sentindo o «toque estranho», ela levanta a cara, olhando para mim... olhos ja meio embaciados e uma voz que não escondia a tristeza e amargura, disse-me:
Es i ka nada nha fidju. Ami, n'kustuma sufri... N'passa dja pior na vida.
Pide lébam nha hômi, é prindil 5 anu na calabus, ma i riba casa i nô cria nô fidjus na coitadesa di Deus. Kil dia qui riba casa n'ka lembra di kil 5 anus ku passa. Tudu ta passa si nô téné fé na Deus.
I ka tém nada nés mundo ku tem kunsada ku bu ka ta odja si fim.
Fiquei mudo de emoção e o trajecto do sitio do «crime» até o meu cubilo... algures em Pilum de baixo, pareceu-me ontem mais longe... tanto era o peso da tristeza que teimava em acompanhar-me na minha meditação sobre a essência dos homens.
Sera que vale tudo na vida ?
PL
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