sexta-feira, 25 de setembro de 2015

LIVRO/OPINIÃO: A desesperança no Chão da Guiné-Bissau


Aos guineenses, na terra e na diáspora, e aos numerosos amigos da Guiné-Bissau dedicou Tony Tcheka (pseudónimo de António Soares Lopes Júnior) o seu livro "Desesperança no chão de medo e dor", em Setembro lançado na Alemanha e em Portugal e que em Outubro o deverá ser na própria cidade de Bissau.



Inspirado na palavra do escritor uruguaio Mário Benedetti, segundo a qual um homem não se deve render, nem ceder, o autor de "Noites de Insónia na Terra Adormecida" e de "Guiné Sabura que Dói", surgidos respectivamente em 1996 e em 2008, entregou-nos mais 50 poemas, em português e em crioulo, para nos falar de uma Guiné-Bissau maltratada, onde por vezes nem sequer há energia eléctrica, nem água potável, a correr das torneiras.

Tony Tcheka, que já foi director do jornal "Nô Pintcha" e correspondente tanto da BBC como do jornal PÚBLICO, de Lisboa, tenta, pela poesia, libertar-se da tão grande desesperança que ameaça os naturais da Guiné-Bissau, 42 anos depois de terem proclamado unilateralmente uma independência que teima em não florir tanto quanto se desejaria.

Os seus poemas são um fruto da política menos correcta que se tem feito da terra onde nasceu Amílcar Cabral e onde foram assassinadas pessoas como o Presidente Nino Vieira.

Neste livro, ilustrado por Ismael H. Djata e editado pela Corubal, de Bissau, notamos bem que o medo é o "traje que veste a alma" da Guiné-Bissau, onde ainda em Agosto o Presidente José Mário Vaz decidiu afastar o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira e promover um Governo que só se aguentou 48 horas , até finalmente ser chamado como novo primeiro-ministro o veterano Carlos Correia.

"O tempo passa./amassam-nos/bloqueiam as artérias/mantendo-nos fora/do espaço dos ponteiros do tempo./e o tempo passa ./e nós a sobra do prato vazio/definhámos...".

O tempo vai passando; e os guineenses, resignados, desfazem-se no tempo que passa e ficam como náufragos, na terra adiada.

Urge encontrar a canoa que leve a bom porto o povo guineense. É o que parece dizer-nos Tony Tcheka, de 63 anos, que já tem sido referenciado na França, no Brasil, na Alemanha e no Reino Unido.

O livro de que desta vez aqui falamos inclui textos que sobre o poeta em questão escreveram Odete Semedo, Robson Dutra Unigranrio, Maria Estela Guedes, Arlinda Mártires Nunes, Moema Parente Augel e J. Adalberto Campato.

Jorge Heitor

Ponham ordem na Guiné-Bissau. Ponham cada macaco no seu galho...AAS

O dia depois de o Presidente ter jantado sozinho. Ou quase.


A organização do jantar de gala oferecido ontem pelo presidente da República, José Mário Vaz, viu-se às aranhas e o protocolo de Estado esteve em pulgas e às apalpadelas. Ao DC, um dos convivas confidenciou: "Só para teres uma ideia, dos convidados ao jantar do Presidente da República, apenas 2/3 apareceram. Muito diferente do concorrido jantar do ano passado..."

O jantar aconteceu ontem, dia 24, por ocasião do 42º aniversário da independência da Guiné-Bissau. A desgraça, porém, continua. "Deputados, só meia dúzia (em 100!!!) apareceram...corpo diplomático acreditado em Bissau (perto/mais de uma centena) idem aspas."

Então tentaram outra táctica. Fazer de conta que a hora do País recuara 2 horas..."Os organizadores, aflitos, ainda atrasaram o jantar para ver se chegava mais gente, mas ninguém apareceu. Foi no mínimo constrangedor..
", contou ao DC. O presidente não terá gostado da desfeita, mas tratou-se de mais um recado dos representantes dos países que nos sustentam os vícios. Não há jantares grátis.

E para completar o ramalhete: "Haviam mais músicos e seguranças do que propriamente convidados." Caso para dizer, JOMAV perdeu o encanto - o que pode ser perigoso. Um Povo - e quem estes elegeram - cada vez mais distantes do 'seu' presidente, não augura nada de bom num futuro a médio prazo. AAS

Um 'fuzo' esquecido junto aos mortos do Corubal


FONTE: EXPRESSO
AUTOR: Luis Pedro Nunes

Há quase meio século que um homem espera sentado numa canoa na margem do rio Corubal. Não tem nada. Apenas a mágoa de ter sido abandonado, uma revista antiga e um velho cartão de combatente. Espera pelos antigos companheiros que o venham buscar, junto às águas que servem de cemitério para dezenas de portugueses.

Aquele rio parece calmo. Mas tem mortos e vivos que querem ser levados para cá. Em fevereiro de 1969, nove meses após ter sido nomeado governador militar da Guiné, Spínola manda retirar de Madina do Boé. Era um esforço militar inútil. Um quartel isolado a sul de Nova Lamego (hoje, Gabu), cortado por um rio, constantemente fustigado pelo PAIGC, colado à fronteira com Conacri. Essa pequena língua de terra não valia o esforço militar. Mas a travessia do rio Corubal iria ficar associada a uma das maiores tragédias militares portuguesas. E Madina do Boé seria o local onde se proclamaria unilateralmente a independência, em 1973.

Ainda hoje é uma longa e penosa viagem até à passagem do rio Corubal. De Bissau aponta-se a Leste até Gabu e é tudo alcatrão. Umas horas de viagem. Depois, em pista de terra vermelha, vira-se a sul de Conacri para Cheche. Queríamos chegar a Madina do Boé. Mais precisamente ao antigo quartel e ao monumento da independência que lá dizem existir. Mas o Corubal não quis.

Do lado de lá está a jangada que consegue transportar viaturas. Mas não atravessa porque o rio está cheio e a corrente forte de mais. Só em outubro. E o que atravessa? São canoas, escavadas a um tronco, com um remador. Levam até motorizadas, mulheres com bebés. É uma operação de risco. O remador avança furiosamente em direção a montante e é arrastado pela corrente até um ponto neutro. Depois desse ziguezague é preciso repetir a operação até conseguir chegar à margem de lá. Uns 200 metros.

É assim que se percebe o poder brutal da corrente do Corubal, que levou a vida a 47 militares portugueses na noite de 5 para 6 de fevereiro de 1969. A companhia de Caçadores 1790 já tinha percorrido os 30 quilómetros entre o quartel e a margem, com forte apoio aéreo para não ser atacada. O atravessamento do material militar e das viaturas foi feito exatamente com pirogas dessas, com lacas de madeira e um zebro de borracha a empurrar. Foram 28 viaturas pesadas, 100 toneladas de munições, três autometralhadoras e 500 homens.

Já de madrugada, na última passagem, quando a jangada vinha carregada de homens, o comandante da operação decide mandar umas morteiradas para uns alegados locais do PAIGC. Os homens a meio do rio entram em pânico por não saberem de onde vem a fogachada. A barcaça começa a cuspir homens vestidos e carregados de munições. Morreram 47. A maioria ficou para sempre naquele rio. Alguns foram enterrados nas margens.

E, contudo, há ali um que espera que o venham buscar. Está sentado numa canoa. Aliás, disse-o logo: “Sou fuzileiro especial português Silai, curso NATO, quero ir para Portugal. Estou à espera que me venham buscar.” Esta é uma das muitas histórias que se misturam em remoinho na margem do rio Corubal. Não tem nada. Ou melhor, tem mágoa por ter sido abandonado pelos seus camaradas fuzileiros. Mostra uma revista “Combatente” já muito usada com uma foto de uma reunião de antigos ‘fuzos’ da Guiné: “Somos colegas.” Esteve fugido 20 anos para não ser morto. “Andei pelo Burkina Faso.” E o Burkina é muito longe.

E chegam outras pessoas que querem contar histórias. No início, nada. Agora saem como numa nascente de água, às golfadas. Sobre a morte dos portugueses. De como nos dias seguintes à tragédia apareceram uns helicópteros e não conseguiram levantar os corpos do rio, de como durante anos aparecerem malas e objetos...

OPINIÃO AAS - JOMAV: Um problema dos diabos!


O cargo de Presidente da República, convenhamos, é um cargo importantíssimo mesmo num País chamado Guiné-Bissau.

Contudo, a ouvir o discurso do chefe de Estado guineense, ontem, no parlamento, por ocasião dos 42 anos de independência do País, vi na pessoa do José Mário Vaz uma figura completamente a leste, ou como se diz em bom português, na lua! - as usual.

Um PR que parece não saber o que se passa à sua volta, um PR perdido e aos papéis, fechado no seu casulo, orgulhosamente só, completamente confuso, obviamente baralhado. Por isso, como cidadão e eleitor, apraz-me perguntar gritando tão alto quanto as cordas vocais o permitirem:

QUEM É QUE ESCREVE OS DISCURSOS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA? QUEM É QUE LHE DÁ AS IDEIAS?

O presidente disse na assembleia que tem sido "incompreendido." Isso é gozar na cara das cidadãs e dos cidadãos Guineenses! "Todos os esforços e sacrifícios são poucos quando a tarefa é engrandecer(?!) a nossa pátria. Embora por vezes incompreendido, é nesta tarefa que estou empenhado", disse o chefe de Estado. Esta frase lembra o Salazar!!!

Já quanto ao acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, que deitou por terra as pretensões do PR, Jomav foi ainda mais desastroso. Eis o que disse o presidente: "O poder judicial sai valorizado e vê reforçada a sua autoridade enquanto pilar do Estado de direito democrático, independentemente do juízo de mérito da sua decisão." Quanto à sua decisão de demitir o Governo de Domingos Simões Pereira, que o STJ declarou inconstitucional, Jomav chutou para canto...

Se eu fosse deputado, teria abandonado o hemiciclo.

Vem o PR dizer que a crise política criada pelo seu ego permitiu que a Guiné-Bissau desse um salto "qualitativo a nível de indicadores que regem as sociedades modernas". Francamente!!! Isto faz-me lembrar um outro nosso presidente, já falecido, o Kumba Yala e os seus livros "Os pensamentos Políticos e Filosóficos - I e II", editados pela Editora Escolar em 2003.

Há uma, apenas uma frase, que quero dedicar especialmente para o presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz. Esta: "A liberdade mental deve ser da autoria do próprio indivíduo"...
AAS

JOMAV diz-se "incompreendido"...


O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, diz-se "incompreendido" e vê aspetos positivos na crise política que afeta o país, referiu num discurso na ANP por ocasião dos 42 anos da independência da Guiné-Bissau.

"Todos os esforços e sacrifícios são poucos quando a tarefa é engrandecer a nossa pátria. Embora por vezes incompreendido, é nesta tarefa que estou empenhado", disse o chefe de Estado.

Vaz acrescentou que a "situação política revelou aspetos positivos da nossa aprendizagem da democracia e permitiu que a Guiné-Bissau desse um salto qualitativo a nível de indicadores que regem as sociedades modernas".

"Apesar da tensão social vivida e da exaltação de espíritos, em nenhum momento foram assinaladas violações de direitos humanos" ou da "liberdade de expressão e de imprensa, pese embora todos os excessos verificados", referiu.

Por outro lado, ao submeter-se ao acórdão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), o Presidente guineense considerou que o poder judicial "sai valorizado e vê reforçada a sua autoridade enquanto pilar do Estado de direito democrático, independentemente do juízo de mérito da sua decisão". Lusa

OPINIÃO: Do Presidente da República aos Conselheiros


"A Presidência da República, é o cume da arquitectura política de um Estado, na sua forma de República. Por isso, o exercício da função de Presidente da República, é de uma grande nobreza, convidando ao indivíduo agraciado pelo voto popular a um elevado sentido de Estado e de responsabilidade acompanhado de rectitude e postura, com vista a ostentação de valores que justifiquem a eleição do titular para tal.

E mais, com vista a realização das expectativas criadas no momento em que o candidato ao apresentar ao povo o seu desejo de se tornar Presidente cria em torno de todo i eleitorado e do povo. Mas o nosso JOMAV, é um caso "sui generis" e é assim porque ele é burro duplamente.

1° - o PR Jomav, não faz ideia de onde saiu e muito menos para onde vai. Por isso nem tem ideia de como chegou à presidência, isto para dizer que a chegada do Jomav à presidência, foi tão estranha e milagrosa como se a neve tivesse caído na cidade de Bissau.

2° - como é que um presidente, dito de outra maneira, Chefe de Estado pode ter-se deixado levar por uma cambada de escumalhas e Conselheiros para parar um país durante todo este tempo por razões fúteis e artificiais. Se bem que, "ab initio" presume-se ou melhor, parte-se do princípio que um PR seja uma pessoa bem discernida e dono de um estado psíquico fora de qualquer suspeita.

Mas o Jomav, na verdade padece de uma patologia mental de tamanha gravidade que neste preciso momento esta a arrastar toda uma nação para um flagrante abismo que nunca ocorreria a ninguém e muito menos ao nosso povo. Por isso, existem um conjunto de dados óbvios emergentes das atitudes do Jomav que demonstram sem pecado que ele constitui um enorme perigo para o o nosso povo.

Ora vejamos!

Chegou-se a pensar que o Presidente da República teria o discernimento intelectual de poder de facto aproveitar a majestosa oportunidade para no acto de celebração do 42° aniversário da independência do país, dar a mão à palmatória e reconhecer o douto Acórdão do STJ que invalidou o decreto de nomeação do Baciro Dja como PM, dançando doentiamente na constituição. Foi triste assistir que ele não fez isso, pelo contrário meteu a mão na "bunda".

Digo isto, porque quem for rigoroso no seguimento das palhaçadas do Presidente Jomav, apercebe-se claramente que em nenhum momento ele se dignou a reconhecer o Acórdão, mas sim, entrou na retórica falaciosa de afirmar que o falso PM, teria tirado as consequências políticas do Acórdão, ao apresentar de imediato a sua demissão, dando a entender que, só e apenas por isso o demitiu, através de um "cosmético" Decreto.


Nesta senda, resulta sensato perguntar; sendo ele (PR) o autor do acto chumbado, que consequência política tirou com o ACÓRDÃO?

E a resposta está a vista, o JOMAV tirou uma consequência egocêntrica, demagógica e monolítica, vinculando apenas a sua antipatia e a sua auto suficiência; quer dizer, as consequências que tirou do Acórdão só ele sabe e portanto está só no seu âmago.

JOMAV, contínua sendo uma criatura altamente perigosa para o país e para o futuro do nosso povo, continua sendo uma pessoa falsa e extremamente mentirosa ao ponto de premeditadamente pintar o discurso que hoje (ontem) proferiu na magna ANP, no acto da celebração do 42° aniversário da independência nacional.

Falou na sua qualidade de primeiro Magistrado da nação, chamando à colação algumas das suas atribuições enquanto tal; Disse ser o garante da unidade nacional, da paz, da estabilidade e da constituição.

Mas a verdade é que, pelo tipo de homem que é, pela sua maneira de ser e por tudo aquilo a que em pouco tempo nos habituou e fez... vai claramente continuar a fazer tudo ao contrário...vai continuar a ser o maior desgarante da unidade nacional, vai continuar a ser o maior promotor de conflitos e um autêntico ultrajador da nossa lei magna e por isso dos combatentes da liberdade da pátria.

Se o governo é uma emanação da ANP, por isso a sua responsabilidade política perante este órgão ocupa um lugar cimeiro e por conseguinte mais lógico em detrimento da responsabilidade política do Governo perante o PR, que nos parece ser apenas uma responsabilidade de conformação e certificação do cumprimento do programa e o orçamento aprovado no hemiciclo.

Ora se assim é porquê demitir um Governo que ostenta três moções de confiança do órgão para o qual responde politicamente por excelência? Se ele é o garante da unidade nacional; porque é que, com base num espírito de fomentar a desunião, levaria toda a facção perdedora do Congresso de Cacheu para compor o seu staff de Conselheiros e Assessores?

Se o PR é o garante de unidade nacional e, se fosse mesmo um homem sério, porque nomearia um PM sem consentimento do partido vencedor das eleições? Incluindo o facto de ser do seu conhecimento que é "persona non grata" no próprio partido?

O PR Jomav, não é sério e carece de toda dignidade política desde logo, quando se viu mergulhado numa absoluta incoerência em pôr em causa os estatutos do partido com os quais fora escolhido como candidato do próprio partido às eleições Presidenciais.

Meus senhores, todas as danças do Jomav em cima do povo e da lei, faz lembrar a participação do então candidato à presidência da República num debate onde afirmou que não, que nunca tinha lido a constituição e parece que ainda continua sem a ler.

Porque da Constituição o Jomav continua a não saber nada e muito menos os seus ditos conselheiros que não têm carácter nem dignidade. Não têm vergonha, caso contrário todos eles tinham posto os seus lugares à disposição a partir do momento da publicação do Acórdão, pelo péssimo serviço que prestaram ao país.

Autor: Bongalow da Verdade
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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

GUINÉ-BISSAU-42º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: Intervenção da União para a Mudança na ANP


Excelência Senhor Presidente da República;

Excelência Senhor Presidente da Assembleia Nacional Popular;

Excelência Senhor Primeiro-ministro;

Excelência Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça;

Excelentíssimos Senhores membros do Governo;

Honoráveis colegas Deputados da Nação;

Digníssimos Representantes do Corpo Diplomático e Organismos Internacionais;

Ilustres presentes,

A República da Guiné-Bissau comemora hoje o seu quadragésimo-segundo aniversário, mergulhada em mais uma crise, cujo desenlace final é para todos incerto, mas que adivinhamos irá deixar novas, profundas e graves sequelas no seio da sociedade guineense.

Isto, quando todos vaticinavam que após as eleições de Março de 2014, o país pudesse arrancar em definitivo rumo a uma nova era de estabilidade, paz, reconciliação e desenvolvimento.

Há um ano atrás, dia por dia, do alto desta tribuna, a União para a Mudança (UM), lendo os ensinamentos do passado recente, lançava um forte alerta à navegação, apontando para os riscos que o país poderia correr caso as mais altas instâncias de soberania não enveredassem, com sentido patriótico e de Estado, pela via do diálogo, na busca dos consensos indispensáveis visando a Reconciliação e a Estabilidade, enquanto premissas à criação de condições que favorecessem o processo de desenvolvimento económico, social, cultural e técnico-científico do nosso país.

O apelo então lançado, e que nos permitimos repetir, apontava para a necessidade de se “tirarem ilações e aprender com as lições de um passado ainda bem recente, que nos convocava a todos, inevitavelmente, ao diálogo, à busca de consensos na gestão governativa do país e à assunção de compromissos que permitissem, finalmente, relançar a Guiné-Bissau na senda do desenvolvimento sustentável e do progresso, que todos almejamos”.

Mais adiante acrescentávamos “ser urgente elevar e reforçar cada vez mais os níveis de confiança no seio da nossa sociedade, para que nós, guineenses, compreendêssemos que só unidos, no respeito das diferenças e com trabalho árduo e honesto, poderíamos avançar e construir um verdadeiro país próspero e de justiça social, isto é, o país com que sonharam os Heróis e Mártires da Luta de Libertação Nacional.” (fim de citação).

Este era e é um sonho ainda possível de se concretizar, se os órgãos de soberania souberem arrepiar caminho e eleger o bom relacionamento institucional como fator fundamental para a restauração da credibilidade do Estado, assim como, para a recuperação da confiança do povo guineense nas instituições públicas e nos seus governantes.

Exigia-se para tal, como essencial, a promoção e o reforço do clima de entendimento entre os órgãos de soberania, de forma a garantir que todos os problemas que se colocassem ao Estado da Guiné-Bissau fossem resolvidos num quadro de interdependência, de diálogo permanente e de solidariedade institucional.

Infelizmente, a nossa voz não foi ouvida e o país entrou numa nova deriva de consequências imprevisíveis, cujo peso já aflige e afeta a população guineense, com particular incidência nas componentes mais desfavorecidas da nossa sociedade.

É nosso entender, que as razões do poder, mesmo que sejam pela forma como o queremos exercer, não podem em circunstância alguma justificar ou pôr em causa as mais profundas aspirações do povo guineense à paz, ao bem-estar e ao desenvolvimento.

Sobretudo, tratando-se desse mesmo povo que votou em nós, conferindo-nos a responsabilidade de governar o Estado guineense em seu nome.

Excelências,
Digníssimos Deputados da Nação,
Minhas senhoras e meus senhores,

A lamentável situação que hoje vivemos, e que a nosso ver não tem qualquer razão de ser, mostra-nos claramente, que o poder se não for bem gerido, de forma patriótica, pode nos conduzir ao descalabro e mesmo ao suicídio, como Nação livre e independente.

É convicção da União para a Mudança, que na nossa ação política quotidiana, deve ser o homem, com ponderação e bom senso, a gerir o poder e não o poder a gerir o homem.

Pois, chegou a hora de a classe política se questionar e refletir, seriamente, sobre o que quer quando postula à assunção do poder e pede o voto ao povo!

Será que nos interessa somente o poder pelo poder, exercendo-o à nossa guisa ou, queremos o poder para servir aqueles que confiaram em nós, para gerir os destinos da Nação guineense, no contexto de um Estado de Direito Democrático, em que o primado da lei se afirme em permanência?

É neste capítulo que o respeito pela Constituição e pelas leis se torna um imperativo por parte de todos os órgãos de soberania, sem qualquer exceção.

Assim saudamos o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça no caso do incidente suscitado sobre a constitucionalidade do decreto nº 6/2015, que, para além de trazer uma nova credibilidade ao nosso sistema judicial, permitiu repor a legalidade constitucional e democrática que se exigia.

Agora que os imperativos do desenvolvimento se colocam, temos todos que pôr a mão na consciência, e, patrioticamente, procedermos a uma análise introspetiva dos passos que demos e questionarmos se estivemos à altura das nossas responsabilidades.

É preciso, pois, que a classe política guineense, no seu todo, assuma em definitivo as suas responsabilidades e ponha fim às manigâncias a que o poder convida, se quiser que o povo possa confiar e continuar a confiar nela.

Não podemos continuar a admitir que o conceito de política e de político tenha que estar ligado à falta de ética, à corrupção, à ausência de sentido patriótico, à defesa de interesses próprios, por vezes mesquinhos, em detrimento dos interesses nacionais.

Digníssimos colegas, Deputados da Nação,

Se quisermos construir o futuro e desenvolver o país, temos então que ter a coragem de moralizar a política, baseada em princípios e valores, e torná-la mais limpa e sã, colocando-a ao serviço da Nação!

Só assim poderemos corresponder ao desafio que se nos coloca: o da construção na Pátria de Cabral, de um futuro digno, de prosperidade, paz e estabilidade para os nossos filhos, com mais educação, mais saúde, mais progresso e mais desenvolvimento.

Da nossa capacidade de resposta a este imperativo resultará, necessariamente, sabermos se estamos à altura dos desafios com que a História e a dinâmica do mundo moderno nos vão incessantemente confrontando.

Excelências,
Minhas senhoras e meus senhores,

Não poderíamos concluir sem dirigir uma palavra de apreço à Comunidade Internacional, pelo apoio e solidariedade manifestados ao povo guineense, apesar do cansaço resultante das cíclicas crises que a Guiné-Bissau tem vivido!

Honra e glória à memória de Amílcar Cabral e dos Heróis e Mártires da Luta de Libertação Nacional!

Viva a República da Guiné-Bissau, livre e independente!

Bem-Haja!

AFECTOS COM LETRAS: Venham mais... 42!




DITADURA DO CONSENSO, felicita o Povo da Guiné-Bissau pelo 42º aniversário da sua independência. O editor do blogue garante que continua ...:






GUINÉ-BISSAU-42º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: O filme de uma vida em Bissau em que tudo corre mal, mas desistir é proibido


A vida de Mamadu Candé é como um filme de tudo o que pode correr mal na Guiné-Bissau e da persistência em lutar contra os obstáculos, com a ajuda de amigos .

Se num país despedaçado pela instabilidade a vida já é difícil, é ainda pior para uma pessoa deficiente, com as pernas quase paralisadas e sem rendimentos.

Mamadu, 24 anos, tem um objetivo: quer ser jornalista. Para lá chegar, o ponto de partida deixou-o logo em desvantagem: não só por nascer na Guiné-Bissau (a taxa de pobreza é de 70 por cento, segundo dados das Nações Unidas) e ainda por cima longe da capital (em Galomaro, Bafatá), mas por perder a mobilidade. Lusa - ler mais AQUI

GUINÉ-BISSAU-42º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: Poder tradicional reclama "maior presença" nos assuntos do Estado guineense


O Estado da Guiné-Bissau podia ser ajudado a melhor governar se tivesse em conta o papel que os chefes tradicionais tiveram no passado, admitiram à Lusa três régulos que se assumem como "dignos representantes" do povo.

Saico Embaló é régulo de Gabu, Tcherno Sanhá é da região de Badorá e Augusto Fernandes é o juiz do povo do Geba e presidente da Associação dos detentores dos poderes tradicionais.

Os três são detentores dos poderes ancestrais em regiões diferentes mas advogam a mesma posição: a devolução de competências aos régulos para realizarem justiça, dirimirem os conflitos e "vigiarem a terra", que todos afirmam que lhes pertence "na realidade". Mais AQUI Lusa

GUINÉ-BISSAU-42º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: Guineenses de mérito serão premiados


As figuras guineenses com trabalho de mérito vão ser homenageadas para que o seu exemplo seja seguido pelas novas gerações no projeto HomenageArte do Movimento Ação Cidadã (MAC), que quer refrescar os ideais da independência da Guiné-Bissau.

"Temos que atualizar os nossos desafios, as nossas lutas. Não podem ser baseados meramente no passado" em figuras históricas como Amílcar Cabral e outros combatentes, refere Miguel de Barros, membro do movimento. "Mesmo que existam e que nos orientem, temos que projetar novos 'Cabrais'" em diferentes áreas. Daí a necessidade de "promover o mérito".

"Foi nesse contexto que achámos que faz todo o sentido podermos homenagear alguém que tenha deixado algum legado positivo", destaca Juelma Nazareth, que também faz parte do MAC. Lusa

GUINÉ-BISSAU-42º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: Francisa Pereira, a 'mamã' do PAIGC


Justa homenagem AQUI

GUINÉ-BISSAU-42º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: PAIGC SECÇÃO FRANÇA


24 de Setembro - Comunicado do PAIGC_Secção França

É com coragem e determinação que a Guiné-Bissau realiza hoje os seus 42 anos de independência. A luta do povo para a auto-determinação é um processo irreversível para a conquista dos seus direitos e a preservação da sua dignidade.

Podemos aceitar que, em cada momentos da história de um pais, possa haver convulsões políticas e sociais que impedem a segurança e a estabilidade de um Estado. A Guiné-Bissau está numa fase da sua maturidade política, da busca do diálogo construtivo e da unidade nacional.

A direcção do PAIGC Secção_França, sempre militou pelos princípios do diálogo, da unidade nacional, e do respeito das instituições da República. A Pátria de CABRAL, de certeza, está em busca permanente do seu próprio caminho de desenvolvimento.

24 de setembro é um dia de liberdade de expressão e dos movimentos dos Guineense em todo o território.

Viva o Povo da Guiné-Bissau !

Paris, 24 de setembro de 2015

A direcção da Secção França