quinta-feira, 25 de julho de 2013
António Aly Silva em entrevista à Rádio Morabeza: “Quem tem interesse em espiar a Guiné é a DEA”
António Aly Silva, jornalista guineense, é uma das vozes críticas que se levanta contra a detenção dos polícias cabo-verdianos na Guiné Bissau. Em entrevista exclusiva à Rádio Morabeza Aly Silva declara que tudo não passa de uma represália do governo guineense por causa da detenção de Bubo Na Tchuto em águas cabo-verdianas. Pode OUVIR a entrevista na íntegra.
António Aly Silva - É de lamentar que as autoridades da Guiné, uma vez mais estejam a passar uma imagem negativa para o mundo e sobretudo para os nossos irmãos de Cabo Verde. Povo com o qual fizemos uma luta em que cada um conseguiu a sua independência e pela qual muitos guineenses e cabo-verdianos morreram. Isto era uma coisa de evitar. Eu sei que as autoridades da Guiné, ilegítimas como são, com a incompetência que reina naquele governo que tem o apoio de quatro países, um pais que está cercado económica e politicamente nas instâncias internacionais credíveis esteja nervoso. E tenta com cada atitude errar ainda mais. Cada vez que o governo da Guiné tenta emendar a mão faz mais disparates, portanto eu lamento profundamente isto que está a acontecer, isto é uma coisa que se devia resolver muito facilmente. Aliás, há uma coisa que as pessoas ainda não perceberam… os agentes cabo-verdianos, antes de serem agentes são cidadãos de uma comunidade chamada CEDEAO onde todos os nacionais de cada um desses países tem livre circulação nesse espaço. Falhou alguma coisa. No momento em que as autoridades cabo-verdianas foram a Bissau entregar uma ex-detida com pena acessória de expulsão estavam a cumprir uma lei que é reconhecida internacionalmente. Muitas vezes guineenses chegam a Bissau levados por agentes do SEF português. Eu mesmo sou testemunha de vários casos e nunca aconteceu o que se esta a passar com os agentes da policia de imigração de Cabo Verde. E há outra coisa. Tudo isto servirá para que a Guiné continue no lamaçal em que está. Coitado daquele povo que não tem quem lhe acuda. Todas as pessoas falam em governos e em eleições, ninguém fala do povo da Guiné Bissau que é o menos tido em conta em toda esta questão.
Rádio Morabeza - O que está em causa?
Está em causa a hipotética prisão do Bubo nas águas de Cabo Verde com a ajuda dos polícias cabo-verdianos. Isto é uma represália patética, ordinária. Não se pode admitir. Cabo Verde não deverá admitir esta humilhação, porque isto é uma humilhação. A Guiné tem mais de 8000 guineenses a viver em Cabo Verde. Vamos imaginar, eu nem quero supor que isso um dia possa acontecer, mas vamos imaginar que represálias aconteçam também do outro lado. Isto tudo não ajuda ninguém. Isto tudo é… Eu não sei o que é que aquele país tem, não sei que mal fizemos para que tenhamos o castigo que estamos a ter. Com guineenses que não podem voltar a ver o seu pais, com guineenses todos os dias a serem raptados, espancados, assassinados… disto ninguém fala, as pessoas querem apenas eleições. Não resolve nada eleições, já ficou provado que não se resolve nada. Faço aqui um apelo ao governo da Guiné Bissau, deixem os cidadãos de Cabo Verde, os polícias, regressar ao seu país. Podem regressar e se houver um processo depois podem ser chamados. O governo da Guiné tem que aprender uma coisa… e isto é válido para este governo, para o que saiu, para o que há-de vir… em diplomacia, às vezes, há que engolir o peixe pelo rabo. Eu não sou diplomata, mas sei o que é diplomacia, porque eu estudei. Eles não podem tomar de ânimo leve decisões que podem ferir relações entre os estados mais próximos. Os mais próximos de nos é o Senegal, a Gambia e Conakry, mas o mais próximo dentro de nos e do nosso coração é Cabo Verde. Não é mais nenhum, não é Portugal, é Cabo Verde. Temos um líder comum, que lutou 11 anos e que foi assassinado pelos guineenses. Começaram a matar ali e continuam a matar pessoas e a prender pessoas. Sabe Deus em que condições estão essas pessoas, sabendo eu como são as celas das prisões naquela cidade de Bissau, porque de certeza que não os levaram para Mansoa ou para Canchungo, ou para Bafatá onde existem duas prisões novas. Sabe Deus em que situação se encontram. Deixem os homens em paz. Não há nada, o primeiro-ministro de Cabo Verde já disse que o país não tem serviços secretos. Quem tem interesse em espiar a Guiné é a DEA [n.d.r. Drug Enforcement Agency] e é o que tem feito. Aliás, nos documentos revelados pelo Snowden, a Guiné aparece como um dos países monitorados e continua a sê-lo. Eles querem apanhar os bandidos que lá estão, a começar pelo General e a descer até ao continuo… é só bandidos. E para tapar tudo isto fazem disparates a torto e a direito. Prendem pessoas, deixam-nos sabe Deus como sem serem ouvidos durante alguns dias, magistrados que não querem pegar no processo porque não vêem ponta por onde pegar para acusar alguém, e corre até, segundo uma fonte minha, que o próprio director da Judiciária é capaz de sair por causa deste processo. Não têm nada para pegar. Nada. Estão cegos, o guineense parece… somos 1 milhão e 600 mil e metade é surdo e a outra metade é cega! Mas que coisa é esta? Isto é uma afronta para a comunidade internacional que para além de ter tolerado, entre aspas, o golpe continua a confrontar-se com isto e até o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, António Patriota, disse há dias “até às eleições convém que haja estabilidade, nós não queremos que uma agulha se parta” e eles partem… quer dizer, isto é gozar. Eu acho que o Ramos Horta já bebeu água do Pidjiguiti, já dança gumbé, já fala crioulo e já come com as mãos. A Guiné Bissau está perdida. Isto é um alerta de socorro, se não nos ajudarmos… acabou, aquele país está perdido, completamente perdido. Se não podem ajudar a Guiné, vedem as fronteiras, saiam e deixem o povo, porque o povo também não faz nada, este povo é assim…
O que é que pode acontecer aos polícias cabo-verdianos agora que estão sob a alçada do António Indjai?
Olhe, eu não sei por que carga de água… nós temos um Procurador Geral da República… é bom que se perceba a Guiné. Quando se deu o golpe, lembrei-me da frase do Presidente Bush, quando as torres gémeas caíram… “Ou estão connosco ou estão contra nós”, quem estivesse contra eles e estivesse no país acontecia-lhe o que tivesse de acontecer, temos vários casos. Não acredito, e estou a dizê-lo como cidadão guineense, não acredito que o próprio Tribunal Militar encontre provas para acusá-los e condená-los. Não acredito. E não acredito numa outra coisa, um estado como Cabo Verde, que é um estado não é uma brincadeira de estado ou um estado de espírito, Cabo Verde tem os seus problemas como todos os países têm os seus problemas mas, Cabo Verde mostrou que é um estado. Tem atitude de Estado, vemos os seus membros do governo, vemos o pessoal que trabalha no Estado, nos altos cargos. É um estado a sério e que é levado a sério pese os problemas que tem e que tem tentado resolver. As pessoas na Guiné costumam dizer que Cabo Verde também tem tráfico de droga. Pois tem, mas quando são apanhados vão para onde? Vão para a cadeia e são julgados e são condenados. Há aquele célebre processo da Lancha Voadora. As pessoas estão na cadeia. Não é como na Guiné vais para a cadeia e à noite vais para a discoteca com uma namorada, vais beber um copo e depois voltas para a cadeia! Mas que país é este? Eu algum dia supus o meu país assim? Nunca! Guiné não é Estado, a Guiné não tem nada a ver com um Estado. A Guiné já nem é um Estado falhado, a Guiné é um Estado que não existe. A Guiné existe no mapa porque há um traço que nos faz ter fronteiras com três países porque de resto é só isso. A Guiné não tem nada. A Guiné não sabe sequer quantos habitantes tem, não sabe quantas camas tem nos hospitais. A Guiné não é nada! A Guiné é como uma casa onde cada um gere como quer… esse é que é o problema. A Guiné tem de ser tomada pela ONU como fizeram com Timor Leste, porque se o Ramos Horta é mesmo amigo da Guiné era a primeira coisa que dizia nas Nações Unidas. “Amigos, sem partir uma palha, vocês entraram aqui [n.d.r. Timor Leste] e fizeram um Estado reerguer-se e depois entregaram-no… façam o mesmo com a Guiné Bissau!” A União Africana não precisa de mandar um email à CEDEAO a dizer “olha, nós vamos tomar isto em mãos”, não precisa, porque a União Africana é a organização maior do continente e a CEDEAO são 24 países. Se a Guiné Bissau fosse largada e tomada em mãos pela ONU, daqui a dez anos, quem voltasse à Guiné ia dizer que estava no céu, porque temos mais recursos que qualquer um deles [n.d.r. os quatro países que reconheceram o governo golpista]. O problema do Senegal com a Guiné é o porto de Buba que seria o motor da economia nacional, e é isso que o Senegal não quer e continua a não querer. O Senegal não pode connosco, nem nos quer ver, é um país que não gosta de nós. É uma relação entre estados que são como duas comadres não podem uma com a outra! Portanto, se as Nações Unidas não resolverem imediatamente o problema da Guiné, sairão terroristas, sairá mais droga, sairá tudo o que é de mau para matar europeus, para matar ocidentais.
Todos os dias há notícias de guineenses presos nos aeroportos com bolotas de cocaína. Eu amanhã vou viajar e quando chegar ao aeroporto quase tenho de me despir, porque sou guineense, logo sou traficante de droga. Tudo isto não nos ajuda, não nos ajuda minimamente. O povo da Guiné Bissau também tem a sua dose de culpa. É um povo, fraco, é um povo completamente prostrado e a conviver com a canalha na mesma cidade que é tão pequenina que nos cruzamos a toda a hora e ainda por cima riem-se com eles e se for preciso ajudam-nos. Este é que é o problema da Guiné e dos guineenses…
Vou voltar à questão dos cabo-verdianos, o que é que vai acontecer aos dois policias cabo-verdianos agora que estão sob alçada do tribunal militar?
Francamente! Isto é tudo uma conivência do António Indjai, que é de facto o homem que manda na Guiné, é o Presidente, o Primeiro-ministro, até para se nomear um director tem de se passar pelo António Indjai. E é isto que o mundo civilizado reconhece como inclusão, uma nova palavra para legitimar golpes e estas coisas todas. Mas não acredito que o tribunal militar vá levar esse processo adiante porque não vai ter provas, não há nada, quero aqui dizer, apelar à família dos agentes, ao governo de Cabo Verde para que estejam tranquilos. A Guiné Bissau, o seu povo, não falo deste governo que lá está ilegalmente, o seu povo sempre conviveu com os cabo-verdianos. Aconteceu o golpe de 80 e nenhum cabo-verdiano foi tocado na Guiné para sair do país. Continuamos todos lá, falamos todos a mesma língua. Que isto em nada belisque a relação entre os nossos dois povos, que é muito mais do que aquilo que lá está neste momento naquele país a fingir que governam. Não tem nada a ver, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Nada! É pura e simplesmente uma represália que, para mim foi triste e de lamentar, mas isto não pode beliscar a relação entre os dois povos.
A Guiné há de voltar a ter o seu governo legal que o povo votará. Este aqui está no fim, este não aguenta. A Guiné vai voltar a ter um golpe de Estado não tarda, isto ponho as minhas mãos no fogo e digo com toda a clareza, a Guiné vai sangrar de novo. As pessoas vão ver o que vai acontecer outra vez. Nada vai acontecer com os agentes da Policia de Cabo Verde, de certeza, e espero que estejam a ser bem tratados, na medida do que é que podemos entender por bem tratados quando alguém já está preso. Mas espero que brevemente possam voltar ao seu país e para junto das suas familias.
Na sua opinião este processo está quase a conhecer o seu desfecho?
Tenho quase a certeza, porque se há um processo patético, ou seja, mais um, é este.
Director-geral da PJ pediu demissão
O Director da Polícia Judiciária da Guiné-Bissau, João Biagué, pediu a demissão do cargo. Segundo apurou a RDP-África, a decisão de Biague surge após várias pressões de que tem sido alvo, na sequência da detenção dos dois Agentes da Polícia cabo-verdiana em Bissau.
João Biagué tem recusado falar com a Imprensa sobre este assunto, alegando que "não foi a Policia Judiciária que deteve os dois agentes." O pedido de demissão de João Biagué, do cargo do Director Geral da Polícia Judiciária guineense foi expressa através de uma carta enviada ao Ministro da Justiça, Mamadu Saido Baldé.
Polícias timorenses
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, José Luís Guterres, disse hoje que três polícias timorenses viajaram na quarta-feira para a Guiné-Bissau para integrarem a missão da ONU naquele país. "É uma honra e uma alegria para nós enquanto timorenses podermos contribuir para missões de paz das Nações Unidas, pois desde 1999 que recebemos missões da ONU que nos ajudaram a manter a paz no país", afirmou José Luís Guterres. Segundo o chefe da diplomacia timorense, agora chegou a altura de Timor-Leste "começar a contribuir".
DEA-EUA-ANTÓNIO INDJAI: Contagem decrescente
No dia em que o contra-almirante Bubo Na tchuto está de volta ao tribunal para responder por crimes relacionados com o tráfico de drogas, os EUA não se esqueceram do acossado António Indjai. O subtil recado deixado às autoridades de transição guineense pelo embaixador norte-americano para a Guiné-Bissau, com residência em Dakar, aquando da sua última visita ao país, foi claro: a Administração norte americana em nenhum momento se "esqueceu" do caso António Indjai, general guineense e Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, acusado de crimes de tráfico de droga e de armas visando um complô contra os EUA. O embaixador garantiu ainda que as autoridades do seu pais continuam empenhadas e determinados em traduzir António Indjai perante a justiça norte-americana.
Relativamente a este dossier, fontes bem informadas do Ditadura do Consenso dão conta de que, elementos operacionais do Departamento de Estado norte-americano e da DEA reúnem-se frequentemente com as autoridades securitárias da CEDEAO com base em Dakar, tendo como pano de fundo António Indjai. Dakar tornou-se, assim, a base de toda a operação, que poderá passar por uma 'blitz' a fim de tirar Indjai da sua toca e levá-lo à presença da justiça federal.
Na sequência da captura de Bubo Na Tchuto, as autoridades norte-americanas estavam determinadas em completar o "bouquet" e capturar por quaisquer meios António Indjai, não se importando minimamente com as repercussões internacionais desse acto. Temendo incompreensões regionais, a CEDEAO chegou-se à frente prometendo "tratar do assunto" a nível regional e de preferência sem ferir susceptibilidades das autoridades militares guineenses. Nesse particular interpuseram essencialmente, e por razões óbvias, o Senegal, temendo repercussões sobre o conflito de Casamança; e a Nigéria, temendo este, a perda de sua autoridade de policia regional. Segundo os planos da CEDEAO, num primeiro tempo, far-se-ia subtilmente sair da cena o general, propondo-lhe uma boa reforma e um "posto" num qualquer comando militar regional na Nigéria. Num segundo tempo e, após ganhar a sua confiança..., deixá-lo-iam cair nas malhas da DEA.
Até agora, o CEMGFA não caiu no engodo da CEDEAO e tem declinado todos os convites para ir a Abuja. Porém, o tempo foi passando e como não se vislumbrava nenhuma saída para o dossier Indjai, os americanos tornaram-se impacientes e pedem resultados, sob pena de entrarem eles mesmos em acção e consumarem a sua captura. A impaciência americana provocou esses novos encontros que deverão ser decisivos, segundo a nossa fonte.
A agravar colateralmente a situação, está igualmente a recente atitude das autoridades guineenses em deterem dois agentes da Policia cabo-verdiana em circunstâncias pouco claras e com cheiro a vingança. A Autoridades norte-americanas entendem essas detenções como sendo uma revanche guineense à captura do barão da droga Bubo Na Tchuto. Bissau tem acusado deliberadamente as autoridades cabo-verdianas de implicação directa nessa operação e deixaram implícitas que haveria retaliação. Essa atitude infantil das actuais autoridades de Bissau, teve como efeito provocar a exasperação dos norte-americanos que voltaram a meter pressão sobre o dossier Indjai, porquanto é de convicção dos Estados unidos de que o general está por detrás dessa rocambolesca "vendetta". Novos encontros estão previstos para Dakar, onde se espera que saia fumo branco para fechar o dossier o mais rapidamente possível. AAS
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Bubo Na Tchuto regressa ao tribunal na próxima quinta-feira
O Contra-almirante guineense José Américo Bubo Na Tchuto regressa ao Tribunal do Distrito Sul de Nova Iorque, onde volta a responder por tráfico de droga. O ex-chefe do Estado Maior da Marinha foi capturado a 2 de abril, a bordo do seu iate ao largo de Cabo Verde, por forças da Drug Enforcement Administration e está detido nos Estados Unidos, acusado de conspiração em traficar droga, nomeadamente cocaína proveniente da América do Sul, em território americano. Juntamente com Na Tchuto, foram detidos pela DEA seis alegados cúmplices.
Como consequência da prisão de Bubo Na Tchuto, a DEA acabou por acusar o actual CEMGFA da Guiné-Bissau, general António Indjai, de quatro crimes, entre os quais tráfico de droga e associação com organização terrorista (a colombiana FARC). RDP-África
Casa da Guiné-Bissau em Coimbra
Os novos órgãos da casa da Guiné-Bissau em Coimbra, foram empossados no dia 19/07/2013, na presença do Encarregado de Negócios da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal, Embala Fernandes e seus colaboradores, de uma representação do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal) e de colaboradores de algumas associações como a casa de Angola, a de Moçambique. Estiveram igualmente presentes representantes das câmaras municipais e das juntas de freguesias da zona centro de Coimbra e demais órgãos individuais da cidade de Coimbra; isto só nos reforça a vontade e empenho nas nossas funções no sentido de alcançar conjuntamente os objectivos pretendidos pelos nossos irmãos na diáspora.
O nosso empenho em obter resultados positivos dos problemas dos nossos irmãos na diáspora, torna-se num dos nossos principais objectivos, isto mostra qua a nossa tarefa é de supra importância na nossa comunidade - a resolução de vários dossiês. Não vamos garantir que vamos resolver todos os dossiês que chegam às nossas mãos, mas garantimos que não vamos virar costa à luta que a comunidade Guineense nos propõem neste momento. Se realmente confiou em nós temos que estar à altura de responder as suas necessidades (nha Ermos anos Guineenses Nunca na ca dissa di luta),por isso vamos dar abraço a esse projecto e tentar minimizar os sofrimentos dos nossos irmãos.
Abraços para todos guineenses que esperam de nós um bom trabalho e que sejam exigentes porque o povo da Guiné-Bissau merece sempre um bom tratamento.
Lista dos novos Órgãos da casa da Guiné-Bissau em Coimbra
Presidente
António Gomes Embaça
Vice-Presidente
N´cok Lama
Departamento das finanças e Tesouraria
Sabino Correia
Departamento das Relações Exteriores
Alanso Sani
Departamento Jurídico
Júlio Gomes dos Santos
Departamento da Juventude, Cultura e Desportos
Adulai Baldé (Lai)
Departamento da Acção Social e da Politica de Integração
Agostinho Tavares Amarante
Departamento de Comunicação Social
Teodoro Lopes da Cunha
Departamento de Educação, Formação Profissional e Emprego
Adulai Baldé
Suplentes:
Michel Lopes
Bernardino Afonso Henrique
Badjana
Adalgisa Berdernaike Almeida
Mesa de Assembleia Geral
Presidente
Laminé sissé
Secretário
Zeferino Nhala Tchuda
1º Vogal
Gilberta Falcão
Concelho fiscal
Presidente
Domingas Bento
Vice Presidente
Cristiano Francisco Manga
1º Vogal
Teresa Gomes Embaça
Feridas reabertas
Por: Manuela Ferreira
"A confirmar-se a notícia de que dois polícias cabo-verdianos, detidos na Guiné-Bissau, quando em missão de serviço, serão julgados em tribunal militar, revelaram-se inúteis as diligências do primeiro-ministro de Cabo Verde, junto do presidente da transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, à margem da Cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Parecem reabrir-se feridas com mais de quatro décadas, entre Cabo Verde e a Guiné-Bissau, muitas delas geradas ao tempo da luta pela independência, que pontualmente parecem sanadas mas que ciclicamente se reabrem.
O próprio título na notícia do blog “Ditatura do Consenso” revela esse mal-estar – “Afronta: Agentes cabo-verdianos serão julgados em tribunal militar”.
Terá sido o próprio procurador-geral da República, Abdú Mané, que revelou que os dois agentes da Policia de Migração de Cabo Verde serão julgados em Tribunal Militar.
No seu auge de incompetência e de arbitrariedades, Abdu Mané afirmou que os dois agentes são acusados de crimes contra a segurança do Estado (no seu Estado ditatorial e golpista) por isso vão responder perante o fórum de justiça militar. Depois de 11 dias em regime de detenção ilegal e abusiva, e depois dos dois magistrados do Ministério Público terem recusado assumir o processo devido à inexistência de factos de natureza criminal, o justiceiro acabou por mandar a batata quente ao tribunal militar onde, de certeza absoluta, os dois agentes serão condenados a pesadas penas”, escreve o blog, acrescentando:
“Como é do conhecimento público, o Tribunal Militar guineense é uma extensão do Estado-Maior General das Forças Armadas sob comando do acossado general António Indjai, por isso tudo é feito nesta instituição com base naquilo que determina a sua vontade e interesse. As tentativas de invenções de factos e mentiras do PGR Abdu Mané em estreita colaboração com o ministro da Justiça, Mamadu Saido Baldé, para obter a criminalização dos agentes através de pressões sobre o director da Policia Judiciária e magistrados do Ministério Público não surtiram os efeitos desejados”.
“Por isso, a única forma de esconder a manipulação, a incúria, a incompetência é enviar o processo ao Tribunal Militar e transferir os dois agentes para as instalações militares, lavando as mãos como Pilatos. No âmbito ainda deste processo manipulado, apurou o Ditadura do Consenso, o director da Policia Judiciária pode ser demitido a qualquer momento devido à sua recusa de dar uma conferência de imprensa para acusar os dois agentes tal como era exigido pelo PGR Abdu Mané e o Ministro da Justiça”.
A situação não parece nada fácil para a Cidade da Praia mas Bissau terá também que arrostar com as consequências dos seus actos. Há menos de duas semanas, ao terminar uma visita ao país, o secretário-geral assistente da ONU para os Direitos Humanos, Ivan Simonovic, admitira que o respeito pelos direitos humanos na Guiné-Bissau, piorou “significativamente” desde o golpe de estado de Abril 2012.
Sublinhou que as eleições previstas para Novembro só poderão ser livres, justas e transparentes, se for implementada uma série de pré-requisitos de direitos humanos – um quadro que nada tem a ver com a prisão dos dois polícias que continuam sem saber por que foram detidos. Apesar da aparente moderação de Cabo-Verde, o primeiro-ministro José Maria das Neves lembrou já, publicamente, que ninguém pode estar detido numa prisão mais de 48 horas, sem qualquer acusação e sem ser presente às autoridades judiciais. Sublinhou que não é possível, “arbitrariamente”, manter pessoas na prisão.
“Não há nada de anormal na atitude e no comportamento dos agentes cabo-verdianos, que escoltaram uma senhora que tinha sido deportada por ordem judicial. Só isso. Não há mais nada em relação à ida dos dois agentes à Guiné-Bissau. Estamos a tratar a questão com tranquilidade e serenidade, para resolver da melhor forma possível esta situação”, acrescentou.
Revelou também que se encontrara, em Abuja, na Nigéria, à margem da Cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com o presidente da transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, com quem abordou a questão, mas não adiantou pormenores. “Temos de ir com calma e serenidade, porque o nosso objectivo é proteger a vida deles e garantir que se respeitem os direitos humanos”, disse, numa clara alfinetada ao “calcanhar de Aquiles” de Bissau.
Pelos corredores têm surgido vários boatos sobre as verdadeiras causas da detenção, claramente provenientes do lado da Guiné-Bissau. Mas sejam quais forem as razões, Bissau não pode justificar como é que dois cabo-verdianos estão detidos há tantos dias sem acusação, com a agravante que um deles é doente e não tem recebido os cuidados médicos necessários. Para quem quer voltar ao clube dos países democráticos, é pelo menos um cartão de visita em muito mau estado. Lusomonitor
terça-feira, 23 de julho de 2013
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