domingo, 27 de maio de 2012
Kuma bôs, kin kons di bida, ku n'bala na sabura...
Adivinha, adivinha
Da estupefacção ao riso... foi, meio passo. Não resisto a fazer alguns comentarios sobre certas «ilustres» figuras que fazem parte dessa verdadeira associação de malfeitores e salteadores, que o Presidente da CEDEAO, em Bissau, teve a ousadia de bafejar o povo Guineense. Enfim, fica para amostra uma parelha de falsos titulados de «Doutores» e «Engenheiros». O que esperar dessa gentalha que tomou de assalto o poder na Guiné-Bissau? Nada. Mas, indo directo ao assunto, começo pelo cabeça de lista:
QUEM SERÁ?:
É o mestre dos 'bonnes de trésor', que empobreceu o erário público guineense, quando passou pelo Ministério das Finanças e fez enriquecer um seu «testa de ferro» actualmente principescamente instalado num país da sub-região. Discrecto, mas frio e calculista para alcançar os seus objectivos, esconde bem a sua incompetência para lidar com situações de "apertos" na permanente postura de indecisão. Tudo faz para satisfazer a vontade dos seus patrões de sempre - os militares e o seu clã. A eles se deve a sua quase crônica presença nas instâncias da UEMOA e a eles deve, também, a sua "ascensão" ao cargo;
QUEM SERÁ? («Dr»?...hum!):
É o mestre dos calotes, vulgo "mon di timba", e useiro e vezeiro no jogo da trapaça. Notoriamente conhecido como fazendo parte da ligação ao narcotráfico, sendo mandatário encapotado dos seus interesses na Guiné-Bissau. Aquando da curta passagem pelo Governo da Unidade Nacional, amealhou o suficiente para comprar com «cash» uma belissima casa em Prior-Velho, um Porsche e um WV Touareg, e outros bens de luxo zeladamente escondidos dos seus credores em Portugal. Nos tempos livres, dedica-se à pedofilia e descaminho de menores. Amante da noite e da má vida. Até o Pai foge dele..., tantas foram as "banhadas" do filho, tendo mesmo accionado uma queixa crime contra este. Que Deus nos acuda desse predador económico e...;
QUEM SERÁ?
Este é outro 'djitu tem ku tem'... Mas, infelizmente, não tem djitu para nada a não ser Golpes de Estado. Mestre da conspiração, acérrimo defensor da teoria da "vitimização" da etnia balanta. Outro "engenheiro" dos golpes com os 'bonnes de virement' do Tesouro Público e cúmplice na delapidação dos bens públicos no triste reinado de Kumba Yalá. Traiu Hélder Proença (assassinado em 2009), servindo-lhe de engodo para lhe entregar às mãos do actual CEMGFA... o resto da história contar-vos-ei noutra ocasião, embora os próprios responsáveis da morte deste estejam a vender e a contar falsas versões desse casos. De Dakar, onde vivia, participou directamente no retorno de Kimba à politica e ao pleito eleitoral, graças ao financiamento do Advogado da viúva do Presidente Nino, Dr Boucounta Diallo. Teve igualmente influência marcante neste processo do Golpe de Estado de 12 de abril. Queria ser PM, mas sobrou-lhe um cargo mais modesto... enfim, outro terreno propício para, durante um ano, vender crapulosamente os interesses da Guiné-Bissau a muitos e sedentos interessados nas nossas potencialidades.
OLHA ESTE!
O homem de mão de Kumba Yala para os trabalhos sujos. Um autêntico serial killer, discreto..., mas mortal. Ponham-se a pau...
E MAIS ESTE
Outro exemplo de quem não podia ser Magistrado. Corrupto até ao tutano, complexado e vingativo. Finalmente, tirou desta vez a cabeça de fora. Conjuntamente com P. S., constituem o tandem do PRS no STJ. Tudo fizeram para bloquear a candidatura do Cadogo e, continuarão a fazé-lo, pois o cenário está já a ser montado para o segundo "round"...
O ROUXINOL da ROTUNDA
O único «senhor» da extensa lista de Drs e eng°. Um pé descalço, um peixe fora de água... não pode viver fora do poder para ter acesso aos mamanços. Chorou quando caiu o primeiro governo de Cadogo e acusou este de não os terem deixado «aproveitar nada e de terem saido com uma mão à frente e outra atrás». Desta vez, decerto sairá com a barriga cheia dos minérios e petróleos da Guiné-Bissau. Nas pescas, a sua avidez pelo dinheiro, foi até ao ponto de cobrar comissões aos candidatos a embarcadiços nos barcos de pesca. Porém, desta vez, estando minerado e petrolado, que não se esqueça pelo menos de ir liquidar o enormissimo descoberto que tem na Ecobank... um grande buraco de "mon di timba" de largos milhões que até hoje não sabe justificar.
OUTRO PIRATA
O 'Sr' Ministro dos Golpes de Estado e de governos de Transição, sejam elas pacíficas ou violentas. Está sempre a transitar, entre o BCEAO e o Governo ou Conselheiro Presidenciais. Três vezes ministro, todos em regimes anormais, sejam de de golpes de Estado, ou de transição. O ministro preferido dos militares, com quem se entende na perfeição e nas titulagens forjadas. Um verdadeiro desastre para a economia da Guiné-Bissau, pois está entregue a esta predador nato. Catalogado de «alto quadro do BCEAO», onde irônicamente não fez mais do que um par de anos no conjunto do tempo de serviço prestado. Foi nomeado Director na sede dessa instituição, baseando-se no suposto «rico curriculo de ministeriavel», porém cedo deu ele conta que aquilo era muita areia para o seu camião e,... nada melhor do que, "bater a sola" e, regressar as lides que mais domina..., a politica e a conspiração. Em pezinhos de lã... la se foi a sua lide preferida, e do nada aparece titulado Conselheiro do falecido Presidente Malam Bacai Sanha. Pelas bandas de Dakar diz-se que, «bazou»...mas por falta de arcaboiço.
CÁ ESTÁ UM, O PAPAGAIO
Este é outro Ministro das situações de anormalidade, isto é, de Golpes e de transições. Recebe agora o prémio pelas suas patéticas chicanas de analises encomendadas. Sem carácter e, tendencialmente, sempre do lado de situações perversas. Um instigador e manipulador nato das inconstâncias da vida politica guineense da qual sempre se aproveita em consequência. Tudo o que faz só tem um sentido: os seus interesses... o resto é só "bitaites" e "postad-de-pescada". Estando no "governo golpista", teve, mais uma vez, o prémio a que a sua competência normal nunca lhe daria. Bravo!
Por agora, fico-me por cá. Quanto aos outros, não é que não mereçam o meu comentário. Uns por não serem particularmente relevantes os seus "quês" de conduta politica, moral ou social, mas tão só porque seria exaustivo. Há outros que mereceriam o meu comentário, a grande maioria não citada, porém, porque não quero ser exaustivo e abusivo. O seu dia chegará...
A GUINÉ-BISSAU NÃO É UM FEUDO DA CEDAEO NEM UMA PROVÍNCIA DO SENEGAL, MUITO MENOS DA NIGÉRIA, DO BURKINA FASO OU DA COSTA DO MARFIM, PAÍSES CÚMPLICES DA SITUAÇÃO ACTUAL DO NOSSO PAÍS.
REPUDIEMOS A PRESENÇA DAS TROPAS SENEGALESAS E DE OUTROS NARCO-ESTADOS ENCAPOTADOS NO NOSSO TERRITÓRIO, PORQUE ELES JÁ INVADIRAM O NOSSO TERRITÓRIO E MATARAM SELVATICAMENTE OS NOSSOS IRMÃOS GUINEENSES. ELES DEVEM SER CONSIDERADOS PELO POVO COMO FORÇAS INVASORAS, E, COMO TAL, MERECEM UMA LUTA SEM QUARTEL!!!
Bem haja à Guiné-Bissau
PS: Por fim, não compreendo o discurso do «Presidente da CEDEAO». Serã que ele agora é também Chefe do Governo ??. Fala de auditorias internacionais, baixa de salários. Tudo isso num ano!!! Espero que mostre ao Povo o seu «roteiro de presidência da CEDEAO» para que o Povo fique a saber se, também, a CEDEAO ja impôs na Guiné-Bissau o regime presidencialista e, já agora, por quanto tempo!!!. Espero que o faça pois o seu tempo de prestar contas quanto à sua enfeudização aos jogos da CEDEAO chegará mais cedo do que espera... e terá que se justificar-se a esse Povo que vergonhosamente TRAIU. AAS
Cuidado com a pedra
- Corre por Bissau, tendo o barulho chegado a Lisboa, que o presidente golpista imposto pela CEDEAO aos guineenses... gastou 30 milhões de Francos CFa (50 mil euros?!) para mobilar a 'Casa de Pedra', na Presidência da República.
Pa ka pedra bin dau son na kabeça...;
- A CPLP diz que NÃO reconhece o 'Governo' e o 'Presidente' impostos pela CEDEAO. Pena, pena, é esta organização ficar-se pelas palavras... AAS
sábado, 26 de maio de 2012
A CULPA É UM ELEMENTO DE IDENTIFICAÇÃO INTRANSMISSÍVEL
Ao assistir parte da declaração do António Ndjai, no absurdo de que Portugal pretende colonizar, por uma segunda vez, o nosso cobiçado território, fiquei com mais pena de tantos outros como ele, e também de Kumba Yalá, o seu provável ideólogo.
Para os que assim aprenderam, a colonização, enquanto durou, entre várias políticas e outras incontáveis práticas nefastas, para melhor dominar os colonizados, procurava negar instrução de qualidade a maioria da população indígena, filtrando com critérios discriminatórios, em todos os diferentes acessos, aos meios oficiais de aprendizagem académica, assim como os de enriquecimento espiritual, facto esse que, de maneira mais que óbvia, favoreceu uma minoria localizada nos grandes centros urbanos, da qual não fazia o grosso, muitas famílias, mas que felizmente, com os mais altos sacrifícios de alguns descendentes daquela minoria antes privilegiada, chegou-se aos anos da ambicionada independência, e com eles, a promoção da plena liberdade, e direitos equitativos para todos.
Portanto, se hoje a nossa sociedade pode contar com demais quadros superiores, provenientes de todos os estratos, foi também porque, os que outrora beneficiaram de uns especializados tratamentos dos colonos, que por isso mesmo, quase sempre, nem eram dos mais adequados aos padrões civilizacionais, souberam, com considerável grau de altruísmo, disponibilizar influência e mobilizar vontades e saberes, ao serviço de uma gloriosa luta de libertação nacional. Por isso é que, tendo em conta estes e mais outros factores, continuo a não entender, porque milhentas cargas de água, mesmo passados todos esses anos, ainda persiste nalgumas mentalidades, e muitas delas, da dita classe dos intelectuais, um vergonhoso, quando não é repugnante, complexo de inferioridade, em relação aos que ainda atribuem o pejorativo de assimilados do colonialismo.
Gente, com Portugal, apesar todos os pesares, mais do que qualquer outra nação do nosso planeta, de fora Cabo Verde, temos uma longa ligação histórica e afectiva, que nada, mas nada e nem mesmo ninguém, conseguirá fazer fracassar, quanto mais fazer desaparecer; Portugal de todas as culpas e mais algumas, é a nossa maior janela para todo um vasto conjunto de oportunidades, no que respeita às necessárias conexões de diversas linhas diplomáticas, para uma cooperação económica internacional, e o seu devido sucesso; Portugal de hoje paternalista e tirano, sempre demonstrou ser o país mais disponível, por via das mais diversificadas ajudas aos polos de desenvolvimento, para a resolução dos nossos problemas conjunturais e estruturais.
E julgo, com certas dúvidas, que devemos registar para todo o sempre, o facto de, nessas últimas eleições, mesmo a lidar com os malefícios de uma grave crise económica e financeira, Portugal ter enviado, e suportando todos os custos, um avião militar de carga, com todos os materiais gráficos necessários, para tentar garantir ao povo, a condigna expressão de uma liberdade fundamental em democracia, que é o simples direito de mandatar, através dos votos singulares nas urnas, os seus legítimos governantes, que apesar de tudo, agora, como de resto tem acontecido na sequência das anteriores eleições, foi lhe negado, por um grupo de prevaricadores.
Aos que com uma hipocresia doentia, tentam a todos os custos, hostilizar Portugal por tudo e por nada, quero vos lembrar a partir daqui e agora, que a vossa frustração será cada vez maior do que o tamanho industrial da vossa ignorância. A verdade dos factos é incontornável, e vocês serão todos os dias das vossas vidas, uma insignificância, muito abaixo desse nível que tanto vos incomoda, por isso mesmo andam inflamados nessa aflição constante, a exaltar uma afirmação ingrata. Sobre pontas dos pés, e sem timbre para encarar nos olhos alguém que seja, sempre caminham os que se sentem pequeninos.
Fiz uma referência ao reputado necrófago político, Kumba Yalá, porque esse, como dos mais conhecidos e destacados pregadores dessa ideia tão retrógrada, como o próprio colonialismo, fundou um partido, cujo o decifrar da sigla, não deixa enganar os mais atentos, que no momento, até representa aparentemente, uma segunda força política, na Assembleia Nacional Popular, mas que de facto, só representa uma tentativa mais que faliada, de enraizar tristes consequências de um superável mal estar na alma, de tantos e tantos quanto ele.
Esse homem com os anos já mais adulto, devia lembrar que em tempos de profundos desesperos, nos múltiplos quadrantes da nossa sociedade, - portanto, justificáveis, com alguma dose de compreensão - conseguiu ascender ao mais importante cargo na hierarquia do Estado. Mas porque não conseguiu impor, pela respectiva consideração, nunca fez por merecer, e jamais merecerá, a nobreza daquela função.
A felicidade, como o mais supremo bem, entre todos os outros possíveis, consegue-se a partir do nada, justamente, porque só se encontra dentro de cada um nós. De nada adianta grandes obsessões, ao longo da vida, sobretudo, quando essas significam lutar para destruir tudo o que julgarmos ser, um dos motivos, para a felicidade dos outros.
Quem com coragem e determinação suficiente, conseguir empreender a mais dura de todas as caminhadas, e de maneira solitária, fazer uma viagem interior, na descoberta da sua felicidade, para sempre será feliz, porque também deixará um eterno legado de felicidade ao nosso mundo.
Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.
Flaviano Mindela dos Santos
Gostava de vos ver aqui
A vigília pela paz na Guiné-Bissau acontece hoje, das 20h às 23h, na igreja do Campo Grande, em Lisboa e é organizada pelo Fórum dos Guineenses Católicos em Portugal. Aos guineenses, independentemente da sua cor partidária, independentemente de apoiarem, ou não, o golpe de Estado de 12 de Abril: APAREÇAM, e tragam uma vela. A Guiné-Bisssu é de todos, mas, se me permitem, será mais daqueles que não embarcam em golpes, inventonas ou intentonas.
Basta de medo!,
Basta de sangue!,
Basta de mortes!
Vem dizer NÃO!, aos golpes de Estado na Guiné-Bissau.
António Aly Silva
... O Perfume (o livro)
"Olá, Aly
Estava no Facebook, quando uma pessoa por quem tenho enorme respeito, apesar de muitas vezes discordar do que escreve, publicou um artigo sobre a sua prisão. Despertou-me a atenção, porque seres humanos rebeldes e corajosos são sempre fascinantes. E nos seus olhos existia a centelha que vi nos olhos de uma menina (é já uma mulher e mamã, enfim...) que conheci em Moçambique. A mesma cor, a mesma coragem, a mesma força de Vida e a mesma sombra. Aquela sombra…
A menina de que lhe falo, chega a Xai-Xai (Moçambique), com os seus 23 anos, uma cadela e a força do seu olhar. O seu objectivo: marcar a diferença na vida das crianças da Praia de Xai-Xai. E sozinha construiu essa diferença. Imagino que, neste momento, esteja muito cansado. Imagino apenas, porque sei o quanto a vida africana nos consome em emoções, mas não sei o que é viver essa luta que está viver. E é aí que cada um de nós estará sempre sozinho. Só o António Aly saberá qual é o motor da sua existência, quais são os seus objectivos, qual a sua missão e os seus limites.
Apenas lhe vou dizer algo e perdoe-me se considerar uma intromissão: o António é dono do seu destino, mais ninguém. Neste momento, é muito conhecido. Nestes casos, lembro-me sempre do livro o Perfume. As multidões (existe sempre uma parte de nós que deseja, ainda que inconscientemente, atrai-las) podem acabar por nos devorar. Seja leal a si próprio nas suas decisões, apenas isso. As únicas pessoas a que deve algo são aquelas que ama e que o amam e que generosamente aceitam estar consigo, apesar de terem o coração sempre em sobressalto. E essas estarão sempre consigo, seja quais forem as suas decisões.
Anteriormente enviei-lhe uma mensagem, desejo sinceramente que não o tenha ofendido. Não sabia quem era. Apenas a sua história me comoveu. Não sabia que não precisava dessa ajuda. Vivemos tempos esquisitos, cada ser humano com a sua luta. A coragem de uns serve de força para outros. As histórias de uns servem de motor para outros. E no fundo, o que fica é que todos somos humanos, demasiado humanos e às vezes, maravilhosamente humanos.
Desejo que esteja recuperado e com a maior serenidade possível, dentro das circunstâncias. Cada ser humano sabe do seu destino e não vou fazer qualquer consideração sobre esse assunto. Apenas desejo que uma energia superior o proteja, assim como aos que estão junto a si. Se necessitar de qualquer colaboração a nível humanitário, desde Portugal, basta informar o que é necessário fazer. A nível politico, não sou guineense, não tenho legitimidade para me intrometer.
Não necessita responder a esta mensagem, nem tão pouco agradecer. Há coisas mais importantes que tem a fazer.
Mas se necessitar de qualquer tipo de colaboração, não hesite. Não lhe desejo coragem, porque isso não lhe falta, mas desejo-lhe sabedoria e protecção,que nunca são demais.
Paz para o povo da Guiné. Que o António continue a contribuir para a construção dessa Paz e que a encontre em si. Não sei lhe deveria escrever isto, afinal não passo de uma utópica e o que o Aly precisa neste momento é de muita racionalidade: proteja-se. Sem se trair a si próprio, proteja-se.
Não conheço a Guiné, não vivi aí. Não se pode falar sobre nada, sem se ter vivido. Parece-me que o seu motor de vida está ligado à Guiné-Bissau. Um sentimento maior que tudo, chegando a ser obsessivo. Não sei se estou certa. Conheço esse sentimento e acho que só mesmo no contexto africano conseguimos sentir assim, sem nos sentirmos ETs. Em nenhum outro lado a natureza humana se revela de uma forma tão crua: na sua bestialidade, na sua crueldade, mas também na sua pureza, dignidade, força e superação. Em nenhum outro lugar somos tão verdadeiros perante nós próprios. No ocidente, encobrimos tudo isso com muitos conceitos ocos, à escolha para todos os gostos.
Oxalá, esteja errada, mas parece-me que os próximos tempos serão muito dolorosos para a Guiné.Mas em todos os lugares, existem pessoas que são catalizadores de mudança. E a verdadeira mudança faz-se com sabedoria e demora muito tempo.
Cuidado com os actos movidos pela adrenalina. A Guiné vai precisar de si, durante muitos anos. E que maior recompensa lhe poderá ser oferecida do que ver surgir uma nova Guiné, que ficará sempre muito aquém do que o Aly e pessoas como o Aly idealizaram, mas que será uma melhor terra para o seu povo. Tempos de Bosta, estes. Mas outros virão. Não se perca, Aly.
Imagino que sair da Guiné e aterrar na Tugalândia não seja o melhor dos bálsamos. Mas não se perca na dor e confusão. Posso estar errada, mas os seus textos estão confusos, doridos, violentos. Força! Não desista.Não desista de nada, inclusivé da sua saúde.
"Se perder um amor... não se perca!
Se o achar... segure-o!
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.
O mais... é nada."
A maioria de nós, de alguma forma, está a perder algo, Aly. Se nos perdermos de nós próprios, a coisa vai ficar bem pior. Circundar de rosas, amar (existem tantas formas de amor). Força, você tem uma marca. Nada será fácil para si. Mas a natureza deu-lhe muitos dons para enfrentar tudo o que vier. É um previligiado. Depende de si, a forma como vai utilizar tudo isso como bálsamo para o seu sofrimento e dos demais.
Nkosi sikelel' iAfrika
E também a si.
Júlia R."
DE MISSANG A NEOCOLONIALISTAS PORTUGUESES, PASSANDO PELA ONU
Os argumentos dos golpistas guineenses, tentando justificar o golpe de estado e toda a ridicularidade que envolveu e envolve as recentes nomeações do Presidente e Primeiro-Ministro de Transição, estão a esgotar-se e a angariar cada vez menos simpatizantes guineenses e entre os principais parceiros económicos do nosso país! Actualmente, a “fuga em frente” no contexto político actual tem dessas coisas, principalmente quando estamos a falar de um dos países mais pobres do mundo e mais dependente das ajudas externas. Quem se aventurar em desrespeitar as regras da política económica internacional, inicialmente pode até angariar algumas simpatias pontuais e conseguir limpar alguns obstáculos do seu caminho, mas acaba-se sempre por “espetar com a cabeça na parede” e perceber que atitudes revolucionárias do género terão de ser muito bem justificadas para acolher alguma simpatia das potências económicas internacional, caso contrário, acabam a falar sozinhos.
Quanto mais tempo passar depois do golpe de 12 de Abril, mais os aventureiros golpistas vão aperceber-se do isolamento internacional a que submeteram o país e o seu povo e que a ajuda de alguns países regionais não chegarão para cumprirem com o mínimo necessário para a satisfação das necessidades da população. Por isso, quem se aventurou neste governo de transição, só pode ser ingénuo ou ambicioso e sedento do poder, porque é sabido que, no contexto actual, qualquer governo tem mais probabilidades de falhar e criar má imagem perante os eleitores, do que propiamente deixar saudades aos guineenses…
Antes de voltar aos argumentos dos golpistas a tentar justificar o injustificável, queria afirmar de forma clara a todos os guineenses que, este golpe não teve outra motivação que não a sede da manutenção do poder dos militares que têm consciência que uma reforma séria da defesa e segurança do país acabaria com o domínio que eles ainda detêm sobre o povo, que se encontra personificado no CEMGFA António Indjai, associada a sede do poder dos cinco candidatos contestatários das eleições.
Cada vez mais vai ficando mais claro que as motivações do golpe foram esses e desenganem-se os que pensarem o contrário. Felizmente que são cada vez menos! Os poucos civis que ainda se manifestam a favor do golpe, são apenas aqueles que sempre tiveram algum órgão visceral e pessoal ao CADOGO Jr. e ao seu enriquecimento. Esse enriquecimento, lícito ou ilícito, só ao Ministério Público e aos tribunais competem investigar, não passando todos os comentários de rua ou virtuais ao nível da insignificância onde se colocam os boatos… Estranho é que essas manifestações críticas ao Cadogo Jr e o seu governo, tenham carácter e intensidade periódica, chegando a haver alturas (de Maio de 2010, até a morte de Bacai Sanhá) em que não se viu publicações do género, com excepção do blog Ditadura do Consenso...
Voltando aos argumentos dos golpistas para justificar o golpe, primeiro agarraram-se à capacidade bélica da MISSANG e à necessidade da “defesa da soberania nacional”. Só que esqueceram-se que, numa democracia, o detentor do poder da defesa da soberania nacional é o povo, que elege nas urnas os seus representantes políticos que, por sua vez, definem os actos e declarações que constituem a ameaça á soberania nacional e os meios e métodos a usar para a sua defesa. Salvo raras excepções, a força militar é apenas um instrumento para a objectivação da defesa da soberania e, não pode transformar-se de forma leviana em detentora dessa soberania, mesmo contra aqueles a quem o povo confiou a condução do país
Quando se aperceberam que MISSANG era um argumento perigoso, muito carente de popularidade, pelo contrário, até motivou manifestação popular a solicitar a permanência dessa força estrangeira no país, rapidamente surgiu a carta que Cadogo Jr. escreveu a ONU, a solicitar a intervenção na Guiné, como se ao nível da política internacional é assim que essas coisas se processam e que o contingente militar da ONU representa ameaça aos militares dos seus países membros!
Agora, querem estimular o sentimento nacionalista e ultrapatriótica do povo, contra o ex-colonizador e a CPLP, tentando garantir a simpatia popular e, ao mesmo tempo, tentarem angariar algum parceiro europeu que lhes abrissem algumas portas aos financiamentos externos. Por isso, decidiram declarar guerra verbal a esses dois países, com acusações já gastas da era pós-independência, de sentimentos neocolonialistas do nosso ex-colonizador.
Um dado curioso, é ouvir o porta-voz do Comando Militar a dizer que Paulo Portas devia preocupar-se com quem está a servir o café da manhã e o jantar, insinuando que esse (o Cadogo Jr. Jr.) é que é o dono da empresa de controlo das bagagens no aeroporto, portanto, na lógica de um doutorando em direito, torna-o automaticamente suspeito de participar ou facilitar o tráfico de droga!!! Nos seus “brilhantes” conhecimentos de direito, como é que Daba Na Walna enquadra legalmente aqueles que protegem e facilitam a aterragem de aviões carregados de droga, em aeroportos desactivados? Será que o melhor enquadramento legal para esses traficantes é nomeá-los CEMGFA? Julgo que Daba Na Walna deve preocupar-se mais com quem anda a bajular, do que Paulo Portas com quem anda a servir!
Esses dois últimos argumentos, só colheram simpatias dos mesmos que eu já tinha referido acima e que de noite para dia tornaram-se Constitucionalistas de qualidade superior a aqueles detentores de títulos académicos que se pronunciaram sobre a legalidade da candidatura presidencial de Cadogo Jr.
O povo, esse continua a exigir o retorno à legalidade constitucional e ao respeito as suas vontades expressas nas urnas, apesar das restrições e espancamentos a que são submetidos…
Jorge Herbert
COMUNICADO da UNIOGBIS
COMUNICADO DE IMPRENSA
25 Maio 2012 - No quadro das suas consultas regulares sobre a Guiné-Bissau, embaixadores e representantes de organizações internacionais acreditados no país reuniram-se hoje em Bissau sob a presidência do Representante Especial do Secretário-Geral e chefe do UNIOGBIS Joseph Mutaboba, para analisar a situação no país à luz da Resolução 2048 do Conselho de Segurança aprovada a 18 de Maio último.
No seu parágrafo 3, a resolução “pede ao Secretário-Geral para que se mantenha ativamente envolvido no processo de mediação e que harmonize as respectivas posições dos parceiros bilaterais e multilaterais”, em particular a União Africana (UA), a CEDEAO, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a União Europeia (UE) e “garantir a maior coordenação e complementaridade dos esforços internacionais a fim de desenvolver uma estratégia integrada e abrangente com medidas claras destinadas a implementar a reforma do sector de defesa e segurança, reformas políticas e económicas e o combate ao narcotráfico e à impunidade”.
Os participantes tiveram discussões frutuosas e concordaram em manter-se envolvidos com vista à normalização da situação política e sócio-económica na Guiné-Bissau no quadro da Resolução 2048 do Conselho de Segurança.
www.uniogbis.unmissions.org
COMUNICADO - Liga Guineense dos Direitos Humanos
MEMBRO DE:
FIDH – Federação Internacional dos Direitos Humanos
UIDH – União Internacional dos Direitos Humanos
FODHC-PALOP – Fórum das ONGs dos Direitos Humanos e da Criança dos PALOP
Fundador do Movimento da Sociedade Civil
PLACON – Plataforma de Concertação das ONGs
MEMBRO OBSERVADOR JUNTO DE:
CADHP – Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
COMUNICADO À IMPRENSA
A Liga Guineense dos Direitos Humanos registou com muita preocupação e tristeza, mais uma demonstração abusiva de força por parte das autoridades militares e paramilitares contra manifestantes pacíficos na sequência do golpe de estado do dia 12 de Abril de 2012. Ontem dia 25 de Maio de 2012, um grupo de cidadãos que se manifestava contra o golpe e a favor da democracia, foi brutalmente espancado pelos agentes afectos a Guarda Nacional e Forças Armadas, em frente das instalações das Nações Unidas, tendo resultado num ferido grave, numa clara afronta ao direito internacional.
A Guiné-Bissau enquanto estado de direito reconhece o direito a liberdade de reunião e de manifestação como valor fundamental, ao qual, assiste a todos os cidadãos por forma a poder exprimir de forma livre e espontânea as suas opiniões sobre os assuntos de interesse publico. Porquanto, o seu exercício além de ser proclamada pela constituição da república, constitui um instrumento fundamental para a participação cívica dos cidadãos no aprofundamento da democracia, promoção da paz e reconciliação nacional.
Tendo em conta a gravidade destes actos de espancamento dos manifestantes que constituem mais uma vã tentativa de silenciar o povo guineense desencadeada desde o golpe de estado e de lhe negar o direito a paz, democracia e desenvolvimento, associada a necessidade do retorno a normalidade constitucional, a Direção Nacional da Liga delibera os seguintes:
1- Condenar firmemente a repressão brutal e gratuita dos manifestantes pacíficos, perpetrados pelos agentes da Guarda Nacional e das Forças Armadas;
2- Alertar a corporação militar e agentes policiais que de acordo com a lei, em particular os Estatutos da Condição Militar, não estão obrigados a cumprir ordens ilegais sobretudo, quando implica a prática de um crime.
3- Responsabilizar o Estado-Maior General das Forças Armadas e a Guarda Nacional, sobretudo este último, criada no quadro das reformas e modernização das forças de defesa e segurança, pela integridade física dos cidadãos;
Feita em Bissau, aos 26 dias do mês de Maio de 2012
A Direção Nacional
COMUNICADO - Movimento Nacional da Sociedade Civil
REPÚBLICA DA GUINE-BISSAU
MOVIMENTO
Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz Democracia e Desenvolvimento
COMUNICADO À IMPRENSA
O Movimento Nacional da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento vem acompanhando com muita atenção e preocupação a situação polico-militar do país, sobretudo após a instalação de novas autoridades de trasiçao.
O Movimento da Sociedade Civil acompanhou através dos órgãos de comunicação social, (Radio Televisão Portuguesa) do acto bárbaro de espancamento protagonizado pela Guarda Nacional no dia 25 de Maio, contra manifestantes que legitimamente manifestavam a frente da sede da UNIOGBIS em Bissau.
O presente acto de espancamento demonstra de forma clara a verdadeira intenção dos protagonistas de Golpe de Estado que dentre outros, visa a implantaçao na Guiné-Bissau de um regime ditatorial, de restrição das liberdades fundamentais e da democracia que, foi uma conquista do povo guineense, na base de grande sacrifício, suor e muitas vidas humanas.
Perante a gravidade deste acto, o Movimento da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento delibera o seguinte:
1. Condenar e repudiar o acto de espancamento e de proibição de manifestação protagonizada pelo Guarda Nacional;
2. Responsabilizar o Estado-Maior General das Forças Armadas e ao Ministério do Interior pelo referido acto;
3. Exortar ao Governo no sentido de tomada de medidas necessária para evitar que acto do gênero volte a repetir, bem como de ações conducentes a garantir e assegurar o livre exercício dos direitos e liberdades fundamentais aos cidadãos, mormente o direito a manifestação;
4. Apelar a comunidade internacional no sentido de continuar a acompanhar a situaçao no país e exigir as autoridades o respeito pelos direitos humanos e a liberdade fundamentais dos cidadãos.
Bissau, 26 de Maio de 2012.
Movimento Nacional da Sociedade Civil
_________________________________________________________________________________
Movimento
E-mail: movimentosc@yahoo.com.br; elbachir_12@hotmail.com
Sede Provisória, Rua-Justino Lopes, Casa Nº13 (atrás da casa Escada), Tel (245) 6604831/675.20.31
Cp.n 65-Bissau/ Republica da Guine-Bissau
Sarabandeando
SARABANDA. Ou, A Primorosa de Alvalade. Frequento esta casa desde os anos '90, e, de cada vez que venho a Lisboa, visito-a. Aqui, sinto-me bem, sou bem acolhido, tanto pelo dono como pelos empregados. E apetece-me, hoje, falar do Henrique. Há sítios onde nos sentimos bem, confortáveis. Não nos incomodamos com nada, e o ambiente favorece. Comecei a frequentar o Sarabanda por influência de um amigo e quase-irmão: o Tó-Manel. À sexta-feira, e ao sábado era fatal. Um telefonema avisa: vamos. E temos a mesa. Eram duas garrafas de bom whisky. Bebíamos, felizes, sem nos importarmos com o passar das horas: a casa era mesmo ali ao lado, na Óscar Monteiro Torres.
O Sarabanda era frequentado por muitos guineenses, compatriotas nossos, gente sedenta de diversão. Hoje, passados mais de vinte anos, é a ÚNICA casa que eu frequento quando venho a Lisboa. Gosto, e os gostos não se discutem. Ponto. Sou bem recebido, a começar pelo porteiro. Um senhor simpático e afável, conhecedor da noite e dos clientes. Sorri para nós. Sempre que me vê à porta, larga um grande sorriso. "Bem-vindo, há que tempos!". Sabe bem. Fortalece-me por dentro.
Voltei ao Sarabdanda, ontem. Volvidos mais de dos anos (o tempo que já não vinha a Lisboa), o porteiro ainda se lembra da minha cara, o que é bom. Agradecido, retribuo animado. E contente. Frequento esta casa desde os anos '90 e não tenho razões para não voltar. Volto sempre, voltarei as vezes que forem necessárias. Uma, duas, as vezes que forem. Sinto-me bem ali. Nada me preocupa. Os clientes, ainda que os não conheça, sorriem, cumprimentam. É a alma do Sarabanda.
Mas apetece-me falar do Henrique. Um velho conhecido, do 'bar dos fumadores', que me cumprimenta com um aperto de mãos, de homem. Um amigo dos idos tempos. E, não, nunca falamos do Tó Manel. O Henrique sabe que o Tó deixou-nos faz tempo, mas que eu continuo a frequentar a casa, talvez pelo Tô, mas certamente pelo Henrique. Hoje, apresentou-me uma marroquina. "Falas francês?" - Oui, bien sure. E ela era simpática, uma senhora.
O prorietário da casa, um senhor 5 estrelas. Conhece-nos pelos nomes. "Vi-o há dias na televisão", disse-me preocupado. "Que tal está?". Tudo bem. Confidenciei-o. "Coragem, aquilo não é fácil". Concordamos. Uma palmada no ombro selou aquele encontro. Estou-lhe agradecido. Sabe bem voltar a casa, pensei. Podem tomar-me por um piquinhas, mas adoro o Sarabanda. Frequento-o sempre que venho a Lisboa - aliás, é a única casa que frequento. Sinto-me bem ali, mesmo junto à praça de Entrecampos, na Av. Estados Unidos da América.
O Saabanda merece uma visita, e dois dedos de conversa. Com o Henrique, ou qualquer dos empregados. Tem duas salas, uma com música ao vivo e outra para dançar. Em qualquer uma sentimo-nos bem. Somos tratados com respeito e amizade. E quem é que não gostaria de se tratado assim. Hoje mesmo, voltarei. Para umas imperiais e dois dedos de conversa com o meu amigo Henrique. Um abraço ao Sarabanda. António Aly Silva
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Portugal: "Nova intervenção militar portuguesa não está em cima da mesa", diz o ministro da Defesa
O ministro da Defesa de Portugal, José Pedro Aguiar-Branco, descartou hoje o envio de uma nova missão militar para garantir a segurança da comunidade portuguesa na Guiné Bissau. «Tivemos uma missão que visou acautelar uma eventual necessidade de evacuar a comunidade portuguesa, caso houvesse risco, e essa força já foi objeto de retração. Neste momento, não está em cima da mesa uma nova intervenção das Forças militares portuguesas», afirmou à Lusa o ministro da Defesa, que se encontra no Rio de Janeiro. Aguiar-Branco informou ainda que discutiu a situação da Guiné Bissau com o ministro da Defesa brasileiro, Celso Amorim, durante a reunião realizada nesta quinta-feira, em Brasília. LUSA
Carlos Gomes Jr.: "Povo está a exigir o retorno do Governo saído das urnas"
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau deposto pelo golpe de Estado de 12 de abril, Carlos Gomes Júnior, afirmou hoje, em Lisboa, que "o povo guineense está a exigir o retorno do Governo saído das urnas". Carlos Gomes Júnior e o Presidente interino também deposto pelo golpe de Estado, Raimundo Pereira, reuniram-se hoje com eurodeputados portugueses no Centro Jean Monnet, onde funciona a representação do Parlamento Europeu em Lisboa, numa iniciativa organizada pela eurodeputada socialista Ana Gomes. "Esta reunião foi bastante frutuosa para demonstrar que o povo guineense está a exigir o retorno do governo saído das urnas e nós vamos continuar a trabalhar nesse sentido", declarou Gomes Júnior aos jornalistas no final da reunião, em que também participaram o embaixador guineense em Lisboa e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo deposto.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) chegou a acordo com o Comando Militar responsável pelo golpe de Estado sobre um plano de transição para a Guiné-Bissau, que incluiu a designação de Serifo Nhamadjo para Presidente e um Governo de transição até à realização de novas eleições. Carlos Gomes Júnior reafirmou hoje que "é um governo ilegal, porque não tem sustentabilidade parlamentar". E acrescentou: "Ai de África se continuar a ter um exemplo desta natureza, em que meia dúzia de pessoas resolve depor o seu governo e arranja uma instituição estrangeira para vir dar o seu aval". O político guineense recordou, igualmente, que o seu partido, o PAIGC, obteve cerca de 67 mandatos sobre 100 nas últimas eleições e observou: "Não podemos continuar a trabalhar desta forma, ir às urnas e depois meia dúzia de pessoas porem em causa estas eleições, que foram declaradas pela própria comunidade internacional como sendo justas, livres e transparentes".
Depois de lembrar que que "a resolução do Conselho de Segurança" sobre a Guiné-Bissau "prima pelo cumprimento da lei e das normas internacionais", contra o golpe de Estado, Gomes Júnior manifestou a opinião de que "a comunidade internacional não vai continuar a pôr fundos num governo que não tenha saído do veredito popular". Ana Gomes recordou que o Parlamento Europeu já manifestou "uma clara rejeição de uma solução que não passe pela restauração da ordem democrática na Guiné-Bissau, pelo Governo legitimamente eleito e pela retoma do processo eleitoral" no âmbito das eleições presidenciais, interrompido pelo golpe de Estado.
A eurodeputada alertou ainda para a necessidade de proteger a população guineense de "um desastre humanitário de grandes proporções", com epidemias de cólera, por os serviços sanitários e de limpeza na Guiné-Bissau não estarem a funcionar em pleno devido à crise político-militar. Sublinhou, também, que "trabalhar pela governação democrática da Guiné-Bissau corresponde ao interesse estratégico de segurança da própria Europa, não deixando que as organizações de narcotráfico ali ativas se articulem com as redes terroristas já presentes no Sahel e na Nigéria". Na reunião participou também uma representante do eurodeputado do CDS-PP Nuno Melo, João Ferreira do PCP, o eurodeputado socialista Correia de Campos, uma representante do Bloco de Esquerda e ainda uma representante da organização não-governamental Afecto com Letras, com sede em Bruxelas e que trabalha com a Guiné-Bissau, envolvendo portugueses. LUSA
Tristeza e impotência
Oi irmão,
Segue este texto que te agradecia se possivel publicar no teu blog. A situação passou-se com a senhora minha mãe.
Um abração.
Eis o texto :
Estimado Sr Aly Silva,
Permita-me através do teu famoso e reconhecido blog, dar a conhecer uma situação que presenciei ontem, e que, pelo desmesurado comportamento dos intervenientes e a aparente injustificação do acto, merece a minha modesta indignação.
Ontem, fazendo o meu percurso habitual de regresso a casa apôs mais um dia de «paka-paka pa intchi barriga», um burbúrio de contestação no passeio por onde passava via sede dos Bombeiros Humanitarios junto à Presidência da República, chamou inadvertidamente a minha atenção.
Motivo : um pequeno grupo de jovens, maioritariamente moradores na zona rodeavam uma Senhora (cujo nome faço questão de omitir porque não me deu autorização para tal) que, inconsolávelmente abanava a cabeça, como que, a procurar compreender a razão para o que lhe acabara de acontecer.
Facto : funcionários da EAGB, segundo disseram, sob ordens expressas da Casa Civil da Presidência, vieram retirar de forma grosseira e com requintes de humilhação os cabos de alimentação da corrente eléctrica da sua moradia, cuja fonte de alimentação partia do posto da Presidência. A razão dessa conexão, tal como quase todos os seus co-vizinhos, deve-se ao facto de a Presidência ter a dita «corrente permanente», o séssame que todos procuram devido a permanente falta de energia electrica que assola a cidade de Bissau. Da conversa, constatei, que a corrente não era fornecida gratuitamente, porque ela passa pelo contador da EAGB e a referida Senhora tem os pagamentos das suas facturas em dia.
O insólito : a referida Senhora foi a única, entre todos os outros beneficiarios dessa fonte de ligação na referida zona, a ser alvo dessa inusitada medida de restrição. Soube ainda que, tal deve-se ao simples facto, de ser familiar proximo do deposto PM, vencedor da 1a volta das eleições presidenciais anuladas por kumba Yala e o Comando Militar e,... e como tal, ela é natural e logicamente contra o golpe de estado. Alias, sentimento comungado por uma esmagadora maioria da população da Guiné-Bissau. Foi esse o unico «crime» dessa Senhora.
Sentada numa cadeira de plastico no passeio contiguo à sua casa, a Senhora mantinha-se cabisbaixa e rodeada dos seus «mininus di casa» que não paravam de a consolar. Perante quadro tão triste e impotente de amarfanhada amargura..., sem dar conta, acheguei-me a ela e, instintivamente, toquei-lhe no ombro, quiça para lhe afagar e solidarizar-me; disse-lhe com voz um pouco embargada : tia sufri. Sentindo o «toque estranho», ela levanta a cara, olhando para mim... olhos ja meio embaciados e uma voz que não escondia a tristeza e amargura, disse-me:
Es i ka nada nha fidju. Ami, n'kustuma sufri... N'passa dja pior na vida.
Pide lébam nha hômi, é prindil 5 anu na calabus, ma i riba casa i nô cria nô fidjus na coitadesa di Deus. Kil dia qui riba casa n'ka lembra di kil 5 anus ku passa. Tudu ta passa si nô téné fé na Deus.
I ka tém nada nés mundo ku tem kunsada ku bu ka ta odja si fim.
Fiquei mudo de emoção e o trajecto do sitio do «crime» até o meu cubilo... algures em Pilum de baixo, pareceu-me ontem mais longe... tanto era o peso da tristeza que teimava em acompanhar-me na minha meditação sobre a essência dos homens.
Sera que vale tudo na vida ?
PL
Subscrever:
Mensagens (Atom)