Zamora Induta, indigitado - e mal - pelo Governo, para a chefia do Estado-Maior General das Forças Armadas, não tem tido vida fácil. Da Gâmbia (ou aonde quer que esteja), o Contra-Almirante Bubo na Tchuto fez saber, pela voz do seu advogado que "o cargo lhe pertence por direito" (não será antes por herança?).
Hoje, Zamora sobressaltou os guineenses e todos os que residem no País, com uma frase no mínimo...bombástica: "A bomba que matou o Tagmé na Wae veio do estrangeiro, e não era só uma. Há mais bombas por rebentar...".
Na entrevista que concedi ao Diário Bissau, e publicada na edição de ontem, alertava para os terríveis amanhãs. Assim: "Isto acabou mesmo, ou ainda nem sequer começou?". Mas, cá para nós que ninguém nos lê...a quem cabia mesmo anunciar aquilo que o 'líder' militar tornou público? Onde está o ministro do Interior? Este Governo, ou está refém dos militares, ou está super-desnorteado.
NOTA: Claro que há mais bombas, e, certamente, vão rebentar mais petardos por aí. Acho justo, até. É uma questão de tempo, e de fim-de-semana. E, já agora, de mais ou menos oportunidade. Uma por uma! Vai ser uma festa! Mas há mesmo mais bombas? Se há, é porque sabem onde elas estão. Get it! E de onde elas vieram, haverá mais com certeza. Há mais do que uma, duas, três ou mesmo 20 bombas? Estavam à espera do quê mesmo? O único problema com estas bombas é sabermos da existência das mesmas apenas depois de explodirem. E lamentamos de seguida: "É uma bomba!". Era uma bomba, ou seja, uma ex-bomba pois o efeito explosão rebentou até com a engenhoca. Queriam bombas, nao é mesmo? Aguentem-se, pois então. Tomem lá bombas.AAS
quinta-feira, 19 de março de 2009
“Assassinatos de ‘Nino’ Vieira e Tagmé Na Wae ultrapassam de longe o de Amílcar Cabral"
O jornalista António Aly Silva, acompanhou de perto e em directo, através do seu blogue www.ditaduradoconsenso.blogspot.com, a fatídica madrugada do dia 2 de Março. Tudo começou com o assalto à residência do Chefe de Estado, ‘Nino’ Vieira, e tudo acabou com o seu assassinato. Porém, Aly deixa uma dúvida: “Será que acabou mesmo, ou ainda nem sequer começou?”
Em entrevista concedida ao Diário Bissau, António Aly Silva afirma que os recentes acontecimentos ocorridos no país e que culminaram nos assassinatos do Presidente da República ‘Nino’ Vieira e do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas Tagmé Na Wae, ultrapassam de longe o assassinato de Amílcar Cabral. “Amílcar Cabral foi assassinado numa circunstância de guerra mas agora nós não estamos em guerra”. Diz igualmente que deve ser criada uma Comissão Internacional de Inquérito para se apurar as responsabilidades destes dois assassinatos. Aly Silva afirma que “cada dia que passa, descortina-se um pouco mais sobre estes cobardes assassinatos”. E contesta a nomeação do Chefe do Estado- Maior General das Forças Armadas, Zamora Induta.
DB - Que leitura faz dos últimos acontecimentos no nosso país?
AAS - Bom, a minha leitura talvez seja a pergunta que qualquer guineense, neste contexto, faria: E agora? E depois? A bestialidade que nos atingiu nos primeiros dias do mês de Março ultrapassam até o assassinato de Amílcar Cabral porque Cabral foi morto nas circunstâncias que sabemos: da Guerra. Mas nós agora não estamos em guerra. Portanto o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e o Presidente da República não deviam ser mortos da maneira como foram, e agora é preciso procurar a verdade, que passa, necessariamente, por constituir uma Comissão Internacional de Inquérito para que não restem dúvidas.
DB - Tem dúvidas sobre quem são os autores dos dois assassinatos?
AAS - Não, não tenho dúvidas mas também não tenho certezas. Mas estamos a ver a todos dias que passam os resultados de quem poderão ser - não digo autores materiais - mas ao menos morais. Vimos agora, por exemplo, a descarada nomeação do Chefe do Estado Maior das Forças Armadas e do seu adjunto, quando não podia ser assim. O adjunto do falecido Tagme Na Wae devia assumir interinamente as funções do CEMGFA e, só depois, com um Presidente da República eleito, poder-se-ia falar na nomeação de um novo. Mas não aconteceu assim, e Carlos Gomes Júnior, Primeiro-Ministro, saberá explicar-nos, e à Assembleia Nacional Popular (ANP), como é que fez isto e o próprio Presidente da Republica Interino, Raimundo Pereira, que é Jurista, defenderá, a meu ver, a Constituição. Tem por obrigação fazê-lo. Não lhe perdoaremos uma falha que seja neste momento crítico da vida do nosso descontrolado país.
DB - O que tem a dizer sobre as recentes nomeações do Presidente da República Interino e do Presidente da ANP?
AAS - Bom, aqui temos duas coisas. Eu, na minha maneira de ver, Carlos Gomes Júnior está a forçar um golpe no parlamento, porque não se pode fazer do Vice-Presidente da Assembleia Nacional seu Presidente. Este devia, a meu ver, ser eleito. Ele não pode assumir automaticamente o posto. Por outro lado, o Presidente da República Interino, na nossa Constituição - que nós pisamos todos os dias - está vedado de promulgar alguns diplomas, entre eles a nomeação e a exoneração do Governo e do CEMGFA, entre outros. Isto significa que a apresentação do Programa do Governo e o Orçamento Geral de Estado é contraproducente na medida em que esses instrumentos, após a sua eventual aprovação, não terão nenhuma autoridade jurídica e o Presidente Interino sabe-o bem. Ou seja, o seu fim útil será nulo em relação a esta legislação. Você promulga um Decreto hoje, o Presidente que será eleito daqui a dois, três meses ou cinco anos, pode dizer «não, não promulguei isto e aquilo». São erros desnecessários. O Carlos Gomes Júnior e o seu Governo estão a fazer este jogo para ter na mão e manipular o período de transição e assegurar a vitória do seu candidato nas próximas eleições presidenciais, onde talvez ele mesmo seja um dos candidatos. Coloca-se neste ponto a questão de equidade na preparação e realização de eleições presidenciais. É imperativo a rápida demissão do actual Governo, a constituição de uma Comissão Internacional de Inquérito sob a égide da CEDEAO ou da União Africana, e só depois destas iniciativas é que nós podemos falar de um Pacto de Estabilidade ou de atribuições especiais para o Presidente Interino, cujas decisões nesse quadro deverão ser submetidas à rectificação de um Conselho de Estado alargado. E idóneo.
DB - Sendo assim, acha que a Constituição está a ser reposta?
AAS - Não e não. A Constituição é sempre posta em causa no nosso país, mas só depois de o mal estar feito. Nós fazemos a nossa Constituição mas rasgámo-la de seguida. O que é que a Constituição nos interessa, agora que se matou o Presidente da República e Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas? Há pisar a Constituição pior do que isto? Claro que não há. É preciso que apuremos quem são os culpados destas duas mortes, mas também há que saber como morreram Ansumane Mané, Veríssimo Seabra, Domingos Barros entre outros. São oficiais superiores que já morreram há algum tempo e até hoje houve já não sei quantas Comissões de Inquérito sem que nos tenha sido apresentado qualquer resultado. Estamos no mesmo caminho, mas não pode ser. Temos que deixar de ser ‘parvinhos’.
DB - Se um dia for governante o que faria para que a Guiné-Bissau entre no rumo certo?
AAS- Olhe, eu não sei se vou um dia mandar neste país. A começar pelos complexos - mas isso é outra história. Mas, se um dia mandar neste país - a minha ambição não é tanto política mas sim humanista – as coisas mudarão. A Guiné-Bissau não precisa de golpistas mas de gente que trabalhe muito, e saiba trabalhar bem. Tenho lutado há vários anos e de todas as maneiras, mas sem armas. Não é que eu não saiba disparar uma arma, até porque também fui militar neste país. Mas a arma que prefiro é a caneta. Contudo, convém ter a espada à mão não vá a caneta falhar. E é bom lembrar que nós estamos na Guiné-Bissau. Eu, se mandasse, faria com toda a certeza alguma coisa de útil. Por exemplo? Não roubar o Estado já seria bem bom. Conheço pessoas que passaram pelo Estado e hoje têm grandes casas e tudo isso. Como o conseguiram? Não sei como o conseguiram, mas de certeza que não foi trabalhando... Eu não tenho essa visão de mandar. Quando se manda a pensar na sua pessoa, acaba-se sempre de uma maneira trágica e isso aconteceu neste país estes anos todos. Eu acho que nós devíamos, primeiro, respeitar-nos, para que os estrangeiros nos respeitem a seguir.
DB - O estrangeiro não nos respeita, é isso?
AAS - É isso mesmo, mas alguns estrangeiros. Há estrangeiros que passam por este país e nem deixam marcas, como um gato. Outros são tudo, menos isso. Tudo o que é estrangeiro vem para esta país fazer o que lhe der na real gana. Às vezes até é protegido, o que é perigoso e pode resultar em mais disparates e acontecimentos terríveis. Veja o exemplo de algum corpo diplomático – têm atitudes que deixam a desejar. Podem ser até um simples funcionário de uma Representação Diplomá-tica mas fazem o que querem neste país e isso repugna-me. Ou somos um Estado crescido, ou atiremos a toalha ao chão. Hoje, devíamos apostar nas relações Sul/Sul, e na base da reciprocidade. Eu não precisaria do dinheiro de outros países para governar a Guiné-Bissau. Nunca! Apostaria mais nessa cooperação Sul/Sul, com os meus amigos aqui da Região e, digo-lhe com franqueza, teríamos melhores resultados e não seríamos tão humilhados. Esta cooperação, da maneira que está, não me interessa para nada! Mas interessa a certas pessoas porque de um dia para o outro, açambarcam os carros, os móveis, tudo.
Temos que criar um Movimento Cívico e estou disposto a encabeçá-lo. Há que meter muita gente na ordem - é o que falta neste país. A lei, ninguém a respeita e vivemos numa quase anarquia, numa bestialidade e qualquer dia Bissau será um matadouro a céu aberto... Mas não vamos deixar que nos continuem a matar todos os dias. Eu, enquanto cidadão deste país, estou disposto a encabeçar um Movimento Cívico sério e forte e se for preciso parar a Guiné-Bissau um mês, dois meses, paramo-la um ano! Este país tem que tomar um rumo, e já. Não podemos permitir que sejam os militares a mandar, porque aqui ninguém vota na tropa. Nós votamos nos políticos para que a tropa os obedeçam. Se os políticos não conseguem aguentar os militares, bom isso é outro assunto que pode ser resolvido, por ex., com a demissão do Governo. Pergunto, a propósito: quem é que criou o Comité de Gestão da Crise nas Forças Armadas? Foram os próprios militares ou foram os políticos? Não é possível, e é perigoso, porque abre um precedente. Ou temos umas forças armadas republicanas, que devem respeito ao poder político, ou não precisamos das forças armadas assim como estão. As forças armadas deram-nos a independência? Claro, mas não têm o direito de nos destruir a seguir.
DB- Já está a pensar na criação do referido Movimento Cívico?
AAS - Sim, estou a pensar na criação do tal Movimento Cívico e estou a falar com várias pessoas e nesta entrevista fica já o convite a quem quiser aderir. Podem contactar-me para o e-mail: aaly.silva@gmail.com. Acreditem que a Guiné-Bissau pode andar sem precisar de muletas da Comunidade Internacional. Para abrir um buraco é preciso financiamento, para tapá-lo, também? Isso é o que mais faltava!
Por: Ângelo da Costa
Em entrevista concedida ao Diário Bissau, António Aly Silva afirma que os recentes acontecimentos ocorridos no país e que culminaram nos assassinatos do Presidente da República ‘Nino’ Vieira e do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas Tagmé Na Wae, ultrapassam de longe o assassinato de Amílcar Cabral. “Amílcar Cabral foi assassinado numa circunstância de guerra mas agora nós não estamos em guerra”. Diz igualmente que deve ser criada uma Comissão Internacional de Inquérito para se apurar as responsabilidades destes dois assassinatos. Aly Silva afirma que “cada dia que passa, descortina-se um pouco mais sobre estes cobardes assassinatos”. E contesta a nomeação do Chefe do Estado- Maior General das Forças Armadas, Zamora Induta.
DB - Que leitura faz dos últimos acontecimentos no nosso país?
AAS - Bom, a minha leitura talvez seja a pergunta que qualquer guineense, neste contexto, faria: E agora? E depois? A bestialidade que nos atingiu nos primeiros dias do mês de Março ultrapassam até o assassinato de Amílcar Cabral porque Cabral foi morto nas circunstâncias que sabemos: da Guerra. Mas nós agora não estamos em guerra. Portanto o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e o Presidente da República não deviam ser mortos da maneira como foram, e agora é preciso procurar a verdade, que passa, necessariamente, por constituir uma Comissão Internacional de Inquérito para que não restem dúvidas.
DB - Tem dúvidas sobre quem são os autores dos dois assassinatos?
AAS - Não, não tenho dúvidas mas também não tenho certezas. Mas estamos a ver a todos dias que passam os resultados de quem poderão ser - não digo autores materiais - mas ao menos morais. Vimos agora, por exemplo, a descarada nomeação do Chefe do Estado Maior das Forças Armadas e do seu adjunto, quando não podia ser assim. O adjunto do falecido Tagme Na Wae devia assumir interinamente as funções do CEMGFA e, só depois, com um Presidente da República eleito, poder-se-ia falar na nomeação de um novo. Mas não aconteceu assim, e Carlos Gomes Júnior, Primeiro-Ministro, saberá explicar-nos, e à Assembleia Nacional Popular (ANP), como é que fez isto e o próprio Presidente da Republica Interino, Raimundo Pereira, que é Jurista, defenderá, a meu ver, a Constituição. Tem por obrigação fazê-lo. Não lhe perdoaremos uma falha que seja neste momento crítico da vida do nosso descontrolado país.
DB - O que tem a dizer sobre as recentes nomeações do Presidente da República Interino e do Presidente da ANP?
AAS - Bom, aqui temos duas coisas. Eu, na minha maneira de ver, Carlos Gomes Júnior está a forçar um golpe no parlamento, porque não se pode fazer do Vice-Presidente da Assembleia Nacional seu Presidente. Este devia, a meu ver, ser eleito. Ele não pode assumir automaticamente o posto. Por outro lado, o Presidente da República Interino, na nossa Constituição - que nós pisamos todos os dias - está vedado de promulgar alguns diplomas, entre eles a nomeação e a exoneração do Governo e do CEMGFA, entre outros. Isto significa que a apresentação do Programa do Governo e o Orçamento Geral de Estado é contraproducente na medida em que esses instrumentos, após a sua eventual aprovação, não terão nenhuma autoridade jurídica e o Presidente Interino sabe-o bem. Ou seja, o seu fim útil será nulo em relação a esta legislação. Você promulga um Decreto hoje, o Presidente que será eleito daqui a dois, três meses ou cinco anos, pode dizer «não, não promulguei isto e aquilo». São erros desnecessários. O Carlos Gomes Júnior e o seu Governo estão a fazer este jogo para ter na mão e manipular o período de transição e assegurar a vitória do seu candidato nas próximas eleições presidenciais, onde talvez ele mesmo seja um dos candidatos. Coloca-se neste ponto a questão de equidade na preparação e realização de eleições presidenciais. É imperativo a rápida demissão do actual Governo, a constituição de uma Comissão Internacional de Inquérito sob a égide da CEDEAO ou da União Africana, e só depois destas iniciativas é que nós podemos falar de um Pacto de Estabilidade ou de atribuições especiais para o Presidente Interino, cujas decisões nesse quadro deverão ser submetidas à rectificação de um Conselho de Estado alargado. E idóneo.
DB - Sendo assim, acha que a Constituição está a ser reposta?
AAS - Não e não. A Constituição é sempre posta em causa no nosso país, mas só depois de o mal estar feito. Nós fazemos a nossa Constituição mas rasgámo-la de seguida. O que é que a Constituição nos interessa, agora que se matou o Presidente da República e Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas? Há pisar a Constituição pior do que isto? Claro que não há. É preciso que apuremos quem são os culpados destas duas mortes, mas também há que saber como morreram Ansumane Mané, Veríssimo Seabra, Domingos Barros entre outros. São oficiais superiores que já morreram há algum tempo e até hoje houve já não sei quantas Comissões de Inquérito sem que nos tenha sido apresentado qualquer resultado. Estamos no mesmo caminho, mas não pode ser. Temos que deixar de ser ‘parvinhos’.
DB - Se um dia for governante o que faria para que a Guiné-Bissau entre no rumo certo?
AAS- Olhe, eu não sei se vou um dia mandar neste país. A começar pelos complexos - mas isso é outra história. Mas, se um dia mandar neste país - a minha ambição não é tanto política mas sim humanista – as coisas mudarão. A Guiné-Bissau não precisa de golpistas mas de gente que trabalhe muito, e saiba trabalhar bem. Tenho lutado há vários anos e de todas as maneiras, mas sem armas. Não é que eu não saiba disparar uma arma, até porque também fui militar neste país. Mas a arma que prefiro é a caneta. Contudo, convém ter a espada à mão não vá a caneta falhar. E é bom lembrar que nós estamos na Guiné-Bissau. Eu, se mandasse, faria com toda a certeza alguma coisa de útil. Por exemplo? Não roubar o Estado já seria bem bom. Conheço pessoas que passaram pelo Estado e hoje têm grandes casas e tudo isso. Como o conseguiram? Não sei como o conseguiram, mas de certeza que não foi trabalhando... Eu não tenho essa visão de mandar. Quando se manda a pensar na sua pessoa, acaba-se sempre de uma maneira trágica e isso aconteceu neste país estes anos todos. Eu acho que nós devíamos, primeiro, respeitar-nos, para que os estrangeiros nos respeitem a seguir.
DB - O estrangeiro não nos respeita, é isso?
AAS - É isso mesmo, mas alguns estrangeiros. Há estrangeiros que passam por este país e nem deixam marcas, como um gato. Outros são tudo, menos isso. Tudo o que é estrangeiro vem para esta país fazer o que lhe der na real gana. Às vezes até é protegido, o que é perigoso e pode resultar em mais disparates e acontecimentos terríveis. Veja o exemplo de algum corpo diplomático – têm atitudes que deixam a desejar. Podem ser até um simples funcionário de uma Representação Diplomá-tica mas fazem o que querem neste país e isso repugna-me. Ou somos um Estado crescido, ou atiremos a toalha ao chão. Hoje, devíamos apostar nas relações Sul/Sul, e na base da reciprocidade. Eu não precisaria do dinheiro de outros países para governar a Guiné-Bissau. Nunca! Apostaria mais nessa cooperação Sul/Sul, com os meus amigos aqui da Região e, digo-lhe com franqueza, teríamos melhores resultados e não seríamos tão humilhados. Esta cooperação, da maneira que está, não me interessa para nada! Mas interessa a certas pessoas porque de um dia para o outro, açambarcam os carros, os móveis, tudo.
Temos que criar um Movimento Cívico e estou disposto a encabeçá-lo. Há que meter muita gente na ordem - é o que falta neste país. A lei, ninguém a respeita e vivemos numa quase anarquia, numa bestialidade e qualquer dia Bissau será um matadouro a céu aberto... Mas não vamos deixar que nos continuem a matar todos os dias. Eu, enquanto cidadão deste país, estou disposto a encabeçar um Movimento Cívico sério e forte e se for preciso parar a Guiné-Bissau um mês, dois meses, paramo-la um ano! Este país tem que tomar um rumo, e já. Não podemos permitir que sejam os militares a mandar, porque aqui ninguém vota na tropa. Nós votamos nos políticos para que a tropa os obedeçam. Se os políticos não conseguem aguentar os militares, bom isso é outro assunto que pode ser resolvido, por ex., com a demissão do Governo. Pergunto, a propósito: quem é que criou o Comité de Gestão da Crise nas Forças Armadas? Foram os próprios militares ou foram os políticos? Não é possível, e é perigoso, porque abre um precedente. Ou temos umas forças armadas republicanas, que devem respeito ao poder político, ou não precisamos das forças armadas assim como estão. As forças armadas deram-nos a independência? Claro, mas não têm o direito de nos destruir a seguir.
DB- Já está a pensar na criação do referido Movimento Cívico?
AAS - Sim, estou a pensar na criação do tal Movimento Cívico e estou a falar com várias pessoas e nesta entrevista fica já o convite a quem quiser aderir. Podem contactar-me para o e-mail: aaly.silva@gmail.com. Acreditem que a Guiné-Bissau pode andar sem precisar de muletas da Comunidade Internacional. Para abrir um buraco é preciso financiamento, para tapá-lo, também? Isso é o que mais faltava!
Por: Ângelo da Costa
"You can learn me"
"Olá,
Queria ter-te escrito uma carta de "amor" - vês, odeio expor-me?. Não o faço há uns anos, desde o Y, mas a situação era outra, estávamos apaixonados um pelo outro, havia reciprocidade. Mas não faz mal. Porque todas as cartas de amor sao ridículas...
Em vez disso, alguma coisa em ti, no que disseste um dia sobre ires para longe sem família lembrou-me uma das cenas do "Constant Gardener", em que eles se conheceram como nós e nunca mais se separaram. E quando se conheceram ele ia ser destacado para África - não sei se viste ou se te lembras. E ela, Tessa, simplesmente entrou no escritório dele e disse: "leva-me". E a cena, que tirei da net, tem este diálogo absolutamente fabuloso e terno, em que para ela é tudo tão simples e óbvio que quando ele diz "mas mal te conheço" ela responde "You can Learn me".
Se noutra vida, as circunstâncias fossem outras eu teria feito como Tessa. Ia contigo para qualquer lado. E dizia-te "You can learn me".
E acho que não havia carta de amor mais bonita que eu pudesse escrever em vez deste diálogo e esta cena deles que amo. Porque se não fosse hipoteticamente, eu diria mesmo que tu és um profissional excepcional, que me encho de orgulho cada vez que descubro um trabalho teu, que te vejo e que iria contigo para qualquer lado. Porque somos muito diferentes, mas muito compatíveis. E se tu não me vês tão bem quanto eu te vejo, diria "you can learn me" cada vez que tivesses dúvidas.
A."
Queria ter-te escrito uma carta de "amor" - vês, odeio expor-me?. Não o faço há uns anos, desde o Y, mas a situação era outra, estávamos apaixonados um pelo outro, havia reciprocidade. Mas não faz mal. Porque todas as cartas de amor sao ridículas...
Em vez disso, alguma coisa em ti, no que disseste um dia sobre ires para longe sem família lembrou-me uma das cenas do "Constant Gardener", em que eles se conheceram como nós e nunca mais se separaram. E quando se conheceram ele ia ser destacado para África - não sei se viste ou se te lembras. E ela, Tessa, simplesmente entrou no escritório dele e disse: "leva-me". E a cena, que tirei da net, tem este diálogo absolutamente fabuloso e terno, em que para ela é tudo tão simples e óbvio que quando ele diz "mas mal te conheço" ela responde "You can Learn me".
Se noutra vida, as circunstâncias fossem outras eu teria feito como Tessa. Ia contigo para qualquer lado. E dizia-te "You can learn me".
E acho que não havia carta de amor mais bonita que eu pudesse escrever em vez deste diálogo e esta cena deles que amo. Porque se não fosse hipoteticamente, eu diria mesmo que tu és um profissional excepcional, que me encho de orgulho cada vez que descubro um trabalho teu, que te vejo e que iria contigo para qualquer lado. Porque somos muito diferentes, mas muito compatíveis. E se tu não me vês tão bem quanto eu te vejo, diria "you can learn me" cada vez que tivesses dúvidas.
A."
terça-feira, 17 de março de 2009
É hoje, é hoje
Entrevista de Antonio Aly Silva, hoje, no Diario Bissau. Sera desta? N'ka fia, son sin odja...AAS
domingo, 15 de março de 2009
Já chegamos à América
Ditadura do Consenso foi citado em todo o mundo por causa do extraordinário acontecimento de 2 do corrente. No «The New York Times», por exemplo.
From Global Voices Online, a site that collects, edits and translates blogs from around the world:
From Global Voices Online, a site that collects, edits and translates blogs from around the world:
Que é feito do programa de rádio "Udjo di Lupa"?
Algum ministro para responder? (Você sabe que eu sei que você sabe). E o Oscar vai para...AAS
sábado, 14 de março de 2009
A verdade, nada mais do que a verdade.
A ONG RADDHO exige um inquérito internacional
O Encontro africano para a defesa dos direitos do homem (RADDHO), uma ONG baseada em Dakar, apelou na quinta feira para que se constitua uma comissão internacional de inquérito sobre os assassinatos do Chefe de Estado e do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas ocorridos nos dias 1 e 2 de Março. O assassinato de João Bernardo Vieira, presidente da Guiné-Bissau, algumas horas após o do chefe de estado maior do exército bissau-guineense, foi um rude golpe nos esforços para implementar um governo civil num país que, segundo os analistas, tem sido maltratado por golpes.
O presidente João Bernardo Vieira foi selvaticamente maltratado e morto por militares algumas horas depois da morte do general Batista Tagme Na Waié, chefe de estado maior das forças armadas, num atentado.
«Apelamos à constituição de uma comissão internacional de inqérito sob a égide das Nações unidas para clarificar os dois assassinatos», declarou à AFP Alioune Tine, presidente da Raddho, uma das mais importantes ONG intrevindo nesse domínio em Africa.
«Não acreditamos na comissão de inquérito nacional» sobre os dois assassinatos, constituida pelo governo e composta por cinco polícias, três magistrados e dois militares, acrescentou o senhor Tine.
Esta comissão nacional, dirigida pelo procurador geral da República da Guiné-Bissau, Luís Manuel Cabral, iniciou o inqérito sobre os assassinatos de Vieira e Na Waié na quinta feira segundo uma fonte do trinbunal de Bissau.
«Com o falhanço do Estado , os narcotraficantes ocuparam o espaço deixado livre pelas instituições internacionais», acrescentou a Raddho.
Esta ONG estima ser necessário «enviar urgentemente tropas de interposição sob a égide das Nações unidas». Assassinatos e tentativas de assassinato de personalidades que nunca chegaram a ser clarificados têm marcado a história da Guiné-Bissau desde a independência em 1974.
Esse pequeno país, desestabilizado por décadas de antagonismos pessoais entre os seus dirigentes e o papel preponderante dos militares, tornou-se depois de 2005 num ponto de trânsito da cocaína sul-americana para a Europa.
Aos Srs. Deputados, ao Governo, aos Militares, à Comunidade Internacional
Caros compatriotas, Comunidade Internacional:
Escrevo-lhes enquanto compatriota; à Comunidade Internacional, enquanto parte interessada:
Na minha modesta opinião, o ‘grupo Cadogo’ está a forçar um golpe no Parlamento. Senão vejamos: Não se pode 'fazer' do Vice-presidente, Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP). O novo Presidente da ANP deveria ser eleito.
Por outro lado, o Presidente da República Interino não tem competências de pormulgar nenhum diploma ou resolução da ANP. Isto significa que a apresentação do Programa do Governo e o Orçamento Geral do Estado é contraproducente, na medida em que esses instrumentos, após a sua eventual aprovação não terão nenhuma utilidade jurídica, isto é, o seu fim útil será nulo em relação à legislação em vigor.
O Governo, ao fazer este jogo, pretende ter as mãos livres para manipular o periodo de transição e assegurar as condições do seu candidato às Presidenciais ser eleito sem dificuldades.
Coloca-se por isso a questão de equidade na preparação e realização das eleicões presidenciais. Não se pode, neste quadro de manipulação e intimidação política e de controle absoluto das rédeas do Poder pelo actual Governo, falar-se em eleições transparentes e equitativas.
Por isso, é imperativo a rápida demissão do actual Governo, a constituição de uma Comissão de inquérito Internacional sob a égide da CEDEAO ou da UA. Só depois destas iniciativas e definidos os objectivos e a missão do Governo de Unidade Nacional, com um Primeiro-Ministro de consenso, se poderá falar de pactos de estabilidade ou de atribuições especiais para o Presidente Interino, cujas decisões no quadro da gestão transitória do País e da preparação das eleicões deverão ser submetidas à ractificação de um Conselho de Estado alargado. E idóneo. AAS
Escrevo-lhes enquanto compatriota; à Comunidade Internacional, enquanto parte interessada:
Na minha modesta opinião, o ‘grupo Cadogo’ está a forçar um golpe no Parlamento. Senão vejamos: Não se pode 'fazer' do Vice-presidente, Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP). O novo Presidente da ANP deveria ser eleito.
Por outro lado, o Presidente da República Interino não tem competências de pormulgar nenhum diploma ou resolução da ANP. Isto significa que a apresentação do Programa do Governo e o Orçamento Geral do Estado é contraproducente, na medida em que esses instrumentos, após a sua eventual aprovação não terão nenhuma utilidade jurídica, isto é, o seu fim útil será nulo em relação à legislação em vigor.
O Governo, ao fazer este jogo, pretende ter as mãos livres para manipular o periodo de transição e assegurar as condições do seu candidato às Presidenciais ser eleito sem dificuldades.
Coloca-se por isso a questão de equidade na preparação e realização das eleicões presidenciais. Não se pode, neste quadro de manipulação e intimidação política e de controle absoluto das rédeas do Poder pelo actual Governo, falar-se em eleições transparentes e equitativas.
Por isso, é imperativo a rápida demissão do actual Governo, a constituição de uma Comissão de inquérito Internacional sob a égide da CEDEAO ou da UA. Só depois destas iniciativas e definidos os objectivos e a missão do Governo de Unidade Nacional, com um Primeiro-Ministro de consenso, se poderá falar de pactos de estabilidade ou de atribuições especiais para o Presidente Interino, cujas decisões no quadro da gestão transitória do País e da preparação das eleicões deverão ser submetidas à ractificação de um Conselho de Estado alargado. E idóneo. AAS
E esta, hein?
Não lembra ao próprio diabo! Então não é que o Estado-Maior General das Forças Armadas guineense, depois do massacre do dia 1, lembrou-se de tirar partido - mórbido, da 'coisa'?
Assim, hoje e amanhã, domingo, quem quiser pode ver com os seus próprios olhos o lugar da chacina, ou, se preferirem, onde foi assassinado à bomba o CEMGFA Tagme Na Waié.
Mas como não há bela sem senão, a tropa esqueceu-se do essencial: cobrar bilhetes!!! Então, quem vai reconstruir o Estado-Maior? O Governo, que está sob refém do empresário Cadogo e do Lúcio e do Artur? A CEDEAO, que não quis proteger 'Nino' Vieira? O Khadafi, que está moribundo?
A 1000 paus a entrada, ainda podia-se ensinar aos visitantes a arte de montar e fazer deflagrar bombas. Lá está: estamos como estamos porque ainda não aprendemos como fazer render as coisas...
Porém, como sempre, tinham de nos enganar: prometem "garantir a segurança a todos os visitantes". N'ka fia dê! AAS
Assim, hoje e amanhã, domingo, quem quiser pode ver com os seus próprios olhos o lugar da chacina, ou, se preferirem, onde foi assassinado à bomba o CEMGFA Tagme Na Waié.
Mas como não há bela sem senão, a tropa esqueceu-se do essencial: cobrar bilhetes!!! Então, quem vai reconstruir o Estado-Maior? O Governo, que está sob refém do empresário Cadogo e do Lúcio e do Artur? A CEDEAO, que não quis proteger 'Nino' Vieira? O Khadafi, que está moribundo?
A 1000 paus a entrada, ainda podia-se ensinar aos visitantes a arte de montar e fazer deflagrar bombas. Lá está: estamos como estamos porque ainda não aprendemos como fazer render as coisas...
Porém, como sempre, tinham de nos enganar: prometem "garantir a segurança a todos os visitantes". N'ka fia dê! AAS
sexta-feira, 13 de março de 2009
Discurso do PR 'Nino', onde falava de (falta de) Segurança...
Haja segurança para proteger Khadafi! Convém recordar o discurso do malogrado Presidente da República da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, onde falou da sua segurança, ou, melhor, da falta dela tendo solicitado protecção à UA:
Excelência Senhor Blaise Compaore, Presidente em Exercício da CEDEAO
Excelências Senhores Presidentes e Caros Irmãos,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
(...) A 35ª Cimeira de Chefes de Estados e de Governo, também está confrontada com questões que se prendem com o reforço da paz e de segurança ao nível sub-regional.
Efectivamente, regista-se uma melhoria no quadro político na região com a consolidação democrática, isto apesar da crise que afecta a nossa juventude, em matéria de formação, emprego e emigração ilegal que, conjuntamente com a problemática do abuso e tráfico de droga, constituem uma ameaça velada à sobrevivência e funcionamento das nossas sociedades e das nossas instituições.
Daí, exorto a Comunidade para unir esforços, neste combate sem tréguas porque são males que ameaçam os nossos Estados e as nossas populações.
Excelências, Senhores Chefes de Estado e Caros Irmãos,
O meu país sofreu um rude golpe no passado dia 23 de Novembro, com a tentativa de assassinato do seu Presidente da Republica, democraticamente eleito.
De recordar que tudo se passou, após umas eleições que foram consideradas quer nacional, quer internacionalmente, como um sucesso.
Pelo que, este acto, perpetrado em pleno século XX, só pode ser qualificado como um acto bárbaro, que merece a nossa condenação e repúdio.
Agradeço profundamente todo o empenho e solidariedade manifestada pela Comunidade, quer com a condenação, quer pela missão ao mais alto nível que se deslocou a Bissau.
Na verdade, e apesar da estabilidade aparente que vivemos até o dia 23 de Novembro, as nossas preocupações continuam a ser enormes, designadamente no que diz respeito às forças de defesa e Segurança.
Temos um exército altamente politizado e desequilibrado na perspectiva étnica, tornando assim no maior obstáculo à Paz, a estabilidade e uma verdadeira ameaça à cultura democrática na Guiné-Bissau.
Não é salutar nem aceitável tal estado de coisas. Daí que a questão da reforma do sector de defesa e segurança nos afigura como de absoluta necessidade.
Sem embargo desta constatação, o país espera da comunidade uma solidariedade efectiva através da criação de uma força de estabilização, capaz de garantir não só a segurança do Presidente da República e das Instituições democráticas, como o pleno sucesso da reforma do sector de defesa e segurança em curso.
Excelências,
Para concluir, quero registar e incentivar as recomendações relativas às medidas que reforcem o aparelho de segurança, bem como, o acelerar da reforma do sector de defesa e segurança com um plano de acção de curto prazo, que servirá de base para uma conferência de doadores.
Estou certo de que, com o empenho, a solidariedade e coordenação de esforços de todos os Estados Membros, venceremos os desafios que nos são colocados.
Muito Obrigado.
Excelência Senhor Blaise Compaore, Presidente em Exercício da CEDEAO
Excelências Senhores Presidentes e Caros Irmãos,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
(...) A 35ª Cimeira de Chefes de Estados e de Governo, também está confrontada com questões que se prendem com o reforço da paz e de segurança ao nível sub-regional.
Efectivamente, regista-se uma melhoria no quadro político na região com a consolidação democrática, isto apesar da crise que afecta a nossa juventude, em matéria de formação, emprego e emigração ilegal que, conjuntamente com a problemática do abuso e tráfico de droga, constituem uma ameaça velada à sobrevivência e funcionamento das nossas sociedades e das nossas instituições.
Daí, exorto a Comunidade para unir esforços, neste combate sem tréguas porque são males que ameaçam os nossos Estados e as nossas populações.
Excelências, Senhores Chefes de Estado e Caros Irmãos,
O meu país sofreu um rude golpe no passado dia 23 de Novembro, com a tentativa de assassinato do seu Presidente da Republica, democraticamente eleito.
De recordar que tudo se passou, após umas eleições que foram consideradas quer nacional, quer internacionalmente, como um sucesso.
Pelo que, este acto, perpetrado em pleno século XX, só pode ser qualificado como um acto bárbaro, que merece a nossa condenação e repúdio.
Agradeço profundamente todo o empenho e solidariedade manifestada pela Comunidade, quer com a condenação, quer pela missão ao mais alto nível que se deslocou a Bissau.
Na verdade, e apesar da estabilidade aparente que vivemos até o dia 23 de Novembro, as nossas preocupações continuam a ser enormes, designadamente no que diz respeito às forças de defesa e Segurança.
Temos um exército altamente politizado e desequilibrado na perspectiva étnica, tornando assim no maior obstáculo à Paz, a estabilidade e uma verdadeira ameaça à cultura democrática na Guiné-Bissau.
Não é salutar nem aceitável tal estado de coisas. Daí que a questão da reforma do sector de defesa e segurança nos afigura como de absoluta necessidade.
Sem embargo desta constatação, o país espera da comunidade uma solidariedade efectiva através da criação de uma força de estabilização, capaz de garantir não só a segurança do Presidente da República e das Instituições democráticas, como o pleno sucesso da reforma do sector de defesa e segurança em curso.
Excelências,
Para concluir, quero registar e incentivar as recomendações relativas às medidas que reforcem o aparelho de segurança, bem como, o acelerar da reforma do sector de defesa e segurança com um plano de acção de curto prazo, que servirá de base para uma conferência de doadores.
Estou certo de que, com o empenho, a solidariedade e coordenação de esforços de todos os Estados Membros, venceremos os desafios que nos são colocados.
Muito Obrigado.
Surpreendido...
«Até hoje, nunca realmente compreendi muito bem o meu amigo Aly - nunca me tinha tocado a mim.
Na realidade, hoje precebo um pouco melhor a tua 'démarche'. Alguém tem de fazer o que tu fazes para que em momentos e casos em que a injustiça é desproporcional relativamente a todos os outros aspectos da nossa vida, alguém ponha as nossas vozes em megafones e nos faça sentir um pouco melhor conosco, com a vida e com a humanidade.
Trata-se na realidade de uma opção devida - todos nós as fazemos e normalmente ainda muito novos. A nossa personalidade, com os défices e potencialidades, enfim com a sua humanidade é quem acaba por comandar essas opções.
Tudo para dizer que deves ser louco ou um pouco esquizofrénico para teres feito a opção que fizeste ainda jovem - pena e tristeza para a tua família, sobretudo para o teu filho. Essa desgraça dos teus acaba por ser a nossa sorte em momentos como esses que hoje vivemos e que acabas por nos fazer viver em comunidade e juntos - mesmo com os teus desiquilibrios e desvios, humano e subjectivo que és e adoras ser.
De forma assumidamente egoísta, peço ao teu filho que me perdoe, peço-te que continues a fazer o teu trabalho - que no teu caso nem de perto nem de longe é emprego ou trabalho.
Um abraço e coragem - pois sei que para certas pessoas está a ser mesmo difícil.
R.»
Na realidade, hoje precebo um pouco melhor a tua 'démarche'. Alguém tem de fazer o que tu fazes para que em momentos e casos em que a injustiça é desproporcional relativamente a todos os outros aspectos da nossa vida, alguém ponha as nossas vozes em megafones e nos faça sentir um pouco melhor conosco, com a vida e com a humanidade.
Trata-se na realidade de uma opção devida - todos nós as fazemos e normalmente ainda muito novos. A nossa personalidade, com os défices e potencialidades, enfim com a sua humanidade é quem acaba por comandar essas opções.
Tudo para dizer que deves ser louco ou um pouco esquizofrénico para teres feito a opção que fizeste ainda jovem - pena e tristeza para a tua família, sobretudo para o teu filho. Essa desgraça dos teus acaba por ser a nossa sorte em momentos como esses que hoje vivemos e que acabas por nos fazer viver em comunidade e juntos - mesmo com os teus desiquilibrios e desvios, humano e subjectivo que és e adoras ser.
De forma assumidamente egoísta, peço ao teu filho que me perdoe, peço-te que continues a fazer o teu trabalho - que no teu caso nem de perto nem de longe é emprego ou trabalho.
Um abraço e coragem - pois sei que para certas pessoas está a ser mesmo difícil.
R.»
A realidade assusta
Os dois primeiros dias de Março foram-nos madrastas. Talvez não devamos, de agora em diante, esperar uma só batalha, mas uma campanha prolongada que pode ser terrível. Temos atravessado momentos muito difíceis, incorremos em erros desnecessários. E se um dia surgir aqui uma guerra, não é que ela nos tenha sido imposta. Não será certamente por nos terem posto numa situação em que nos rendamos ou entramos na guerra; então, haverá guerra porque nós mesmos nos impusemos a guerra.
Hoje, muitos já pensam em como será o amanhã. Alguns crêem apenas que nós sómos o que somos. Mas só nós sabemos o que somos, só nós podemos julgar-nos e podem crer que assim é. Só assim pode ser. Devemos vigiar-nos muito a nós próprios. Aqui, travamos uma luta contra os instintos.
Vejo algo de frequente: a influência, o poder. E vejo os homens. Os homens quando têm um pouco de poder envaidecem-se e querem-no usar à vista de todos. Porque sei isso, tenho de lutar. E sei também que enquanto os anos passam, é possível não ter menos entusiasmo mas até mais. Não menos energia, mas até mais – e essa energia nasce, precisamente, da convicção.
George Orwell escreveu, em tempos: “Não está em questão se a guerra é ou não real. A vitória não é possível. A guerra não existe para ser vencida, existe para ser contínua. E o seu objectivo é manter intacta a própria estrutura da sociedade.”
Hoje, devíamos lamentar simplesmente que falhamos. E que o mal que fizémos e fazemos é a nós mesmos. Mas não. Parecemos cegos numa sala cheia de surdos. Quanto, a mim: Gosto dos factos, não me interessa a glória. AAS
P.S. - Amigos meus foram chamados ao Estado-Maior General das Forças Armadas. Foram humilhados e ameaçados. Ainda não me chamaram, mas estou excitado. AAS
quinta-feira, 12 de março de 2009
UAu!
O Presidente da Líbia e da União Africana (UA), Muhammar Khadafi, esteve hoje em Bissau para uma visita de pouco mais de duas horas. Prometeu apoio para as eleições presidenciais e um inquérito internacional sobre o assassinato do Chefe de Estado Nino Vieira. "Quero dizer-vos que a União Africana e os Estados do CEN-SAD (Comunidade dos Estados Sahel-Saarianos) vão investigar o assassínio do Presidente", disse no final da visita, que não passou da sala VIP do aeroporto ‘Osvaldo Vieira’.
Muammar Kadhafi disse ter vindo na qualidade de presidente em exercício da União Africana, após tomar conhecimento sobre o que aconteceu na Guiné-Bissau. "Como sabem houve um acontecimento extraordinário na Guiné-Bissau, o assassínio do Presidente da República, e na minha qualidade de presidente em exercício da União Africana tenho o dever de me assegurar da situação neste país africano", afirmou Kadhafi.
O 'rei dos reis' justificou ainda a sua curta visita com o facto de a Guiné-Bissau ser um Estado membro do CEN-SAD, cuja sede se encontra na Líbia. "Devo assegurar que as coisas se desenrolam em conformidade com a Constituição. O exército não assumiu o poder após o assassínio do Presidente, mas o comité militar assumiu o controlo das Forças Armadas com a morte do Chefe do Estado-Maior" destacou.
Uau!, que segurança
... Mas parece que o beduíno, o «rei dos reis» chegou ontem, e vinha passar uma grande temporada por cá... É que, desde ontem, estavam já em Bissau mais de uma centena de elementos pertencentes ao corpo de segurança e militares líbios. Pode dizer-se com toda a justiça que ‘tomaram’ de assalto o aeroporto internacional ‘Osvaldo Vieira’. E, naturalmente, mandaram eles. A nossa ‘segurança’? Nem ao longe... os nossos militares? Talvez com binóculos...
Haja segurança para proteger Khadafi! Contudo, convém recordar o discurso do malogrado Presidente da República da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, onde falou da sua segurança, ou, melhor, da falta dela tendo solicitado protecção à UA.
Uma coisa é certa e vocês não me deixarão mentir: um terço dos elementos de segurança que Khadafi trouxe para Bissau, vindos sabe-se lá de onde, dava para proteger a vida do seu homólogo guineense... AAS
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