Bom, lá está ele de novo: o arroz. Não há nenhum outro produto (cereal ou não) que mereça tamanha atenção do Governo guineense. Desta vez, não houve recepção ao navio, mas houve muito barulho por causa de 2 mil toneladas deste cereal. Dois ministros (da Função Pública, e do Comércio), e jornalistas. Muitos, que depois trataram de tudo para que o tema arroz fosse abertura de jornais informativos. Como foi.
Fernando Gomes, o reformador, abriu as hostilidades: "Este produto não é do Governo, mas sim de um empresário". Ai não é do Governo? Hummmm... Então porque fala o ministro? Ah, para enganar tolos. Funcionários Públicos: "O arroz é para os funcionários da administração pública. Quem levantar um saco, será descontado no fim do mês, se levar dois, também.". Como? Em que fim do mês mesmo? Ok, percebi. E passo a explicar: Como o Governo nao paga os salários, nem tem dinheiro para gastar com gente que finge que trabalha, então arranje-se um empresário do regime, junte-se-lhe dois ou três telefonemas para os bancos comerciais, depois misture tudo, agite bem e... bingo!: O esfomeado funcionário da administração que recebe mal e sobrevive porcamente, ainda chega ao fim do mês e, zás!!!, salário ka tem!
Falou ainda o ministro do Comércio, mas...não percebi nada do que disse o sujeito (acho mesmo que nunca o perceberei). Ah, e falou também o secretário-geral por qualquer coisa sobre 'danos'e não-sei-que-mais, para dizer "eu mesmo aprovei o arroz (sic). Comi-o ontem e é bom". Portanto, caso o arroz fosse uma porcaria (olá, Cancan) lá teríamos danos a mais e um secretário-geral a menos. A reforma agradecia. Ainda esperei por um directo telefónico com Cuba, mas nada.
- Importa-se de repetir?
- Depois da audiência com o Presidente da República, Malam Bacai Sanha, o embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, António Ricocca Freire, deixou um oportuno alerta: "Para a mesa redonda/conferência (a realizar brevemente) é necessario que o Pais apresente projectos concretos". Trocado por batatas: que o Governo tenha a lição bem estudada; que mostre que sabe, que seja ambicioso. Depois fiquei - e não me perguntem 'porquê' -, com pele de galinha quando o ouvi dizer "Portugal seria o interlocutor da Guiné-Bissau junto da comunidade internacional". É que isso nunca aconteceu... AAS