quinta-feira, 5 de julho de 2012

Domingos Simões Pereira entrevistado pelo jornal moçambicano 'O País': "O problema da Guiné-Bissau é o analfabetismo e a desconfiança"


A escassos dias do fim do seu segundo e último mandato no Secretariado executivo da CPLP, Domingos Pereira concedeu uma entrevista exclusiva ao “O País”, que decorreu na cidade da Beira, onde falou sem tabus dos constantes golpes de Estado na sua terra natal, Guiné-Bissau. Pereira diz que reina um clima de desconfiança entre os guineense e a pobreza é extrema num país de pouco menos de dois milhões de habitantes. A seguir, transcrevemos partes importantes da entrevista.

Está à beira do fim do seu segundo mandato e, de acordo com os estatutos da organização da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não pode recandidatar-se. Em que estágio deixa a organização?

A CPLP está bem e recomenda-se. Essa é a minha convicção e, como diz, estou à beira do fim de mandato. Ainda bem que é assim, pois isso significa que vamos ter outro secretário executivo para dar outra visão, dinâmica, energia e energia à organização (...).

Ao longo do seu mandato, quais foram as grandes realizações da CPLP?

É sempre difícil fazer um balanço quando somos nós próprios a avaliarmo-nos. Mas, dentre várias coisas que posso mencionar, estou convencido de que, ao longo dos quatro anos que passei na CPLP, aproximámos ainda mais os povos da CPLP. já em 2008, começámos por fazer um trabalho intenso com o conselho empresarial da CPLP, o que permitiu transformar este conselho em Confederação Empresarial. Depois, desenvolvemos trabalhos interessantes na área social, com destaque para a realização do I Fórum da Sociedade Civil, que levou ao Brasil um número considerável de activistas dessa área (...). Na área da saúde, dispomos de um plano Estratégico de Cooperação, um documento que foi possível negociar em tempo recorde. Apresentámos o documento à Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra, que passou a ser o nosso parceiro principal. E, neste momento, estamos a desenvolver projectos de elevada envergadura, que têm merecido aceitação por parte de todos os países membros da CPLP (...).

A CPLP tem tido uma actuação mais política do que social, facto que  suscita vários questionamentos. Onde está o lado mais social desta organização?

Sabe, o questionamento sobre a CPLP tem sido uma constante. Eu costumo dizer que o questionamento já é um reconhecimento de alguma atenção. No passado, havia mais indiferença, mas, hoje, felizmente, o nosso principal problema não é o  questionamento, é, sim, a grande exigência sobre o que estamos a fazer e (...) o que podemos fazer mais. Os nossos estados sentam-se à mesa, discutem e tentam encontrar caminhos que sejam comuns. É no resultado desse exercício onde nós encontramos a nossa agenda. Também é evidente a crescente presença da CPLP a nível das comunidades. A CPLP surge numa altura em que os próprios Estados que a constituem estão num estágio de afirmação e, portanto, é importante que a mesma não se precipite.

O novo acordo ortográfico parece não estar a colher consensos. Qual é a opinião do senhor secretário executivo?

Eu não sou especialista desta matéria. É uma questão muito técnica e eu não gostaria que a minha resposta fosse mal entendida. De qualquer das formas, começando pela componente política, eu  acho  um pouco forçado não admitir que o acordo ortográfico beneficia a todos. Se nós pretendemos reclamar que somos mais de 230 a 240 milhões  de falantes do português; se queremos que o português seja a língua oficial das Nações Unidas e das grandes organizações internacionais; se queremos que, nos fora universais, o português seja não só reconhecido como língua de trabalho, para que os nossos lobbies e advocacy tenham, realmente, peso  importante, então que o façamos de forma coordenada e de forma consistente. Portanto, não duvido que seja importante que tenhamos um acordo sobre a forma como utilizamos a nossa língua. Agora, como chegar ao acordo e como implementar o acordo? A explicação que me tem sido dada é que nós, muitas vezes, confundimos o impacto do acordo ortográfico com a existência ou não do vocabulário da língua portuguesa. Neste momento, só Portugal e Brasil dispõem de um vocabulário ortográfico de Língua portuguesa. Há um trabalho que está a ser feito pelas comissões nacionais do IRPE, junto a todos os países, e a informação que tenho indica que, se todos os países dispusessem do seu vocabulário ortográfico de língua portuguesa, o passo seguinte seria a existência de um dicionário ortográfico comum. Dispondo desse documento, fica menos polémica a discussão sobre o acordo ortográfico.

Moçambique acolhe, dentro de dias, a Cimeira dos Chefes de Estado e de governo da CPLP. Quais são as prioridades que o país definiu para a cimeira de Maputo?

Moçambique assume a CPLP numa altura interessante, por estamos numa conjuntura de crise, que interpela a todos, eventualmente, de forma diferente. também estamos num momento de crise, de questionamento e de viragem de ciclo. Por isso, somos obrigados a puxar da nossa imaginação e da nossa criatividade e essa é razão, exactamente, pela qual Moçambique irá assumir a liderança da nossa organização. Também digo que é um momento especial, porque o país vive um momento especial. Moçambique é uma democracia consolidada, é um regime bastante sólido, tem dado provas da sua capacidade de um diálogo interno (...). Para além disso, Moçambique tem surpreendido o mundo com um nível de descobertas de novos recursos naturais. Portanto, eu penso que tudo se conjuga e nós, CPLP, tirarmos benefícios da liderança e orientação de Moçambique. Acreditamos que Moçambique utilizará a CPLP como plataforma importante para a condução da sua política externa.

Moçambique vai assumir a liderança do Secretariado Executivo da CPLP. Quais são as figuras  moçambicanas que concorrem à sua substituição?

Bem, isso é uma indicação que Moçambique irá fazer. Como sabe, a indicação do Secretariado Executivo não acompanha a presidência, mas, neste caso, é uma pura coincidência. nós temos a indicação de que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique e a Sua Excelência Presidente da República já fizeram a escolha. Entretanto, como ainda não houve uma comunicação oficial, espero que compreenda a minha reticência em não partilhar a informação que me chegou. Agora, posso confirmar-lhe que esse trabalho está feito.

E já conhece o nome?

A indicação já me foi feita, mas, até ao anúncio formal de Sua Excelência Presidente da República de Moçambique, é uma prerrogativa que gostamos de reservar a ele próprio.

É um diplomata?

Um diplomata moçambicano e, como não deixaria de ser, de experiência comprovada, de conhecimento bastante refinado nessas matérias multilaterais. e, por aquilo que me foi dado a conhecer e se se confirmar a figura que se está a avançar, estou ciente e convicto de que a CPLP sairá a ganhar, estará bem entregue e todos veremos a CPLP bem entregue a essa figura.

Há quase uma década que o dossier Guiné-Equatorial está na gaveta. Desde 2004 que este país procura ser Estado membro da CPLP. Aceita-se ou não este novo membro?

A adesão da Guiné-Equatorial, na minha perspectiva, tem permitido o crescimento da CPLP. Organizações como CPLP, para o seu crescimento, precisam de rupturas, precisam de elementos estranhos que vêm  perturbar a normalidade e obrigar ao confronto de ideias, à análises tanto conjunturais como circunstanciais, que podem mudar um posicionamento diferente daquele que é tradicional. E é isso o que o dossier Guiné-Equatorial  tem provocado, tem prometido. Desde 2004, tem merecido avaliação contínua das várias cimeiras que se foram realizando. A CPLP entende que não pode estar de costas voltadas para o mundo e reconhece que, a partir do momento em que um estado independente e soberano, como a Guiné-Equatorial, apresenta o seu pedido, esse pedido deve merecer atenção e análise por parte dos Estados. Infelizmente, nas quatro cimeiras que já tiveram lugar, as conclusões a que chegámos indicavam que bastava serem reunidas todas as condições para aceitação da entrada da Guiné-Equatorial. É preciso lembrar que os estatutos da CPLP impõem um conjunto de princípios que, na revisão dos Chefes de Estado, entendeu-se que não estavam devidamente preenchidos. A partir de 2010, o Secretariado da CPLP foi instruído a trabalhar com a Guiné-Equatorial, para se tomar uma decisão na cimeira de Maputo.

Como é que a CPLP lida com a questão dos constantes golpes de Estado na Guiné-Bissau?

É verdade que um dos eixos fundamentais da actuação da nossa organização é a consolidação da democracia e das liberdades individuais no espaço da CPLP. E também é verdade que, no conjunto dos países da CPLP, a Guiné-Bissau  é aquele país que continua a marcar passos para trás e a dificultar uma avaliação positiva de desempenho por parte da nossa organização. Mas isso só vem consubstanciar a importância da existência da própria CPLP no acompanhamento que tem feito da situação, da necessidade de os países identificarem a assistência necessária para a devida compreensão dos fenómenos que estão em presença na Guiné-Bissau. E, em função desse conhecimento, puderem ajudar a ultrapassar essas dificuldades. O que eu posso dizer é que os constantes golpes de Estado que têm estado a acontecer na Guiné-Bissau (já é bastante longo o ciclo de instabilidade que graça a Guiné-Bissau) devem ser entendidos como a expressão de uma realidade muita complexa. Como disse, estamos a falar de um país bastante pequeno, em termos de dimensão, com pouco menos de dois milhões de habitantes, mas onde convivem muitas etnias com traços identitários muito vincados; com uma prevalência de analfabetismo bastante elevada; com níveis de pobreza bastante elevados (...). A combinação de tudo isto resulta, realmente, numa situação difícil de gerir e que necessita da compreensão dos seus parceiros. É o que a CPLP tenta fazer.

O senhor é guineense. Qual é, realmente, a questão de fundo para estas constantes alterações da ordem constitucional?

Penso que é o analfabetismo e a desconfiança. Analfabetismo porque estamos num meio de recursos muito escassos e onde é sempre difícil assegurar que a distribuição da riqueza nacional, independentemente dos critérios que estão estabelecidos, chegue de forma equitativa a todos os cidadãos. Por essa razão, temos dificuldades de confiar um no outro. Por conseguinte, as pessoas julgam-se no direito de utilizar todos os recursos e todos os argumentos, incluindo a violência, para fazer valer o seu direito de ter a sua participação na distribuição do bolo comum. Como é que isso se resolve? Através da educação, através da formação.

Jornal 'O País', Moçambique

Entrevista com Salif Sadio, líder dos rebeldes independentistas de Casamança


A guerrilha gesticula, a Gâmbia se incomoda.

* Extracto do artigo dado ao interessa que tem para a Guiné-Bissau

Salif Sadio, um dos chefes da facção do braço armado do Movimento das Forças Democrâticas da Casamança (MFDC), em guiza de resposta aos sinais de abertura dada pelo Presidente Macky Sall aquando de uma das sessões da sua presidência aberta realizada a cabo, a partir de Ziguinchor, propõe antes de mais, a realização de negociações fora do continente africano sob os auspicios da comunidade cristã de Santo Egidio.

Em jeito de alerta, que o «direito imemorial da Casamança à independência nacional é um direito real, absoluto, inalienavel, imprescritivel, não negociavel...» . Uma declaração difundida pelas radios Zig-Fm e RFI que realizaram a entrevista nas matas casamancesas. Um discurso musculado que decerto criou animos nas hostes da guerrilha, segundo fontes concordantes, mas que também não deixou de incomodar as autoridades gambianas segundo as mesmas fontes.

Salif Sadio, o autoproclamado general da Atika, o braço armado do MFDC, ensaia de novo uma comunicação politica de chefe de guerra apos aquela tentada em 2005 quando ele sentiu que estava a perder o controlo da situação e que a sua estratégia e aspirações independentistas não corriam de feição.

(...)

A nova intervenção publica do chefe de guerra da casamança não deixa de criar embaraços nos meios diplomaticos sub-regionais, nomeadamente gambianos e bissau-guineenses, os quais os seus territorios são recusados de facto pelo general autoproclamado da Atika. Elle convida o estado senegalês, seu unico interlocutor, a aceitar de se sentar à mesa com o MFDC em terreno neutro, isto é, fora de Africa, dado que, depois de 1982, foi o que se viu e se sabe : « gozam connosco, levam ora em Gâmbia, ora em Bissau, como se fossemos carneiros ».

Que não lhe lembrem a disponibilidade do pais hospede, a Gâmbia, muito menos à Guiné-Bissau. A resposta que deu sobre esses dois paises foi aspero e, dito com firmeza como se fosse uma ideia maduramente formada hà longa data : «  a Gâmbia e a Guiné-Bissau entabularam uma mediação conjunta que não deu em nada. Por outro lado, a Guiné-Bissau, não pode ser, ao mesmo tempo parte envolvida e mediador. Não foi a Guiné-Bissau que coaligou com o Senegal, digo bem, se coligou com o Senegal, para virem fazer guerra contra as tropas do MFDC » Perguntou em tons enérgicos e revoltados o chefe de guerra da Atika.

A Gâmbia que é acusada pelo Senegal de ser apoiante de Salifo Sadio, igualmente, não pode levar uma mediação fiavel no processo, conclui ele de forma firme.

A Gâmbia incomodada.

Sera que Salifo Sadio está a distanciar-se do presidente gambiano, Yaya Jammeh, considerado até a presente seu protector e um dos seus mais seguros apoiantes ? Sud Quotidenne, salienta que, Yaya Jammeh, poucos dias apos a visita do presidente Macky Sall a Banjul, exigira a libertação dos prisioneiros senegaleses sem sucesso. A prova disso, o chefe de guerra não deixou de exibir os seus prisoneiros de guerra perante os jornalistas senegaleses que, segundo as suas palavras, « comem e são tratados melhor que ele ». Sera que, Salifo Sadio dispõe de meios de coerção contra o seu hospede gambiano para se ficar incolume a esse pedido néao satisfeito de Yaya Jammeh ? Diz-se , que o chefe de guerra da casamança dispõe de um arsenal de guerra impressionante e ligações sub-regionais e internacionais que da impressão que podera dispensar o seu aliado gambiano. Quiça este estado de coisas, esteja ligado ao receio difundido na imprensa sobre a eventualidade de um golpe de estado na gâmbia.
(...

A tentativa de « internacionalizar » de novo a crise da casamança cria sérios riscos de agravar a questão maliana e bissau-guineense, assim como as resoluções firmes da CEDEAO no quadro de resoluçéao de conflitos. Junta-se a isso a firmeza do chefe de estado senegalês que, recebendo recentemente uma comunidade cassamansesa que lhe renderam visita e fazer parte de cerimônias culturais e de culto tradicionais, sublinhou toda a absurdidade do conflito, reafirmando aos seus interclocutores que « nenhum presidente senegalês dara alguma vez a independência à Casamança mesmo se essa guerra dure 300 anos.

Fonte - Sud Quotidene – 04/07/2012)

Minha Nota: Os dados estão lançados e fica o aviso sério aos usurpadores do poder na Guiné-Bissau, que estão em surdina e movidos por vis interesses materiais, a negociar, mais uma vez, o envolvimento dos nossos militares na guerra entre o MFDC e o exercito senegalês, como se de um grupo de mercenarios se tratasse. Um último registo a ter em conta : os rebeldes casamanseses que tratavam os cidadãos guineenses com particular deferência como « irmãos » aquando dos varios assaltos que têm levado a cabo pelo Senegal adentro, são agora mais maltratados do que os proprios senegaleses. AAS

Fim do acordo nas pescas entre a UE e a Guiné-Bissau - Espanha acode pescadores



O Governo espanhol aprovou a concessão de ajudas de 335 mil euros por mês para armadores e tripulantes de 11 navios obrigados a interromper a sua atividade depois do fim do acordo pesqueiro da UE com a Guiné-Bissau. Fontes do Ministério da Agricultura, Alimentação e Ambiente explicaram que os armadores receberão 290 mil euros por mês e os tripulantes 45 mil euros mensais pelo fim do acordo. As ajudas destinam-se a compensar a suspensão do convénio de pesca que existia entre a UE e a Guiné-Bissau e que deixou os navios sem outra zona alternativa de faina.

Guiné-Bissau - Condições de isolamento persistem; riscos de instabilidade em crescendo


1 . A situação na Guiné-Bissau apresenta “fragilidades” descritas em análises habilitadas como “focos de tensão” de emploamento tendencial e, em razão disso, considerados suscepetíveis de vir a degenerar em “convulsões internas”.

Algumas das referidas fragilidades, consideradas “delicadas”:

- O Estado está em situação de penúria financeira extrema; sem perspectivas de se recompor; em geral deixou de respeitar compromissos e obrigações.

- Há um ambiente de nítida insatisfação nos quartéis; crónicas carências alimentares e outras (provinha de ofertas de Angola, agora cessadas, o abastecimento de intendência das unidades militares).

- Persistem desinteligências entre as novas autoridades e sobreposições na acção das suas componentes civil e militar; desconfianças entre os militares e entre estes e a CEDEAO.

- A população denota sentimentos de apatia e/ou de desagrado; fenómeno derivado de deterioração das condições básicas de vida e incerteza em relação ao futuro; também produto de divisões e tensões na sociedade civil e nos partidos (PRS, em especial) e da marginalização do PAIGC. As novas autoridades atenderam até agora às pressões financeiras recorrendo a um fundo constituído com base nas receitas aduaneiras da exportação do cajú. O fundo, que chegou a atingir € 10 milhões, esgotou-se; a sua reconstituição foi afectada por uma diminuição das exportações legais de cajú (vendido informalmente nos países vizinhos).

2 . A CEDEAO, conforme decisão saída da cimeira de Yamoussoukro, prontirificou-se a prestar ajuda financeira à Guiné-Bissau e a efectuar diligências no sentido de garantir o levantamento do severo isolamento político e económico internacional a que o regime de transição resultante do golpe de Estado de 12 de Abril está sujeito. O estado de asfixia financeira com que as novas autoridades se debatem é essencialmente consequência de um bloqueamento quase completo das ajudas externas brutas, bem como da suspensão de programas envolvendo governos e organizações internacionais que também constituiam fonte de receita para o país. A promessa da CEDEAO de aliviar o isolamento da Guiné-Bissau não conta com condições consideradas favoráveis. Na própria organização não há consenso sobre o assunto (aplicação do Senegal, Burkina Faso e Nigéria/distanciamento da Rep Guiné, Gâmbia e Níger) e é notória a prioridade conferida à crise no Mali.. O êxito dos esforços prometidos pela CEDEAO também depende de uma subsequente mudança de atitude da União Africana, que por sua vez poderia vir a influenciar uma reconsideração das posições da ONU. É improvável, porém, uma alteração na posição da União Africana, por maior capacidade de pressão do bloco que à mesma se opõe. Uma eventual mudança de atitude da União Africana, destinada a dar vazão aos prometidos esforços da CEDEAO, também é desfavorecida pela linha seguida pela CPLP. Na cimeira da organização, Maputo, a Guiné-Bissau estará representada por uma delegação encabeçada pelo PM deposto, Carlos Gomes Jr com estatuto por definir.

3 . Angola é o país que lidera/anima o bloco que, à escala da União Africana, contraria uma reapreciação da atitude da organização face à Guiné-Bissau de sentido favorável às novas autoridades. Desenvolve uma acção considerada “constante” nesse sentido; captou apoios e dispõe na organização de influências preponderantes.
A acção política e diplomática de Angola relativamente à crise na Guiné-Bissau, coordenada pelo vice-miniustro das Relações Exteriores, Rui Mangueira, contempla advertências tais como as seguintes: há riscos elevados de instabilidade interna e regional; o narcotráfico passou a dispôr de melhores condições de operação. O grupo de países que na CEDEAO é partidário de um reconhecimento condicionado do novo regime, aparenta estar ciente da procedência das advertências de Angola, sendo essa a razão de aspectos da posição da organização como exortar os militares a regressar aos quartéis e prometer ajuda financeira ao Governo. O menor protagonismo político do CEMG, Gen António Indjai, realidade constatada nos últimos 10 dias, é aparentemente reflexo de recomendações oriundas da CEDEAO. Às promessas de ajuda financeira é atribuído o sentido duplo de “esvaziar” suspeitas de que o narcotráfico está a alimentar economicamente o país.

4 . As autoridades angolanas sentiram como uma “humilhação” as condições gerais em que procederam à retirada das suas missão militar na Guiné-Bissau, Missang; estão a agir na linha de uma política considerada de “desforço” relativamente às novas autoridades e seus apoiantes regionais. O odioso das autoridades angolanas recai especialmente no Gen A Indjai que, em privado, acusam de oportunismo e deslealdade. A troco de benefícios materiais usados em proveito próprio, rompeu em Fevereiro de 2012 com a sua posição de defensor da presença militar angolana, para passar a ver na mesma uma ameaça.

CPLP: Conselho de ministros debate pedido de adesão da Guiné Equatorial, e, claro, a situação da Guiné-Bissau


O Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai reunir-se no próximo dia 11, em Lisboa, para debater, entre outros assuntos, o pedido de adesão da Guiné Equatorial e a situação na Guiné-Bissau. Esta reunião extraordinária, que terá lugar na sede do organismo lusófono, precede o Conselho de Ministros ordinário que terá lugar no dia 19, na véspera da conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que vai decorrer em Maputo, capital moçambicana, no dia 20.

A situação na Guiné-Bissau, adiantou Domingos Simões Pereira, será um dos temas a debater no Conselho de Ministros extraordinário, nomeadamente para «definitivamente clarificar» como se fará representar o país na cimeira de Maputo: se pelos governantes depostos no golpe militar de 12 de abril, se por algum representante do Governo de transição (apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), se pela ausência.

Em declarações à agência Lusa, o secretário executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, adiantou que os chefes da diplomacia da CPLP vão fazer, no encontro extraordinário, uma «avaliação» do relatório técnico sobre o pedido de adesão da Guiné Equatorial, como membro de pleno direito, à CPLP. Na cimeira de Maputo deverá ser tomada uma decisão sobre a adesão, ou não, do país centro-africano liderado por Teodoro Obiang desde 1979, que detém já o estatuto de observador associado da CPLP.

Independência de Cabo Verde, discurso de Jorge Carlos Fonseca, Presidente da República


Discurso pronunciado por Sua Excelência o Presidente da República, Dr. Jorge Carlos de Almeida Fonseca, durante a Sessão Solene Comemorativa do XXXVII Aniversário da Independência Nacional

- Assembleia Nacional, 5 de Julho de 2012 -

 

EXCELÊNCIAS

Senhor Presidente da Assembleia Nacional

Senhor Primeiro-Ministro

Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça

Senhor Presidente da Câmara Municipal da Praia

Senhoras e Senhores Deputados da Nação

Senhoras e Senhores membros do Governo

Senhor Procurador-Geral da República

Senhora Presidente do CSMJ,

Senhoras e Senhores membros do corpo diplomático

Autoridades Civis, Religiosas e Militares,

Senhoras e Senhores Combatentes da Liberdade da Pátria

Senhoras e Senhores profissionais da comunicação social,

Ilustres Convidados,

Minhas senhoras

Meus senhores

Caros concidadãos,

 

Cabo Verde está de parabéns.

Neste momento especial, e nesta sessão solene comemorativa do aniversário da nossa Independência, quero dirigir uma saudação especial a todos cabo-verdianos, de todas as idades, de todas as sensibilidades políticas, de todos os credos religiosos, no país e na diáspora.

Quero enlaçar-vos, a todos vós, num abraço de fraternidade e de alegria cheia de emoção.

Quero que nesta data nos sintamos unidos como aquilo que somos, cabo-verdianos em primeiro lugar e acima de tudo, ilhéus nesta terra  querida, que é o nosso lar e foi o lar dos nossos antepassados; quero que nos sintamos, neste momento de comunhão, como cidadãos livres deste país, cidadãos do mundo, unidos num sentimento único de orgulho pelo nosso Cabo Verde.

Quero também neste momento saudar efusivamente todos os estrangeiros que se encontram entre nós e reafirmar-lhes o nosso desejo de que se sintam em casa, e os votos de que se juntem a nós para fazermos do nosso Cabo Verde o país que desejamos para os nossos filhos e os nossos netos e todos aqueles que optaram por esta terra.

 

Meus caros compatriotas
Senhoras e Senhores,
Hoje, dia 5 de Julho de 2012, completamos 37 anos como país independente.

Devemos felicitar-nos por termos sabido crescer e desenvolver o nosso país, e por termos mantido a paz social e a estabilidade que nos caracterizam.

Os cabo-verdianos construíram o seu espírito nacional ao longo de 500 longos anos de luta permanente contra as adversidades da natureza, contra a incúria dos poderes coloniais, remando sempre contra a maré e contra os ventos poderosos da desdita e do esquecimento.

Ovídio Martins dizia num poema célebre, cito “as cabras ensinaram-nos a comer pedras para não perecermos”. Esta frase lapidar reflecte, de forma perfeita e crua, a natureza da nossa luta como Nação. Foi nessa luta incessante e dolorosa que moldámos a nossa forma de estar no mundo, a nossa tenacidade, a nossa cultura, a nossa fibra de povo corajoso que não se deixa intimidar pela adversidade.

Nestes 37 anos de vida, mostrámos a um mundo, por vezes céptico, que somos capazes de assumir as rédeas da nossa vida, sem tutelas nem submissão. Que temos a vontade, a inteligência e a determinação para nos governarmos a nós próprios, como povo maduro e seguro de si. É preciso que as gerações que vieram depois da Independência ou que, a 5 de Julho de 1975, eram demasiado jovens para compreenderem o alcance do que estava a suceder, valorizem a luta que foi travada pela Independência e pela soberania. E que valorizem o que foi feito de então para cá, no seu justo valor.

É preciso que todos nós assumamos a nossa história, a remota e a mais recente, na totalidade da sua dimensão, com o que de bom e positivo foi feito e o que de mau e negativo aconteceu na nossa terra. E que essa história seja contada a todos, em particular aos mais jovens e às gerações vindouras, tal como aconteceu, sem floreados, sem receios de chamar as coisas pelo seu nome,  em nome da verdade.

 

Caros Compatriotas,

Neste 5 de Julho em que pela primeira vez me dirijo aos cabo-verdianos na qualidade de Chefe de Estado, considero de toda a justiça render uma sincera homenagem às mulheres e aos homens que se entregaram de corpo e alma à causa da independência nacional. Refiro-me aos que arriscaram e por vezes sacrificaram a própria vida e a liberdade na luta pela independência nacional. Aos obreiros da luta pela independência que nas matas da Guiné Bissau ou nos labirintos da luta clandestina colocaram a independência como uma exigência absoluta, rendo uma solene homenagem.

Saúdo os protagonistas desta epopeia, muitos presentes nesta sala, que em diferentes trincheiras deram o melhor de si para que o sonho da independência se transformasse em realidade e curvo-me respeitosamente perante a memória dos que já não estão entre nós.

Igualmente homenageio os cabo-verdianos que anonimamente, no país ou no estrangeiro, resistiram como puderam ao domínio colonial e prepararam a terra para uma das suas mais importantes conquistas: a Independência Nacional.

Em toda a gesta libertadora um nome se impõe. Uma figura se destaca. Um homem, um vulto se agiganta: Amílcar Cabral, cujos génio político, visão estratégica, tenacidade e coragem, fizeram dele a figura cimeira da nossa luta pela Independência.

Quero, ainda, agradecer penhoradamente aos países e instituições internacionais, amigos de Cabo Verde, que acreditaram em nós e não se pouparam a esforços para nos ajudar, logo após a Independência, e até ao presente, para que fôssemos capazes de sustentar a luta pelo desenvolvimento em que nos empenhámos.

Estes 37 anos de país independente têm sido anos de muita luta. De muitas conquistas. Conquistámos posições importantíssimas, vencemos batalhas desiguais, viabilizámos um Estado que, aos olhos de muita gente, parecia inviável. Estamos TODOS de parabéns.

Mas temos de ter a consciência clara do longo caminho a percorrer num mundo cada vez mais complexo e exigente.

 

Meus caros concidadãos,

(Trinta e sete anos significam pouco numa perspectiva histórica. Mas representam muito tempo na vida dos seres humanos. E à medida que a história se acelera, como vem acontecendo nos últimos decénios, cada ano que passa é uma oportunidade que o país aproveita ou desperdiça, neste mundo cada vez mais interdependente, complexo e competitivo.)

Trinta e sete anos depois não é o momento apropriado para olhar para trás.

O nosso olhar deve dirigir-se para o presente, para o futuro imediato. Como vivemos neste momento? O que esperamos do nosso país? O que podemos dar ao nosso país? Que venturas e desventuras nos esperam? Como pensamos encarar a miríade de problemas que enfrentamos neste momento? Que rumo dar ao nosso país? Como preparar os jovens para assumir as rédeas do país num futuro próximo?

Não nos podemos furtar a colocar estas e outras interrogações, porventura mais pertinentes, sobre o presente e o futuro do país. São questões legítimas em tempos normais, mas ganham maior urgência, maior acuidade nos tempos difíceis que enfrentamos em Cabo Verde e no mundo que nos rodeia.

 

Minhas Senhoras e meus Senhores,

 

A instabilidade que afecta a nossa vizinhança mais próxima e os nossos parceiros económicos mais importantes não pode ser ignorada, porque os seus reflexos se fazem sentir todos os dias no nosso país.

Em que medida estamos preparados para enfrentar os desafios que a situação na África Ocidental nos coloca?

Na nossa sub-região oeste africana reinam a instabilidade a incerteza, com algumas honrosas excepções. Golpes militares, inconsistência governativa, violência política, terrorismo, intolerância e extremismo religioso, enormes dificuldades económicas, tráfico de droga em larga escala, Estados falhados em que a autoridade pública não tem meios, nem instituições, nem prestígio para impor a lei, e as grandes dificuldades da nossa organização regional, a CEDEAO, em dar resposta a estas questões urgentes e extremamente graves.

Esta situação preocupante coloca-nos perante desafios que não podem ser ignorados, pela solidariedade para com os outros povos, mas também sob pena de permitirmos que a instabilidade alcance as nossas fronteiras e se instale também no país.

Mas as preocupações em relação aos desenvolvimentos externos e seu efeito em Cabo Verde não se limitam à nossa região geográfica. A crise financeira e económica que afecta um número crescente de países europeus ameaça estender-se a todo o espaço do euro, moeda à qual o nosso escudo está ligado de forma estável há mais de uma década.

É imperativo que estejamos preparados para os cenários mais pessimistas, mesmo esperando sempre o melhor. Se a crise se aprofundar e conduzir à saída da zona euro de um ou outro país, o que esperamos não venha a acontecer, teremos que agir rapidamente para que os efeitos nefastos dessa eventual situação não nos apanhem desprevenidos. Planos de contingência devem ser elaborados o mais depressa possível e medidas de precaução devem ser adoptadas, se ainda não existem, prevenindo o pior cenário.

Cabo Verde ainda depende, em grande medida, dos fluxos externos de recursos para financiar a sua economia. As remessas de emigrantes, o investimento e os empréstimo externos a ajuda pública têm permitido ao país manter sob controlo a sua posição e prosseguir o crescimento económico.

Contudo, as tendências recentes são negativas, reflectindo a crise dos países de onde esses fluxos são canalizados para o nosso país. O investimento externo tem diminuído de forma sistemática desde 2008 e atingiu o seu nível mais baixo no ano passado, menos de metade do valor alcançado em 2008.

A ajuda pública seguiu trajectória idêntica, embora menos pronunciada.

O endividamento externo atinge já níveis que aconselham muita prudência, sobretudo porque dentro de pouco tempo o nosso país deixará de beneficiar de condições favoráveis na obtenção de financiamento do exterior.

Apenas as remessas de emigrantes evoluíram positivamente em 2011, depois de uma relativa estagnação durante vários anos. Mas, face aos problemas de desemprego e crise nos países de residência dos nossos concidadãos, devemos estar preparados para uma possibilidade menos optimista num futuro próximo.

Caros concidadãos,

O olhar que lançamos sobre o nosso presente suscita-nos sentimentos mistos de apreensão e de esperança.

Apreensão pelas dificuldades económicas e financeiras que atravessamos, pelo sofrimento de inúmeras famílias perante a deterioração do seu poder de compra, pelo desemprego, sobretudo o desemprego que grassa entre os jovens,  pelas dificuldades reais da população em relação ao acesso, em tempo útil e em qualidade desejada, aos serviços de saúde, não obstante alguns avanços conseguidos nesta área.

Inquietação particular nos provoca a situação dos idosos carenciados do nosso país, sobretudo no contexto actual; apesar dos esforços feitos pelo Governo nesta matéria, custa-nos admitir que as pessoas que ajudaram, ao longo da sua vida, a construir o país, aufiram uma pensão insuficiente à satisfação das necessidades mais elementares.

Preocupamo-nos enormemente com o nível que o tráfico e o consumo de drogas já atingiram no nosso país e os seus efeitos destruidores sobre a juventude e as famílias que são delas vítimas, e encorajamos Governo a prosseguir o combate  que tem conduzido contra o tráfico ilícito de substâncias psicoactivas, com visíveis resultados, como o demonstram operações recentes bem-sucedidas.

Insistimos na necessidade da adopção de politicas sistemáticas de prevenção, tratamento e reinserção social, do uso abusivo dessas substâncias, muito particularmente do álcool que por ser uma substância lícita, tende a ser menosprezada, não obstante os incalculáveis males sociais, familiares e individuais que vem causando. Essa realidade exige medidas imediatas e firmes.

O nosso sistema financeiro continua, no essencial,  sólido, mas medidas adicionais devem ser tomadas para combater de forma decidida a sua utilização para fins ilícitos, nomeadamente o branqueamento de capitais provenientes do tráfico de drogas e de outras origens ilícitas.

 

Minhas Senhoras e meus senhores,

O nível de insegurança e de crimes violentos que temos hoje, especialmente nos principais centros urbanos,  tem afectado duramente o quotidiano dos cidadãos. Exorto o Governo a intensificar os esforços que tem feito para combater a violência gratuita e o crime organizado, para que os cidadãos possam desfrutar de paz e tranquilidade, e se evite a banalização da violência na nossa sociedade, como sucedeu noutras paragens do mundo, com resultados desastrosos para a coesão social.

A violência não pode vencer-nos! E se devemos insistir com os nossos parceiros para que reforcem o seu apoio no combate comum contra o tráfico de droga e o crime organizado, é indispensável que sejamos capazes de, internamente, fazer o máximo que nos seja possível, com imaginação, com o envolvimento da sociedade e das famílias, para combater esse fenómeno insidioso que é a violência gratuita, transmitindo às crianças e aos jovens deste país os princípios e valores que devem informar uma convivência civilizada entre os cidadãos.

A aposta forte na capacitação e apetrechamento técnico-científico da polícia, em particular das entidades encarregadas da investigação criminal,  deve prosseguir com denodo, bem como a concretização do policiamento de proximidade. O controlo da delinquência juvenil é um objectivo que se deve procurar atingir no mais curto espaço de tempo, aliando a prevenção à sua contenção.  

A família, a escola, a comunicação social e as igrejas são alguns espaços privilegiados de difusão dos valores da tolerância, do diálogo, da aceitação da diferença e da não-violência. Estas instituições ajudaram a cimentar o nosso mosaico identitário e são, neste contexto, talvez mais do que outrora, fundamentais na reflexão sobre os valores que,  no tempo presente, deveremos adoptar para a construção de uma nova qualidade de relações humanas.

(Temos, pois, o grandioso desafio de assumir valores positivos e de criar as condições sobre as quais tais valores poderão se fortalecer. Os valores  constroem-se no quotidiano da vida e é aqui, na criação de condições dignas para todos, que teremos de fazer o nosso melhor.)

 

 

Minhas senhoras e meus senhores,

Não podemos ficar conformados  ou aceitar o nível de pobreza e desemprego que existe entre nós. O desemprego continua a atormentar um grande número de jovens e de famílias. Só a aceleração do crescimento económico e políticas direccionadas para esse objectivo podem evitar que um número crescente de jovens se veja sem perspectiva de futuro, confrontado com o desalento de não encontrar trabalho, mesmo quando possui as qualificações necessárias.

Neste capítulo, o recente surto de crescimento do turismo suscita esperanças de progressos. Na verdade, dados recentes do INE mostram que o número de visitantes estrangeiros cresceu de forma acelerada nos últimos dois anos e que a mesma tendência se desenha no corrente ano. Esta é uma oportunidade única de relançar a actividade de maior potencial da nossa economia, aquela que pode inverter a desaceleração do crescimento económico e combater o desemprego e a pobreza que afligem muitas famílias.

Mas para tal é necessário que o país seja capaz de atrair mais investimento externo para o sector, criando condições propícias e mais favoráveis, no plano fiscal, no das infra-estruturas básicas de energia, água, saneamento, no atendimento, no funcionamento das instituições, na celeridade da justiça, na segurança jurídica da propriedade, na formação de mão-de-obra qualificada, na generalização do ensino de línguas estrangeiras, e na criação de condições de segurança pública .

É preciso também mudar mentalidades e atitudes e, sobretudo, aumentar o contributo nacional para o turismo. Refiro-me à necessidade premente de integração do turismo no todo nacional, reforçando a participação da nossa agricultura, pecuária, pescas, artesanato e outros serviços complementares no produto turístico global. É urgente encontrar fórmulas que permitam um fluxo turístico complementar para as ilhas sem vocação de sol e mar, e soluções adequadas de transporte que acelerem a integração do mercado nacional e o seu direccionamento para o turismo. Só desta forma o país, enquanto um todo coeso, poderá tirar todo partido do seu enorme potencial turístico e do seu impacto multiplicador em toda a economia nacional.

Temos que ir mais longe e mais depressa do que os nossos concorrentes, porque ninguém fica à nossa espera, numa indústria que é das mais importantes a nível mundial, e em que a concorrência é implacável.

Um cuidado se impõe desde logo: que todo o investimento turístico, ou de outra natureza, seja feito voltado para a melhoria da qualidade de vida dos que aqui vivem e trabalham.

Caros concidadãos,

O relançamento do crescimento económico é essencial ao bem-estar das populações. E o papel das empresas nacionais neste processo não pode nem deve ser menosprezado. Quando as dificuldades batem à porta é preciso encontrar saídas, soluções que evitem o colapso das empresas, porque delas depende o emprego e a criação de valor para toda a sociedade.

As dificuldades orçamentais, o desequilíbrio das contas externas e as limitações ao endividamento público, são realidades que não devem, nem têm sido escamoteadas. Mas a solução não passa pela imposição de níveis de austeridade insuportáveis para um tecido económico já em si tão frágil, e para as famílias, cujos rendimentos têm sofrido erosão constante.

Entendo, por isso, que se torna urgente desenvolver esforços concertados de relançamento da economia, apoiando as empresas nacionais que criem postos de trabalho, envolvendo as empresas e os sindicatos na efectivação de políticas de crescimento e emprego, melhoria das condições de vida dos trabalhadores, e facilitando a acesso ao crédito por parte dos empresários nacionais, com os condicionalismos que a situação exige.

Não ignoro as restrições das finanças públicas e das contas externas. Vejo com preocupação os níveis do défice orçamental e da conta corrente externa, e sei que a contenção é necessária neste momento. Mas tenho dificuldades em compreender que os ajustamentos tenham que ser feitos à custa do  tecido empresarial nacional.

Defendo que as empresas em dificuldades devem ser apoiadas para saírem das dificuldades, e não empurradas para a insolvência e a liquidação. Por isso, considero indispensável que se acelerem os esforços de revisão das leis que permitem a protecção das empresas em dificuldades, de modo a conceder-lhes tempo para se reorganizarem e retomarem as suas actividades em condições mais favoráveis, preservando-se postos de trabalho e rendimentos familiares.

 

Caros concidadãos

Nos trinta e sete anos de país independente, progredimos muito  

Em diversas áreas fizemos muito e, no essencial,  bem. Projectos como “Porton di nos ilha”,  as “Praças Digitais”, a “Universidade de Cabo Verde”, o “Nosi”, os resultados das eleições conhecidos no mesmo dia, enfim, a nossa relação fácil com as novas tecnologias de informação e comunicação, são resultados que 37 anos atrás ninguém cogitava sequer.

Custou-nos imenso reformar a administração herdada do sistema colonial; continuamos a proceder a reformas no sistema de ensino e na educação;  continuamos a lutar por um ambiente saudável, um desenvolvimento sustentável, uma exploração da natureza que não conduza à sua exaustão, antes nos permita passar às gerações vindouras um país viável e ainda com potencialidades.

Mas não nos devemos deixar embalar pelo sucesso. Porque o nosso sucesso é relativo e apesar dos bons resultados continuamos longe de atingir o nível possível e desejável de desenvolvimento. Quando comparamos as nossas realizações com países ilhéus como o nosso, somos forçados a reconhecer que temos muito que aprender, imenso trabalho a fazer, erros a corrigir, e que novos sucessos nos esperam, se soubermos aproveitar as oportunidades que se nos apresentam.

Estou convicto de que, com humildade e ousadia, perseverança e abertura de espírito para aprendermos com os nossos erros, seremos capazes de oferecer a cada cabo-verdiano um nível de vida digno.

 

Minhas Senhoras e meus senhores,

Ainda que os desafios sejam de grande envergadura e exijam medidas específicas de política, um ambiente de diálogo e de debate permanente será indispensável à procura das melhores soluções para os problemas do país.

No passado dia 01 de Julho tiveram lugar no nosso país as sextas eleições autárquicas.

Apraz-me, nesta hora registar, que a afluência às urnas foi objectivamente muito boa e ocorreu  de forma ordeira em todo o país, tendo-se registado a nível nacional uma das mais baixas taxas de abstenção em eleições autárquicas, não obstante ter-se verificado um apreciável aumento em relação às últimas eleições.

Essa participação é um importante catalisador do nosso processo democrático, o que nos deve orgulhar se levarmos em conta que no nosso país o voto não é obrigatório e que, em outras paragens, de democracia mais consolidadas do que a nossa, as eleições municipais, geralmente, pautam-se por elevadas taxas de abstenção.

Na oportunidade felicito os eleitores pela sua importante participação, os candidatos eleitos pelos resultados obtidos e os que não se elegeram pela importante contribuição dada; os partidos políticos e grupos de cidadãos pela mobilização dos eleitores e apoio aos candidatos.

A Administração eleitoral realizou um trabalho digno de elogios, acontecendo o mesmo com os órgãos de segurança e a comunicação social.

Sei que  há, nalguns segmentos,  alguma insatisfação com aspectos do nosso processo democrático; outros parecem  invadidos por descrença nas virtualidades do sistema vigente, mas todos deveremos estar cientes de que a construção da democracia é um processo contínuo de aperfeiçoamento e consolidação e que a desistência, o desânimo ou a insatisfação momentânea não nos devem fazer desviar do essencial: a democracia custou-nos a conquistar e ela é um trunfo seguro para a nossa vida. Temos de a preservar, de a acarinhar, de a defender, mas também de a aperfeiçoar permanentemente. Não há sistema nem regime melhor do que a democracia. Por isso, quando há falhas, quando há tentativas localizadas de a subverter ou de a condicionar ou limitar, a nossa postura deve ser a de luta, a da perseverança e nunca a de abandono ou desânimo.  
Esperamos que as denúncias de procedimentos que teriam em vista condicionar o voto de eleitores sejam apuradas e decididas pelas autoridades competentes.
Não se pode excluir a possibilidade de se chegar a consensos alargados para uma eventual reavaliação dos instrumentos legislativos e institucionais atinentes aos processos eleitorais.
Mas sempre com elevação e de forma serena e firme, mediante esforço sincero, abnegado e responsável de todos os actores políticos.  Também aqui vale a ideia de que não se deve nunca confundir a árvore com a floresta.

 

Excelências,

Minhas senhoras e meus senhores,

Estamos a iniciar um período relativamente longo sem disputas eleitorais que, se são fundamentais para o sistema democrático, nem sempre propiciam um clima adequado à construção de consensos.

Acredito que estão reunidas todas as condições para que acordos sobre aspectos cruciais para a vida das pessoas e do país, num quadro de dificuldades, sejam construídos, nomeadamente a instalação do Tribunal Constitucional e do Provedor de Justiça.

Neste ano em que se celebra o 20º aniversário da entrada em vigor da Constituição da República,  exorto e desafio os partidos com assento parlamentar a estabelecerem os necessários consensos com vista à instalação desses órgãos, essenciais ao cabal funcionamento do nosso sistema e designadamente para o fortalecimento de uma cultura constitucional.

Considero ser um dever de todos nós o desenvolvimento de esforços no sentido de se conseguir neste ano simbólico a concretização desses preceitos constitucionais.

Perante as dificuldades que se avizinham e as possibilidades que se apresentam, apelo aos Deputados da Nação, aos Governantes, aos Partidos políticos, aos representantes dos Trabalhadores e dos Empregadores a uma participação activa na construção de um amplo consenso em torno de questões políticas e sociais essenciais para o país neste contexto de crise.

Asseguro a total disponibilidade para, no quadro das minhas atribuições constitucionais, contribuir para viabilizar esse processo, se tal for considerado pertinente.

 

Caros conterrâneos,

 

Ao longo da nossa história de Nação e depois da Independência, vivemos momentos difíceis e tempos conturbados. Houve pausas e períodos de bonança. Mas a luta foi sempre uma constante da nossa vida como Nação, uma característica do nosso Povo.

Hoje como no passado estamos preparados para arregaçar as mangas e prosseguir o combate pelo desenvolvimento harmonioso e integrado do nosso país. E cada vez se torna mais claro aos nossos olhos que o desenvolvimento depende acima de tudo de nós mesmos, da nossa atitude, da nossa perseverança, dos nossos esforços colectivos perante as dificuldades do momento.

Estou firmemente convencido de que saberemos vencer os obstáculos que enfrentamos. Somos capazes de aprender com os nossos erros e os nossos sucessos.

Temos a sabedoria para não inventar a roda e para aprender com os sucessos e os erros dos outros.

Temos a humildade para reconhecer onde falhámos.

E o bom senso e a força para nos levantarmos de cada vez que caímos.

Temos desafios enormes pela frente, desafios imediatos e outros em futuro próximo.

As cabras ensinaram-no a comer pedras para não perecermos, mas nós não queremos apenas sobreviver.

Queremos mais. Muito mais e podemos muito mais.  

Queremos uma vida condigna. Uma democracia avançada. Um Estado de direito moderno. Um país competitivo.

Vamos consegui-lo seguramente.

Vossas Excelências e Meus Caros Amigos permitir-me-ão, certamente, no ambiente de simbolismo e de exaltação do dia de hoje, deixar-vos – teimosia minha|! – palavras de amor pátrio e poética premonição emprestadas a um antigo combatente da independência deste país, escritas muitos anos antes de termos nas nossas mãos a recompensa maior da luta:

«a minha terra
nem é grande
nem é rica
industrial
comercial
técnica
universitária
central
fundamental
para
a ciência
a política
a guerra
e a paz
do mundo...
nem tem petróleo
platina
cobalto
urânio
ou qualquer outro
magnético metal
imã do mundo...
a minha terra
é geometricamente
literalmente
um ponto tão pequeno
que quando
vem no mapa-mundo
é o pingo de tinta
negra
que caiu por acaso
sobre o mapa-mundo.
tão minúscula
é a minha terra
tão minúscula
que uma bomba
de cobalto
que sobre ela caísse
de vergonha
arrepiaria caminho
para ir explodir
de raiva
pelo menos
no centro
de um sistema
lá no fundo do universo.
a minha terra
é tão pequena
e o mundo tem tantos caminhos...
ó arquipélago natal
por que me prendes tanto
e tão sem remédio
porque me chamas tanto
e tão sem apelo
por que escutar-te
fio
de voz
algures
perdido
se vozes potentes
e mil maravilhas
orlam os caminhos do mundo?
sortilégio.
mistérios sem mistério
que ficarão mistérios
mais insondáveis
que o universo
pelo qual não troco
a minha terra
a minha terra tão pequena
que cabe
inteira
dentro de um poema como este.»
 

Viva a Independência

Viva a Liberdade

Viva a Democracia

Viva Cabo Verde

Militares da CEDEAO tomam ANP de assalto!!!


Hoje viveu-se uma clima de tensão na ANP com a presença dos militares da CEDEAO dentro do edificio e de um carro fortemente armado estacionado no recinto do mesmo edificio. O líder do Grupo Parlamentar do PAIGC pediu eNtão explições ao presidente em exercicio da ANP, que não deu nenhuma. O líder acabou por pedir alguns minutos para concertação que está na lei e não foi dado esse minuto para concertação. O Presidente da mesa da ANP simplesmente suspendeu mais uma vez a reunião. Neste momente decorre uma conferencia de imprensa do Grupo Parlamentar do PAIGC na sede do Partido PAIGC. AAS

É sério. É para o PAIGC


"Ontem ouvi pela rádio a reação da "Frenagolpe" sobre a situação do país. Confesso que mesmo não sendo militante do PAIGC, deu-me muita raiva registar a fraca qualidade dos oradores que supostamente lideram esse movimento. Para mim, em lugar de projectar uma luta legitima estão é a enfraquecer a reivindicação do PAIGC. Deste modo queria te pedir que publicasses (e mantendo anonimato) esta nota que se segue:

UM AVISO SÉRIO AO PAIGC:

QUER QUEIRAMOS QUER NÃO, O PAIGC POSSUI A LEGITIMIDADE DEMOCRATICA E POPULAR PARA REIVINDICAR O RETORNO A ORDEM CONSTITUCIONAL QUE O ESTÚPIDO GOLPE DE ESTADO CAUSOU, NO ENTANTO TEM QUE O FAZER COM QUALIDADE, O PARTIDO PRECISA SER REPRESENTADO POR LIDERES QUE CONSEGUEM FAZER PASSAR A MENSAGEM, DIRIGENTES QUE SIMBOLIZAM A QUALIDADE GOVERNATIVA ANTES DO GOLPE E NÃO POR PESSOAS QUE MAL CONSEGUEM PRONUNCIAR UMA PALAVRA EM CONDIÇÕES OU CONTEXTUALIZAR A SITUAÇÃO POLITICA E SOCIAL. A PERGUNTA QUE SE COLOCA É ESTA: ONDE SE ESCONDEM ARTUR SILVA, ARISTIDES OCANTE, CANCAN, OS CORREIAS, OCTÁVIOS, BIFAS, E MAIS OUTROS? PORQUE NÃO ASSUMEM ESTA LUTA COMO SUA?

NESTE CAMINHO, O PAIGC CORRE O RISCO DE AFUNDAR-SE, NÃO SER OUVIDA COM ENTUSIASMO E RESPEITO, E MAIS, PODERÁ CORRER O RISCO DE ESTAR A PROMOVER GENTE MEDÍOCRE, E VIR A SER APROPRIADO POR GENTE ESTRANHA, SEM CAPACIDADES E FECHADOS.

ESTA CHAMADA DE ATENÇÃO NÃO PÕE EM CAUSA AS PERSONALIDADES DE MILITANTES E DIRIGENTES COMO A TEODORA INACIA GOMES, ALIÁS ELA CONTINUA A SER DAS POUCAS CAPAZ DE EXPRESSAR COM RIGOR E ENTUSIASMO O SENTIMENTO DO PAIGC, MAS É PRECISO IR MAIS LONGE E FAZER MUITO MAIS. O PAIGC PRECISA DE GENTE COM MAIS CARACTER E MAIS DIGNIDADE...
ESTE É UM AVISO MUITO SÉRIO, TOMEM-NO EM CONTA. TENHO DITO.

A.M."

Nova sondagem DC - Diga de sua justiça, ou cale-se para sempre... AAS

Esmagadora



Acha que a União Africana, a ONU e a União Europeia devem reconhecer o poder instalado em Bissau?

SIM - 220 (16%)
 
NÃO - 1103 (81%)
 
TALVEZ - 22 (1%)
 
NÃO SEI ou NÃO RESPONDO - 9 (0%)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Observação sábia


"Aly,
 
Permita-me através do seu espaço informativo (blog) que de alguma forma também é nosso, pelo serviço público que desempenha, puder tecer algumas consideraçoes sobre  uma observaçao sábia, interessante diria mesmo oportuna do senhor Alberto Indequi e que foi publicado neste seu/nosso espaço informativo no pretérito dia 3 do mês em curso intitulado: Precisamos de uma forças armadas reformadas para serem um instrumento de defesa da vontade popular.
 
Observaçoes deste tipo, feita por uma pessoa digna e apaixonada por um país que lhe viu nascer, só nos pode encher de orgulho e acalentar ainda mais a esperança de que é possível encontrar soluçoes internas para o nosso próprio problema.
 
Por ser Advogado e Empresario, deu-lhe a imparcialidade e, porconseguinte, a free of mind ( a liberdade de opinar ou de pensar) nao precisando por isso de bajular ao contrário de muitos dos pseudos advogados e jurístas que  ajudaram a orquestrar o golpe mais nefasto da história de todos os golpes ocorridos na Guiné-Bissau apenas com o intuito de ter a sua vez no mercado de "mamanso. E que mamanso!
 
Sr Alberto Indequi, nas suas observaçoes invocou a premente necessidade que o país tem em proporcionar aos militares as condiçoes mínimas (dignas) por forma a diminuir as suas dependências porquanto ser uma profissao bastante especifica e , sendo esta uma das condiçoes facilitador para a  tao propalada reformas no sector da defesa e segurança. Sobre este ponto de vista, penso que o desejável seria isso mas nao deixa porém de ser importante prestarmos atençao sobre outros aspectos que aflige a sociedade no seu todo e onde urge também prestar particular atençao: saúde, electricidade apenas para citar entre tantas outras necessidades. Sendo o nosso país económicamente dependente do exterior, cabe também aos militares e a sociedade civil no seu todo, jogar um papel faciliador para que possamos direccionarmos os poucos recursos de que dispomos para sectores de actividades mais produtivas e geradores de riquezas internas: Agricultura, saúde ou electricidade. 
 
Sobre o ponto de vista de condiçoes básicas às nossas forças armadas, é verdade que muito há por fazer mas também algo já vinha sendo feito neste sentido com a cooperaçao neste domínio com o Governo de Angola. Nao basta apenas a nossa dependência em quase tudo senao tudo, com os nossos parceiros de desenvolvimento, é preciso também que façamos a nossa parte e assumirmos doravante a nossa responsabilidade. O exemplo é como explicar, se é que haja explicaçao, deste patético golpe de Estado em plena eleiçoes! Isso no mínimo é brincarmos  e esbanjarmos os impostos que os outros paises nos oferecem.
 
Nenhum Estado ou Governo consegue prestar serviços que cobre todas as necessidades das suas populaçoes. Cabe a cada singular cidadao assumir o seu papal como complemento do próprio Estado/Governo. Neste sentido, é particularmente fértil vermos pessoas de várias profissoes obtidas em muitas Universidades /tecnocrátas mas que nao  conseguem ter uma engenheria para criar o seu próprio emprego ou negócios que a sua própria profissao lhe proporciona. Sao pessoas que gravitam a volta dos militares adaptando-se a um estilo de vida no meio de violência e de intriga para poder sobreviver. Basta olharmos para a composiçao deste governo dito de transiçao para vermos muitos Ministros e Secretários de Estado que só conseguiram pastas como pagamento de serviços prestado na materializaçao deste golpe ultimo.
 
Sr Alberto, em meu nome quero -lhe dizer o meu muito obrigado pelo seu belo artigo e dizer-lhe que ha muito que tenho vindo acompanhar as suas observaçoes que considero todas elas de elevado nível de sapiência.

MAL"

'Governo' rasga unilateralmente contrato de pescas com aUE


Fernando Vaz, ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Comunicação Social, dos Assuntos Parlamentares e Porta-voz do 'Governo' da Guiné-Bissau, considerou que os navios da União Europeia não são os únicos que podem pescar nos mares da Guiné-Bissau, e disse que o 'executivo' de transição está a negociar com outros países que eventualmente poderão vir a substituir a União Europeia no domínio das pescas e trazendo maiores benefícios para o país. "Estamos a negociar propostas superiores as da União Europeia” disse Fernando Vaz.

Bloqueio no Parlamento da Guiné-Bissau - Ensaio para o segundo golpe...


O Parlamento Guineense reabriu desde o passado dia 29 de Junho mas até agora continua a não funcionar devido à ausência de consenso entre as duas principais forças políticas, o PAIGC e o PRS, quanto à agenda dos trabalhos que devem durar até ao dia 29 de Julho.
O centro da discórdia é a exigência feita pelo partido maioritário, o PAIGC, no sentido da inclusão de um ponto na agenda para a eleição de uma nova direcção do Parlamento, uma vez que Serifo Nhamadjo que era Presidente em exercício desse órgão passou a ser Presidente de transição e consequentemente, Ibraima Sory Djaló que era vice-presidente passou a exercer as funções de presidente do Parlamento.

É nesse contexto de impasse que desde a passada sexta-feira, os deputados vão ao Parlamento, a sessão é aberta e, volvidas algumas horas, é encerrada por falta de agenda. Nos corredores do Parlamento, alguns deputados não escondem a sua apreensão e admitem a hipótese do órgão vir a ser dissolvido, o que poderia trazer mais instabilidade ao país. RFI

Grupo parlamentar suspende actividade até ser reposta ordem constitucional


O grupo parlamentar de amizade Portugal-Guiné-Bissau suspendeu hoje (quarta -feira) por unanimidade as relações com o parlamento daquele país africano até que seja reposta a ordem constitucional, anunciou a sua presidente, a deputada Catarina Martins. "O grupo parlamentar de amizade Portugal-Guiné-Bissau é um grupo de reciprocidade entre parlamentos e não podia naturalmente continuar a existir e a ter actividade como se nada fosse, o que seria um reconhecimento tácito do golpe de Estado", afirmou aos jornalistas a deputada do BE. 

Catarina Martins, presidente do grupo de amizade Portugal-Guiné-Bissau, adiantou que "por unanimidade de todos os partidos, o grupo ficará com actividade suspensa até que a ordem constitucional seja reposta" naquele país africano. A deputada bloquista fez ainda críticas à actuação da comunidade internacional neste caso por estar "muito silenciosa". "Tem existido um reconhecimento tácito de como se tudo estivesse bem, ora não está, a possibilidade de escolha democrática está a ser negada ao povo da Guiné-Bissau", notou. 

A presidente do grupo de amizade Portugal-Guiné-Bissau assegurou que "não há por parte de nenhum dos deputados nenhum descolar da situação" e que "a suspensão é acima de tudo um sinal político de que não se aceita e não há acordo tácito para a situação que existe actualmente". "Vamos manter-nos muito atentos e a acompanhar, naturalmente os vários partidos têm formas diferentes de acompanhar a situação, mas assim que seja possível, porque a ordem foi restaurada e esperamos que o seja, naturalmente o grupo retomará atividade", concluiu. AngolaPress

Kimi Djabaté: Dia 8 de julho, no anfiteatro da Fundação Calouste Gulbenkian, às 19 horas (Festival Próximo Futuro). AAS