quarta-feira, 14 de outubro de 2015
UNILAB: Provas para estudantes estrangeiros
As provas do processo seletivo de estudantes estrangeiros (PSEE) do Edital GR nº 64/2015 para ingresso na Unilab nos trimestres 2015.3 e 2016.1 ocorrerão entre os dias 14 e 23 de outubro. Mais uma vez a Unilab enviará representantes que acompanharão o processo de aplicação das provas nos países parceiros, com exceção de Timor-Leste, onde não houve inscrições deferidas.
No dia 6 de outubro, foram divulgadas as listas de inscrições deferidas e indeferidas, além dos locais e datas de prova. Essas informações podem ser conferidas aqui.
Carlos André Moura Barros, coordenador de Cooperação Nacional e Internacional, vinculado à Pró-Reitoria de Relações Institucionais (Proinst), seguirá para Moçambique; a Profa. Dra. Otávia Marques Farias, Integrante da Comissão de Redação do PSEE, seguirá para Cabo Verde; Rodolfo Pereira da Silva, Coordenador de Políticas de Acesso e Seleção de Estudantes vinculado a Pró-reitoria de Graduação (Prograd) irá para Angola; o Profº Dr Kennedy Cabral Nobre, Integrante da Comissão de Redação do PSEE, seguirá para São Tomé e Príncipe; a Profa Dra Andrea Gomes Linard (Pró- reitora de Graduação) e o Profº Dr Carlos Subuhana (Coordenador de Políticas Afirmativas) irão para Guiné-Bissau.
As provas serão aplicadas nos seguintes dias:
14/10 – São Tomé e Príncipe e Cabo Verde
16/10 – Moçambique
17/10 – Guiné-Bissau
23/10 – Angola
Ao todo, estão inscritos 1.694 candidatos, distribuídos entre os países: Guiné-Bissau (1.453), Angola (148), Cabo Verde (39), Moçambique (16) e São Tomé e Príncipe (38).
Confira o quadro de concorrência:
FFGB deve 4 meses de salários a toda a equipa técnica da selecção, mas...despediu hoje o treinador!
O seleccionador de futebol da Guiné-Bissau, Paulo Torres, foi hoje despedido pela Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB). Terá pesado, não propriamente a derrota de 1-3 frente à Libéria, mas as declarações do treinador, que denunciou ter 4 meses de salários em atraso.
A FFGB preferiu o caminho mais fácil: chicotada psicológica. Recorde-se que, com Paulo Torres à cabeça da equipa de todos nós, a Guiné-Bissau subiu dezenas de lugares no ranking da FIFA. AAS
ITS promove jornadas de trabalho em Bissau
Informamos que no período de 20 de outubro a 20 de novembro serão realizadas as novas jornadas de trabalho na Guiné-Bissau, estando agendadas as seguintes atividades:
a. Avaliação das atividades realizadas no corrente ano e sua projeção futura
b. Sequencia do programa de formação para voluntariado nacional
c. Reunião com Instituições parceiras e programação conjunta para 2016
d. Avaliação de propostas de acordos de cooperação com entidades nacionais e estrangeiras
Agradecemos ao Professor Engº Sebastiao Jesus de Castro, pela realização do 1º Curso de GERENCIAR ORGANIZAÇÃO PARA RESULTADO, realizado na “ENA”- Escola Nacional de Administração, em parceria com “ITS” - Instituto Tecnologia Social.
Convidamos aos Amigos do ITS, interessados no desenvolvimento de alguma atividade em Bissau, a acompanhar-nos nestas jornadas ou a agendar sua participação nas programadas para abril/maio de 2016. Sendo uma organização sem fins lucrativos este Instituto é financiado com doações voluntarias dos amigos e outros interessados; assim, pedimos sua contribuição para suprir os gastos da presente jornada, fazendo seu ingresso na conta bancaria abaixo mencionada.
Agradecemos a Deus e aos amigos e autoridades guineenses pela oportunidade deste trabalho em conjunto. Recebam um forte abraço,
Ap. ROBERTO SENNA
Presidente
PM recebe FMI
Para entabular os primeiros contactos com as novas autoridades da Guiné – Bissau, o representante residente do FMI, efetuou na manhã de hoje, 13 de Outubro, uma visita de trabalho com a Sua Excelência senhor Primeiro – Ministro, Eng. Carlos Correia.
O senhor Óscar Melhado na ocasião, ao expressar a sua satisfação pela formação do novo governo, após dois meses de uma crise política, informou o Chefe de Governo, da disponibilidade da instituição que representa em continuar a apoiar a Guiné – Bissau, “nesta nova fase.
Igualmente, este alto funcionário do FMI, expressou a disponibilidade de sua instituição em enviar uma missão ao país, logo que as autoridades guineenses o manifestarem.
Por seu turno, o Primeiro – ministro agradeceu as palavras do senhor Oscar Melhado, bem como a disponibilidade da organização que representa, informando-o de que apesar de nomeação de um novo governo, a equipa do Ministério da Economia e Finanças, vai continuar a trabalhar no sentido de facilitar os trabalhos com o FMI. Terminado, de que é imperativo, que o Governo continue a respeitar os engajamentos e as metas fixadas com o Fundo Monetário Internacional.
No referido encontro, estiveram presentes o Ministro da Economia e Finanças, Dr. Geraldo Martins e o Conselheiro do Primeiro-ministro para área económica, Dr. José Carlos Varela Casimiro.
Bissau, 13 de Outubro de 2015
Gabinete de Comunicação e Informação do Governo
terça-feira, 13 de outubro de 2015
CONFIRMADO: Paulo Torres NÃO recebe salário há quatro meses!!! E a Federação de Futebol da Guiné-Bissau, o que diz mesmo? AAS
O que disse hoje o seleccionador nacional Paulo Torres:
"Não recebo há quatro meses, é uma situação que me deixa extremamente triste, porque vivo no país [Guiné-Bissau], tenho as minhas responsabilidades, temos as nossas famílias e ninguém assume a situação", disse Paulo Torres à Lusa. "Já dei entrada de uma carta na Federação sobre a situação para que alguém a assuma. Já é uma situação limite. Obviamente que gosto do país, respeito muito a nação guineense, quero o melhor para o país."
AQUI
O que disse o DC 15 dias atrás:
AQUI notícia dada pelo DC
POSSE GOVERNO: O discurso duro de ler
Discurso do Chefe de Estado, em papel A4, sem o selo da República...assim vai a presidência da Guiné-Bissau. AAS
ÉBOLA: Manter a vigilância
COMUNICADO DE IMPRENSA
GUINÉ—BISSAU: MANTER UMA ALTA VIGILÂNCIA CONTRA O EBOLA
Apesar de um declínio significativo da ameaça do vírus do Ebola nos países mais afetados na sub-região(Libéria, Guiné Conakry e Serra Leoa), a Guiné-Bissau continua a ser um dos países mais vulneráveis ao surto, divido à sua proximidade com a Guiné Conakry, mas sobretudo à precariedade do sistema de saúde e a instabilidade institucional que o pais vem atravessando, podendo afetar a preparação e resposta à este tipo de crise epidemiológica.
De fato, recentemente o progresso tem sido registrado nos paises afectados pelo vírus do Ebola, mas a doença persiste sobretudo na Guiné Conakry, onde foram registrados 4 casos durante a última semana de setembro. As perspectivas de se ter uma vacina eficaz disponível em breve, permitem igualmente um clima de otimismo quanto à vitória definitiva diante deste flagelo; não obstante, devemos permanecer vigilantes e continuar a trabalhar, ainda mais no caso da Guiné-Bissau, de maneira a garantir que os esforços e avanços até aqui conquistados não tenham sido em vão.
Não baixar a guarda!
De acordo com Isaac Massaga, coordenador regional do programa humanitário da Oxfam, "os esforços para uma resolução pacífica da recente crise institucional, é mais um passo para a consolidação do trabalho de reconstrução econômica e social que começou depois das eleições presidenciais que ocorrem com sucesso em 2014.
Manter esta estabilidade é mais do que necessário para evitar um possível relaxamento dos esforços de prevenção e preparação que estão em curso contra a ameaça do Ebola, que permanece atualmente uma prioridade para a saúde pública".
Um rápido retorno a uma estabilidade política duradoura se mostra necessário para a continuação das medidas até aqui tomadas para a preparação a um possível surto de Ebola, assim como para a prevenção de outras epidemias recorrentes na Guiné Bissau, como a Cólera, que o país é frequentemente confrontado. Nesta perspectiva, Oxfam encoraja os doadores e parceiros técnicos a fortalecer e manter o seu apoio à Guiné-Bissau.
Como parte dos esforços para manter o país preparado em caso de uma epidemia do vírus do Ebola, a Oxfam e os seus parceiros locais (Nadel, ADPP, ADEMA) continuam a apoiar os esforços de prevenção nas áreas fronteriças e a contribuir aos esforços de coordenação no âmbito governamental.
Oxfam está comprometida em realizar estas ações e espera que as consequências da recente crise institucional que o país atravessou não desvie a atenção dos envolvidos na prevenção do Ebola. Oxfam apela a uma maior mobilização dos atores nacionais e internacionais para manter o apoio às populações mais vulneráveis do país.
Contactos:
Hans MASRO, Coordinateur Régional de la Communication
kmasro@oxfamamerica.org TEL : +221777420743
Fatour NDOUR, Chargée Communication fndour@oxfamamerica.org
Há Governo, mas tensão permanece
José Mário Vaz admite que não houve “convergência” sobre a “totalidade dos nomes propostos” e insiste que formação Governo é “competência partilhada” entre Presidente e primeiro-ministro.
Dois meses depois, a Guiné-Bissau volta a ter Governo. O Presidente da República, José Mário Vaz, nomeou na segunda-feira à noite o executivo liderado pelo primeiro-ministro, Carlos Correia. Mas o difícil e arrastado processo de formação da equipa confirmou que as feridas políticas permanecem abertas.
O decreto de nomeação foi divulgado horas depois de o Presidente ter recusado pela terceira vez nomes propostos pelo primeiro-ministro. “O chefe de Estado insiste em retirar alguns nomes da minha lista e nós não vamos aceitar isso, porque já fizemos todas as concessões necessárias”, declarou Correia, indignado, segundo a agência guineense ANG, que o citou.
Carlos Correia disse que, apesar dos esforços de mediação do ex-Presidente da Nigéria Olessgun Obasanjo, e contrariamente ao que diz a Constituição e ao entendimento do Supremo Tribunal de Justiça sobre a competência para formar Governo, o Presidente insistia em riscar nomes da sua equipa.
No decreto de nomeação, José Mário Vaz admite que “não foi possível” uma “convergência” sobre a “totalidade dos nomes propostos” e insiste na interpretação de que a nomeação dos membros do Governo é uma “competência partilhada” entre Presidente e primeiro-ministro.
Um dos principais focos de tensão no processo de formação do novo executivo, que se prolongou por quase três semanas, foi a rejeição pelo Presidente do nome de Domingos Simões Pereira, ex-primeiro-ministro e líder do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, que tem maioria absoluta na Assembleia Nacional Popular).
Escolhido para a Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares – o que faria dele o número dois do Governo – foi recusado por Vaz. Para viabilizar a solução governativa, o antigo chefe do Governo desistiu de fazer parte da equipa de Correia.
A não nomeação de ministros para as pastas da Administração Interna e a dos Recurso Naturais – que ficam "interinamente”, e “até nomeação dos respectivos titulares”, nas mãos de Carlos Correia – é outro sinal da falta de entendimento. Fonte governamental citada pela AFP disse que Vaz rejeitou os nomes de Daniel Gomes, ministro que no anterior Governo estava com os Recursos Naturais, e de Botché Candé, que já foi titular da Administração Interna
O novo ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares é Malai Sane, jurista formado em Portugal que ocupou a mesma pasta nos anos 1990, com Carlos Correia em primeiro-ministro e Nino Vieira na Presidência da República. Os ministros dos Negócios Estrangeiros é Artur Silva, que era conselheiro diplomático de Simões Pereira.
Muitos dos novos ministros pertenciam ao Governo demitido a 12 de Agosto e a maior parte é do PAIGC. O executivo integra também os líderes de duas outras forças políticas: Geraldo Martins, do Partido da Convergência Democrática, na pasta da Economia e Finanças, e Agnelo Regala, da União para a Mudança, na Comunicação Social. Mas ao contrário do que acontecia anteriormente não tem a participação do PRS (Partido da Renovação Social, o segundo maior do país).
As divergências entre José Mário Vaz e Domingos Simões Pereira tornaram-se públicas quando, a 12 de Agosto, o Presidente demitiu o Governo liderado pelo presidente do PAIGC, que tinha apoio alargado de outras forças políticas na Assembleia Nacional Popular, alegando, entre outros motivos, falta de confiança.
O chefe de Estado, eleito em 2014, tal como o Parlamento onde o PAIGC tem maioria absoluta, não aceitou nova indicação de Simões Pereira pelo partido de que também é militante e escolheu para chefe do Governo Baciro Djá. Mas os actos de José Mário Vaz foram considerados inconstitucionais pelo Supremo e o PAIGC indicou para primeiro-ministro Carlos Correia, primeiro vice-presidente do partido, veterano da luta pela independência, 81 anos, anteriormente três vezes chefe do Governo. Lusa
Guineense, 29 anos, recepcionista no "hotel dos refugiados" em Viena
Perto do centro de Viena há um hotel cujos funcionários são refugiados acolhidos na Áustria, entre os quais um rececionista vindo da Guiné-Bissau. "Vim para o MagDas porque para mim este é um dos melhores projetos que vi na Europa para dar oportunidade às pessoas", disse à Lusa Dinis Angsberg, guineense de 29 anos que trabalha no hotel MagDas.
"Decidi vir para cá para poder dar um exemplo, ser um bom exemplo para os outros." Os colegas de Dinis vêm "de 14 nações diferentes", e têm em comum ter chegado à Áustria para pedir asilo como refugiados. Trabalham num hotel inaugurado em fevereiro deste ano, que visa dar uma primeira experiência profissional na Europa a asilados, e transformar a imagem dos refugiados na Europa. LUSA
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
INDIGNAÇÃO: UN?, UA?
É com muita indignação que recebo a notícia do envolvimento dos Senhores representantes da UA e NU na Guiné Bissau; esperava tudo menos saber que estes dois individualidades se prestam para a fantochada do PR e seus cobaias!!!
O Sr. Representante das NU, que já foi ameaçado pelo PR de declara-lo como pessoa nom grata no pais, parece ter medo de perder o seu posto de serviço pelo que prefere perder a dignidade e bandiar pela ilegalidade!!!
PAIGC, não tenham medo de recorrer a justiça para fazer valer o plasmado na nossa carta magna. Não deixem os incompetentes, bandidos, traidores, satanases, ladrões dos nossos impostos, advogaduchos, licenciados de meia tigela, em fim sem adgetivos para lhes descreverem, violassem os nossos direitos.
Deus abençoe a nossa Guiné-Bissau.
Ricardo Mendes
Para memória futura
O presidente da Guiné-Bissau José Mário Vaz, violou o Acordo, entregou provisoramente as pastas da Administração Interna e dos Recursos Naturais ao Carlos Correia até à nomeação dos titulares. Tenho dúvidas se ele tem o acordo de Carlos Correia sobre esta matéria. De facto, estamos a lidar com um delinquente! AAS
FLORA GOMES: Um avião chamado Guiné-Bissau com um piloto que ficou cego e surdo
O cineasta guineense Flora Gomes ilustra com uma cena trágica a crise política no país, que completa hoje dois meses sem Governo. O realizador imagina toda a população a viajar num avião, que representa o país, em que se pensava estar "um bom piloto. Só que de um momento para o outro, o piloto ficou cego e surdo" e ninguém sabe para onde vai.
Flora Gomes é um dos artistas guineenses ouvidos pela Lusa que se diz "revoltado" com as decisões do Presidente da República, José Mário Vaz, o "piloto" que a 12 de agosto demitiu o Governo contra a opinião generalizada das entidades nacionais e estrangeiras. Lusa
NOTA: GRANDE Flora Gomes. Jubiloso abraço. AAS
EXCLUSIVO DC: O QUE SE NEGOCIOU e O QUE QUER JOMAV
JOMAV 'EXIGIU':
- Redução do governo de 34 para 31 elementos;
- Saída de DSP do governo;
- Em relação ao Botche Candé e ao Daniel Gomes, em relação aos quais o Presidente manifestou reservas, ficou acordado que se o PM os mantiver na lista o PR assina o Decreto à mesma na segunda feira (hoje).
Este foi o Acordo alcançado pelo Mediador da CEDEAO, Presidente Olesegun Obasanjo, entre o Presidente Jomav e o PAIGC. Obasanjo transmitiu este Acordo os Embaixadores da União Europeia, de Portugal, da França, do Senegal, da Nigéria e ao Representante da CEDEAO antes de deixar Bissau.
Agora, Jomav, influenciado por algumas personalidades em Bissau, nomeadamente Ovídio Pequeno (União Africana) e Miguel Trovoada (Representante Especial do Secretário Geral das Nações Unidas) está a querer alterar o Acordo.
Convém lembrar que Macky Sall, enquanto Presidente da Conferência dos Chefes de Estado da CEDEAO, recebeu no dia 19 de Agosto mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas para mediar a crise política na Guiné-Bissau.
Não se percebe que, depois do Mediador da CEDEAO ter deixado país, haja tentativas de alteração do Acordo.
Aos diplomatas em Bissau: é preciso ter cuidado para não complicar mais uma situação já de si complicada. É preciso atuar no estrito respeito pela Constituição da República da Guiné-Bissau, pelo Acórdão n. 1/2015 do STJ e pela mediação internacional presidida pela CEDEAO. Jomav deve respeitar o Acordo alcançado sob a égide da CEDEAO. Não lhe pedimos nada mais. ;)
Constitucionalista Jorge Miranda: O Presidente José Mário Vaz “está a criar uma crise artificial num país que precisa de paz e estabilidade”
O Presidente José Mário Vaz “está a criar uma crise artificial num país que precisa de paz e estabilidade”. Quem o diz é Jorge Miranda, considerado o “Pai” da Constituição da República Portuguesa, modelo da Constituição em vigor na Guiné-Bissau.
Convidado a analisar a crise política no país, Jorge Miranda, prestigiado Constitucionalista e Professor Catedrático, tece fortes críticas à posição assumida pelo chefe de Estado guineense. O Catedrático da Faculdade de Direito de Lisboa sublinha que é ao Primeiro – Ministro que compete escolher a equipa e formar o Governo.
Discurso do Dia da Justiça
República da Guiné-Bissau
Ministério da Justiça
Gabinete da Ministra
DISCURSO DO DIA DA JUSTIÇA
No ano passado, comemorávamos quatro décadas passadas sobre a passação da administração judicial colonial, ocorrida a 12 de Outubro de 1974. Com fé e otimismo, pretendentes de uma República da Guiné-Bissau orientada para a construção de uma SOCIEDADE JUSTA, tal qual reza a Constituição da República, sob o lema "ADMINISTRAR A JUSTIÇA EM NOME DO POVO", celebramos sobretudo os nobres valores da justiça que nos foram proclamados, referenciando a JUSTIÇA SOCIAL, baseada na igualdade de direitos, na solidariedade coletiva e no cruzamento entre o pilar econômico e o pilar social. Comemoramos, aspirantes a tal JUSTIÇA COM «J» GRANDE: melhor qualidade de vida, melhor saúde, melhor educação, melhor habitação e emprego. Porque julgamos visível e alcançável no horizonte.
Cumprido o PROGRAMA MÍNIMO, que consistia na independência, havia a esperança de que a força anímica do Partido, à sombra da figura tutelar de Cabral, saberia caminhar na senda de um PROGRAMA MAIOR. Esperanças que foram sendo sucessivamente traídas pelas lutas intestinas pelo poder no seio do Partido, mesmo depois da abertura ao multipartidarismo.
Mesmo assim, no ano passado, apesar dos muitos sobressaltos que foram abalando as expectativas históricas, o povo renovou o mandato de esperança no PAIGC, em eleições reconhecidas como livres, resultando uma sólida maioria parlamentar e num presidente eleito pelo mesmo Partido, o PAIGC, cuja inquestionável legitimidade fazia sonhar estarem finalmente reunidas as condições para uma estabilidade governativa sustentável, que permitisse enfrentar as inúmeras carências e fragilidades do Estado.
Hoje, registamos simbologicamente O DIA DA JUSTIÇA, que, para mim, será a última aparição pública como Ministra da Justiça, sendo obrigada, por direito e dever, a proceder a algumas considerações sobre o exercício.
Mais uma vez, pela 3.ª, aceitei o desafio que me foi lançado e a ele me cingi, tentando encontrar um equilíbrio entre dignidade pessoal e o compromisso de honra que assumira. Apesar dos vários sinais de mal-estar que vinham sendo notórios no relacionamento entre órgãos de soberania, e das quebras de solidariedade institucional, esperei sempre que a cada vez mais marcada divergência entre o slogan «MON NA LAMA» e o «TERRA RANKA» fosse aplacada numa concertação política que obrigasse ambos os atores à transparência e a boas práticas de governança. Naturalmente que sempre fiel ao enunciado no programa eleitoral do PUSD, o meu Partido, dando o meu melhor «PA LANTANDA NÔ TERRA», nomeadamente lançando as bases da REFORMA ESTRUTURAL e representando com dignidade o Ministério e o país no estrangeiro.
Nestas considerações, que me permito, deixo bem claro que, no Governo exonerado ao qual pertenci, a Justiça foi claramente relegada para segundo plano. Não obstante a aprovação em Conselho de Ministro dum Programa de Urgência para o Setor, não foram disponibilizados sequer fundos mínimos que pudessem fazer face a dívidas acumuladas pelo Estado, mormente o pagamento de rendas a senhorios de imóveis onde estão instalados tribunais. Assim como, não foram tomados em consideração múltiplos contributos, bem como sérios avisos, remetidos ao então Primeiro-Ministro, na área da Justiça.
Eventualmente esperava-se de mim o seguidismo cego, ou que enfileirasse acriticamente na lógica de uma desalmada luta pelo poder pessoal, para garantir um efémero e ingrato cargo. Porém, a ser, enganaram-se no perfil: não é o poder pelo poder que me faz correr. O QUE ME FAZ CORRER É O SONHO DE UMA GUINÉ JUSTA, VERDADEIRAMENTE INDEPENDENTE, GARANTINDO LIBERDADE DE OPORTUNIDADES NO RESPEITO PELA DIVERSIDADE. UMA GUINÉ APONTADA COMO EXEMPLO A UM MUNDO CADA VEZ MAIS AFOGADO EM GUERRAS E TODO O GÉNERO DE INTOLERÂNCIAS.
Durante 14 meses, nesta CASA, com compromisso e honra, servimos com total fidelidade à Constituição e às leis. Todavia, mal começamos o trabalho e, por isso, estou insatisfeita. Sentimento que julgo generalizado a compatriotas, no país ou na diáspora, perante tantos desmandos e atropelos ao Estado de Direito.
De facto, foi-me confiada uma tarefa para quatro anos. Quem ma confiou nunca me proporcionou pernas para andar. Pelo contrário, fui por várias vezes humilhada. Desde o início, na hierarquia do Governo: colocado o Ministério em 13.º lugar, em flagrante violação da Lei.
Mas não é tempo só de lamúrias, nem quero contribuir para o ambiente já tão crispado, de tanta lavagem de roupa suja.
Bem sei, por experiência pessoal, como pode parecer impróprio ouvir uma Ministra da Justiça colocar em evidência a falência do Estado em proporcionar esse bem básico para uma sociedade que é a ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA. Contudo, há um ano, no diagnóstico realizado, chamava a atenção para esse lamentável cenário. O aparelho judicial não está minimamente preparado para cumprir as suas funções, nem assenta numa jurisprudência consistente, padecendo de múltiplos vícios como a morosidade, a inconclusividade, uma legislação desadequada ou obsoleta, um déficit de procuração, redundando numa sensação generalizada de inoperância e de impunidade.
Muitos poderão pensar que estou a partir a louça apenas agora que não vejo continuidade no meu trabalho à frente do Ministério da Justiça. Ora já estou habituada a esta nossa terra de ninguém, a ficar no cerne do fogo cruzado. Acusada de fazer de mais, ou de fazer de menos: presa por ter cão e por não ter! A ESPERANÇA É A ÚLTIMA A MORRER, mas há limites para a paciência das pessoas. A SITUAÇÃO É INSUSTENTÁVEL E DECLARADAMENTE INSANÁVEL. Há alturas em que é preciso ousar dizer BASTA!
NESTE DIA DA JUSTIÇA, reconheço como positivo o ACÓRDÃO COLETIVO DO SUPREMO TRIBUNAL de Justiça, traduzindo o entendimento generalizado da população, quanto à ilegitimidade da formação de um Governo fraccionista no seio do PAIGC, que não dava garantias de sustentabilidade parlamentar. No entanto, é errado pensar que a Justiça é meio adequado para resolução de questões políticas. O poder político não tem legitimidade para ingerências no poder judicial; mas, reciprocamente, este também não tem vocação para servir de árbitro entre órgãos de soberania, devendo constituir-se como um último recurso.
Necessariamente, tal como a generalidade do povo guineense, sinto uma grande frustração pessoal, associada a um sentimento de impotência, perante tantos desmandos e atropelos ao Estado de Direito a que vimos assistindo ultimamente. Assistimos a uma subversão de todos os princípios de boa-fé, escalpelizando a Constituição em interpretações formais que esvaziam o seu espírito e pressupostos de saudável cooperação e solidariedade institucional, expondo a DEMAGOGIA dos atores e desacreditando o país perante o exterior, se não mesmo colocando EM PERIGO A SOBERANIA NACIONAL.
Como titular da pasta da Justiça, mesmo se em modo de gestão corrente, insurjo-me contra todas as tentativas de transformar a Justiça num fugaz episódio de uma interminável guerra pessoal que, ao mais alto nível do Estado, envergonha o povo guineense. TEMO PELO FUTURO DO NOSSO PAÍS, quando, em vez de negociar políticas, projetos, ou visões de futuro, se negoceia o número de pastas ministeriais, com titulares em branco. Que esperar de um Governo baseado neste género de pressupostos? Que pensar desta interminável novela de mau gosto?
Será utopia para nós a ESTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO?
Diz o texto da Proclamação do nosso Estado: «O ESTADO DA GUINÉ-BISSAU ASSUME A RESPONSABILIDADE DE PROMOVER O PROGRESSO ECONÓMICO DO PAÍS, CRIANDO AS BASES MATERIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CULTURA, DA CIÊNCIA E DA TÉCNICA, COM VISTA À ELEVAÇÃO CONSTANTE DO NÍVEL DE VIDA SOCIAL E ECONÓMICO DAS NOSSAS POPULAÇÕES E PARA A REALIZAÇÃO FINAL DA VIDA DE PAZ, DE BEM-ESTAR E DO PROGRESSO PARA TODOS OS FILHOS DA NOSSA TERRA.»
Mas, em nome da Justiça, com J grande, constato que o Partido no poder tem dado mostras de ser indigno de governar, arrastando para o mesmo lamaçal todo o atual elenco parlamentar, o qual já não corresponde minimamente à vontade popular expressa nas urnas. Este facto traduz-se numa manifesta QUEBRA DE LEGITIMIDADE, da qual o acórdão do Supremo Tribunal é apenas a ponta do iceberg. Assistimos atualmente a uma ANULAÇÃO DE PODERES ENTRE ÓRGÃOS DE SOBERANIA.
À luz do espírito da Constituição, a gravidade da situação obriga à manifestação da SOBERANIA POPULAR. É impossível não assacar responsabilidades a ambas as partes, mas também, para além dos protagonistas do momento, à própria cultura partidária do PAIGC.
Ninguém é insubstituível! Fiz um juramento para quatro anos. Deixo a pasta, passado pouco mais de um ano. Não é a primeira vez. Deixo os esboços traçados a quem me suceder, na vaga esperança de que lhe possam ser de alguma utilidade na esperança da CONTINUIDADE DE ESTADO e da almejada REFORMA ESTRUTURAL, num setor que é caro à Guiné-Bissau e que é o pilar da CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO, querido de Direito. Pois, o Direito, criação humana, é um instrumento, cujo principal objetivo é viabilizar a existência em sociedade, trazendo PAZ, SEGURANÇA E JUSTIÇA.
Apelo para que acreditemos que a Justiça, por mais que tarde "I NA FIRMANTADU NA GUINÉ-BISSAU": com cabeça, tronco e membros.
Mantendo o meu compromisso com o povo guineense e a minha disponibilidade para servir os seus interesses.
Muito obrigada.
A Ministra (em gestão corrente),
Carmelita Pires
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