terça-feira, 9 de julho de 2013
Recordando - Um Nobel da Paz não merece o purgatório
Anda tudo num beija-mão, em Bissau, com a nomeação do timorense José Ramos Horta para o cargo de representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, em substituição do acossado ruandês Joseph Mutaboba. Todos saúdam a escolha do Nobel da Paz, mas todos eles sabem que não há uma ponta de seriedade naquilo que pregam. Eu, e para não variar, é isto que penso:
Penso que não vão deixar o José Ramos Horta fazer nada. Para começar, já lhe tiraram as medidas. Depois, vão tentar desgastá-lo, vão levá-lo naquele eterno jogo de intrigas que se espalhou como um cancro na vida política e social Bissau-guineense. Vai ser um diz que diz, portanto. E, sobretudo, vão enganá-lo. O Ramos-Horta que não se deixe impressionar com o que ouve da parte dos políticos matreiros - são todos mentirosos e manipuladores!
Em suma, vão fazer com o Ramos Horta aquilo que fizeram com todos os anteriores representantes da ONU. Com o David Stephen ("Koumba Yalá não dá ouvidos à comunidade internacional. Diz uma coisa e faz outra"), disse, em entrevista ao jornal Lusófono; o Nana Sinkan (que se meteu em embrulhadas, cada uma mais caricata do que a outra); com o Bernardo Honwana ("os modelos adoptados pela comunidade internacional não são efectivamente aplicáveis e funcionais na Guiné-Bissau"); com o Joseph Mutaboba...enfim.
Não digo isto a rir. Digo-o com enormes doses de desânimo e de tristeza e, um dia, dar-me-ão razão. Em termos pessoais, nada a apontar ao político timorense. E, para facilitar as coisas, Ramos Horta fala a mesma língua. É triste, muito triste mesmo, ver um prémio Nobel a entrar no purgatório. AAS
Reconciliação com líderes honorários
"O tal conhecimento empírico, de que falei no texto anterior, tem a natural tendência para a superficialidade, usando frases feitas e imbuídas de alguma carga emocional, mas completamente desprovidas do tal rigor necessário ao conhecimento científico ou académico.
Olhando par ao título deste texto, torna-se óbvio que pretendo falar da tão badalada e gasta (pela superficialidade com que é referida) reconciliação nacional mas, queria primeiro esclarecer alguns pontos sobre o conhecimento empírico e científico referido no meu último texto. Para me fazer entender melhor, vou dar um exemplo com que contactei diretamente na minha passagem pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e vou usar o nome próprio, porque sinto-me na legitimidade de o fazer…
Julgo que qualquer estudante que passou pela FMUP nos anos 70 a 90 conheceu o Sr. Júlio do teatro anatómico. Era o exemplo perfeito do domínio do conhecimento empírico. Era o homem que dissecava e ajudava a alguns estudantes a dissecarem os cadáveres, expondo as estruturas anatómicas para as aulas práticas, estudo de preparação dos exames e exames propriamente dita. Portanto, de certeza que pouquíssimos alunos de Medicina, hoje médicos de várias áreas, conheciam melhor que o Sr. Júlio, as estruturas anatómicas e as suas relações quer no plano descritivo como topográfico. Mas, o que o Sr. Júlio não sabia e que os alunos de Medicina sabiam, ou tinham o dever de saber, era a constituição desses ossos, músculos, nervos e vasos sanguíneos, as suas funções e interações, para além de outros conhecimentos aportados noutras cadeiras.
O Sr. Júlio tinha o conhecimento empírico das estruturas anatómicas, como conhece de forma empírica, todos os caminhos que vão dar à sua casa, sem se preocupar com as particularidades da construção de tudo o que o rodeia. Mas, nós estávamos aí para aprender o conhecimento científico… O Sr. Júlio, não teve a sorte de um dia ser chamado para ajudar a retirar um órgão no transplante de um doente que viesse a falecer dias depois, mas teve o azar de ter tido um Regente da cadeira de Anatomia que lhe proibia sequer de esclarecer umas dúvidas aos alunos, ao que ele, dissimuladamente se furtava por vezes… Com jeitinho, de acordo com algumas “mentes iluminadas” da nossa sociedade guineense, até seria legítimo que o Sr. Júlio lecionasse Anatomia na Faculdade de Medicina da Guiné-Bissau, para não dizer ser Ministro ou Secretário de Estado da Saúde!
Mas passemos e com algum rigor, a tão badalada reconciliação entre os guineenses.
A reconciliação nacional não é a mesma coisa que o restabelecimento de relações entre pessoas desavindas ou casais separados! Antes de mais, não se pode falar de reconciliação nacional, sem antes libertar o país e o povo das garras dos opressores. Esse propósito é conseguido não só com organização de eleições consideradas livres e justas, mas também com uma verdadeira reforma no sector da defesa, segurança e essencialmente no aparelho judicial, garantindo a submissão do poder militar ao poder político e a proteção judicial dos culpados e das vítimas...
A verdadeira reconciliação nacional, seja ela em que país for, precisa de ir ao âmago da questão, tentando encontrar a verdadeira razão da desunião, identificar os culpados e as vítimas, conhecer os danos causados, as respetivas penas previstas na legislação do país e, até onde as vítimas são capazes de prescindir definitivamente dos seus direitos e compensações, face aos crimes ou outras ilegalidades cometidas contra elas.
Ora, uma verdadeira reconciliação entre os guineenses necessita de um aparelho judicial forte, um estado com algum poderio ou estabilidade económica e ainda o apoio e uma verdadeira colaboração e empenho dos líderes religiosos ou tribais do nosso país.
Nessa ótica, a reconciliação guineense teria de passar por um longo caminho, o que obviamente pesaria muito no erário público de um país em que a pobreza é uma realidade inegável …
Atrevo-me a afirmar, de forma empírica, que a reconciliação guineense deveria começar entre irmãos que um dia pegaram nas armas para travarem uma luta armada, contra um inimigo comum mas que depois, no seio da própria organização, se traíram, torturaram-se e mataram-se, conforme interesses pessoais, rácicos ou étnicos. Sabemos que alguns dos verdadeiros “n’bai luta” já não estão entre nós. Isso coloca a questão de julgamentos e perdões a título póstumo e a necessidade de, aqueles que ainda estão vivos revelarem a verdade e só a verdade, do que se passou durante a luta armada… Nessa sequência, é óbvio que tornaria necessário e desejável uma verdadeira reforma nas FARP’s, estrutura militarizada derivada da luta armada.
Depois dessa reconciliação no seio do PAIGC e das FARP e a reforma no seio desta, seria preciso que os autores dos vários golpes de estado se reconciliassem com as suas vítimas, com a confrontação judicial das várias famílias ou a título póstumo.
Ainda há outra dimensão de injustiças, violações de direitos individuais e crimes cometidos, secundários aos abusos do poder no aparelho do estado, derivados dos golpes de estado, que teriam de ser tipificados e classificados na moldura penal guineense, para que fosse possível o seu perdão ou o seu julgamento e ainda o devido registo na história do país.
Só depois dessa reconciliação entre atores militares e políticos, seria possível avançar com uma reconciliação, que de certeza exigiria menor esforço e menor gasto de recursos, que é a reconciliação do poder estatal com a sociedade civil e a reconciliação entre cidadãos e etnias desavindos.
Assistimos menções repetidas de amnistias e reconciliações com alguma ligeireza, típica do conhecimento empírico, apontando datas ou acontecimentos a partir do qual se deveria reconciliar ou amnistiar os guineenses! Os guineenses já se aperceberam que uma amnistia ou reconciliação a partir de uma determinada data ou acontecimento, seria apenas uma tentativa de ilibação de alguns criminosos pelos crimes cometidos no período que mais lhes interessa e não um uma verdadeira reconciliação do país com o seu passado, como promessa de um futuro risonho…
Até para apelar a reconciliação entre os guineenses é preciso algum rigor! Como gosto de pesquisar sobre “temas já conhecidos por todos” e aportar sempre algo mais ao meu parco conhecimento, julgo ser diferente daqueles que, ao andarem um dia de canoa num rio, julgam dominar a navegação marítima, podendo até aventurar-se na navegação oceânica!
Para terminar, tenho assistido a manifestação de estados de ânimos entre os guineenses, sobre atitudes e posicionamentos do Sr. José Ramos Horta, como se de um agente político guineense se tratasse! Peço a todos os guineenses, alguma moderação no julgamento precoce desse homem. Temos de pensar que a função do Sr. José Ramos Horta não é resolver todos os problemas da Guiné-Bissau, mas é apenas um homem mandatado pela ONU para determinadas funções na Guiné-Bissau, como poderia ser noutro qualquer ponto do planeta. Deixemos o homem fazer o seu trabalho, para depois podermos julga-lo no fim do seu mandato na Guiné-Bissau… Não podemos cair na tentação de ser igual aos golpistas, que interpretaram o posicionamento do Sr. Joseph Mutaboba a favor da legalidade constitucional e contra o crime organizado, como uma atitude de interferência na política nacional, declarando-o como “persona non grata”… Também, não são as imagens de ocasiões captadas com intuito de renovar imagens pessoais já gastas, que podemos interpretar automaticamente que José Ramos Horta é amigo da Guiné-Bissau e dos guineenses. Não é essa a função do Sr. José Ramos Horta e não vamos força-lo a sê-lo, só pela imperiosa necessidade que alguns têm de libertar o povo guineense da opressão em que se encontra ou apenas por imperiosa necessidade de autopromoção de outros.
A Guiné-Bissau tem de encontrar os seus verdadeiros libertadores entre os guineenses, assim como Timor Leste encontrou no Sr. José Ramos Horta, Xanana Gusmão, D. Ximenes Belo e outros os seus verdadeiros líderes. Precisamos de referências nacionais e temos de construí-lo entre nós. Não é com líderes honorários que encontraremos rumo para o país…
Jorge Herbert"
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Os suspeitos do costume
As principais organizações internacionais parceiras da Guiné-Bissau reafirmaram hoje o empenho na ajuda ao país e na realização de eleições, que permitam que autoridades legítimas façam "as reformas profundas que a Guiné-Bissau necessita".
A promessa foi deixada por El Ghassim Wane, diretor do gabinete para a Paz e Segurança da União Africana (UA), que chefia uma delegação de cinco organizações internacionais que hoje iniciaram uma visita conjunta à Guiné-Bissau, a segunda após o golpe de Estado de 12 de abril do ano passado. A missão junta a UA, a ONU, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a União Europeia, e tal como em dezembro passado, quando da primeira visita, destina-se a avaliar a situação do país e as possibilidades de apoio.
Perguntar não ofende
"Alguém já se perguntou o que verdadeiramente fazem os chineses que têm uma farmácia ao lado da PNEUCAR, na Granja e andam de AUDI Q7?"
Leitora identificada
Pois...devem vender cocaína em cápsulas?
Ramos Horta, a grande desilusão (II)
Volto em contacto com os compatriotas guineenses e da língua portuguesa, através deste artigo de opinião, que designo de OPINIÃO 2, esperando que os colaboradores do Sr. Ramos Horta em Bissau o acompanhem para melhor o aconselharem em como ajudar um povo subjugado por uma tirania militar, sem ninguém que se interesse por ele, no plano internacional. Esta segunda reflexão serve para lembrar ao Sr. Ramos Horta o que quase todos os representantes do SG da ONU que lhe antecederam, incluindo o mal-amado pelo brutal regime militar de Bissau, Joseph Mutaboba, escreveram sobre quem está na base da grave e crónica instabilidade política da Guiné-Bissau – os militares guineenses, cujas chefias se envolveram profundamente no tráfico de drogas e de armas, transformando, infelizmente, o nosso território numa placa giratória do narcotráfico.
PRINCIPAL FACTOR FRAGILIZANTE DAS INSTITUIÇÕES DO ESTADO NA GUINÉ-BISSAU - (O PODER MILITAR)
É sabido por toda a gente na Guiné-Bissau, mas também da dita comunidade internacional da participação ativa de algumas chefias militares guineenses no tráfico de droga e de armas, sendo esse facto um dos fatores principais da fragilização das instituições do Estado, nomeadamente daquelas que têm como missão fundamental combater a criminalidade, em geral, e o tráfico de drogas e crime organizado, em particular.
Até a eclosão do conflito armado de 1998, os militares da Guiné-Bissau obedeciam o poder civil eleito e a instituição militar funcionava com base na disciplina e respeito pelas hierarquias. Esse conflito armado de 1998, culminou com o golpe de Estado militar que derrubou o então Presidente Nino Vieira, tendo havido, a partir dali, uma viragem total na relação entre o poder civil e os militares com a supremacia destes em relação aquele.
O poder civil passou sob tutela dos militares, em que o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas passou a ser, na prática, o líder do país no lugar do Chefe de Estado eleito. Significa dizer que a partir de 1999, os militares nunca mais deixaram de ser os detentores, de facto, do poder na Guiné-Bissau. Sabendo disso, os narcotraficantes da América latina depressa rumaram à Guiné-Bissau, onde estabeleceram relações com aqueles que sabiam ter o poder real no país, que são os militares.
Na verdade, formalmente a Guiné-Bissau tinha um Presidente da República, um Parlamento, um Governo, um Sistema de Justiça, mas que nenhum destes órgãos de soberania tinha poder sobre os militares, pois estes, em clara violação da Constituição da República, não observavam o princípio da subordinação das Forças Armadas ao Poder civil eleito. Como é bom de ver, a partir daí a Guiné-Bissau ficou muito mais vulnerável a penetração das organizações criminosas e das redes do tráfico de drogas e de armas.
E é a partir desse novo quadro na relação entre o poder político civil eleito e algumas chefias militares já altamente comprometidas com os narcotraficantes que o país sofreu uma invasão destes agentes de crime internacional, transformando a Guiné-Bissau num local privilegiado para o trânsito da droga para a Europa e, agora, também para os Estados Unidos da América.
Repare-se que, mesmo os civis envolvidos nesse negócio da droga na Guiné-Bissau, fazem-no sempre com a proteção de algum chefe militar com o qual dividem depois os rendimentos dai resultantes. São eles que autorizam a aterragem de aeronaves em pistas no interior do país, mas também no aeroporto internacional de Bissau, sem que nem a polícia judiciária, nem o Ministério Público possam abrir inquéritos criminais contra tais militares envolvidos no tráfico.
Houve, aliás, vários casos de apreensões de droga e a prisão de militares envolvidos por parte da polícia judiciária, mas que as Chefias militares, de imediato, ordenaram a libertação imediata dos suspeitos, o que é do conhecimento de toda a comunidade internacional, pela via da ONUDC.
Ora, a conclusão que podemos tirar desse envolvimento forte de algumas chefias militares no tráfico de drogas na Guiné-Bissau, é ter enfraquecido, de forma muito acentuada, as instituições do Estado guineense de combate ao narcotráfico e ao crime organizado. Isto porque, nem a policia judiciária nem o Ministério Público e nem mesmo os juízes criminais têm a ousadia de, no âmbito de inquérito ou de investigação, convocar um militar, por mais simples que seja, para ser ouvido. Por isso, pode-se afirmar, com toda a firmeza, que a transformação do território da Guiné-Bissau num local de depósito e trânsito de drogas é da responsabilidade direta de algumas chefias militares, incluindo o próprio CEMGFA, António Indjai, sobre quem, aliás, pende um mandado de captura internacional por tráfico de drogas e armas e conspiração para liquidar norte-americanos em parceria com as FARC, de acordo com uma acusação formal do sistema de justiça americano.
Por outro lado, se a impunidade passou a ser regra na Guiné-Bissau é pelo facto de os militares dominarem todas as estruturas do Estado, incluindo as estruturas politicas (Presidente da República, Parlamento e Governo). E é, aliás, por isso que todos os assassinatos políticos executados no nosso país até a presente data não foram esclarecidos e nem algum dia serão concluídos, enquanto o quadro atual da supremacia do poder militar sobre o poder civil se mantiver – ou seja, enquanto as atuais chefias militares continuarem a dominar o poder politico. Esta é uma realidade que o Sr. Ramos Horta finge ignorar, alinhando com as posições colonizadoras da Nigéria sobre a Guiné-Bissau, que apoia cegamente os militares golpistas e narcotraficantes.
E podem crer que o narcotráfico e a impunidade continuarão a fazer parte da vida dos guineenses, na Guiné-Bissau, a não ser que haja uma intervenção externa, que modifique o quadro atual e garanta que as instituições estatais, incluindo as políticas, mas também o poder judicial, poderão, de forma livre, perseguir quem quer que seja, que tenha cometido crimes no seu território. Quero com isso dizer que, a manter-se o quadro atual de uma supremacia dos militares sobre o poder politico eleito, jamais o sistema de justiça poderá atuar para responsabilizar os criminosos envolvidos no narcotráfico e crime organizado na Guiné-Bissau.
Aliás, o próprio Ramos Horta, numa das suas declarações feitas em Bissau poucos dias após a sua chegada à capital guineense, tinha dito ser urgente serem organizados os processos crimes contra aqueles que planearam e executaram o golpe de Estado de 12 de Abril. Será que Ramos Horta se reuniu com o PGR, também ele golpista, pedindo-lhe informações sobre os processos instaurados contra os golpistas? Pediu-lhe informações sobre os crimes cometidos contra os jovens felupes naquela famigerada inventona de 12 de Outubro de 2012? Quis o Ramos Horta informar-se junto do PGR golpista sobre se instaurou inquéritos contra os militares que sequestraram e espancaram os Drs. Iancuba Indjai e Silvestre Alves?
Quis o Sr. Ramos Horta indagar ao PGR golpista sobre o processo contra os militares que executaram o Presidente Nino Vieira, por ser do conhecimento público que, através da comunicação social, houve já uma confissão do “famoso” Pansau N`Tchama sobre a sua participação no crime e tendo-o feito a ordem de quem comandava o “famoso” batalhão de Mansoa, que a época era CEMGFA, António Indjai? Sr. Ramos Horta pediu informações ao PGR golpista informações sobre se há processo-crime organizado contra General Indjai pelo sequestro do PM, Carlos Gomes Júnior e Zamora Induta, crimes cometidos em 01 de Abril de 2010, além de crime de ameaças de morte proferidas publicamente contra o Chefe do Governo de então?
Ora, com o silêncio do Sr. Ramos Horta, sobre estes assuntos que, quer as Nações Unidas, quer a União Africana quer a União Europeia exigiram a responsabilização criminal dos militares que participaram nestes crimes hediondos, só podemos concluir que certamente terá levado um puxão de orelhas do todo-poderoso General Indjai. Por isso, sobre estes assuntos de crimes dos militares, o Sr. Ramos Horta calou-se de uma vez por todas. Simplesmente, lamentável.
Com todo o respeito e consideração que podemos ter para o Sr. Ramos Horta, se é para defender e proteger os militares guineenses altamente envolvidos em todo o tipo de crimes (homicídios, narcotráfico, trafico de armas, violações dos direitos humanos, torturas, tratamento desumano e degradante a cidadãos guineenses, desvios de fundos públicos, etc), o melhor que pode fazer é renunciar o seu mandato. Porque para apoiar os militares golpistas, basta-nos a criminosa Nigéria/CEDEAO.
Por isso, aos representantes das organizações internacionais representativas da comunidade internacional (ONU, União Africana, União Europeia, CPLP) posso reafirmar, hoje, que um dos maiores desafios para o Estado guineense diz respeito a credibilidade dos sistemas democrático e da justiça bem como da melhoria do seu funcionamento, pois a situação atual continua marcada pelo estigma da impunidade e corrupção.
E sendo propriamente a Justiça um valor supremo nas sociedades civilizadas, nenhum Estado pode a ela renunciar. Por outro lado, a sua solidez está intrinsecamente ligada com a qualidade da democracia praticada no território do Estado, com o reconhecimento do primado da lei em detrimento da força, com o respeito das liberdades, direitos, e garantias dos cidadãos e correspondente responsabilização pelos seus atos de tal modo que nenhum grupo de cidadãos possa beneficiar do privilégio da impunidade. Infelizmente, para o povo da Guiné-Bissau, a realidade confirma esse privilégio da impunidade a favor dos militares, com muita pena nossa.
Pedimos a comunidade internacional para que abra os olhos sobre a situação prevalecente na Guiné-Bissau, onde, apesar da constituição daquilo que convieram chamar “Governo de Inclusão”, de inclusão nada tem. Continua a ser um governo golpista, entretanto, sem nenhum poder porque continua totalmente submetido aos militares golpistas, particularmente ao “General” António Indjai, com mandato de captura internacional por tráfico de drogas e de armas e conspiração contra os EUA. Tenho dito.
Silvério Mendes"
domingo, 7 de julho de 2013
DROGA: Capturado "Pablo Escobar" da 'Ndrangheta
Com - claro! - a GUINÉ-BISSAU na sua rota...
NOTA: E ainda ontem ouvia, entre a estupefacção e o rídiculo, o pomposo discurso do 'primeiro-ministro' Rui Barros na Assembleia Nacional Popular. Parecia até um irrefreável fanático. Meus caros, não adianta tapar o sol com a peneira!!! A Guiné-Bissau está vergada e metida até ao tutano, e ao mais alto nível, no tráfico de cocaína para matar ocidentais. Ninguém deve confiar neste governo (que já usou, segundo acusações da DEA, "dinheiro proveniente do tráfico de drogas para pagar salários aos funcionários públicos.") A Europa não deve dar um tostão que seja para financiar compras de casas, carros e sustento para comadres de golpistas promíscuos. AAS
RAMOS HORTA: A grande desilusão
"Meu caro Aly Silva,
Antes quero manifestar-lhe toda a minha solidariedade nessa luta que é de todos os guineenses contra a ditadura militar vigente no nosso país. Faço parte daqueles que te admiram pela sua coragem e determinação em defesa dos valores e dos principios que todas as sociedades livres e democraticas comungam. É nesse quadro, que, como guineense, decidí escrever uma opinião sobre o comportamento que acho totalmente inadequado do Ramos Horta, na sua qualidade de RE do SG da ONU, agradecendo a sua publicação no seu blogue. Alta e fraternal consideração.
Ramos Horta, representante do SG da ONU na Guiné-Bissau – uma total desilusão para os Guineenses – rendido aos militares golpistas e a famigerada CEDEAO.
Como guineense que sou, tinha ficado satisfeitíssimo com a escolha do timorense RAMOS HORTA para representante do SG da ONU na Guiné-Bissau, não só pela experiencia acumulada na luta pela libertação do povo maubere então subjugado pela tirania dos indonésios, mas também por ter ocupado os mais altos cargos políticos no seu país durante os últimos anos. A instabilidade politica e social que reinou nos tempos que se seguiram a independência de Timor Leste dos indonésios é em tudo semelhante daquilo que a Guiné-Bissau tem vivido desde a sua independência, em que os militares se sobrepuseram as instituições politicas.
Ora, tal como os indonésios foram muito maus para o povo maubere, porque durante o seu reinado os cidadãos timorenses perderam as suas liberdades fundamentais. O Senhor Ramos Horta foi exemplo de firmeza na luta que liderou no exterior para a defesa das liberdades fundamentais dos cidadãos timorenses e a sua independência face ao poder totalitário de então dos indonésios. Ele, Ramos Horta, sabe mais do que ninguém o valor da liberdade de um povo oprimido por um poder autoritário, brutal e violento. Ele foi forçado a viver no exilio durante muitos anos, porque o seu país estava ocupado por tiranos indonésios.
Por isso, achei que a sua escolha seria perfeitamente ajustada a necessidade de defesa a favor do povo guineense, que ao longo de décadas está privado das suas liberdades por causa da ditadura militar existente na Guiné-Bissau, que transformou os militares, seus familiares e acólitos numa classe de intocáveis perante as instituições estatais em geral e em particular as instituições da justiça.
O senhor Ramos Horta, no lugar de se colocar ao lado do povo guineense oprimido, ficou a defender aqueles que são os principais responsáveis da opressão na Guiné-Bissau, que são:
a) Aqueles que matam e espancam os guineenses,
b) Aqueles que violentam os guineenses;
c) Aqueles humilharam e humilham os guineenses;
d) Aqueles que são os responsáveis pelos crimes políticos na Guiné-Bissau;
e) Aqueles que mataram Veríssimo Seabra, Nino Vieira, Lamine Sanhá, Tagme na Waie, Ansumane Mané, Domingos de Barros, Baciro Dabó, Hélder Proença, os doze cidadãos da etnia felupe naquela inventona de 12 de Outubro e tantos e tantos outros;
f) Aqueles que raptaram e espancaram os Drs. Iancuba Indjai e Silvestre Alves;
g) Aqueles que são os principais responsáveis pelo tráfico de drogas e armas na Guiné-Bissau;
h) Aqueles que não permitiram a nenhum Governo e a nenhum Presidente da República terminarem o seu mandato outorgado pelo povo, através de eleições consideradas, pela comunidade internacional, de justas e transparentes;
i) Aqueles que com o dinheiro do tráfico de drogas e armas construíram e constroem mansões e palacetes na Guiné-Bissau;
j) Aqueles que jamais deixaram as instituições do Estado funcionarem dentro da normalidade e da legalidade e desrespeitaram sempre a vontade popular;
Em suma, o Sr. Ramos Horta está, hoje, claramente a defender e a tentar proteger os militares golpistas, narcotraficantes e criminosos em detrimento do povo guineense.
O Ramos Horta sabe que os cidadãos guineenses não gozam das suas liberdades fundamentais, porque os militares não deixam. Sabe também que nem o chamado governo inclusivo, seu primeiro-ministro, nem o presidente de transição nem mesmo o parlamento têm qualquer parcela de poder na Guiné-Bissau atual.
O senhor Ramos Horta sabe perfeitamente que quem manda na Guiné-Bissau são os militares que agora defende e protege. Quem manda no país é o Sr. António Indjai, recentemente acusado formalmente de tráfico de drogas e conspiração pelas autoridades norte-americanas.
Aliás, as declarações de Ramos Horta após o encontro com as chefias militares, onde depois de ter ouvido as ladainhas habituais destes, afirmou ter ficado de coração partido. Ele não ficou de coração partido com a violência exercida contra o povo. Não ficou de coração partido com as figuras assassinadas pelos militares. Não ficou de coração partido com os espancamentos de dirigentes políticos e vários outros cidadãos. Não ficou de coração partido ao ler os relatórios do secretário-geral da ONU, onde se reitera que há na Guiné-Bissau um medo generalizado do povo face a tirania dos militares. Não ficou de coração partido ao ler os relatórios da ONUDC sobre o envolvimento ao mais alto nível no tráfico de drogas na GB pelas altas patentes militares do país.
Sintomático foi também a afirmação deste senhor, que os guineenses pensavam que iria defende-los face a tirania militar vigente, quando em entrevista ao jornal Público, disse que a comunidade internacional só acordou para a droga na Guiné-Bissau depois do derrube do Carlos Gomes Júnior. Sr. Ramos Horta, no mínimo, quando foi designado para o cargo que ocupa em nome do SG da ONU, devia ler os relatórios da ONUDC e ficarias a saber do ridículo em que caiu com aquela afirmação. O senhor Ramos Horta se escolheu defender os militares golpistas e narcotraficantes da Guiné-Bissau, não o faça com falsas conclusões. O Senhor Ramos Horta está a ser uma tremenda desilusão para os guineenses, mas também uma vergonha para toda a comunidade de língua portuguesa. Lembro, aliás, ao Sr. Ramos Horta que nos momentos difíceis da vida do povo timorense, o povo guineense, através dos seus representantes se bateram sempre em sua defesa.
Em todo o caso, não vamos confundir o comportamento do sr. Ramos Horta com o povo timorense, porque este escolheu ficar solidário com povo guineense.
Silvério Costa Mendes"
sábado, 6 de julho de 2013
INTERNET? A passo de caracoleta
Portugal é o 20.º de 184 países e territórios analisados no "Net Index", da agência Ecofin, em velocidade da Internet, ao registar, em maio, 8,23 megabits por segundo (Mbps) de telecarregamento médio. Segundo o índice, Portugal está acima da média mundial (13,82 Mbps), mas abaixo da dos países da União Europeia (18,62 Mbps), do "G8" (17,72 Mbps) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), 17,18 Mbps).
O "ranking" é liderado por Hong Kong, com uma velocidade de telecarregamento da Internet de 47,52 Mbps, à frente da Lituânia (38,82 Mbps), Taiwan (36,34 Mbps), Holanda (34,53 Mbps) e Luxemburgo (34,06 Mbps). Macau surge na 8.ª posição mundial, com 32,99 Mbps, numa lista que, por falta de dados, não inclui a Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, mas na qual surgem Cabo Verde (76.º posto, com 7,35 Mbps), Brasil (77.º, com 7,30 Mbps), Angola (116.º, com 4,35 Mbps) e Moçambique (156.º, com 2,63 Mbps). Cabo Verde, porém, é o terceiro melhor classificado na lista da agência Ecofin, especializada na difusão de estatísticas em matéria de telecomunicações, apenas atrás de Madagáscar (68.ª posição no índex global, 8,65 Mbps), Namíbia (74.ª, com 7,66 Mbps).
Senegal trava cidadãos da UE
"Conforme informação recebida da Embaixada do Senegal em Bissau, a secção consular da Embaixada de Portugal em Bissau informa os seus cidadãos que desde dia 1 de julho, é necessário visto para entrar na República do Senegal.
O visto poderá ser obtido na Embaixada do Senegal em Bissau ou no aeroporto de Dakar, à chegada. Não é possível obter o visto nas fronteiras terrestres, nomeadamente na de S. Domingos/Ziguinchor.
Os serviços consulares da Embaixada de Portugal em Bissau"
NOTA: Esta medida é válida para todos os países Schengen. AAS
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Parceiros avaliam
Uma missão diplomática formada por países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, da União Africana, da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, da União Europeia e da Organização das Nações Unidas chega já no próximo domingo, dia 7, a Bissau para tratar das eleições gerais previstas para o próximo mês de novembro de 2013 - ainda que muitos achem que não terá lugar. As eleições, recorde-se, tem vindo a ser defendidas pela diplomacia brasileira desde o ano passado. O país sofre com a fragilidade das instituições republicanas e com sucessivas rupturas da ordem institucional.
Em quase 40 anos de independência nenhum presidente eleito chegou ao fim do mandato. Em abril do ano passado, militares atacaram a residência do então primeiro-ministro e principal candidato às eleições presidenciais da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior. Os militares têm a hegemonia política do país desde que este deixou de ser uma colônia portuguesa, em 1973. A missão conjunta “de avaliação” decorrerá até à próxima quinta-feira, dia 11. Os diplomatas serão recebidos pelo governo de transição e manterão reuniões com partidos políticos e organizações da sociedade civil. AAS
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