segunda-feira, 1 de julho de 2013

Relatório do FMI


O Conselho de Administração do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu a consulta com a Guiné-Bissau ao abrigo do Artigo IV em 21 de Junho de 2013.

Contexto

Um golpe de Estado militar em Abril de 2012 fez regredir alguns dos progressos alcançados em anos anteriores no sentido da adopção de melhores políticas macroeconómicas. Este golpe levou a uma queda acentuada do volume das exportações de castanha de caju e à suspensão da ajuda dos doadores tradicionais, apenas parcialmente contrabalançada pelo aumento do apoio ao orçamento proveniente da região. Em resultado, a economia sofreu uma contracção de 1,5% em 2012. Apesar de algumas pressões no sentido da subida dos preços provocadas pela falta de alimentos e combustíveis, o impacto sobre a inflação global foi mitigado à luz da baixa pressão da procura interna. A inflação a 12 meses era de cerca de 2% no final de 2012. O défice da conta corrente externa aumentou, reflectindo também a queda dos preços de exportação do caju. A considerável redução das receitas orçamentais que daqui resultou levou a uma deterioração na composição da despesa e no controlo orçamental.

Ao abrigo do Artigo IV do Convénio Constitutivo do Fundo Monetário Internacional, o FMI mantém discussões bilaterais com os seus países membros, normalmente com uma periodicidade anual. Uma equipa de especialistas visita o país, recolhe informações de natureza económica e financeira e discute com as autoridades a evolução da economia e as políticas económicas do país. De regresso à sede do FMI, os especialistas elaboram um relatório que constitui a base para as discussões do Conselho de Administração. Concluídas as discussões, a Directora-Geral, na qualidade de Presidente do Conselho, resume os pontos de vista dos Administradores, e este resumo é transmitido às autoridades do país. A ligação a seguir contém uma explicação dos principais qualificadores empregados nos resumos:

IMF

Acumularam-se alguns atrasados internos em 2012, embora o governo tenha cortado completamente os gastos de capital financiados com recursos internos. O crescimento económico recuperará parcialmente em 2013, mas as perspectivas globais continuam a ser difíceis. Partindo do princípio de que as exportações de caju vão recuperar e o apoio dos parceiros regionais vai continuar, o produto interno bruto (PIB) real poderia crescer cerca de 3,5% em 2013. Mas a perspectiva a curto prazo depende de uma rápida resolução da crise política actual. A maioria dos parceiros de desenvolvimento mantém apenas relações de trabalho limitadas com o governo provisório. Enquanto a situação política não se normalizar e os parceiros de desenvolvimento não reatarem a pleno o seu apoio financeiro ao governo, a economia continuará a ser altamente vulnerável e é provável que se verifique uma deterioração das condições sociais. As pressões inflacionistas deverão, segundo as projecções, permanecer moderadas. Também segundo as projecções, o défice da conta corrente deverá diminuir relativamente a 2012, devido à retoma das receitas das exportações de caju.

As perspectivas económicas estão sujeitas a riscos externos e internos. É provável que a crise política persistente continue a comprometer os fluxos financeiros externos, o que poderia dar origem a derrapagens orçamentais e a um abrandamento do crescimento económico. Um atraso na campanha de exportação de caju também representa um risco de deterioração da conjuntura. Por outro lado, o aumento das taxas de desemprego na zona euro pode ter um impacto negativo nas remessas e na procura interna.
Avaliação do Conselho de Administração.

Os Administradores tomaram nota das frágeis condições económicas da Guiné-Bissau em meio a uma situação política delicada, ao reduzido apoio dos doadores e aos riscos descendentes para o sector externo. Embora a expectativa seja de recuperação da economia em 2013, o restabelecimento da estabilidade macroeconómica, a normalização da situação política, a restauração da confiança dos doadores e investidores e a aceleração das reformas estruturais serão necessárias para reduzir as vulnerabilidades e assegurar o crescimento sustentável e inclusivo.

Os Administradores realçaram a importância da aprovação atempada de um orçamento prudente para 2013 assente em projecções realistas de receitas e num envelope de despesas restrito. Dadas as opções limitadas de financiamento, o rígido controlo orçamental e a planificação de contingências devem ajudar a proteger os gastos sociais e evitar um forte aumento dos atrasados. Os Administradores saudaram a intenção das autoridades de aumentar a transparência da gestão do Fundo de Promoção à Industrialização dos Produtos Agrícolas (FUNPI).

Para o médio prazo, os Administradores destacaram a importância de criar uma margem de manobra orçamental. Com o apoio da assistência técnica contínua, os esforços devem concentrar-se no aumento da arrecadação fiscal, através do alargamento da base tributária, do reforço das administrações fiscal e aduaneira e do fortalecimento da gestão financeira pública. Os Administradores salientaram a necessidade crítica de adoptar políticas orçamentais e de gestão da dívida prudentes para preservar a sustentabilidade da dívida.

Os Administradores salientaram a importância de reformas estruturais para estimular a concorrência e alcançar o crescimento inclusivo e diversificado, o que também será essencial para reduzir a vulnerabilidade a choques. Deve-se dar prioridade à melhoria do ambiente de negócios e das infra-estruturas físicas e à facilitação do acesso aos serviços financeiros. Os Administradores apoiaram a intenção das autoridades de melhorar o acesso ao crédito por parte dos grupos excluídos dos serviços financeiros e de reexaminar as leis laborais visando a promoção do emprego.

As Notas de Informação ao Público (PIN) inserem-se no esforço do FMI de promover a transparência acerca das suas opiniões e análise da evolução da economia e das políticas económicas. Mediante autorização do país (ou países) em análise, são emitidas PIN após as deliberações no Conselho de Administração, no âmbito das consultas efectuadas ao abrigo do Artigo IV aos países membros, relativamente à supervisão da evolução a nível regional, ao acompanhamento pós-programa e a avaliações ex post dos países membros com compromissos programáticos a mais longo prazo. As PIN também são emitidas na sequência das deliberações do Conselho sobre questões gerais, salvo decisão em contrário do Conselho de Administração em casos específicos.

sábado, 29 de junho de 2013

GUINÉ-BISSAU, a famosa...


Saiba mais sobre o 1º narcoestado em ÁFRICA

FAGB - Renato Moura ganha eleição com 100 por cento dos votos


papy fagb
DEPOIS DA VOTAÇÃO, A FOTOGRAFIA PARA A POSTERIDADE

O DISCURSO DA VITÓRIA

Quero, em primeiro lugar pedir um minuto de silêncio em memória do nosso Juíz de partida Ubaldo da Gama, recentemente falecido.

Como devem calcular, é enorme a alegria que sinto neste momento. Acabo de ser reeleito Presidente da F.A.G.B. fruto dos objectivos previamente traçados e felizmente alcançados. Não foi fácil devido à conjuntura económico/social em que vivemos, mas a determinação é algo que acaba sempre por provar a sua preponderância nas nossas vidas.

Tive momentos um tanto difíceis neste mandato que agora termina, mas foram certamente aspectos com que tive que lidar enquanto Presidente e momentos que irei certamente reviver, ciente de que contribuirão para uma melhor formação da minha pessoa, como homem e como responsável máximo pela nossa Federação. A maturidade é extremamente importante e sei que qualquer um dos presentes sente que de facto, estes quatro anos liderança, vieram a confirmar a minha dedicação ao Atletismo e consequentemente ao Desporto Nacional.

Quero aqui expressar o meu profundo agradecimento aos treinadores da Federação, aos nossos Delegados Regionais, também técnicos, e endereçar um forte abraço a todos os atletas da Guiné Bissau, estando dentro ou fora do País. É para vocês que trabalhamos pois é nosso dever trabalhar para vocês. Enquanto Presidente para os próximos quatro anos, o que aqui assumo, é de que esta Federação terá uma estrutura ainda mais coesa, com inovações no nosso método de trabalho que, concerteza nos levarão a alcançar níveis aceitáveis em termos de progresso e rendimento.

À Comunicação Social, agradeço profundamente todo o apoio e carinho que nos deu.

Ao Pedro Aimé, criador do nosso Facebook e do site oficial da F.A.G.B. estamos-te eternamente gratos.

Um especial agradecimento ao C.O.G.B. pelo apoio que vem dando à nossa e às outras Federações para o desenvolvimento das suas actividades. Também uma palavra de apreço à empresa de Telecomunicações MTN e ao primeiro clube que a F.A.G.B. irá apresentar nesta nova Época Desportiva, o BAO. Obrigado por acreditarem no nosso trabalho!

A todas as pessoas que nos apoiaram ao longo destes quatro anos através da rádio, televisão, internet e de feedbacks nas ruas, a todos os meus amigos que sempre seguiram a minha carreira como atleta e até hoje me apoiam, a toda a minha família (incluindo os que já não estão connosco), aos meus pais que, só Deus sabe o que fazem por esta Federação esta minha reeleição é vossa.

Que venham mais 4 anos!

Muito Obrigado!


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PROGRAMA 2013-14

COMPETIÇÕES NACIONAIS

2013/2014


• Jornadas Regionais
• Jornadas no SAB
• Campeonatos Nacionais
• Captação Novos Talentos (Dia Mundial de Atletismo)
• Taça Ubaldo Elísio Soares da Gama (ex. Juíz de Atletismo recentemente falecido)
• 5ª Edição Meia Maratona de Bissau
• Formação Treinadores



COMPETIÇÕES INTERNACIONAIS

2013/2014

• Campeonatos do Mundo Pista Coberta – Polónia, Março 2014
• Campeonatos do mundo ½ Maratona - Dinamarca, Março 2014
• Campeonatos do Mundo de Juniores – EUA, Julho 2014
• Campeonatos Iberoamericanos – Brasil, Junho 2014
• Jogos Olímpicos Juvenis (C.O)- China, Agosto 2014
• Jogos Africanos Juvenis – Botswana Setembro 2014
• Campeonatos de África – Marocos, Junho 2014

quinta-feira, 27 de junho de 2013

EXCLUSIVO: Botche Candé será o director de campanha de Carlos Gomes Jr., nas próximas eleições presidenciais. AAS

Refugiado da guerra na Guiné-Bissau é um bailarino de excelência em Lisboa


Veja AQUI o vídeo

APGB - O cerco continua


Um despacho do ministro de Estado e dos Transportes e Comunicações, Orlando Viegas, determina a proibição da Administração dos Portos da Guiné-Bissau (APGB) realizar despesas com valor superior a 5 milhões de Fcfa (cerca de 7 mil euros). Estão proibidos também a autorização de isenção e "créditos a terceiros" (como se a APGB fosse um banco...)

Em relação a Armando Correia Dias, o acossado presidente do Conselho de Administração da APGB, o ministro de Estado e dos Transportes e Comunicações exige a "eliminação da assinatura" de Armando Dias de todas as contas bancárias onde, doravante, passa a ser obrigatória as assinaturas do diretor-geral da APGB, Augusto Cabi e do director administrativo e financeiro. AAS

Conferência de paz com Guiné-Bissau como tema


O Coordenador do Grupo Parlamentar do Reino Unido para a Guiné-Bissau, Peter Thompson, irá discursar sobre como o crime organizado afecta a construção da paz numa cimeira de alto nível, patrocinada pelo Governo Suíço, que terá lugar na próxima semana em Genebra. A conferência, denominada “O Crime Organizado e o seu Impacto nos Esforços de Construção da Paz”, foi organizada pela Divisão de Segurança Humana do Departamento Suíço das Relações Exteriores, em conjunto com a Plataforma de Construção de Paz de Genebra, uma organização que junta as quatro maiores instituições suíças que lidam com a paz e a resolução de conflitos.
 
Centrado na questão da Guiné-Bissau e comparado o que se passa neste país africano com a Irlanda do Norte, de onde Thompson é natural, e onde o crime organizado dominou durante o conflito nesta região do Reino Unido, Peter Thompson irá discutir esta questão em conjunto com um mediador sénior do Governo Suíço e representantes da União Africana, das Nações Unidas e do Comité Internacional da Cruz Vermelha. Thompson irá também discursar numa sessão pública desta conferência destinada a apresentar o seu mais recente estudo, “Responsabilidade e Reconciliação na Guiné-Bissau”, publicado pela Universidade de Defesa Nacional dos Estados Unidos de America. Esta cimeira terá lugar nos dias 02 e 03 de Julho no Hotel d’Angleterre, em Genebra.

SEF investiga 400 guineenses por fraude nos pedidos de residência


Pode LER mais aqui

quarta-feira, 26 de junho de 2013

ÚLTIMA HORA/EXCLUSIVO/ORGIA NA ABGP: Depois de o ministro de Estado e dos Transportes e das Comunicações, Orlando Viegas, ter exonerado o administrador dos Portos da Guiné-Bissau, Armando Correia Dias por burla e desvios de mais de um bilhão e duzentos mil de Francos CFA, eis que surge em cena alguém inusitado: Sory Djaló, o presidente da Assembleia Nacional Popular, "mandou" chamar o ministro, pedindo-lhe que...revogasse o seu (do ministro de Estado!) próprio despacho. Uma fonte do Ditadura do Consenso fala em suposto suborno, e avança mesmo os números: 15 milhões de FCFA - do Dias para o Sory Djaló. AAS


Força, Mandela!


mandela

"Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis." (Bertold Brecht)

Nada podem contra mim


"Carta de Lisboa:

Aly Silva - o D. Quixote guineense

Jornalista e pintor, António Aly Silva, também bloguista, é um autêntico D. Quixote da Guiné-Bissau, uma figura ímpar de que me apetece aqui falar.

O António, de 43 anos, natural do Quebo, antiga Aldeia Formosa, na região de Tombali, no interior da Guiné-Bissau, é um caso fabuloso de desdobramento de personalidades, entre o pintor que começou a ser ainda muito novo, na adolescência, e o jornalista irreverente em que depois se tornou, com uma posição assinalável no blogue Ditadura do Consenso. Rapaz de duas pátrias, a guineense e a portuguesa, pois que em ambas já viveu, ele tem um desassombro excepcional quando fala dos muitos problemas da terra onde também nasceu Amílcar Cabral; e onde tantos morreram, em circunstâncias várias.

Falar do António Aly Silva e da sua maneira de estar na vida é homenagear todos aqueles que transgridem, que fazem tantas vezes aquilo que nós pensamos mas não temos a coragem de fazer ou de dizer. Depois de tanto se ter escrito nos últimos anos sobre uma pátria ainda a dar como que os primeiros passos, pois que 36 anos pouco são na vida de uma nação, é bom ter uma matéria nova para falar, que não seja o peso dos militares ou as influências do narcotráfico.

Aly é um artista e um poeta, que nos sabe bem ler, pois dele transcende o mais puro espírito libertário. E aqui o gostaria de colocar ao lado de muitas das outras figuras africanas que já tenho abordado ao longo da vida, pessoas com maneiras diferentes de estar na vida, mas que de algum modo não podemos ignorar: o José Vicente Lopes, o Tony Tcheka, o José Eduardo Agualusa, o Ondkaji, o João Paulo Borges Coelho, o Mia Couto, o Nelson Saúte e tantos outros.

Esta minha carta é para eles, os cidadãos lusófonos que aprecio, pessoas que têm ajudado a fazer notadas as jovens nações onde vivem. Pessoas todas elas com menos de 65 anos; nascidas portanto depois da II Guerra Mundial e de tudo o que ela significou para marcar um antes e um depois.

O António Aly Silva andava na instrução primária em Portugal quando aqui foi o 25 de Abril de 1974 e algum tempo depois seguiu para Bissau, a matricular-se no Liceu Kwame Nkrumah, onde a sua pintura começou a ser notada, em tons vivos, como é próprio da África e dos africanos. Galerias de Dacar, Lisboa, Sintra, Paço d'Arcos e Cascais viram os seus quadros, bem como algumas salas de Bissau. Toda uma corrente de afectos se foi gerando à sua volta, como de ódios também; ou não fosse a Guiné-Bissau um país de perfídias, onde por vezes parece tão fácil morrer, vítima do feitiço de alguém que nos quer mal.

Aos meus olhos, ao colocar claramente os pontos nos iis, denunciando as conjuras, os golpes baixos, em pleno terreno armadilhado, o Aly é um herói, um autêntico D. Quixote deste tempo novo, deste século XXI em que nos é dado viver, até que os deuses o permitam. "Venham mais cinco!", como ele, como o Zeca Afonso, como o José Dias Coelho. E um dia talvez o mundo seja melhor, onde mereça a pena viver. Graças ao esforço dos que tantas vezes chegam a duvidar de que valha a pena. Dos que tropeçam nos escolhos mas acabam por arranjar forças para se levantar.

Jorge Heitor"