quinta-feira, 23 de maio de 2013

Protesto!


A União Africana está reunida para discutir estratégias para África, para daqui a 50 anos. Percebo. Oh, se percebo! A UA comemora agora os seus cinquenta anos, e as independências mais antigas outros tantos. Mas foram sobretudo 50 anos de guerras e de matanças; 50 anos de fome, de subdesenvolvimento. Cinquenta anos de ingerência dos ex-colonizadores.

Ainda bem que pude assistir a esta 'celebração', pois muito dificilmente estarei cá para chorar sobre os 100 anos da mãe que se tornou madrasta - África. Não vou participar em nenhuma actividade que tenha que ver com esse dia - o 25 de maio. Esse é o meu protesto. Não tenho motivos nenhuns para comemorar. Para mim, África não passa de uma ilusão - pelo menos nestes últimos 50 anos. AAS

Domingos Simões Pereira "foi ouvido como declarante e saiu como declarante", disse o seu advogado. Não percebo é toda a azáfama de militares armados na entrada do tribunal militar. Bom, mas se são eles quem manda...ah, Guiné-Bissau!!! AAS

Nova Sondagem DC: Vote! AAS

Henrique Rosa


"O teatro protagonizado pelo nosso Estado a volta das cerimónias fúnebres do Sr. Henrique Pereira Rosa demonstra a evidência da deterioração contínua das nossas instituições da República. As ilações que se podem tirar desse absurda obra teatral são várias:

a) Um défice muito grande de sentido de Estado e de sua autoridade;

b) A convergência de vários negativos (retomando a retórica do Dr. Carlos Lopes) que se expressa na existência de diferentes focos de influência de poder que se interpõem, mas que sobrevivem juntos na base de um arranjo institucional frágil, mas construído com muita criatividade e falsidade. Isto resulta em mandos e desmandos, em decisões e contra decisões, tudo numa velocidade supersónica. Ninguém consegue culpar ou julgar ninguém porque ninguém sabe quem é o verdadeiro culpado;

c) Esta obra de arte poderá não acabar com esta encenação, de certeza, novas vítimas serão atingidas. Isto acontecerá porque é este o Estado que temos e que nos vai servindo.

O Sr. Henrique Pereira Rosa foi convidado em 2003 a desempenhar as funções de Presidente da República, num momento crítico onde era necessário resgatar a credibilidade de Estado fortemente abalado na altura. Foi empossado como primeiro magistrado da Nação na própria Assembleia Nacional Popular (que hoje lhe nega as honras de Estado!), onde jurou perante os deputados e a bandeira nacional tudo fazer para servir os interesses supremos do Estado da Guiné-Bissau, das suas instituições e das populações. Durante a sua magistratura representou o país em inúmeras ocasiões no exterior, rubricando vários acordos de desenvolvimento e participando em várias iniciativas que visavam a reconciliação nacional. Depois das eleições em 2005, regressou a sua vida normal passando a beneficiar, a partir dessa altura das regalias inerentes a um chefe de Estado.

Porém e para surpresa de muita gente, o Estado da Guiné-Bissau, mesmo depois de ter publicamente anunciado que iria organizar o funeral do ex-presidente Henrique Rosa com Honras de Estado volta para trás e diz não, ele afinal não merece tamanha honra. A Assembleia Nacional Popular tornara-se de repente algo superior, um lugar sagrado, não para presidentes interinos. Em contrapartida, o Estado propõe à família do malogrado o Ministério da Justiça para acolher o corpo. Qual a razão desta volta-face? Esta parece ser bem simples. A mesa da Assembleia Nacional Popular achou que ele não tinha os requisitos necessários para ter um funeral com Honras de Estado.

Argumento 1: O Sr. Henrique Rosa não foi um presidente eleito. Esta é boa! Dá até gozo, mas também muita pena, porque só num Estado que não é Estado como o nosso, pode uma coisa dessas acontecer. Seria bom para o esclarecimento público que essa gente nos dissesse quem é o Presidente eleito da Guiné-Bissau? Em que parte de mundo se encontra esse achado? O que tem existido de facto na Guine são apenas “Presidentes de Transição”, porque todos os que foram eleitos pelo povo já morreram ou foram tirados de poder por meios violentos.

Argumento 2: O Sr. Henrique Rosa nunca foi deputado da Nação. Esta também é fascinante. Lembro-me muito bem de a ANP (o espaço para debate de assuntos do povo por gente escolhido pelo povo) ter sido usado por alguns deputados e protagonistas do golpe de Estado de 12 de Abril de 2012 para insultar um Estado (Portugal) soberano e os seus dirigentes numa clara falta de sentido responsabilidade, de cidadania e de civilização. Para este tipo de coisas, a nossa ANP serve na perfeição, mas para receber os restos mortais de um ex-presidente ela já não serve? Mas, felizmente na Guiné ainda existe a família, a única instituição com credibilidade no meio de tanta desordem conjuntural. Essa não se fez esperar. “Muito obrigado Sr. Estado, mas o corpo do nosso marido, pai, tio, avó e amigo permanecerá onde sempre esteve (mesmo quando foi Presidente da República) na sua própria casa”. Dali só saiu para a Igreja e depois para o cemitério com Honras da Família.

Que viva o Estado da Guiné-Bissau!
 
Tenho dito"

"É estranho...", diz Domingos Simões Pereira


O antigo Secretário Executivo da CPLP e um dos candidatos à liderança do PAIGC, Domingos Simões Pereira, foi notificado para comparecer amanhã, Quinta-Feira, pelas 10h00, nas instalações do Tribunal Militar Regional de Bissau. Os motivos da notificação não foram revelados, entretanto, segundo a RDP-África apurou, a notificação apenas salienta que a comparência visa a "prestação de declarações nos autos de um Processo - Crime que corre os trâmites normais naquele Tribunal".

Recorde-se que, aquando do seu julgamento, o Capitão Pansau Intchamá, militar que liderou a tentativa de assalto ao regimento de para-comandos em Outubro do ano passado - e que acabou condenado a cinco anos de prisão - havia acusado alguns políticos de suposto envolvimento no caso, tendo referido, entre outros, o nome de Domingos Simões Pereira. Em declarações ao Jornalista da RDP-África, Waldir Araújo, esta tarde,  Domingos Simões Pereira confirmou ter recebido a notificação e diz estranhar que a mesma tenha vindo de um Tribunal Militar Simões Pereira garantiu nunca ter conhecido o Capitão Pansau Intchama, e disse ainda que vai comparecer amanhã de consciência tranquila no referido Tribunal. RDP-África

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Guiné-Bissau - ONU prorroga mandato


O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou hoje a prorrogação do mandato para a Guiné-Bissau até maio de 2014 e pediu mais apoio da comunidade internacional para a luta contra o tráfico de droga no país. Em termos gerais, o Conselho de Segurança aprovou todas as sugestões enviadas pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, no início do mês, de acordo com a resolução aprovada e hoje divulgada, na qual se fazem muitas referências à questão do tráfico de droga.

No documento, a que a Lusa teve acesso, o Conselho de Segurança incentiva a comunidade internacional para que aumente a cooperação com a Guiné-Bissau para que o país possa controlar o tráfego aéreo e a vigilância marítima e lutar contra o tráfico de drogas, crime organizado e pesca ilegal. Na mesma linha, exorta as autoridades da Guiné-Bissau para que aprovem e apliquem leis e mecanismos de combate eficaz ao crime transnacional, especialmente o tráfico de drogas e o branqueamento de capitais, que apoiem os esforços regionais no mesmo sentido e que demonstrem "um maior compromisso de lutar contra o tráfico de drogas". LUSA

UNIOGBIS no seu melhor


O Representante da ONU em Bissau, José Ramos Horta, levou para a UNIOGBIS a sua "assistente pessoal", uma tal de Filipa, que ainda não sabemos bem o que a dita cuja faz por lá. Entretanto, já existia o "Chief Public Information Unit", que emite os comunicados de imprensa em inglês. Por sua vez, a Isabel Nunes Correia, que é "Public Information Officer" limita-se a... traduzir, isso mesmo, traduzir na íntegra e para português os tais comunicados que envia de novos aos mesmos destinatários. Imagine-se a trabalheira. Assim vai os esforços para a consolidação da paz na Guiné-Bissau. Tachos para todos, menos para o povo. Ma Pubis Ka Burru Gora Dé...

AW.

Impulso


A minha fortuita posição de cidadão, ainda por cima esclarecido, valeu-me ter presenciado toda a nossa tragédia enquanto País desde 1980. E que tragédia vivemos! O ambíguo contraponto entre alguma ficção que aqui tenho escrito e a realidade que assistimos no dia-a-dia constitui o cerne do blogue Ditadura do Consenso. Coincidência? Nenhuma. Parecenças? Também não. A precisão com que descrevo o presente envenenado que foi a nossa vida praticamente desde a independência, há quase 40 anos, a quase futurologia que teimo em não parar de fazer sobre o destino do nosso povo, e do nosso País; a frieza que o passado não pára de me trazer, surpreendendo-me sempre, faz de mim um típico sobrevivente. Muito mais até do que aqueles que lutaram com valentia e destreza nas matas da Guiné-Bissau. Aliás, se repararem bem, as técnicas de sobrevivência do guineense são de tal forma impressionantes que fizeram com que me mantivesse vivo durante todo esse tempo – umas vezes era eu o espancado, outras vezes um espectador impotente.

Durante o fugaz período de dez anos, os meus olhos assistiram a muita tragédia no meu País. Fotografei inúmeros cadáveres, alguns de amigos, suportando olhares de espanto e de desprezo. Ainda hoje, alguns, poucos, arriscam um ou outro comentário. Pusemos, que é como quem diz, uma pedra sobre o assunto. No entanto, algumas dessas pessoas esforçaram-se, e de que maneira, para garantir que a Guine‐Bissau, quase 40 anos depois de proclamar a sua independência, continuará a ser um dos países mais pobres do mundo. Desanco-os um dia destes...

E porque tudo o que aqui tenho escrito – e isto é muito importante – está impregnado de um espírito para além do trágico que me toca particularmente, por estar de certa forma muito próximo das coisas que os meus olhos viram, que são, para mim, o que os guineenses conseguem exprimir de mais parecido com o espírito das tragédias que temos presenciado com o credo na boca. Ah, e mesmo assim sem fazer nada. Isso é o que mais faltava! A única coisa que muda com a 'porcaria' que é Ditadura do Consenso é que os ofendidos ameaçam, às vezes, muito poucas até, responder com armas e não apenas com indignação e/ou tribunais. É que na minha cultura existe o direito a publicar porcarias - ainda que poucas. E ainda bem que assim é. E tudo isto reflecte o País que somos. O País presente e, se tivermos o azar de lá chegar, o futuro. O único consolo que me resta? O nao haver vida eterna... AAS

terça-feira, 21 de maio de 2013

Mandinti


SERIFO DOENÇA

"Acrescento o facto da notícia ser sobre uma figura pública. Não se pode querer o melhor dos dois mundos - impor-se como figura pública e reclamar a privacidade do cidadão anónimo..."

VERGONHA: De fora


A República Centro Africana, a Guiné-Bissau e Madagáscar estarão ausentes da 21ª Cimeira da União Africana (UA) que se realiza de 25 a 27 de maio corrente em Addis Abeba, na Etiópia, para celebrar o 50º aniversário da organização pan-africana. Os três países foram suspensos da União Africana devido a mudanças anticonstitucionais de poder através de golpes de Estado. AAS

Desde quando? Balelas...


"Meu caro Aly Silva,

Não compreendo o nível de pouca compreensão de certas pessoas. Será que tudo o que você disse agora é ofensa ou crime? Informar que o Presidente da República de Transição, padece de cancro e está a submeter-se à quimioterapia é ofensa ou crime? A notícia correu mundo quando a Hugo Chávez Frías foi detectado o cancro, também desrespeitaram o Chávez ou o povo Venezuelano? Há centenas de exemplos de figuras nos seus países a quem a comunicação social revelou as doenças - isso é crime? Aliás, Chávez até pediu que o povo venezuelano fosse "devidamente informado" do seu estado de saúde.

Caro Aly Silva, não dês ouvidos às pessoas que mal compreendem o português. Você não fez mal nenhum, continua a fazer o teu trabalho. E aquele que disse, sobre alguém que perdeu a visão, "Nkuda i cegu dja??? Si pecadu ki na paga" - o que podemos dizer dessa pessoa?
"

NOTA: Eu diria: pu-nhe-tas. AAS

Trafulhice à guineense


O PAIGC - partido que ganhou as eleições legislativas e tem 67 deputados na Assembleia e, como tal, deveria ser ele a formar Governo... deitou a toalha ao chão. Caiu na manipulação, deixou-se manipular. Assim, o partido dos 'libertadores' ficará com as pastas das Finanças, das Pescas, das Infraestruturas, da Comunicação Social, da Presidência do Conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares (sinal de que o porta-disparate saltará...), do Ministério da Economia, da Justiça e do Ministério das Mulheres e da Solidariedade e Luta Contra a Pobreza (que será, presumo!, para fabricar ainda mais pobres.

Quanto ao PRS, a aliança moral e decisiva que teve para com actores materiais do golpe de Estado de abril de 2012, deu finalmente frutos. No frio, esfregam as mãos de contente. Pois ficarão com os ministérios dos Negócios Estrangeiros, dos Transportes, dos Recursos Naturais, Energia e Indústria; e ainda com o ministério da Agricultura, o da Educação e a pasta do Comércio.

No que diz respeito às secretarias de Estado, o PAIGC ficará com as pastas da Cooperação Internacional, Juventude Cultura e Desportos, e do Turismo e Artesanato. O PRS, com as secretarias de Estado para o Tesouro, a Energia e o Ambiente. Serão, assim, 32 os membros do Governo. O PRID ficará com um ministério, e o PND nomeará uma secretaria de Estado. A Aliança Democrática terá também o direito a nomear um secretário de Estado. AAS

CANCRO: Afinal, Serifo Nhamadjo sofre de cancro da próstata. Os tratamentos de quimioterapia a que foi submetido na Alemanha não enganam: a perda completa de cabelo e o emagrecimento fulminante comprovam-no. AAS


Adeus a Henrique Rosa: Restos mortais do ex-Presidente de Transição vão hoje a enterrar. O velório decorreu na sua residência, em Bissau. O funeral será antecedido de uma missa de corpo presente na Sé Catedral de Bissau. O funeral acontece às 11h (12h de Lisboa). AAS


ONU/MOÇAMBIQUE: Guiné-Bissau e a República Democrática do Congo estiveram sob a mesa no encontro entre o secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon e o Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, hoje em Maputo. AAS