sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sem surpresas


O Sindicato dos Jornalistas da Guiné-Bissau recebeu "sem surpresa" a notícia da regressão do país em termos de liberdade de imprensa e diz que houve vários casos que levaram a essa queda. De acordo com o relatório anual da organização Repórteres sem Fronteiras, a liberdade de imprensa na Guiné-Bissau regrediu 17 lugares, estando agora o país em 92.º lugar. O relatório diz que existe um clima de censura na Guiné-Bissau, reforçada pelo golpe de Estado militar de 12 de abril passado o que, realça o documento, tem dificultado o trabalho dos profissionais de comunicação social. LUSA

Reunião de candongueiros


O Governo de Transição da Guiné-Bissau consegue tirar todo o mundo do sério. Na falta de visibilidade e de resultados de governação, lança à mão a tudo o que mexe para dar nas vistas. Assim, para se mostrar, vai inventando eventos patéticos e sem nexo. Desta vez, acharam por bem inventar uma «Conferência de Cônsules» da Guiné-Bissau que deve ter-se realizado na cidade de Buba, entre os dias 20 e 30 de janeiro. A partida o que pareceria, uma medida de pilotagem governativa, não passa infelizmente, na verdade, de um acerto de contas de um circulo de negocios muito frutuoso e muito cobiçado pelos governantes guineenses devido aos dividendos que dai se consegue.

Como se sabe, a Ditadura do Consenso ja tinha divulgado recentemente, dados importantes que demostram de forma clara e irrefutavel toda a escandaleira e roubalheira mafiosa que constituem as redes mafiosas dos Consulados da Guiné-Bissau pelo mundo fora. Essa rede movimenta centenas de milhões de dolares em dinheiro cash, além de prendas majestosas que, vão desde carros de luxos, imoveis, hitec de ultimo grito e, até barcos de recreio de alto standart. Por tras desse negocio de milhões estão o Ministro dos Negocios Estrangeiros (MNE), Faustino Fudut Imbali, o seu Secretario de Estado, a Presidência da Republica e uma rede de intermediarios abalizados em agariar consules honorarios para a Guiné-Bissau de cujos postos retiram ganhos incalculaveis.

Assim, como tem sido com os governos emergentes de situações de ruptura constitucional, cada um aproveita como pode, dai convocar os cônsules para lhes dizer, que caso queiram manter o posto, têm que lhes pagar algo mais, ou perdem os postos em detrimento de outros interessados. Ao que se sabe, interessados a satisfazer as necessidades financeiras do novo regime (particularmente ligados a negocios mafiosos), é o que não falta pois os postos em questão, para além do estatuto encobre ganhos financeiros incalculaveis. O MNE, Faustino Fudut Imbali em coordenação estreita com a Presidência da Republica de Transição, cientes desse mana financeiro e avidos de recursos, tocam a chamar a tropa à formatura para pôr a ordem e mostrar-lhes quem é o novo detentor do «guichet» de pagamento dos respectivos titulos honorarios. A fantochada da conferência de Buba, não passa de um acerto de contas, para dizer aos «Cônsules» a quem devem pagar e, quanto deverão pagar para manterem os respectivos titulos e postos honorificos.

Em tudo isso, o que é mais triste, é que a maior parte desses ditos Cônsules que infelizmente «representam» a Guiné-Bissau por «n» cantos do mundo, são pessoas de duvidosa idoneidade, maioritariamente ligados a negocios e passado obscuros que, sob a bandeira do nosso pais, se dedicam a coberto da imunidade diplomatica das nossas representações diplomaticas aos mais nebulosos e inimaginaveis crimes de colarinho branco e lavagem de capitais. Pior ainda, entre esses ilustrissimos Cônsules credenciados pelo novo regime de Bissau e, que recorrentemente, são recebidos nos gabinetes da presidência de transição e do Ministro dos Negocios Estrangeiros do governo de transição, estão pessoas com ficha criminal de justiça e até cadastrados por questões ligadas à alta criminalidade.

Nada é de estranhar com esta desgraça de governantes que tomou de assalto a Guiné-Bissau, pois tudo e do pior pode esperar acontecer na Guiné-Bissau... até sermos representados pelo mundo fora por uma horda de cadastrados.

Aurélio Pinto Silva

Falem-me de paz e união


FALEM-ME DE PAZ E UNIÃO…

Falem-me de paz, sem antes fazerem guerra.

Falem-me de união, sem antes desunirem.

Falem-me de concórdia, sem antes provocarem a discórdia.

Falem-me de irmandade, sem antes provocarem o desentendimento.

Um homem de paz, união, concórdia e irmandade, defende esses valores, independentemente da posição, cargo ou estatuto que tiver.

Serifo Nhamadjo só depois de conquistar o poder é que se lembrou de apelar a valores e princípios morais que sempre violou! Agora quer unir os guineenses com discursos de engodo, esquecendo-se que foi um incendiário dentro do próprio PAIGC! Desrespeitou a disciplina partidária ao recusar o candidato escolhido pelo partido, apresentando-se de seguida como candidato independente! Contestou os resultados de uma votação por ter sido efectuado com as mãos no ar, mas não se hesitou em aceitar o cargo a que sempre aspirou, mesmo contra a clara vontade popular manifestada nas urnas, não se coibindo de pactuar com a opressão do próprio povo para a conquista e manutenção do seu “lugarzinho ao sol”!

Serifo Nhamadjo que hoje anda a fazer uma campanha de auto-promoção pelo país e com enviados para dialogar com a diáspora, foi o mesmo que esteve com Kumba Yalá no prenúncio do último golpe de estado! Também foi o mesmo que, já com o golpe consumado, tentou antes a manobra de assumir o comando do país, via presidência da Assembleia Nacional Popular…

Foi o mesmo Serifo Nhamadjo, na qualidade de Presidente ilegítimo da Guiné-Bissau que se tem mantido num silêncio “ensurdecedor”, em relação as várias e flagrantes violações dos direitos humanos ocorridos no país, após o golpe de estado, que não vale a pena aqui elencar!

É o próprio Serifo Nhamadjo que quer unir o país, excluindo alguns guineenses incómodos à sua ambição desmedida… Convém recordarmos que foi dessa forma que se iniciou o percurso dos mais ferozes ditadores que o mundo conheceu…

Portanto, vamos chamar as coisas pelo seu nome, com toda a responsabilidade legal inerente, Serifo Nhamadjo é tão golpista quanto António Indjai, Kumba Ialá e outros três candidatos a Presidência da República, contestatários dos resultados eleitorais.

Como um golpista identificado, Serifo Nhamadjo não tem moral para vir falar ao povo guineense (a quem ele traiu em troca de um lugar no poleiro) de valores que ele antes fez questão de violar e espezinhar, apenas com a desmedida ambição de chegar ao poder.

Serifo Nhamadjo é um dos principais responsáveis pela actual situação económica, social e política da Guiné-Bissau. É dessa forma que a história da Guiné-Bissau deve ser escrita e é dessa forma que o nome de Serifo Nhamadjo, António Indjai, Kumba Ialá, outros candidatos à Presidência da república e o actual Governo dito de transição, devem constar da história do nosso país. Não adianta andarem a criar “bodes expiatórios” e “bichos-papão” como Governo Português, CPLP, Paulo-Portas, etc. Cada um que assuma as devidas responsabilidades dos seus actos…   

A propósito da sua campanha de auto-promoção, no dia 27/1/2013 realizou-se na cidade do Porto uma reunião/encontro dos mandatados do Presidente ilegítimo da Guiné-Bissau com parte da comunidade residente no Porto. Não me foi possível participar nesse encontro, como muitos guineenses, devida a senda da incompetência que tem caracterizado os golpistas. Os denominados conselheiros do Presidente ilegítimo terão comunicado ao Cônsul honorário da Guiné-Bissau nesta cidade a vontade de reunir com a comunidade e a necessidade de um espaço para tal encontro, cerca de 24 horas antes. A comunidade guineense no Porto terá sido convocado com 12 horas de antecedência, chegando a haver duas convocatórias, uma para as 9h30min e outra para as 14h30min! Pessoalmente, tive conhecimento do dito encontro cerca de 90 minutos do seu início… É com essa desorganização e incompetência que querem ouvir e unir a diáspora!? Tive pena não ter estado presente nesse encontro, para lhes dizer tudo aquilo que agora escrevi.

Independentemente dos que vão juntando aos pouco aos golpistas, o povo guineense deve continuar a rejeitar e não pactuar com todos aqueles que chegam ou acham que conseguem chegar ao poder, pela via das armas, da opressão e da intimidação do povo e dos adversários políticos.

Jorge Herbert

As mentiras do porta-disparates


Fonte: AQUI

O Diário de Notícias publica hoje uma entrevista ao ministro da Presidência, dos Assuntos Parlamentares e da Comunicação Social do Governo de Transição da Guiné Bissau. Fernando Vaz estará em Portugal para tentar “romper o cerco diplomático e reatar laços países inflexíveis com o golpe de Abril de 2012”. É o mesmo homem que, em Outubro de 2010, acusou o governo de Passos Coelho de estar por detrás de uma suposta tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau. Do mesmo governo que impediu a rotação dos elementos do Grupo de Operações Especiais da PSP que fazem a segurança à embaixada de Portugal em Bissau. O mesmo que mantém autorização de residência em Portugal até 2018, onde tem a família a viver. Nesta entrevista diz coisas como:

Angola saiu da Guiné humilhada, com a expulsão das suas forças militares. Portugal preferiu essa posição, ao ponto de demonstrar um certo belicismo, com o envio de fragatas militares a Cabo Verde, mais aviões de guerra e helicópteros, gastando 5,5 milhões de euros num período em tempo de crise."

"Todos nós condenamos o golpe. A alternância democrática faz-se com eleições, não com golpes de Estado. Mas o caso da Guiné é diferente e Portugal tem obrigação de conhecê-lo."

"Um general na Guiné ganha centos e poucos euros, não tem para comer nem para educar os filhos."

"Isso [narcotráfico] é uma questão de moda. A Guiné Bissau sempre esteve aberta a que os Estados que se opõem ao narcotráfico fiscalizem e ajudem a combatê-lo. (..) Na Guiné, por causa da situação de desprezo a que foram votadas as forças armadas, a certa altura alguns dos seus elementos foram implicados no processo da droga. Pegou-se nisso para se falar em Estado de narcotráfico. Não tem nada a ver com a realidade.” Ai não?

José Maria Neves: "Evolução positiva" na Guiné-Bissau permite negociações


O primeiro-ministro de Cabo Verde considera que se verifica uma "evolução positiva" da situação da Guiné-Bissau e que já há condições para negociações apesar da complexidade da situação política no país. "Há uma evolução positiva da situação na Guiné-Bissau. O PAIGC já se reintegrou no pacto de transição e já há condições para negociações entre as diferentes partes. A nomeação do representante das Nações Unidas, o presidente Ramos Horta, também foi muito bem acolhida pelas partes", disse hoje aos jornalistas o primeiro-ministro de Cabo Verde durante uma visita ao conselho da Amadora. "Há sinais positivos, a situação é muito complexa mas estamos a contar com uma evolução positiva da situação na Guiné-Bissau nos próximos tempos", acrescentou José Maria Neves. LUSA

Fernando Vaz: a maior banhada de sempre


O 'ministro e porta-disparate' do 'governo' golpista de Bissau está em Lisboa. Até aqui, tudo bem. Ou seja, ainda que Portugal e 90 por cento da comunidade internacional não reconheça os golpistas, só os militares tiveram direito a sanções, e como nhu 'Nando' Vaz tem autorização de residência em Portugal até 2018 vai daí o entra e sai, umas vezes no mais completo anonimato, viajando até Madrid e entrando depois por terra em Portugal. Desta vez, a forma encontrada foi a mais descarada, como vai ler a seguir.

Atravês de um jornalista português, um tal de Jorge Peixoto, Fernando Vaz tentou cravar uma entrevista à televisão estatal RTP. Resultado? SOPA! Depois, veio o disparate maior: 'Nando' Vaz telefona à LUSA dizendo (ou melhor, mentindo) que a RTP o sondou para 'uma entrevista'. Desconfiado, alguém da agência de notícias vai a correr e contacta a RTP, falando directamente com o Luis Peixoto, que é o coordenador África da estação pública. Este desmentiu tudo e contou a versão que você, caro leitor, começou por ler neste texto. Disparates? Mentiras? O melhor é deixar tudo em Bissau - ao embarcar no avião! AAS

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

ÚLTIMA HORA: Melhores estimativas para as eleições na Guiné-Bissau...no último trimestre de 2014. Embrulhem! AAS


... Mas só se o branco der dinheiro...

O continente esquecido volta a despertar os olhos dos grandes!


Nos anos que se seguiram à queda do Muro de Berlim e ao “Fim da História”, nos dizeres do ideólogo neoliberal Francis Fukuyama, o continente africano foi abandonado à sua própria sorte. Regimes como o apartheid sul-africano, retoricamente criticado, mas na prática tolerado pelas potências ocidentais e encarado como um mal necessário frente à ameaça comunista, caíram por falta do discreto apoio antes recebido. Países como Angola, Moçambique, Zimbábue e Ruanda – de triste memória, foram esquecidos. Somente a Nigéria, por suas significativas reservas de petróleo, mereceu alguma atenção naquele período.

Quando a máquina de guerra francesa desembarcou no Mali, no início de 2013, com o surrado discurso de defesa do Ocidente contra os terroristas da Al-Qaeda, muita gente se perguntou: o que realmente os franceses desejam em um país com um dos menores IDHs do mundo? É preciso observar o que ocorreu no continente africano durante o vácuo que se seguiu ao fim da Guerra Fria para iluminar alguns elementos que levem a possíveis respostas para esta pergunta.
Este espaço pós-Guerra Fria foi ocupado por Muammar Kaddafi e seu projeto de pan-africanismo e, principalmente, pelos investimentos chineses no continente, que saltaram de 10 bilhões de dólares em 2000 para 107 bilhões de dólares a partir de 2008. Em comum, os dois novos atores jamais desenvolveram a prática de perguntar a seus parceiros comerciais como eles conduziam suas políticas internas, limitando-se, principalmente no caso chinês, a trocar investimentos em agricultura e infraestrutura por recursos naturais, como petróleo, zinco, ouro, diamante e cobre. O melhor exemplo desse movimento é Angola. Com a parceria dos chineses, o país, com o fim da guerra civil que lhe rasgou ao meio ao longo de três décadas, tornou-se progressivamente, a partir de 2002, uma das economias com crescimento mais vertiginoso no mundo, atingindo nos últimos cinco anos uma média de expansão de seu Produto Interno Bruto da ordem de 9% ao ano.

Atentos a este movimento de expansão chinesa no “continente esquecido”, os EUA e seus aliados adotaram algumas medidas para recuperar o terreno perdido. Em 2007, além das costumeiras ações de caridade empreendidas por ONGs dos mais diversos matizes ou das tradicionais promessas de financiamentos em troca de compromissos com os valores da democracia de mercado, surgiria o Africom, o Comando Militar da África, como fruto de uma proposta de ação mais incisiva na região. Seus idealizadores não contavam, contudo, que os países do continente, liderados por Kaddafi, se recusassem a fornecer uma sede para o órgão diretamente ligado ao Pentágono. Em meados de 2009, a então secretária de Estado, Hillary Clinton, visitou sete países (Quênia, África do Sul, Angola, Congo, Nigéria, Libéria e Cabo Verde), pleiteando um local para a instalação do quartel general do novo Comando. De todos os interlocutores, entre sorrisos diplomáticos e tilintar de copos, ouviu a mesma resposta: não.

Como agora se sabe, os dias de Kaddafi estavam contados e, coincidência ou não, a morte do ditador sepultou o discurso pan-africano e os investimentos líbios, como a aquisição em julho de 2010 de um satélite de comunicações pela União Africana, financiado em grande parte pelo Fundo Soberano da Líbia. Rapidamente após a morte do ditador as consultorias militares, treinamentos e ações humanitárias prestadas por homens uniformizados se espalharam por países como Djibuti, Uganda, Somália, Sudão do Sul, Argélia, Quênia, Etiópia e Congo. O Africom, que se movia com dificuldade no continente, tem agora atuação destacada no combate ao terrorismo, às calamidades humanitárias, etc., etc.
Nesta queda de braço em nome da democracia e da liberdade, 30 mil chineses fugiram às pressas da Líbia em 2011, e a China, além de perder seus investimentos, deixou de ter acesso à maior reserva de petróleo do continente, precisará recomeçar do zero, observando de longe o progresso das empresas dos países que apoiaram a queda do antigo ditador. Assim como outros emergentes, registre-se.

A última volta do parafuso também envolve as operações na região do Saara, onde a França do socialista François Hollande revive suas experiências coloniais em nome da defesa da civilização ocidental. O governo norte-americano mantém conversas bem adiantadas com o governo do Níger, rico em urânio, para a instalação de uma base de drones (aviões não-tripulados) no país vizinho ao Mali, com o alegado objetivo de monitorar possíveis ações terroristas.
Vale a pena destacar que toda aquela região do Saara vem se revelando rica, não só em urânio, mas também em petróleo, maganês, bauxita e o nada desprezível diamante. O “continente esquecido” como um todo produz hoje mais de 8 milhões de barris de petróleo por dia. Uma produção equiparável à Arábia Saudita. O Congo sozinho possui 80% das reservas mundiais de cobalto, fundamental para a indústria eletrônica. As reservas de gás natural na região do chifre africano se revelam a cada dia mais promissoras e os chamados metais raros, fundamentais para a indústria de ponta, também apresentam reservas nada desprezíveis na região subsaariana.

Com pouco mais de cem anos de diferença, a África revive hoje a corrida das potências coloniais do final do século XIX. À época, dizia-se que o fardo do homem branco era levar a civilização aos “povos atrasados”; em troca, explorava-se aquilo que a economia do período demandava. Atualmente, a guerra ao terror e os enxovalhados valores humanitários disfarçam muito mal aquilo que os números escancaram à luz do dia.

Autor: Márcio Sampaio de Castro

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Despachantes suspensos


Mais de um terço dos despachantes oficiais da Guiné-Bissau foram suspensos por suspeitas de fraude fiscal, disse hoje o ministro das Finanças do Governo de transição, Abubacar Demba Dahaba. A medida, de acordo com um documento do Ministério das Finanças, atinge 29 funcionários, entre despachantes oficiais, ajudantes despachantes e caixeiros despachantes, que estão a ser investigados pelo Ministério Público por suspeita de desvio de dinheiros do Estado.

Aos visados foram-lhe suspensas as cédulas de exercício da profissão e impedido o acesso ao sistema informático aduaneiro, o Sydónia. A fraude fiscal reporta-se aos anos 2007 e 2008. Hoje o ministro disse aos jornalistas que o Ministério está a "disciplinar o aspeto fiscal, a cobrança nas alfândegas". Dahaba acrescentou que é preciso "organizar da melhor forma a coleta de receitas" e por isso corrigir esse tipo de "evasão fiscal e desvio de procedimentos". O ministro não revelou quanto dinheiro foi desviado das alfândegas.

"Vamos discutir com cada um o valor desviado, para o repor, e só depois disso poderemos tomar outras medidas e talvez possam retomar as atividades, depois da responsabilização de cada um deles", disse. O ministro disse que até agora nenhum despachante foi detido e que, por enquanto, foi tomada uma medida administrativa, aguardando-se "a evolução a nível da Justiça". Na prática, para já, serão encerradas dezenas de escritórios de despachantes em Bissau, o que vai dificultar ainda mais o desalfandegamento de mercadoria no porto da capital. LUSA

2012: Menos liberdade de imprensa em Cabo Verde e na Guiné-Bissau


Como todos os anos, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) publicou o seu relatório anual relativo ao “Índice Mundial da Liberdade de Imprensa”, um documento revelando que 2012 foi globalmente o ano mais mortífero para os jornalistas. No respeitante mais especificamente aos países Lusófonos, a classificação da RSF viu os posicionamentos do Brasil, de Cabo Verde e da Guiné-Bissau regredirem drasticamente em termos de respeito pela liberdade de imprensa e de expressão.

Entre os países cuja classificação melhorou, situa-se Portugal que passou do 33° lugar para o 28°. Angola também subiu de duas posições, passando do 132° lugar para o 130°, todavia este país continua a ser o pior colocado entre os países Lusófonos nesta classificação.

No respeitante aos países cuja avaliação regrediu, o Brasil passou do 99° lugar para o 108° e Cabo Verde sofreu também uma queda significativa passando da 9ª posição para a 25ª, contudo continua a ser um dos países Africanos melhor colocados no ranking da RSF. Carla Lima, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Cabo Verde considera que a queda do seu país na classificação da RSF relaciona-se designadamente com alterações nos critérios de avaliação.

RFI

PARIS: 3ª tentativa de assalto


COLLECTIF DES RESSORTISSANTS, AMIS ET SYPATHISANTS DE LA GUINEE-BISSAU
 
MAIS UMA TENTATIVA ABORTADA DE ASSALTO À EMBAIXADA DA GUINE-BISSAU EM PARIS PELOS ENVIADOS DOS GOLPISTAS DE BISSAU
 
Mais uma vez, uma nova tentativa de desalojar a Embaixadora da Guiné-Bissau em Paris, ontem, dia 30 de janeiro, pelos enviados do governo imposto pelos militares, depois do golpe de Estado de 12 de abril de 2012. Recebemos a informaçâo que indica que um grupo de individuos enviados pelo dito governo de transiçâo em Bissau, para occupar a Embaixada em Paris e afastar a Embaixadora que representa o governo legitimo, democraticamente eleito.
 
O povo e a diaspora guineense nâo devem ser surpreendidos pelas atitudes de intimidaçôes e ameaças que caraterizaram o poder de forças que nos governou sempre. Esperamos que, um dia, o dialogo vai fazer parte da cultura dos homens que nos governam e vâo compreender que o dialogo é a unica forma de comunicaçâo para um bom entendimento.
 
Achamos que para o nosso bem todos, devemos evitar a logica a violência e a intimidaçâo - a melhor soluçâo para o futuro da Guiné-Bissau.

Paris dia 30 de Janeiro de 2013
A Direcção

Consta que o 'presidente da CEDEAO de Transição' vai fazer a inauguração das barracas do carnaval 2013...é transição e ninguém leva a mal. AAS

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Honoris...ridiculous


Pensando com isso estar a promover, respeitar e dourar a sua imagem interna e externamente, o Presidente da CEDEAO para a Guiné-Bissau e o seu Primeiro Ministro cairam no ridículo indecoroso de se aprestar à encomenda de uma dita condecoração honoris causa. O suposto galardão honorifico denominado «Transição sem Sangue» (???), no dia 18 do corrente. Segundo os seus promotores, este galardão foi-lhes atribuido pelos seus «empenhos a favor da paz e da estabilidade no processo de transição de pôs-golpe de estado na Guiné-Bissau».

Esse galardão foi iniciativa conjunta, diz-se no «Nô Pintcha», de três «instituições» ditas internacionais, denominadas pomposamente "International Human Rights Commission" (nome maliciosamente escolhido para confundir os incautos com a respeitável e insuspeita Human Rights International), o "Parlamento Mundial para a Paz e Segurança" e a "International Diplomatic Cooperation", vulgo INTERDIPCO.

Mas a verdade é que, essas ditas «instituições internacionais», não passam de um agregado de falsas instituições gerida por intrujões internacionais com cátedra mundial em negócios ilícitos e no branqueamento de capitais...uma autêntica associação de intrujões e criminosos internacionais. As acções e golpes desse grupo de intrujões cadastrados tem feito crônica na sub-região, desde a Libéria até à Serra Leoa, sendo uma das últimas vítimas mais mediáticas o ex-presidente Abdoulaye Wade, que, na sua megalomania de honorabilidade, levou uma banhada que lhe valeu o riso jocoso da imprensa local.

Quiçá na falta de originalidade ou pressa de honorar os nossos dirigentes golpistas, os promotores esqueceram-se que, de pacífica nada tem essa transição de força, pois por conta dos golpistas, onde se incluem em primeira linha os tristes galardoados, temos o saldo macabro de 14 mortes, 3 espancamentos de conceituados políticos, inúmeros espancamentos e torturas de activistas dos direitos humanos e cidadãos anónimos, detenções arbitrárias e um número incerto de pessoas desaparecidas, etc...

Porém, não estranha nada esse olhar distante dos promotores sobre essa realidade, se tivermos em conta que um paquistanês, dado à realidade que se vive no seu país, forçosamente terá que perceber mesmo muito pouco dos direitos humanos.

Enfim, mais um kafunbam para animar a entrada do Carnaval.

PS: ja agora, aconselhava a distinta delegação dar um pulo até Mansoa e galardoar, também, o nosso generalissímo Indjai com um Honoris Causa de «General da Democracia».

Francisco Sambu
Professor

O escurinho do FMI


Usando a metáfora dos reis magos para se referir à troika, Arménio Carlos da CGTP referiu-se, no seu discurso no final da manifestação dos professores, a Abebe Selassie como "o mais escurinho, o do FMI". Esta forma de falar do etíope representante do Fundo Monetário Internacional na troika causou natural incómodo a muita gente. A mim também. E por isso escrevi que "esta crise anda a fazer quase toda a gente perder o norte e o sul e coisas extraordinárias vêm de quem menos se espera". Outros foram os que, com mais ou menos veemência, se indignaram.

Em defesa de Arménio Carlos vieram muitas outras pessoas, mais e menos anónimas. Com argumentos variados. Uns, que nem deveriam merecer grandes comentários:criticar Arménio Carlos para defender o representante do FMI, nas circunstâncias em que o País vive, é dividir a oposição à troika e ajudar o inimigo. A ver se nos entendemos: considero a troika inimiga dos interesses do País e da justiça social. Mas isso não permite tudo. E não me permitirá a mim, com toda a certeza, esquecer outros valores e outros combates tão essenciais como os que agora se travam. O facto de ser dito pelo líder da CGTP, organização em que muitas vezes me revejo, torna a coisa mais grave para mim. Se não criticamos os nossos nunca teremos autoridade para criticar os outros.

Outro argumento foi um pouco mais sonso: então ele não é mesmo mais escurinho? Qual é o problema? A não ser que passe a ser normal responsáveis políticos referirem-se a adversários desta forma, tudo bem. Será, assim, natural ouvir em intervenções públicas falar do ministro das finanças alemão como o "aleijadinho" (ele, de facto, anda de cadeira de rodas, não anda?), a António Costa como o "monhé" (ele, de facto, tem origem indiana, não tem?), a Jaime Gama como o "badocha" (ele, de facto, tem uns quilos a mais, não tem?), a Ana Drago como a "pequenota" (ela, de facto, é baixa, não é?), a Mário Soares como o "velhadas" (ele, de facto, já não é jovem, pois não?), a Miguel Vale de Almeida como "larilas" (ele, de facto, assume publicamente a sua homossexualidade e faz da luta pelos direitos LGBT uma parte fundamental do seu combate político, não faz?). Espera-se, no entanto, que o debate público mantenha algumas regras de civilidade. E, sobretudo, que não alimente alguns preconceitos importantes. Arménio Carlos não disse o que disse num café, onde a conversa se pode aligeirar sem problemas. Disse o que disse numa intervenção pública oficial.

Por fim, porque não há oportunidade em que a expressão não seja usada a propósito ou a despropósito, veio a costumeira acusação do "politicamente correto". A ver se nos entendemos: o politicamente correto tem um sentido. E esse sentido resume-se assim: as palavras não são neutras e carregam consigo história, cultura e política. Por isso, devemos usá-las com correção. Não quer isto dizer que devemos ser bem comportados ou que devamos fazer de cada frase um manifesto político. Quer dizer que não devemos usar as palavras ao calhas. Pelo menos quando estamos a falar ou a escrever na arena pública e não conhecemos as convicções mais profundas dos nossos interlocutores. Há, claro, excessos de purismo no politicamente correto. Que me irritam, como me irritam todos os purismos. Mas o princípio está certo e não é preciso ser especialmente adepto dele para não gostar de ouvir falar de um responsável público como "escurinho".

Portugal é um país racista. Tem uma longa história de racismo. E uma longa história de negação desse racismo. É um racismo suave, sorrateiro, com diminuitivo (como "escurinho"), que não se exibe de forma descarada na praça pública. É, talvez, das formas mais insidiosas de racismo. E um homem que se enquadra numa corrente política com provas na luta contra o racismo e a discriminação, como Arménio Carlos, tem obrigação de saber isto. É por isso que o incómodo com esta afirmação deve ser maior por vir da sua boca. Não duvido, no entanto, que se a expressão tivesse sido dita por um homem de direita a indignação seria muito mais violenta. E mal. A direita tem, nesta matéria, menos responsabilidades. Não porque a direita seja, em geral, racista, mas porque acredita, em geral, que os portugueses não o são. É, por isso, menos vigilante consigo própria.

Se repararmos, Abebe Selassie é o primeiro negro com algum poder real em Portugal. Ou seja, num país razoavelmente multiétnico, o primeiro negro com algum poder só o consegue ter porque esse poder não resultou da vontade dos portugueses. Há, que me lembre, apenas um deputado negro no parlamento - e é do CDS. Não há nenhum presidente de Câmara, nenhum ministro, nenhum secretário de Estado. Isto tem de querer dizer qualquer coisa. Ou quer dizer que os portugueses não votam em negros ou quer dizer que a generalidade dos negros não consegue ascender socialmente no nosso país para chegar a cargos públicos relevantes. Porque são geralmente discriminados ainda antes de chegarem à fase de poder ascender a estes cargos. São discriminados na distribuição do rendimento, dos empregos, das oportunidades. E é neste contexto, e não numa sociedade que dá a todos, independentemente da sua etnia, as mesmas oportunidades, que Arménio Carlos falou de um "escurinho".

Arménio Carlos não se referiu aos outros dois representantes da troika como "o carequinha" e o "loirinho". E é normal. Carecas e loiros há em muitos cargos semelhantes. Não chega a ser um elemento distintivo. "Escurinhos" é que há poucos. Ou melhor, não há nenhum. Só que essa característica física não é comparável a outras que aqui referi. Ela é causa de uma discriminação muitíssimo mais profunda. E foi isso que Arménio Carlos, sem o querer, acentuou: em vez do nome e do cargo, sobrou a Selassie (que eu aqui já critiquei violentamente sem me ocorrer falar da sua cor de pele) o facto de ser "escurinho".

Selassie não foi identificado como etíope, que é, como técnico do FMI, que também é, como alguém que usa óculos, que usa, que é careca, que também é, ou que é politicamente incompetente, que parece ser. É negro. Não pretendo que sejamos cegos perante a negritude. O que fica claro é que, mal surge um pessoa com algum poder no nosso país que seja negra passa a ser essa a forma mais evidente de a identificar. Com direito a dimunitivo. Que isso aconteça num café ou entre amigos não me choca. Que seja essa a forma como o secretário-geral da CGTP se refere a um adversário político - e o facto de ser um adversário político e da frase ter sido dita no contexto de um ataque político só torna a coisa mais grave - numa iniciativa pública é relevante.

Arménio Carlos é racista? Não me parece. Mas a indignação não resulta de uma qualquer avaliação do carácter ou das características políticas de Arménio Carlos. Resulta do que a frase que proferiu num contexto oficial acrescenta ao discurso político em Portugal. Mais grave: o que ela acrescenta ao combate a uma intervenção externa que está a deixar as pessoas desesperadas. A intervenção externa é condenável, mas nunca se pode passar a ideia que ela é condenável porque envolve um "boche" ou um "escurinho". Porque, mesmo que não seja essa a intenção de quem assim falou, isso transforma uma resistência em defesa da soberania democrática num ataque xenófobo. Repito: mesmo que não seja, e estou seguro de que não era, a vontade de Arménio Carlos. É que o sentido das palavras ditas na arena pública não depende da vontade de quem as diz. Dirigindo-se indistintamente a todos - e também a quem seja, e são muitos, racista -, é apropriável por todos. Por isso somos obrigados a especiais cuidados quando as dizemos no espaço público.

Arménio Carlos já veio dizer que não sabe de ninguém que tenha ficado pessoalmente incomodado. E que se alguém ficou, transmite as suas desculpas. Arménio Carlos é um político e tem obrigação de saber que a questão não é o incómodo pessoal de cada um. O confronto político permite o incómodo dos outros. Ele até poderia insultar Selassie. Mas deve pensar bem se o insulto que escolhe corresponde aos valores políticos que defende. A questão é o que a expressão, ainda mais com o diminutivo paternalista, revela. E se há coisa que um político tem de saber é que as palavras, sendo parte fundamental do seu ofício, são importantes. Um trabalhador pode ser um "colaborador"? Pode. Um despedimento colectivo pode ser uma "reestruturação" de uma empresa? Pode. E, como tão bem sabe Arménio Carlos, não é indiferente se usa umas ou outras expressões. Mesmo que ninguém fique pessoalmente incomodado por ser chamado de "colaborador". Porque, como gritava Nanni Moretti, "as palavras são importantes". E em política elas são muito importantes. Mesmo quando não se quer ofender ninguém.

Publicado no Expresso Online
por Daniel Oliveira

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