domingo, 21 de agosto de 2011

O pai do iluminismo


Novas nomeações?:

- Jorge Queta, genro do primeiro-ministro: Presidente do Conselho de Administração da Guiné-Telecom;

- Devlin Gomes, filho do primeiro-ministro: Director do Instituto das Comunicações;

Quem vai ser nomeado?

- Daniel Esteves, irmao do Secretario de Estado dos Transportes e Comunicaçõs, e futuro genro do ministro dos Negócios Estrangeiros: pode vir a ser nomeado director financeiro da empresa pública dos petróleos, a PETROGUIN.

Quem comprou:

- As instalaçõs do antigo Banco Internacional da Guiné-Bissau?

- Quem quer comprar:

O prédio dos Correios?

A isto, meus caros, chama-se MANDAR! AAS

sábado, 20 de agosto de 2011

Goodluck Nigeria


O Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, prometeu à Guiné-Bissau, um apoio do seu país e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), noticiou hoje a agência Pana.

O Presidente da Autoridade dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, deu estas garantias durante uma audiência que concedeu, em Abuja, ao ministro guineense dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e Comunidades, Adelino Mano Queta, portador duma mensagem especial do Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha.

Na sua mensagem, Sanha, solicitou o apoio da Nigéria à implementação do programa de reforma do sector da defesa e da segurança do seu país, como foi decidido pela Autoridade da CEDEAO, durante a sua 39ª sessão ordinária ocorrida em Março último em Abuja.

A certidão que iliba Baciro Dabó de "tentativa de golpe de Estado"...

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INVENTONA: «A presente Certidão destina-se para confirmar a todos os concidadãos da INOCÊNCIA do cidadão acima referido quer perante as aurotidades nacionais quer estrangeiras.»

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Arezki: 14 kms de estradas em números


- Duas passagens superiores (Alto-Crim e outra a 600 metros);

- 355 postes de iluminação (inclui a estrada de Antula);

- Semáforos eléctricos em cinco zonas;

- 1.400 metros de grelha central (não prevista no Caderno de Encargos);

- 450 sinais de trânsito (Av. Combatentes e Antula);

- Duas faixas em cada direcção, mais uma 'zona morta' para estacionamentos breves;

- As tintas que serão usadas ao longo dos 14 kms de estrada, foram testadas para resistirem a um milhão de passagens;

- As palmeiras na Av. Combatentes foram compradas na Gâmbia ao preço de custo de 10.000 fcfa/cada.

Em setembro, salvo motivos de força maior, as obras estarão concluidas a tempo da comemoração do aniversário da independência.

Arezki, e uma empresa familiar instalada na Guiné-Bissau há já vários anos. A primeira empresa adquirida por este grupo foi a CCC (que construiu a estrada que vai dar a Quinhamel). O custo desta operação? Uns 'míseros' 3 milhões de dólares norte-americanos.

Uns anos depois e numa jogada de mestre a italiana Astaldi muda de mãos: a Arezki desembolsa 4 milhões de dólares e fica na posse da empresa. Situada em Safim, às portas de Bissau, esta é a jóia da coroa do seu administrador, Tarek Arezki: num terreno de 5 hectares, dispõe de:

- Uma máquina de fazer asfalto, totalmente computorizada, e que 'vomita' 100 toneladas/hora, custou um milhão e duzentos mil euros.

- A central de betão, outra besta de carga, igualmente computorizada, despeja 50 m3 de betão por hora, por cima de enormes camiões.

Nessas instalações, em Safim, onde habita Tarek Arezki e um pequeno grupo de funcionários, todos expatriados, existe um laboratório de qualidade completamente equipado, um enorme armazém com todo o tipo de peças em stock, e ainda uma oficina de reparações e manutenção das máquinas e dos camiões.Existem ainda uma piscina, um ginásio e até um restaurante!

No Saltinho, a pedreira da empresa é impressionante. Ali, trabalham cerca de 80 trabalhadores e só a renovação da sua maquinaria custará cerca de 3 milhões de dólares. "É a melhor pedra do mundo, é forte como aco!", diz com indisfarcável orgulho Tarek Arezki. No total, a Arezki tem investido na Guiné-Bissau cerca de 15 milhões de euros. AAS

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Eu, tu, nós: falhamos




"Li, no passado dia 27 de Julho, num jornal diário português, que num determinado país africano (abaixo do equador), os doentes portadores do vírus HIV ingeriam excrementos de animais, antes de tomarem medicamentos anti-retrovirais para poderem ter "algo no estómago", isto porque às vezes não tinham alimentos... Como habitualmente leio jornais após o almoço num restaurante, na Parede, quase que, por momentos, pensei que fosse ter uma congestão/vómito. A ser verdadeira esta notícia, não é apenas o país em questão que falhou. Eu, tu, nós, falhámos.

Muitos dos nossos irmãos africanos (principalmente mulheres e crianças), provenientes de diferentes países do nosso continente, morrem afogados, durante aquilo que eu chamo de “travessia de morte incerta”, através do mediterrâneo, à procura de uma ” alegada” vida melhor na Europa.

Na Somália, nos últimos 3 meses, morreram aproximadamente 30 mil crianças por falta de assistência médica e alimentar em consequência (e não só, na minha opinião...) duma seca severa. Isto dá uma média de 333,3 mortes/dia, 13,8/por hora, 6,9/a cada30 minutos, 3,45/a cada 15 minutos e 1,7/em cada 7,5 minutos.

O mais grave, é que as milícias do "Al-Shabab", que controlam algumas regiões do país, dificultam a distribuição da ajuda alimentar, contribuindo assim para um aumento significativo das vítimas. Esses milícias não são estrangeiros, são Somalis...

Enquanto tudo isto acontecia/acontece em África, na Europa, os países do eurogrupo, estavam preocupados com a dívida soberana dos estados membros da União Europeia. No grupo do PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha), a maior preocupação era se este último seria a próxima vítima, ou, mais tarde o Chipre, Itália e França (a segunda maior economia europeia).

Ainda na Europa, os europeus reagiam com consternação (e não era para menos...), porque a Noruega tinha sido abalada por dois ataques terroristas, provocados por um "maluco" denominado Anders Behring Breivik, que causaram um total de 77 vítimas mortais (representam um quarto do número de crianças que terão morrido nesse dia na Somália...).

Todo mundo condenou (com razão) este acto bárbaro. A mesma Europa que também se sentiu chocada com a morte prematura da cantora inglesa Amy Winehouse. Há poucos dias atrás, Londres foi palco de cenas de violência e destruição, fruto, segundo os "entendidos", de uma má política de integração das minorias, e não só...

Enquanto morriam 333,3 crianças por dia na Somália, nos Estados Unidos, a preocupação dos americanos era se até início de Agosto, os republicanos e os democratas chegariam num concenso quanto ao aumento do tecto da dívida norte-americana evitando o "default". E, mais preocupados ficaram quando, passados alguns dias a agência Standard&Poor’s baixou o raiting da dívida norte-americana, após o acordo conseguido entre republicanos e democratas.

Resolvida a questão da dívida, Obama conseguiu arranjar 100 milhões e, mais tarde, 17milhões para ajudar a Somália. No Vaticano, o Papa limitava-se a fazer discursos concensuais. As Nações Unidas limitavam-se também a apelar para o envio de contribuições financeiras das diferentes nações para ajudar a Somália. A NATO continuava a bombardear a Líbia gastando milhões e milhões nesses ataques, milhões esses que dariam para alimentar milhares ou milhões de crianças Somalis. E na Síria, não se intervém?

Perante tudo isto, os governantes, políticos e nós, filhos de África, encolhemos os ombros e assobiamos para o lado...

Onde é que eu quero chegar com estas considerações? A resposta é óbvia: Enquanto os EUA, a Europa Ocidental e o resto do mundo "desenvolvido" tiverem os seus problemas/interesses para resolver, jamais prestarão (se é que alguma vez prestaram seriamente...) atenção aos problemas africanos. Nós africanos, não podemos estar constantemente a estender as mãos aos países "desenvovidos" pedindo ajuda, esperando que sejam eles a resolver os nossos muitos problemas.

Temos que ser nós a resolver os nossos próprios problemas. Isto implica que temos que mudar aquilo que tem sido o paradigma da governação africana, baseada (com algumas poucas excepções) na corrupção, com políticos e governantes mediocres, para não dizer péssimos. Políticos agarrados ao poder, mesmo após terem perdido eleições(caso recente na Costa do Marfim).

Políticos que não pensam duas vezes antes de eliminar fisicamente os seus opositores. Políticos que ficaram multimilionários durante o exercício dos seus cargos (os casos do Egipto e da Tunísia são os mais falados, mas não os únicos...). É todo esse paradigma que temos de alterar e deixar de culpabilizar sempre os "outros" dos nossos fracassos. Se não corrigirmos o nossos erros a curto e médio prazo, entraremos na rota da irreversibilidade do continente falhado.

Uma última nota de reflexão: Durante o tempo que o meu querido leitor esteve a ler este artigo de revolta, terá morrido mais uma criança Somali... Pense nisso.
Epifânio Có
"

Última Hora/2ª volta da eleição presidencial em Cabo Verde

O presidente da comissao de recenseamento da Guine-Bissau, Jorge Goncalves, decidiu, unilateralmente, mudar todos os membros da única mesa de voto que existe na Guiné-Bissau, para a 2ª volta da eleição presidencial.

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AAS

O delegado é: razoável, médio ou regular? E porque não é...bom!!!


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O problema, agora, é que o 'delegado' não speak inglês, nem parle francês, e tão pouco habla espanhol... Felizmente existe a linguagem gestual... AAS

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

EXCLUSIVO: Mas...que merda é esta?

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República da Guiné-Bissau
O Primeiro-Ministro

Excelentíssimo Senhor
Procurador-Geral da República
Dr. Edmundo Mendes

BISSAU

N/Ref.28/PM/11

Bissau, 11 de Agosto de 2011

Excelentíssimo Senhor,

Perante a denúncia de que estaria em preparação uma tentativa de Golpe de Estado, o Governo que tenho a honra de dirigir, apresentou aos serviços competentes da Procurador-Geral da República uma participação contra um grupo de cidadãos guineenses, solicitando a adequada averiguação dos factos e o consequente procedimento criminal.

A denúncia provinha de individualidades que mereciam e merecem a maior consideração e confianças das autoridades nacionais, e vinha acompanhada de elementos de prova que pareciam irrefutáveis, que foram colocados à disposição do Ministério Público.

Decorridos vários meses sobre a denúncia, surge na comunicação social a notícia segundo a qual o Ministério Público havia determinado o arquivamento do processo, na parte relativa à existência de uma tentativa de Golpe de Estado, e ordenado a remessa para o Tribunal Militar da parte do processo relativa aos crimes de homicídio.

Importa registar, para os devidos efeitos, que, tratando-se de dois Despachos distintos, o Governo apenas foi notificado do segundo. o primeiro, relativo ao arquivamento do processo por alegada tentativa de Golpe de Estado, não foi notificado ao Governo, quando, por lei, o deveria ter sido.

Conforme é do domínio público, após a divulgação dos referidos Despachos, o Governo tem vindo a ser confrontado com sucessivas manifestações políticas, que, no fundo, mais não pretendem do que responsabilizá-lo politicamente pelo sucedido.

Para mais, tudo leva a crer que, para além desta responsabilização política, os familiares das vítimas que existiram no processo também poderão pretender responsabilizar o Governo pelos danos morais daí decorrentes.

Ora, não se compreende que, não tendo tido a responsabilidade pela denúncia do crime, seja agora o Governo a ter de arcar com as responsabilidades, para mais quando não lhe foi assegurado o direito, por falta de notificação, de confrontar as testemunhas envolvidas no processo.

Nestes termos, entende o Governo ser sua aobrigação solicitar a V. Excelência o cabal esclarecimento da situação, para que, no futuro, não seja o Governo responsabilizado pela prática de actos que não praticou, nem ordenou que se praticassem, ou pela omissão de obrigações que sobre ele impemdem, como sejam, por exemplo, a de acautelar pelo bom nome e reputação do executivo, que não pode ser acusado de ou estar associado à prática de quaisquer crimes. Aceitar hoje que afinal não existiu qualquer tentativa de golpe equivale a dizer que o Governo omitiu deveres fundamentais, ou que o Governo deu crédito a informações que o não mereciam, criando-se com essa posição uma situação muito delicada que urge esclarecer.

o Governo agiu na máxima boa-fé, tendo utilizado a via mais apropriada da resolução da situação, sendo certo que respeitará sempre as decisões que o poder judicial tomar sobre a mesma.

Contando com a avisada intervenção de V. Execelência, queira aceitar, Senhor Procurador-Geral da República, as minhas cordiais saudações.

Carlos Gomes Júnior

C.C. S.E. o Presidente da República
Senhor Malam Bacai Sanha
S.E. o Presidente da Assembleia Nacional Popular
Senhor Dr. Raimundo Pereira
S.E. a Presidente do Supremo Tribunal de Justiça
Senhora Dra. Maria do Céu Monteiro

terça-feira, 16 de agosto de 2011

DSK em maus lencois


Afinal, houve violacao no quarto de hotel onde o ex-chefe maximo do FMI estava instalado. Os ferimentos de Safiato Diallo, a empregada de hotel de origem conacry-guineense, afinal e de acordo com exames medico-legais hoje tornado publico, foi vitima de agressao sexual. Dominique Strauss-Kahn estara lixado? AAS

UEMOA constroi sede em Bissau

A Uniao Economica e Monetaria Oeste Africana - UEMOA, vai construir a sua propria sede, em Bissau. A cerimonia de lancamento da primeira pedra teve lugar hoje, e contou com a presenca do PR Malam Bacai Sanha e do presidente da comissao deste organismo, Sumaila Cisse.

A sua construcao e equipamento estao orcados em cerca de 3 mil milhoes de francos CFA. A UEMOA injectou ja no Pais cerca de 45 mil milhoes de francos CFA em varios projectos.

Ainda hoje, foi assinado um acordo em que a UEMOA se comprometeu a apoiar o sector agricola com 4 mil milhoes de francos CFA, com vista a recuperacao de 1000 hectares de bolanhas e, ainda, dos sistemas de irrigacao. O acordo foi rubricado pelo PC da UEMOA, Sumaila Cisse, e por Barros Bacar Banjai, ministro da Agricultura da Guine-Bissau. AAS

Ao CEMGFA, General Antonio Indjai

Sr. General,

Permita-me recordar-lhe que a Guine-Bissau, e os guineenses, estao muito reconhecidos ao seu hoje Chefe do Estado Maior General das Forcas Armadas, por, desde o golpe de Estado tornado 'incidente' do 1 de abril o Pais nao viver outra instabilidade com levantamentos militares. N'ka sibi si bala ku ka tem, ou si bo sukundil nan diritu... Obrigado.

Contudo, hoje, eu nao posso dizer o mesmo, menos ainda o Pais e os guineenses, isto depois de todos ouvirmos as suas declaracoes publicas de apoio ao Governo, na pessoa de Carlos Gomes Jr, o primeiro-ministro hiper-contestado. Nao sei por que motivo fez o general essas afirmacoes.

17 partidos politicos na oposicao (entre eles os tres maiores), manifestaram-se por tres vezes(!) e em menos de um mes, pedindo a cabeca de Carlos Gomes Jr, e o general nao reagiu. Nao se entende.

Contudo, assim que o Presidente da Republica exonerou o Procurador Geral da Republica, Amine Saad, vossa excelencia pronunciou-se pela "continuidade do primeiro-ministro ate final do seu mandato" - nao e para entender.

General: a oposicao nao se manifesta por nada mais - menos ainda por um Governo de equilibristas, que se gaba por alcatroar 14 kms de estrada em...7 anos de mandato. A oposicao democratica manifesta-se por isto, que toda a sociedade guineens anseia: JUSTICA.

General, nhu dissa politikus kussi ku nhu Cadogo, ku si Governo di badjaduris di kansare! Antonio Aly Silva

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ai mana, kau kai...



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A ministra da Economia, do Plano e da Integração Regional, Helena Nosolini Embaló, mostrando toda a genica, ainda que em desequilíbrio. AAS

domingo, 14 de agosto de 2011

EMBAIXADORA NO BRASIL ENTREGA CARTAS CREDENCIAIS


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FOTOS: Embaixada da Guiné-Bissau em Brasília-Brasil

EXCLUSIVO: A certidão que iliba Hélder Proença.



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«A presente Certidão destina-se para efeito de confirmar a inocência perante as autoridades legais nacionais e estrangeira, assim como as pessoas nacionais e estrangeiras dos dados como suspeitos». E agora? AAS

sábado, 13 de agosto de 2011

Quem quer jogar à roleta russa na Guiné-Bissau?



Por Paulo Gorjão*

"Numa altura em que as feridas abertas pela crise política e militar de Abril de 2010 estão ainda por sarar, eis que a Guiné-Bissau volta a viver dias de agitação e instabilidade política. No mês passado, por duas vezes, milhares de pessoas vieram para as ruas exigir a demissão do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, acusado na praça pública de ter estado envolvido em 2009 na morte do presidente Nino Vieira e do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), Tagmé Na Waié, bem como na dos deputados Hélder Proença e Baciro Dabó. A onda crescente de agitação política - pacífica, até ao momento - já levou à demissão do procurador- -geral da República, Amine Saad, facto que não terá apaziguado os manifestantes.

Na terça-feira, depois de auscultar a opinião de diversos actores institucionais, o presidente Malam Bacai Sanhá veio esclarecer que de momento não existe uma crise política que ponha em causa o normal funcionamento das instituições. Não pondo em causa a sua leitura, note-se no entanto que o Partido da Renovação Social (PRS) - o maior da oposição - podendo apresentar uma moção de censura no parlamento, optou por transferir a luta política para as ruas. Igualmente importante é que, à revelia da Procuradoria-Geral da República e do sistema judicial, o PRS atribuiu ao primeiro-ministro a responsabilidade por factos de que o mesmo não foi formalmente acusado.

Um dos dados positivos a registar é que até ao momento as Forças Armadas permaneceram à margem da disputa política. O actual CEMGFA, António Indjai, parece estar a desempenhar o papel de tampão institucional, salvaguardando os militares da turbulência política. Todavia, importa lembrar que Indjai, em Abril de 2010, chegou a ameaçar de morte Carlos Gomes Júnior, tendo na altura tentado proceder, sem sucesso, à sua destituição. Na melhor das hipóteses, Carlos Gomes Júnior tem no CEMGFA um aliado circunstancial.

Conseguirá Carlos Gomes Júnior resistir uma vez mais à instabilidade política?

Embora o PAIGC, que Carlos Gomes Júnior lidera, tenha a maioria absoluta no parlamento, o primeiro-ministro sabe que se submeter uma moção de confiança à votação não é seguro que ela obtenha a maioria dos votos. Igualmente importante é que Carlos Gomes Júnior sabe que não tem em Malam Bacai Sanhá um aliado na presidência da República. Se a tudo isto se juntarem os cálculos que os diversos actores políticos começam a fazer, quando se aproximam as eleições legislativas de 2012, podemos deduzir que os próximos meses poderão não ser fáceis para Carlos Gomes Júnior e para a Guiné-Bissau.

Ironicamente, esta nova onda de instabilidade ocorre numa altura em que a União Europeia iniciou o processo de restabelecimento progressivo da cooperação com a Guiné-Bissau. Na actual conjuntura, seria um pesadelo com consequências imprevisíveis que uma nova crise voltasse a afectar o normal funcionamento das instituições.

Ao contrário do que sucedeu no passado recente, Portugal dificilmente teria condições para, uma vez mais, defender a Guiné-Bissau nas instituições internacionais. O governo português não teria condições e, muito possivelmente, não teria também vontade de voltar a fazê-lo. Se alguém quiser jogar à roleta russa em Bissau, terá de o fazer por sua conta e risco.
"

(*) Paulo Gorjão, é Director do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS