segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

domingo, 19 de dezembro de 2010

UNIOGBIS na fase 2 de alerta de segurança

Os serviços de segurança portugueses, informaram as autoridades estrangeiras na Guiné-Bissau - sobretudo a UNIOGBIS, de que estão na posse de informações sobre uma possível sublevação de militares (ainda) fiéis a Zamora Induta, ex-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, detido desde 1 de abril passado, no quartel de Mansoa, a 60 kilómetros de Bissau.

Tudo aponta para que assim seja, pois depois de, há dois dias a ministra do Interior ter apresentado a demissão - e de o Presidente da República ter 'indicado' o seu homem de confiança para a pasta antes ocupada por Hadja Satú Camara, o Primeiro-Ministro foi visto esta manhã, por volta das 9 horas, a bater à porta do Representante do Secretário Geral da ONU, Joseph Mutaboba.

Mas bateu com o nariz na porta: Joseph Mutaboba deixou Bissau no dia 16 com destino a Kigali, no Ruanda.

Mutaboba por um fio

Joseph Mutaboba pode não resistir até dezembro de 2011. Os sucessivos escândalos, a que se soma a ausência de uma política clara e definida - politicamente a Guiné-Bissau nunca esteve pior, custarão o cargo ao Representante de Ban Ki Moon no País. Para o lugar de Joseph Mutaboba virá um alemão. Danka! AAS

Parece o 1º de abril, dia das mentiras. Mas não é. A TAP é que peidou - e que cheirete!

A neo-colonialista TAP, que há 50 anos faz as malas dos seus passageiros correr mundo, enquanto os seus donos desesperam um pouco por todo o mundo - logo agora que o mau tempo um pouco por toda a Europa deixou em terra centenas de aviões - arreganhou os dentes. E algum respeito. Mas ainda assim não morde...

Mandaram um avião cargueiro(!) para trazer as malas e as cargas. Mas não veio tudo. Uma fonte confidenciou-me, lá de Lisboa, que eram para chegar 8 contentores (cerca de 800 volumes)...mas, e não fosse a TAP, só fizeram desaguar na placa do aeroporto Osvaldo Vieira... 3 contentores (cerca de 240 volumes).

Eu, que viajo na próxima madrugada para Lisboa, só exijo isto: respeito. E a mala no destino, tanto na ida assim como na volta... Claro. AAS

sábado, 18 de dezembro de 2010

Bandalheira! (mas disto, presumo eu, nem o Fundo Monetário Internacional, nem o Banco Mundial sabiam...)

É a bandalheira total! Por outras palavras - as que julgo mais convenientes: é como dar pérolas a porcos!

Em 1 de janeiro do corrente ano, o Governo fez aprovar, em Conselho de Ministros, uma lei que espalha regalias e mordomias pelos órgãos de soberania.

Tudo isto, ressalve-se, acontece num país chamado Guiné-Bissau, que viu agora tanto o FMI (o mesmo que Fome, Miséria e Imperialismo) como o BM (o Banco da Maldição) perdoar-lhe os quase 100 por cento da sua dívida externa.

Pois bem. O tanas - mau, muito mau! Dizia eu que, em pleno mês de janeiro do ano da graça de 2010, o Governo (en passant, diga-se), do alto dos seus indecifráveis critérios, decidiu (ainda que à má-fila e à revelia da Constituição) o seguinte:

- Nos seus 5 anos de mandato, isto de acordo com o Governo, o Presidente da República (que se permite indicar o seu ministro do Interior como se a Constituição lho permitisse...), terá direito a receber 900 milhões de fcfa; o Presidente da ANP, Raimundo Pereira, 480 milhões; a Presidente do Supremo Trinunal de Justiça, Maria do Céu Monteiro, 384 milhões de fcfa. Mais 'modestas' são as compensações atribuidas aos membros - ainda que mutilados - do Governo de 'Cadogo' Jr:

O Primeiro-Ministro embolsará cerca de 384 milhões de fcfa (mais de 500 mil euros); aos ministros, que o acompanham cegamente no nepotismo e na delapidação do tesouro público: 468 milhões de fcfa cada um, e aos secretários de Estado, 288 milhões de fcfa. Isto é um ROUBO descarado!

Senhores do FMI e do BM:

Onde está a seriedade, quando falámos no perdão de cerca de 1.2 mil milhões de dólares da nossa dívida externa?

No total, são mais de 10 milhões de dólares (pagos, obviamente, com retroactivos). E, senhor Primeiro-Ministro, onde pára um dos pontos do artigo 100º da nossa Constituição?

Por que não aumentam os salários dos médicos, dos enfermeiros e dos professores? E, já agora, por que não melhoram as escolas públicas? AAS

Plural a quanto obrigas

Era um Primeiro-Ministro empolgado, e embalado aquele que falava às gentes do leste. Prometeu de tudo.
- Vamos empregar gente, vamos construir escola, hospital, estrada, e nao-sei-que-mais.
Incomodado e assustado com tamanha pequenez da oferta, o seu zeloso e bajulador director de gabinete sussurou-lhe: "Sr. Primeiro-Ministro, é melhor empregar o plural" - ou seja fazer render a coisa.
E o PM não se fez de rogado, rematando:
- Vamos empregar plural, a mãe do plural, os tios de plural, o genro, a sogra e, com sorte, o periquito. AAS

EXCLUSIVO: Dinis Kablo é o próximo Ministro do Interior, e toma posse na próxima 2ª feira

Hadja Satu Camara, a ex-ministra do Interior, poderá vir a ocupar um lugar na Presidência da República. AAS

EXCLUSIVO: Presidente da República reunido com conselheiros

O Presidente da República, Malam Bacai Sanha, está neste momento reunido com os seus conselheiros. Em cima da mesa, o nome para próximo Ministro do Interior. A escolha deverá recair em Dinis Kablo, conselheiro especial do PR. AAS

EXCLUSIVO: Ministra do Interior pediu a sua demissão ao Primeiro-Ministro

Numa atitude nobre, a Ministra do Interior Hadja Satu Camara Pinto pediu a sua demissão ao Primeiro-Ministro, poupando-o assim a um desgaste lento, penoso e doloroso.

Em vez do tira-que-não-sai, Satu Camara Pinto teve sentido de Estado. Agora, caberá ao PM descalçar a próxima bota: a escolha do próximo ministro do Interior. AAS

INVESTIGAÇÃO Ditadura do Consenso: ROUBOS nas alfândegas, em que a própria empresa do Ministro das Finanças está metida. Brevemente. AAS

É a liberdade de imprensa, estúpidos!

Afrontar um jornalista num país democrático, significa desembainhar uma espada sobre a cabeça de cada profissional da comunicação social e, no limite, o cerceamento à própria actividade profissional dos jornalistas guineenses. Nada mais é do que uma forma de censura!

O episódio - patético - da última visita à minha casa, representou um duro golpe contra um dos pilares da democracia: a liberdade de imprensa. Aos idealizadores dessa funesta decisão: a liberdade de imprensa é um princípio que garante a possibilidade de que um jornal, uma revista, um sítio na internet, publique notícias ou opiniões cujos atingidos considerem irresponsáveis. No entanto, para dar conta de eventuais ofensas, existe o recurso à Justiça comum, à qual caberá julgar se houve dano; determinar a extensão do mesmo e estabelecer a reparação correspondente.

A liberdade de imprensa não surgiu como um favor dos poderosos, não. Ela existe hoje porque houve gente corajosa que se entregou à luta pelo direito de opinião e de informação. E um dos primeiros foi precisamente John Milton. Na sua Aeropagítica, de 1644, o poeta inglês defendeu a ideia de que um autor podia ser processado criminalmente. Mas deixou claro que eles não podiam ser cerceados ou os seus escritos censurados, pois, defendia, «nas sociedades civilizadas, a verdade sempre triunfaria sobre o erro».

Se alguém se sentiu atingido pela denúnca do Ditadura do Consenso (que eu ainda edito), que tomasse as medidas judiciais ao alcance de qualquer cidadão. Agora, confundir a sua pessoa com o Estado guineense, como se a sua figura fosse um dos elementos desse Estado... Não. Nunca!

Meu caro:

Os elementos do Estado são o Povo, a Soberania e o Território – e nenhum deles foi ameaçado ou pilhado pelo António Aly Silva. A minha luta é contra os bandidos (como tu). E estes (e tu também) não deviam fazer parte do Estado da Guiné-Bissau. Triunfou novamente o erro; a liberdade de imprensa, essa, vencerá.

António Aly Silva

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Breves (porque estou feliz)

- O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, anunciaram há pouco o alívio da dívida externa da Guiné-Bissau: 1.2 mil milhões de dólares (cerca de 900 milhões de euros). As duas instituições decidiram pela continuação da prestação da ajuda financeira ao País;

- Primeiro-Ministro Carlos Gomes Jr acaba de inaugurar a feira de produtos do empresariado guineense para negócios nos países da CPLP. Já lá estive e aconselho uma visita. Oportunidades esperam por si;

- Jean Ping, presidente da comissão executiva da União Africana, está em Abidjan, com vista a encetar conversações com os 'dois' presidentes. Ontem, agências de notícias davam conta de cerca de trinta mortos nos confrontos entre partidários do vencedor das eleições Alassan Ouattara e do usurpador do poder, Laurent Gbagbo.
Notícias - não confirmadas - dão também conta da presença de militares angolanos vestidos à civil e armados de kalashnikov;

- Ditadura do Consenso incomoda? Sim. Muito. Mas também fala bem. O seu editor não se deixará, contudo, amedrontar. Tentam calar-me, mandam recados. Recuso a humilhação. E siga o baile. AAS

Só para os incondicionais

O café/restaurante 'Bate Papo' reabriu esta manhã. Serve almoços e jantares, tem um óptimo café e, claro, nova gerência. Bem bom. AAS

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

IV Centenário pronto a navegar

É relançado hoje, o barco IV Centenário da cidade do Cacheu. Construido em 1989, pela empresa Damen Shipyards Goringhen foi entregue nesse mesmo ano ao Estado guineense. Custo: um milhão e trezentos mil dólares.

O IV Centenário fazia a ligação Cacheu-S Domingos-Cacheu, até que, oito anos depois, uma avaria, em 1997, o atirou para a doca dos estaleiros navais. E por lá ficou.

Avarias de oredem mecânica e hidráulica. Encomendaram-se dois motores mas a guerra de 1998/99 fê-los 'desaparecer'...

Em dezembro do ano passado, técnicos da empresa construtora do barco estiveram em Bissau para fazer o levantamento das necessidades do barco. A empresa recomendou ao Governo a aquisição de um novo barco e a venda do IV Centenário à sucata.

Contudo, e graças aos esforços dispendidos - cerca de 120 milhões de fcfa, foi possível a sua recuperação.

Substituiu-se cerca de 70 por cento do casco e a totatilade da maquinaria a bordo, faltando adquirir os equipamentos de navegação e de salvamento.

Intervenções realizadas:

Seis casquilhos (três de cada lado);
Duas hélices, dois motores e uma bomba hidráulica. Em Bissau, foram construidas as duas falanges para os veios das novas hélices e as cadeiras. Foram igualmente feitas as adaptações dos cones aos veios das hélices, adquiriu-se uma lona para acobertura, um grupo electrogêneo e instalados quatro televisores plasma e dez colunas de som.

O IV Centenário pode transportar 150 passageiros e levar 10 toneladas de carga será entregue à APGB e fará a ligação Bissau-Bolama-Catió-Bolama-Bissau. AAS

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ponto único: Não sabem nada de mim. Ninguém sabe nada de ninguém... Não somos histórias contadas em hora e meia. AAS

Fadul sente-se ameaçado por Pansau Intchama e apresenta queixa à PSP de Lisboa

O comando metropolitano de Lisboa da PSP confirmou hoje ao PÚBLICO que o antigo primeiro-ministro guineense Francisco José Fadul esteve na esquadra de Carnide a queixar-se de que anda a ser perseguido nas ruas de Lisboa pelo seu compatriota Pansau Intchama, aparentemente com intenções criminosas.

Fadul, presidente do Tribunal de Contas, ainda em tratamento de uma agressão de que foi vítima em Bissau no ano passado, disse ao PÚBLICO ter sentido o olhar ameaçador do capitão Intchama cinco dias depois de ter sido publicada na "Gazeta de Notícias", da sua terra, uma entrevista em que falava de "corrupção na gestão financeira das Forças Armadas" e de "administração danosa dos interesses do Estado", do qual ele foi primeiro-ministro de Dezembro de 1998 a Fevereiro de 2000.

Na mesma entrevista, entretanto reproduzida por outro jornal de Bissau, o "Última Hora", Fadul contou ter sido assaltado em sua casa, no mês de Abril de 2009, por homens "fardados e armados com AK e com bazucas", na sequência de uma conferência de imprensa que dera em 30 de Março. À frente dos assaltantes estaria precisamente o capitão Pansau Intchama de que ontem teria levado fotos à esquadra de Carnide, um dia depois da queixa inicial, mal o viu na rua, "tentando fazer das suas, provocando".

Segundo Francisco José Fadul, que chefiou um Governo de Unidade Nacional, e amanhã completa 57 anos, "se o Estado não sabe ou não quer identificar" os elementos do esquadrão que o espancou gravemente em Bissau, ele fará o que estiver ao seu alcance para explicar quem é que o deixou na necessidade de mais de um ano e meio de tratamento hospitalar em Portugal.

Para além de presidente do Tribunal de Contas da Guiné-Bissau, aquele político dirige o Partido para a Democracia, Desenvolvimento e Cidadania (PADEC), que já há dois anos chamava a atenção para "a ostentação de dinheiro e riqueza" cuja proveniência, no seu entender, seria do narcotráfico.

A agressão de 2009 a Fadul verificou-se um mês depois de alguns militares terem assassinado o Presidente João Bernardo "Nino" Vieira, um dos muitos crimes que nos últimos anos foram cometidos em Bissau e que ainda estão por esclarecer.

Jorge Heitor/PÚBLICO