terça-feira, 16 de dezembro de 2014

JORNALISTAS: Menos mortos, mais sequestros


O número de jornalistas assassinados registou uma redução em 2014, mas aumentou o número de profissionais sequestrados face ao ano passado, revela um relatório publicado hoje pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Em 2014, foram assassinados 66 jornalistas, contra 71 no ano passado, mas o número de sequestrados aumentou de 87 para 119 casos. E, de acordo com o documento da RSF, há ainda 40 profissionais dos `media` que permanecem reféns em todo o mundo.

Segundo a organização, "os assassínios praticam-se com maior barbárie e os sequestros aumentam consideravelmente com o objetivo, por parte de quem os comete, de impedir que existe uma informação independente e de dissuadir os olhares indiscretos".

"Poucas vezes o assassínio de jornalistas com fins de propaganda foi perpetrado com tanta barbárie", sublinha a RSF no mesmo documento, elaborado anualmente desde 1995.

Dois terços dos assassínios foram registados em zonas de conflito: na Síria -- país que, à semelhança do ano passado, figura como o mais perigoso para os jornalistas, com 15 mortes -- nos territórios palestinianos, sobretudo em Gaza (sete mortes), no leste da Ucrânia (seis), no Iraque e na Líbia (ambos com quatro).

A RSF sinaliza menos assassínios de jornalistas em países "em paz" como a Índia e as Filipinas, mas constata, por outro lado, que as mortes de mulheres duplicaram para seis em 2014. Já o número de sequestros, ao contrário dos assassínios, disparou 37%, de acordo com a organização defensora da liberdade de imprensa, com sede em Paris.

"Os sequestros foram particularmente numerosos na zona do Médio Oriente e no norte de África. Este ano foram sequestrados 29 jornalistas na Líbia e 37 na Síria. No Iraque o número ascendeu a 20. Esta tendência explica-se sobretudo com a ofensiva do grupo extremista Estado Islâmico (EI) na região", refere a RSF.

O número de jornalistas detidos em todo o mundo manteve-se em 178, com a China a encabeçar a lista (17% do total), em que também constam o Egito, Eritreia, Irão, Síria, Vietname e Arábia Saudita.

O relatório da RSF indica ainda que, em 2014, houve 139 jornalistas que tiveram que exilar-se, ou seja, o dobro face ao ano passado. Esse `ranking` é novamente liderado por países como a Líbia (43), Síria (37), Etiópia (31) e Azerbaijão (6). O número de detenções de jornalistas sofreu um aumento de 3%, atingindo 853 casos.

"Evidentemente, os interrogatórios e detenções são ataques à liberdade de expressão cuja gravidade não pode comparar-se à dos assassínios ou sequestros prolongados. Contudo, constituem obstáculos para o seu trabalho e, por vezes, intimidações violentas", anota a RSF.

A Repórteres Sem Fronteiras constata ainda uma redução em 15% das ameaças ou agressões a jornalistas para um total de 1.846 ataques, com países como a Venezuela, Turquia, Ucrânia e China a figurarem entre os menos seguros para os profissionais dos meios de comunicação social.