O clima de maior estabilidade sentido recentemente na Guiné-Bissau deu novo fulgor aos projectos do porto de Buba e da exploração da bauxite no Boé, promovidos por investidores angolanos, de acordo com a folha de informação Africa Monitor. Além da maior estabilidade política e social, ligada ao andamento da reforma do aparelho de segurança do país, o envolvimento angolano nos projectos passou a ser assumido directamente pelo governo de Angola, na pessoa do ministro de Estado, Carlos Feijó, adianta a folha de informação publicada em Lisboa.
Lançados em 2007, os dois projectos têm tido um arranque difícil, devido aos episódios de instabilidade na Guiné-Bissau. O atraso está também ligado às dificuldades económicas e financeiras por que Angola passou em 2009-10, que tiveram implicações na capacidade de investimento das empresas públicas e privadas envolvidas e sua estruturação.
Mais recentemente, adianta o Africa Monitor, o projecto de construção do porto de Buba entrou em fase de relançamento, enquanto são incrementadas acções de desenvolvimento do projecto de exploração de bauxite do Boé.
A cargo da empresa Asperbras, foram recentemente concluídos os estudos geológicos destinados a determinar o local da construção do porto, enquanto decorrem preparativos para a instalação na cidade de Buba de equipas técnicas angolanas com a função de acompanhar o desenvolvimento do projecto. O porto de Buba é considerado um projecto de elevado interesse económico e estratégico, pelas condições naturais privilegiadas, particularmente a profundidade das águas, e a vocação para servir um vasto interior.
No Boé, estão em início os trabalhos preliminares de campo relacionados com a exploração mineira. Paralelamente, registam-se contactos com entidades da República da Guiné tendo em vista alargar a exploração mineira a jazigos de bauxite contíguos ao Boé, mas situados no território do país vizinho.
Atraída pelo potencial mineiro da área e pelos atributos do porto de Buba, a China tem revelado interesse em participar nos projectos, quer do lado do país de língua oficial portuguesa, quer dos seus vizinhos guineenses, à semelhança da maior empresa de mineração brasileira e uma das maiores do mundo, a Vale. Buba já está a registar um acréscimo de interesse de empresas e de particulares, como resultado das expectativas de que o porto e outras actividades periféricas vão criar um pólo económico.
A Asperbras, empresa de engenharia e construção civil, é uma parceria entre a Odebrecht e empresas angolanas e está encarregue da construção do porto, uma estrada e uma a via férrea destinadas a assegurar a ligação do mesmo às zonas de exploração mineira. A Bauxite Angola pertence em 70% a uma entidade angolana ligada a Sociedade Nacional de Petróleos de Angola (Sonangol) e Banco Africano de Investimentos e o restante capital está nas mãos de privados angolanos e guineenses.
A viabilização económica de ambos os projectos implica a construção de uma via férrea de ligação da zona de exploração mineira ao porto de Buba. O projecto prevê também a construção de uma mini-hídrica no Rio Corubal, sítio do Saltinho, destinada a produzir energia de baixo custo para alimentar o empreendimentos.