segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nhô Zé Maria, é môde?

Aly,
Este texto foi retirado da Edição de 31-03-2009 do Jornal Liberal, de Cabo Verde - www.liberal-caboverde.com. Poderá encontrá-lo em
http://liberal.sapo.cv/index.asp?idEdicao=64&id=33311&idSeccao=549&Action=noticia

"Editorial

A MORTE DE AMÍLCAR CABRAL


Com esta acusação, feita da forma como a fez, José Maria Neves veio dizer aos cabo-verdianos, por exemplo, que Pedro Pires, Presidente da República de Cabo Verde, pode ter sido o um dos assassinos de Cabral. As acusações recentes de JMN são gravíssimas e de consequências inimagináveis. O que acabou por referir - qual incendiário da guerra tambarina que opõe as candidaturas à Presidência da República de Manuel Inocêncio Sousa e de Aristides Lima - é apenas a ponta do icebergue do que os seus rapazes são capazes e do lodo que ainda está para vir.

E indicia o desespero que tolhe a capacidade de raciocínio daquele que é o primeiro-ministro de Cabo Verde, perante o fim da ditadura do medo com que trazia amansados os membros do seu partido. Destapado o manto algoz do silêncio, Neves está confrontado com uma nova situação que - não controlando - o impele a fazer as tristes figuras a que assistimos ultimamente.

Ao estabelecer analogia entre os apoiantes de Lima e os assassinos de Cabral, José Maria Neves vai mais além. Diz saber quem matou Cabral, gente “sedenta de poder” e “intriguista”. Ora, se sabe deverá dizê-lo, para que não mais se perpetuem as insinuações e suspeitas sobre pessoas, algumas delas ainda vivas e com altas responsabilidades.

O líder do PAICV só fala de Amílcar Cabral uma vez por ano e/ou quando lhe convém. Independentemente das opiniões que se tenham sobre Cabral, é evidentíssimo que José Maria Neves [para sua grande frustração] nunca terá o estatuto - porque não tem a estatura - do fundador do PAIGC. E, enquanto figura menor da História – aliás, figurante -, procura utilizar técnica velha e rasteira dos que, sem rasgo nem brilho, se servem da vitimização para condoer os estultos.

Quando JMN diz que foram os próprios "camaradas" que mataram Amílcar Cabral, não está a dizer nenhuma novidade. Muitos já o disseram. Casimiro de Pina é apenas um dos grandes estudiosos cabo-verdianos entre muitos que defendeu esta tese, escrevendo artigos bem estruturados e esclarecedores para qualquer pessoa minimamente alfabetizada.

Neves não traz qualquer novidade, deste ponto de vista. A novidade, entretanto, está no facto de JMN não ser um "tipo" qualquer. Para além de ser o primeiro-ministro de Cabo Verde, é também o presidente do PAICV. Ora, a enorme gravidade do que JMN diz está no facto de, ao seu estilo, uma vez mais, fazer uma acusação abstracta. E, ao agir assim, coloca imediatamente determinadas personalidades - com responsabilidades de topo - nessa lista de potenciais assassinos de Amílcar Cabral. E que se saiba, até não são assim tantos, nem devem chegar para contabilizar todos os dedos das duas mãos.

Com esta acusação, feita da forma como a fez, José Maria Neves veio dizer aos cabo-verdianos, por exemplo, que Pedro Pires, Presidente da República de Cabo Verde, pode ter sido o um dos assassinos de Cabral.

Ao primeiro-ministro de Cabo Verde – e líder do PAICV - cabe esclarecer quem foram os assassinato de Amílcar Cabral - por causa da "sede de poder" -, conforme disse no comício deste fim-de-semana. Porque, das duas uma, ou José Maria Neves é um mentiroso compulsivo ou um protector de abjectos homicidas. E um chefe de Governo não pode ser nem uma coisa nem outra.

Liberal
"