quinta-feira, 7 de abril de 2011

Bonito

"Na primeira noite, aproximam-se
e colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, jão não se escondem, pisam as flores, matam o nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho na nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada."

Maiakovski, poeta russo "suicidado" após a revolução de Vladimir Lenine.

NOTA: 100 anos depois - é incrível mas é a verdade - encontramo-nos tão desamparados, inertes, passivos, e submetidos aos caprichos da ruína da moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário público, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio: porque a palavra, há muito se tornou inútil...até quando?