quinta-feira, 30 de julho de 2009

Son pa nhemê kola...

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Meu caro,

Agora que tudo terá passado, que a chuva regou as nossas cabeças por duas noites, agora que a poeira assentou, agora que o teu candidato canta vitóra e o meu celebra outra conquista; Agora, com o levantar penoso da festa, quero recordar-te uma conversa nossa. O ano era o de 2005 e para não variar, lá íamos nós às urnas de novo. Motivo? Escolher um Presidente da República.
A segunda volta ditou um embate entre 'Nino' Vieira e Malam Bacai Sanha (há quem jure a pés juntos que seria entre este último e Koumba Yalá...). Nessa noite, eu fumava e tu filosofavas. E saiste-me com esta: "Se o Bacai (Sanha) ganha, as pessoas (mandingas, queria dizer) vão depois para a Presidência mascar noz de cola". A coisa não me caiu bem. E tu ouviste e eu abandonei a mesa.

Passados uns míseros quatro anos - mufunessa na durmi, bô bai kordal..., o candidato que fervorosamente apoiavas, ao contrário do escolhido pelo teu partido, o PAIGC, lá ganhou e o teu partido fez-lhe depois a cama... Durante estes anos, claro, a Presidência estava um mimo: fatos de bom corte, gravatas a condizer, um brilho extra nos sapatinhos da moda - era assim o vosso mandar.

Mas isso era novidade para ti, presumo. Eu já vi esse mandar antes, acompanhei-o e critiquei-o sempre. Custou-me. E custou a vida a muitos.

Agora que apoiaste de perto o Malam Bacai Sanha, tenho apenas esta pergunta:

- O Bacai Sanha deixou de mascar noz de cola, ou... tu é que já não te importas com isso, ou terás alinhado na onda di nhemê kola? Hora tchiga... pa ruspundi.!
Aly Silva