terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Urdumunhu di kumbosseros
Fotomontagem: AAS
O Presidente da República, 'Nino' Vieira, vai ter um final de mandato alucinante. O atentado contra o Chefe de Estado, a 23 de Novembro do ano passado (o ano passa depressa, dasssss), acabou de dar à luz - 'antordia', 5, na estrada junto à Presidência da República (há cá cada coincidências do caraças) e o alvo seria agora o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, General Batista Tagmé Na Waie (o Batista até que lhe fica bem).
Agora, a tropa decidiu puxar dos galões e agir: a ordem para desarmar os 'Aguentas' veio do Estado-Maior, transitou pelas rádios (pa bô ka bin fala 'nô ka obil na rádio dê') e foi cumprida à risca. Homem por homem, arma por arma. Ligeiras e pesadas, que as molas das carrinhas aguentam isso e muito mais.
Uma coisa é certa: anda tudo muito nervoso. Os ânimos estão, por estas alturas, particularmente exaltados. Eu já estou por tudo. Inclusive por percorrer Bissau e subúrbios a pé, com especial cautela ao atravessar as ruas...
E por cá faz-se cada pergunta... E a pergunta mais difícil é também a mais simples de profereir: 'Porquê?'.
Porquê... Ora! Por que é que na primária, em Lisboa, me diziam 'preto da Guiné lava a cara com chulé'? Por que é que Bissau e o resto do País não são aquilo que eu imaginava?
'Nino' Vieira? Batista (bonito nome)Tagmé na Waie? Nem um, nem outro. Melhor: Abõs ku sibi la! AAS
Uma notícia triste (II)
O Guilherme, mais um primo, na Disneylândia, em Paris, no ano passado.
O meu filho, Guilherme, voltou hoje ao hospital para enfrentar um batalhão de médicos: foram cinco(!) análises e um exame de raios X ao tórax. Contudo, o susto maior chegou com a ecografia que lhe foi feita ao coração. Aí, para espanto dos médicos, decobriu-se um «deficiência na artéria direita, que, em vez de passar pela frente, passa por trás».
Agora, há que aguardar pelos resultados do raios X ao tórax (no dia 14) para, se for necessário, fazer uma prova de esforço.
Aqui, com o pai, pouco depois do regresso de Paris
Porque é que uma criança de 7 anos tem de passar por tudo isto? Insuficiência Cardíaca e uma Deficiência na Artéria Esquerda. Eu, que não nasci para assistir a tamanho sofrimento, já me faltam as forças e não aguentarei muito mais este calvário. Coração, por favor, não traias o meu filho. AAS
E esta noite que nunca mais acaba
Ontem e hoje não foram dias bons. Minto. Desde o dia 1 de Janeiro que não tenho um dia bom. Assim, sim. Por via das dúvidas, fiquei hospedado na Residencial Coimbra, não vá o diabo tecê-las... E eu, que não vejo televisão neste país, aproveitei a quase-tragédia anunciada que ontem sobre mim se abateu e fiz da caixa que mudou o mundo a minha companheira nestas horas de incertezas e expectativas.
Estou ainda acordado. São 4 horas e trinta minutos. Não tarda será dia. E chegará o sol. E o calor. A humidade também. Para já é madrugada. Sopra uma leve brisa, mais fria. Eu sofro. Só. Como convém a quem sofre. Oito mãos apareceram. Ontem. «Se pudermos fazer alguma coisa». Ficar-vos-ei eternamente gratos.
Contudo, duas mãos não chegaram a aparecer. Aquelas mãos com que mais contava. Nada. Nem compaixão.
Uma boa nova: até agora nem mais uma chamada.
Posso dormir? Sim. Mas não devo.
Nesta altura, sou um soldado.
E estou às ordens do Guilherme.
Tudo o que a vida nos pode dar é um certo conhecimento dela que chega tarde demais. Resta-me esperar que ainda não seja tarde para mim. Continuo aqui, rijo que nem um fuso e a ensaiar uma lágrima para amostra. Para mostrar aos meus amigos logo pela manhã. Uma lágrima fria, saída de um corpo quente. AAS
Entretanto em Gaza...
Na CNN, Christiane Amanpour, CNN's chief international correspondent, ajuda a noite a passar. A morte percorre as ruas de Gaza montada em brinquedos de ferro feito pelo Homem. Havia crianças da idade do meu filho - eu vi na CNN - feridas, sangrando, assustadas. Tremiam. E o hospital cheio, com o chão vermelho de sangue. E a guerra - passando ali mesmo, juntinho a mim (juro!) - parecia uma festa. O céu escuro brilhava por breves momentos em milhares de pedaços da mesma cor. E eram bombas. Não eram flores. Não. AAS
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Uma notícia triste (I)
A notícia caiu como uma bomba. Ontem, o meu filho Guilherme, de 7 anos de idade (à direita na fotografia), foi como sempre vai, aos domingos, ao treino de futebol no seu clube - o Sport Lisboa e Benfica.
Durante o treino - contaram-me - correu muito. Meia hora depois caiu ao chao, desamparado e quase inanimado. Depois de visto pela equipa médica, foi enviado para casa. À noite, já em casa, portanto, queixou-se por «estar a respirar cansado» . Hoje, deu entrada num hospital de Lisboa onde foi observado por uma equipa médica, tendo-lhe sido feito vários exames, entre eles um electrocardiograma.
O resultado - de que também fui oportunamente informado - não podia ser mais arrasador para um pai: insuficiência cardíaca!
Um puto de 7 anos!!! É de partir o coração. Se querem mesmo saber o que isto me tem custado, olhem bem fundo nos meus olhos.
PS - Está tudo a acontecer a uma velocidade tal que não consigo sequer pensar direito.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Feliz 2009 a todos
Celebrem a vida. A todos os leitores, amigos, inimigos, candidatos a inimigos: Celebrem durante todos os dias de 2009. Aly Silva
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
ESCLARECIMENTO
Vários amigos telefonaram-me nesta última semana, com uma única preocupação: «Diz-se que o problema que tiveste no 'Ponto d'Encontro'/PE tem que ver com uma dívida de 1.000.000 (um milhão de francos CFA».
Na verdade, eu tinha um acordo de prestação de serviços, não com o PE porque na altura nem existia ainda, mas com o restaurante A Padeira Africana/PA. O que aconteceu foi que a proprietária da PA resolveu meter-se num problema pessoal, a setenta metros(!) do seu estabelecimento, e ouviu o que não queria.
Quatro dias depois, no restaurante PA, fui confrontado pelo Luís com uma conta 'que devia assinar apenas para que constasse'...E três dias depois disto, recebo uma notificação para me apresentar no Tribunal sectorial da minha área de residência, o que fiz. Ali, foi-me revelado o teor da queixa:
- O restaurante PA reclama uma dívida de 1.000.000 Fcfa (um milhão de francos CFA). Respondo ao Juíz, e na primeira linha, sem sequer me dar ao trabalho de contabilizar os recibos assinados, ou nao, por mim, digo: «É verdade que o signatário (eu) deve a quantia de 1.000.000 Fcfa ao restaurante em causa e nunca o negou».
Posto isto, e sem sequer reclamar um acerto de contas pelos muitos trabalhos por mim efectuados (e nem vou fazê-lo), decidi de uma assentada vender o meu automóvel Toyota Corolla 2.0 D, o que fiz, PAGANDO a dívida reclamada pela PA, no dia em que viajei para Lisboa, o que pode ser confirmado por quem quer que seja junto do Advogado da Padeira Africana, Dr. Dickson.
Caros amigos,
NÃO DEVO UM FRANCO QUE SEJA, NEM À PADEIRA AFRICANA, NEM AO PONTO D'ENCONTRO.
Para evitar mal entendidos e olhares curiosos e/ou de espanto, decidi esclarecer tudo. O resto fica para o Tribunal, onde espero dar cartas. Eu mesmo. Estou tranquilo e ando em Bissau e arredores com a cabeça bem erguida. E espero que vocês também por mim. Muito obrigados.
António Aly Silva
Na verdade, eu tinha um acordo de prestação de serviços, não com o PE porque na altura nem existia ainda, mas com o restaurante A Padeira Africana/PA. O que aconteceu foi que a proprietária da PA resolveu meter-se num problema pessoal, a setenta metros(!) do seu estabelecimento, e ouviu o que não queria.
Quatro dias depois, no restaurante PA, fui confrontado pelo Luís com uma conta 'que devia assinar apenas para que constasse'...E três dias depois disto, recebo uma notificação para me apresentar no Tribunal sectorial da minha área de residência, o que fiz. Ali, foi-me revelado o teor da queixa:
- O restaurante PA reclama uma dívida de 1.000.000 Fcfa (um milhão de francos CFA). Respondo ao Juíz, e na primeira linha, sem sequer me dar ao trabalho de contabilizar os recibos assinados, ou nao, por mim, digo: «É verdade que o signatário (eu) deve a quantia de 1.000.000 Fcfa ao restaurante em causa e nunca o negou».
Posto isto, e sem sequer reclamar um acerto de contas pelos muitos trabalhos por mim efectuados (e nem vou fazê-lo), decidi de uma assentada vender o meu automóvel Toyota Corolla 2.0 D, o que fiz, PAGANDO a dívida reclamada pela PA, no dia em que viajei para Lisboa, o que pode ser confirmado por quem quer que seja junto do Advogado da Padeira Africana, Dr. Dickson.
Caros amigos,
NÃO DEVO UM FRANCO QUE SEJA, NEM À PADEIRA AFRICANA, NEM AO PONTO D'ENCONTRO.
Para evitar mal entendidos e olhares curiosos e/ou de espanto, decidi esclarecer tudo. O resto fica para o Tribunal, onde espero dar cartas. Eu mesmo. Estou tranquilo e ando em Bissau e arredores com a cabeça bem erguida. E espero que vocês também por mim. Muito obrigados.
António Aly Silva
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
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