quinta-feira, 27 de maio de 2010

Última hora: Bacanal na CNE - Financeiro sai em liberdade, mas...

IAIA DJAU, o financeiro da Comissão Nacional de Eleições, a contas com a Justiça, foi mandado em liberdade sob as seguintes condições: garantia patrimonial e apresentação diária no Ministério Público.

Cauções: caução carcerária (7.500.000 fcfa, a ser pago em 5 dias) e caução económica de igual valor, a ser paga em 10 dias. Foi-lhe ainda cassado o passaporte e amanhã terá que entregar o seu laptop ao Juíz de Intrução Criminal. AAS

"A RESPOSTA DO DELFIM DO PRESIDENTE"

Boa tarde Sr. Aly Silva;

Venho por este meio pedir-lhe que publicasse no seu blog um artigo intitulado "A RESPOSTA DO DELFIM DO PRESIDENTE" . É uma carta escrita na sequência de um artigo difamatório publicado no site "Bissau Digital" do dia 29/04/2010 tendo como título "O Delfim do Presidente".

Sem mais assunto por momento, queira aceitar os meus sinceros cumprimentos.

Braima Camara



Photobucket

"Braima Camará, empresário, Presidente da Câmara de Comércio, Industria, Agricultura e Serviços (CCIAS) da Guiné-Bissau, Deputado, Membro do Bureau Politico do PAIGC, Ministro de Estado e Conselheiro Especial do Presidente da República, inconformado com as calúnias, verdadeiramente criminosas, eivadas de ódio e má fé, publicadas na infeliz produção de Rodrigo Nunes - como não sei quem e a pessoa, chamá-la-ei de Vossa Senhoria - PNN PORTUGUESE NEWS NETWORK - vem exercer o seu direito de resposta dizendo o seguinte:


Como filho dum Antigo Combatente, desde muito cedo ingressou nas camadas jovens das Organizações de Massa do Partido, Pioneiros Abel Djassi. Com dedicação e trabalho foi subindo até atingir a categoria de Membro do Bureau Politico. Por causa da sua actividade comercial, Braima Camará, desde 1984, tem regularmente estado em Portugal em viagens de negócios.

Desde 1984 a esta parte, o senhor Braima Camará só esteve uma vez em tribunal português e como declarante por ter passado alguns cheques a um familiar seu que esteve preso no Porto. Do processo judicial em que foi declarante nada resultou contra ele e como e obvio foi absolvido.

Com o empenho que lhe é apanágio, foi sendo referido na sociedade guineense como sendo um empresário de sucesso. Assim, em 1999 foi eleito Presidente da Associação dos Exportadores da Castanha de Caju e um dos maiores exportadores.

De 2004 A 2007, Foi eleito Primeiro Vice-Presidente da Câmara de Comercio, Industria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau. Por doença prolongada do então Presidente daquela prestigiada instituição, Sr. Baba Djaquite, o senhor Braima Camará foi eleito, nos termos Estatutários, Presidente da CCIAS tendo sido reeleito para o mesmo cargo, com maioria esmagadora de votos, nas últimas eleições.

Era bom que os maldizentes e especialistas do «bota abaixo» soubessem que o Cargo de Presidente da Câmara de Comercio, Industria, Agricultura e Serviços na Guiné-Bissau não se exerce por nomeação política mas sim pelas eleições livres e democráticas.

Em 2007 foi nomeado pelo então Presidente da Republica, S. Exa. João Bernardo Vieira, vulgo, Nino, para o cargo de Conselheiro Económico Para o Investimento Privado. Com dedicação, empenho e coragem investiu no sector de hotelaria e hoje é proprietário dum hotel sito na cidade de Bissau Co-financiado pelo Banco da África Ocidental e Arquitecto João Adelino Paixão Salvado Empresário Português.

Como Presidente da Câmara de Comercio, Industria, Agricultura e Serviços, o senhor Braima Camará foi, por inerência de funções, Eleito Presidente do Conselho Empresarial da CPLP.

O actual Presidente da República, S. Exa. Malam Bacai Sanha, nomeou o senhor Braima Camará seu Conselheiro Especial com categoria de Ministro de Estado.

Esses sucessos do Senhor Braima Camará incomoda muita gente, principalmente, os invejosos, incapazes e cobardes como o senhor que, frustradamente, tenta denegrir a sua imagem com esse vergonhoso e infame artigo publicado no site PNN PORTUGUESE NEWS NETWORK.

A cegueira de atingir gratuitamente a imagem do senhor Braima Camará foi tanta que o seu desprezível autor perdeu o norte ao ponto de se esquecer a elementar lei da física que dita que um corpo não pode ocupar dois espaços ao mesmo tempo. Porque alem de verdadeiramente falso, era impossível estar o Braima Camará em Bissau como empresário de sucesso e melhor exportador da castanha de caju e ser simultaneamente preso, julgado e condenado e cumprir pena de quatro anos de prisão em Portugal.

Certamente encomendaram-lhe estas falsas notícias, que só aos cobardes e ociosos que ganham a vida nas facilidades se pode pedir. Para eles, já que a si não dou nenhuma importância, talvez o conselho de que a vida se ganha com trabalho suor, dedicação, honestidade e ambição de ser algo na sociedade guineense sirva. A manipulação e intriga não são o que a Guiné-Bissau precisa neste momento. O que este país precisa é de gente capaz de fazer algo de bom, gente com carácter, mesmo que seja o mínimo, o seu engrandecimento.

Só os incapazes, frustrados, invejosos, preguiçosos, difamadores e caluniadores como o produtor da noticia em analise e quem cobardemente a encomendou é que têm a tamanha insensatez para ociosamente produzirem tal malícia, tentando, pensam eles, que hão-de atingir a personalidade dialéctica de um dos filhos da Guiné-Bissau que está a granjear respeito e admiração em todos os quadrantes do mundo.

O Braima Camará é proprietário dum prestigiado património graças ao seu ímpeto, credibilidade e bom relacionamento com o sector bancário do País e em Portugal.
Resta lamentar a tamanha inoperância cerebral de quem encomendou esta infame denúncia e o total desconhecimento da realidade. É fácil perceber os seus desesperos e falta de maturidade intelectual para produzir um pensamento lógico.

Tanto os autores da denúncia como aqueles que a encomendaram, o senhor Braima Camará manda o recado que não tem medo de ninguém e que nunca jamais iria construir o seu império através de nenhuma actividade ilícita muito menos a custa de cadáveres dos seus irmãos Guineenses. E fica agradecido por não o terem perdido de vista. Só lamenta que, por cobardia dos mandantes e autores, que não ousam apresentar a cara, ele não possa fazer o mesmo.

É pena que a campanha de política suja, de baixo nível, de calúnias e difamação grosseira e gratuita contra a pessoa do senhor Braima Camará seja comandada e orquestrada no interior do seu próprio partido PAIGC.

Mas que fiquem sabendo que o senhor Braima, em politica, não deve nada a ninguém e por isso nada teme. Dito isso, o senhor Braima Camará desafia a todos e qualquer um a apresentar o mais pequeno indício de prova da prática, tentativa de prática ou omissão de qualquer crime em qualquer parte do mundo, designadamente, na Guiné-Bissau, Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Estados Unidos de América, Brasil, Senegal, no Espaço da CPLP, No Espaço da UEMOA, OHADA, União Europeia etc.
Temos a certeza que nada encontrarão. Por uma única razão: é que não existe.

Braima Camara
"

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu disse: en-ten-di-dos

Um amigo telegrafou numa linha: "enviaram-me e pensei que te interesse...".

Interessa, nada. Eu pedi aos "entendidos". Bom feriado no dia 3 de Agosto. AAS

E eu a pensar que a China é que ficava para esses lados...

É que, de acordo com Jorge Gonçalves, o petit director-geral da RDP África, a "Guiné-Bissau e Cabo Verde ficam na África Austral"... Bom dia óóóó. AAS

Nhu arquitecto...kabeça ka na dê nha amigo Tô...n'bom

Photobucket

FOTO:AAS - na rua Eduardo Mondlane, esta árvore está para cair. Depois, veremos o que acontecerá. O Ministério Público fica desde já notificado. Ah, e a Câmara Municipal de Bissau, também. AAS

A língua (portuguesa), aqui, serve para outras coisas...

Photobucket

FOTO:AAS - no dia de África, para inglês ler... AAS

ONU alarga negócio com a entrada no nicho da lavagem e da lubrificação

FOTO: AAS - imagem captada, ontem, frente à sede da UNTG.

Photobucket

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nulli pede desculpas

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Adelino Mano Queta, revelou hoje, no Parlamento, que chamou o Delegado da UE no País, Franco Nulli para saber sobre as declarações feitas à RDP-África.

E Franco Nulli pediu desculpas, dizendo nomeadamente «não ser intenção sua faltar ao respeito ao Presidente da República, Malam Bacai Sanha». Anch'io... AAS

Bacanal na CNE - Militares foram hoje ouvidos na PGR

O Ministério Público, deu bastante importância a um dos pontos do relatório da CNE. Nesse ponto, a CNE escreveu dizendo que, às forças de segurança, foram entregues cerca de 80% do montante da ajuda (num total de 500 mil euros) doada, entre outros parceiros, pelo PNUD.

Hoje, durante quase toda a manhã, foi ouvido o representante da classe castrente: Augusto Mário disse que é a CNE quem, ainda, deve dinheiro aos...militares. E prometeu levar provas. Guerr matchu ka ta brinka dê! AAS

Buscas na CNE

O Ministério Público passou a tarde de ontem na Comissão Nacional de Eleições (CNE). O motivo? Não, não foi para beber warga... Estavam munidos de um mandado de Busca e apreensão. E levaram consigo computadores, e muita documentação...

Para já, uma certeza: muita, mas muita gente pode vir a ser enrolada nesse processo. AAS

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Alto e pára o baile

No último programa Radioscopia (Bombolom FM), alguém afirmou não haver fome na Guiné-Bissau.
E perguntou: "então o que é que as pessoas comiam no tempo da guerra de 7 de Junho?".
Eu respondo: Gajas, amigo. E...gatos! Há lá coisa que mata mais a fome... AAS

Quem quer tramar o Braima Camara?

Há uma, duas semanas, surgiu na internet uma notícia sobre o empresário - e Deputado da Nação, Braima Camara, agora a desempenhar funções de Estado como Conselheiro Especial do Presidente da República, Malam Bacai Sanha.

Há que, primeiro, ressalvar isto: na Guiné-Bissau, certamente, existirão centenas de cidadãos com o nome Braima Camara. Contudo, o que os diferencia - para além da cara, claro, ainda que para os brancos os ‘pretos’ sejam todos iguais... é a peça de identificação cujo número é único para cada cidadão.

Pedi a dois colegas (jornalistas) que tratassem de arranjar, cada um por si e à má-fila se necessário fosse, uma Certidão do Registo Criminal (CRC) do Braima Camara, posterior ao ano do «julgamento», e, já agora a suposta «condenação» de que foi alvo. Já no que diz respeito ao crime que - diz o jornalista - Braima Camara cometeu, de maneira nenhuma poderia deixar de constar de uma CRC. Ainda que essa pessoa fosse o papa Bento XVI...

E conseguimos. Melhor, conseguiram. Então, em fevereiro de 2008 Braima Camara - através do seu sócio, o respeitado e conceituado Arquitecto português, João Adelino Paixão Salvado - pediu a sua CRC. Pergunta-se então como pode alguém estar num determinado País e...estar preso num País terceiro? Cá está:

Photobucket

Agradeço aos entendidos uma clarificação. Ou será que estarei a ficar lélé da cuca? AAS

P.S – Ao ‘tal’ embaixador europeu: o Braima Camara não me pagou para investigar isto... AAS

sábado, 22 de maio de 2010

Há limites para tudo

A União Europeia está a esticar a corda, e, pelos vistos, não desiste. Bom, nós também. E enquanto povo, não desistiremos.

A declaração feita pela delegação que ontem terminou a sua visita a Bissau, foi, digamos...de uma má educação sem paralelo.

Quem pensa a União Europeia que é, para se intrometer nos nossos assuntos judicias? Ou por acaso não sabem que há uma, aliás várias queixas crime contra o ex-CEMGFA?

Se deixarmos que quem quer que seja nos vergue, então estaremos feitos ao bife! A UE devia saber que está a ser enganada e intrujada por gente com enormes responsabilidades:

- 1 e 2 de Março 2009, diz-vos alguma coisa? E os assassinatos do Hélder Proença, do Baciro Dabó entre outros, também não?

Por acaso alguém já leu ou ouviu as declarações de Samba Djaló no Inquérito? Ai não? Façam o favor então...

À União Europeia: Zamora e Samba terão que responder. Se chamarem alguém, esse alguém será ouvido; se esse também chamar outro, esse outro... E assim sucessivamente. Até limparmos de vez a porcaria e acabarmos com os criminosos de luvas brancas! AAS

Há qualquer coisa no ar... Anda-se a preparar algo. De um lado e do outro (deus vos abençoe que eu jogo pela equipa do diabo). Boa noite. AAS

Eh pá!, o 1º Ministro já não vem...

Calma. Relaxe. Vamos por partes. Hoje, em Lisboa, Carlos Gomes recebeu Franco Nulli, o delegado da União Europeia em Bissau (Cadogo não tinha saldo e a PT não dava crédito; Franco Nulli, esse, apenas queria estar junto do menino dos seus olhos...)

Amanhã - e como passamos a ser governados a partir das ilhas - Cadogo irá a Cabo Verde.

Por este andar - não será voar? - talvez na 3ªfeira o premier vá ao Tibete pedir a benção ao líder espiritual Dalai Lama.

Son pa mara dala rissu kan! AAS

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ministério Público 1 - CNE 0 (mas tudo indica que haverá goleada...)

Após ter sido ouvido durante quase todo o dia de hoje, o director financeiro da CNE, Iaia Djau, fica detido na Polícia Judiciária até 2ª feira.
Inquirido sobre o desaparecimento de quase 100 milhões de francos CFA, Iaia Djau apenas disse ter recebido ordens superiores.
Por parte de quem, perguntou o Ministério Público?
- Do Presidente (Desejado Lima da Costa) e do Secretário-Executivo (António Sedja Man).
Portanto, teremos uma segunda-feira gorda...digo eu! AAS

Denúncia do DC sobre o bacanal na CNE...o director financeiro está neste momento a ser ouvido no Ministério Público. AAS

Franco Nulli posto em sentido pelo PR

O Presidente da República, Malam Bacai Sanha, mandou cancelar a audiência que devia ter ontem com o delegado da União Europeia no País, Franco Nulli.

Bacai não terá gostado nada mesmo das declarações de Nulli à RDP África, onde este ditava sentenças pedindo a "libertação de Zamora Induta" e a responsabilização/ condenação dos implicados no caso 1 de abril.

Já perto da hora do encontro, os serviços da Presidência contactaram secamente os escritórios da UE: O encontro está cancelado. Bom dia". E assim foi.

Franco Nulli esteve hoje no café Bate-Papo com a delegação da UE que se encontra em Bissau, momentos antes de um encontro com a 1ª Ministra fictícia em exercício, Adiatu Nandigna.

Nulli passou o tempo todo ao telefone e no final de cada chamada conferenciava baixinho com os seus.

De resto, ninguém gostou de ouvir a entrevista que Franco Nulli concedeu à RDP África. Sobretudo porque foi fora de contexto, e feita depois das - claras - declarações de Bacai Sanha, o Presidente da República.

A missão da UE, no seu regresso, leva dois ministros para uma reunião em Lisboa: a do Plano, Helena Nosolini e o das Finanças, José Mário Vaz. AAS

quinta-feira, 20 de maio de 2010

13 de maio - O que diz o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito

Photobucket

A 13 de maio, os sete deputados incumbidos de ouvir os protagonistas do 1 de abril elaboraram o seu relatório de 6 páginas.

Dada a importância do caso, os deputados decidiram que seria melhor começar por visitar a Fortaleza D’Amura. Mas quase desistiam. Escreveu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI): «Depois de vários contactos, a Comissão Parlamentar foi recebida pelas chefias militares».

E foi assim que tudo começou. «Começamos por ouvir uma exaustiva explanação sobre o panorama da situação militar vigente no País, pela pessoa do Vice- Chefe do Estado Maior, António Indjai, que imputou todas as responsabilidades pelos acontecimentos de 1 de abril ao Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, Zamora Induta, acusações das quais se fez o seguinte resumo» (ver a queixa no arquivo do blog/pesos mortos).

O 1 de abril começou muito antes

No dia 4 de Janeiro de 2010, Zamora Induta mandou chamar o general António Indjai a S. Vicente e acusou-o, com mais dois outros colegas, nomeadamente o tenente-coronel Tcham Na Man e o coronel Carlos Cunda, de serem os responsáveis pelo regresso ao País do contra-almirante Bubo Na Tchuto. Calmamente, António Indjai pediu a Zamora que lhe dissesse o nome da sua fonte. Este recusou categoricamente.

Nesse mesmo dia, embora sem sucesso, António Indjai tentou contactar o 1º ministro Carlos Gomes Júnior, e fez o mesmo em relação ao Procurador-Geral da República Amine Saad. O vice-CEMGFA apenas queria que estes movessem influência junto do CEMGFA Zamora Induta para que este revelasse a sua fonte, pois ele apenas queria defender-se. O vice-CEMGFA garantiu à CPI ter «tentado manter sempre informados o PR Malam Bacai Sanha, o 1º Ministro Carlos Gomes Júnior e o PGR Amine Saad».

Indjai disse ainda que esta situação estava a criar um mal-estar no seio da classe castrente. António Indjai defendeu-se dizendo que tudo se ficou a dever «à falta de diálogo do CEMGFA com os oficiais superiores», bem como a intrigas do coronel Samba Djaló, «que se vinham arrastando há já algum tempo».

Posto ao corrente da situação, o Presidente da República, que é igualmente Comandante-em-Chefe das Forças Armadas lá puxou dos galões e conseguiu arrancar de Zamora um nome. Mas não era um nome qualquer. Era ‘o nome’, a fonte de onde Zamora bebia: Samba Djaló, coronel, chefe do Departamento de Informação e Segurança Militar – a sinistra DINFOSEMIL.

Porém, confrontado com a revelação do seu superior Samba Djaló negou tudo. E passou a bola a... Angola! Sim, leram bem: An-go-la. E mais um nome veio à luz do dia: «foi o senhor Costa, da Embaixada de Angola (na Guiné-Bissau)». E o Costa, por seu lado, assobiou baixinho: «Não quero ingerir nos assuntos internos da Guiné-Bissau».

Apertado mais um bocadinho, Samba jogou para o ar mais um nome – Serafim Embaló (pertencente à Segurança do Estado). Este depressa se declarou «inocente» e devolveu a acusação com juros: soube de tudo através do... Samba Djaló.

O dia antes do 1 de abril

António Indjai desembarcou no aeroporto Osvaldo Vieira no dia 31 de março. Era suposto ele estar em Cuba por essa altura para tratamento médico. Telefonou ao 1º Ministro pedindo uma audiência. A intenção era dar conta ao PM da grave situação que se vivia nos quartéis. Fez-lhe ainda um retrato da degradação que estava a ser o seu relacionamento pessoal com o CEMGFA Zamora Induta. O 1º Ministro ouviu mas mostrou-se indisponível para esse dia. No entanto, marcou a audiência para o dia seguinte – 1 de abril de 2010:

Na manhã de 1 de abril, a maior sala da Fortaleza D’Amura estava apinhada, e brilhavam as patentes militares. As mais altas deste País. Muitas mesmo. E foi ali que Zamora Induta e António Indjai trocaram argumentos. Começou com uma acalorada discussão e acabou em... murros! Zamora Induta foi simplesmente detido e desarmado. Samba Djaló também.

Uma vez no comando da tropa – e das operações - António Indjai dá a primeira ordem: ‘libertar’ o contra-almirante Bubo Na Tchuto da sede das Nações Unidas. Mandou igualmente «buscar» o 1º Ministro «para que este viesse assistir - e ouvir - o que tinha para lhe dizer no dia anterior».

À CPI, António Indjai garantiu «não ter torturado» o 1º Ministro e que não foi sua intenção «atentar contra a dignidade» deste. Garantiu ter-lhe manifestado «respeito» e pedido «desculpa pelo sucedido», e lamentando ter chegado «a este extremo». Assegurou ter feito tudo para, «colocar um ponto final nos intoleráveis desmandos do CEMGFA, José Zamora Induta».

Disse ainda ter «garantido o regresso em segurança do 1º Ministro ao seu gabinete de trabalho». E que tomou essa decisão depois de ter sido chamado para uma audiência com o Presidente da República, Malam Bacai Sanha.

PRIMEIRO-MINISTRO

Na manhã de 1 de abril, o 1º Ministro Carlos Gomes Júnior encontrava-se no seu gabinete de trabalho, numa reunião de emergência com o representante Especial do Secretário Geral da ONU, Joseph Mutaboba. O motivo da emergência? Pois está claro – as movimentações militares, rondando as instalações da ONU onde estava o Bubo Na Tchuto, e que culminou com o abandono voluntário do contra-almirante da sede da ONU.

Cadogo acompanhou Mutaboba à saída da primatura, e, no regresso para o seu gabinete foi abordado por um militar, armado, que lhe disse «passa li, kumpanha ku nôs». Do armário do gabinete do PM os militares retiraram alguns documentos, telemóveis e dinheiro. E o 1º Ministro, claro.

Quando já estava dentro da viatura militar, o ministro da Administração Territorial Luis Oliveira Sanca apareceu e inquiriu sobre o destino da comitiva. Foi agredido violentamente e intimado a entrar para a viatura. E seguiu tudo para a Fortaleza D’Amura. Luis Sanca foi sem os óculos, que entretanto se partiram com a agressão de que foi alvo.

Lá chegados, encontraram um António Indjai furioso, mas ainda assim ansioso por tirar tudo o que tinha cá para fora. Entretanto, um sinal sonoro interrompeu o general. Era o Presidente da República ao telefone. E a chamar Indjai de urgência à Presidência. Abandonados à sua sorte, os agora detidos não tiveram outro remédio que não esperar. Mas não esperaram muito. A salvação chegara para Carlos Gomes Júnior e Luis Oliveira Sanca. Indjai disse apenas a Cadogo: «volte para o trabalho e acalme a população que há já muita especulação por aí».

Na CPI, Carlos Gomes Júnior «lamentou o ocorrido a 1 de abril», que qualificou como tendo sido um «incidente». Discorreu sobre o impacto negativo que isso teria junto dos parceiros como o FMI e o Banco Mundial e lembrou aos deputados que no dia seguinte, o Conselho de Administração destas duas instituições deveriam discutir e aprovar o programa pós-conflito, o que acabou por ser adiado.

O 1º Ministro confirmou à CPI ter recebido o telefonema do general António Indjai no dia 31 de Março, mas culpou o «cansaço da viagem» para o não receber. Disse ainda ter pensado que a audiência se devia a um pedido que o general lhe havia feito, para a obtenção de documentação para um filho seu. A reunião ficou agendada para as 08.30h do dia 1 de abril. Até hoje...

Guarda-bombas

Pretendendo justificar a falta de segurança pessoal, Cadogo deu um exemplo à CPI, dizendo que o seu primeiro guarda-costas foi substituído por ordens de Tagmé Na Waie, à altura CEMGFA, e foi este que, curiosamente, viria a colocar a bomba que haveria de matar Tagmé. O PM revelou ainda que «viu o substituto do seu guarda-costas na escolta do Bubo Na Tchuto quando este deixava as instalações da ONU».

Finalmente, e a pedido dos membros da CPI, os Deputados visitaram Zamora Induta e Samba Djaló no aquartelamento de Mansoa. O CEMGFA queixou-se de tensão arterial - no relatório, os deputados escreveram detenção arterial... – e disse ter sido visitado por um médico. Samba Djaló, esse, mostrou ser um durão. «Estou bem de saúde», revelou. Questionado pelos deputados se foi torturado, respondeu: «sou um militar e estou preparado para isto».

António Aly Silva

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Contra o "comprometimento"

"Belo post, amigo Aly

Pelo direito à indignação, pelo direito a desafrontadamente se ser contra o 'comprometimento'.

Um abraço,
C.,R."

Carlos Gomes Júnior regressa domingo ao País. Até 4ª feira podemos ter um CEMGFA... N'punta nan! AAS

Dar murros na mesa

Dão-se muito poucos murros na mesa na Guiné-Bissau. Boa educação, dirão os mais optimistas. É o que é, mas estão, provavelmente, muito próximos da razão os que nos acusam de sermos mas é uns cobardolas e uns mangas de alpaca.

Não damos (o Aly Silva à parte...) mais murros na mesa porque temos medo. E somos cobardes. Temos medo de que o sujeito que nos ouve na mesa ao lado se irrite, que o empregado da padaria Y venha a ser patarão, que o dono da Tasca Z assuma algum cargo nas alfândegas ou nas finanças e nos lixe a vida.

Caganitas à parte, a verdade é que faz muita falta que as pessoas sejam capazes de chamar os bois pelos nomes, e de gritar um sonoro basta quando basta mesmo. Mas nós não (aliás, vocês...). Preferimos tudo morno depois de grandes tragédias porque não queremos ‘sobressaltos’ – sobretudo quando há uma forte possobilidade de virmos a ter de pagar as consequências pelo que fazemos ou afirmamos.

Eu, estranhamente(?!), perdi-lhes o medo. Assim, no café da esquina, de volta da mesa de restaurante, não tenho nem dó nem piedade de ninguém, casco como posso e melhor sei nos nossos inimigos de estimação: os políticos com responsabilidades na condução dos destinos do País.

É que na política a história é a mesma. Só berram e gritam, denunciam e revelam deboches aqueles que estão na oposição. Simulam até uma pega de caras, pois a certeza de não lhes ser pedido nenhum seguimento para as suas palavras deixa-os perfeitamente livres para tudo.

A partir do momento em que tomam posse, quem assumiu um cargo executivo padece de uma doença chamada «comprometimento». Comprometidos, não com o povo, mas com os restantes membros do governo, que exigem que não destape buracos nem traga para uma praça pública (ainda que esburacada) problemas. Numa palavra: comprometido com as regras do regime.

Mas seria o bom e o bonito, agora um tipo vai recordar aos eleitores as dívidas que há por saldar (olá, Jomav), as estradas que não estão feitas (hello, Djossé), os impostos por cobrar (Jomav - again and forever) ou os hospitais sem camas mas com uma divisão bem armada de baratas (yello Camiló)?

Contudo, o que eles querem é fazer passar esta mensagem. Que o pior ainda está para vir, os prejuízos herdados e os acumulados são sempre tamanhos que não há dedicação e empenho que algum dia os possa saldar. Tretas, é o que é!

Sabiamente, eu continuo a preferir os murros na mesa. Sabem bem por estes lados. Confrontar tudo e todos. Enfrentar gabarosamente as câmaras e os microfones e dizer tudo! Investigar e mostrar quem mal faz a este povo. Dizer que no ministério A alguém anda a roubar, que na farmácia C se vende medicamentos fora de prazo e de proveniência duvidosa, que os professores, afinal, sabem menos que os alunos, que as profissões liberais fogem a pagar as contribuições. Num primeiro momento inebrio-me nas minhas próprias palavras, feliz pela provocação e respectiva contestação, convencido de que finalmente estou a «mexer no sistema».

Tem sido assim, meus caros. Mas também não acabam geralmente bem os ministros/secretários de Estado/chefes de gabinete/responsáveis de secção que abrem a boca, e muito menos os que, como eu, exercitam o punho contra o tampo da secretária... AAS

terça-feira, 18 de maio de 2010

O Governo do PAIGC e o Zamora prepararam mesmo isto? Sim...

Photobucket

Felizmente, a bancada do PRS votou contra esta lei sem paralelo na nossa história parlamentar... proposta pelo PAIGC, claro! E a lei caiu... tok i rabida!!! E a União Europeia, o que diz mesmo??! AAS

Para a União Europeia: Zamora Induta não sai da cadeia

(A Guiné-Bissau acolhe Franco Nulli, o embaixador e Delegado da União Europeia no País, há mais de 20 anos! Mas isso é outra história)

O que aqui me traz, hoje, foi aquilo que ouvi da boca do embaixador Franco Nulli. Não falo em nome do General António Indjai que, segundo um diplomata da UE, «me anda a dar dinheiro» para publicar coisas. Não. Falo como cidadão nacional. E defino-me desde já como sendo um ultra-nacionalista. Assim, são precisos cuidados redobrados comigo...um tipo perigoso, está-se mesmo a ver...

Se se recordam, o Presidente da República, Malam Bacai Sanha, fez uma importante declaração no dia em que deixou Bissau com destino a Dakar, no Senegal, para uma visita de trabalho de algumas horas: “A União Europeia não notificou as autoridades nacionais sobre qualquer cancelamento” da sua Missão para a Reforma dos sectores da Defesa e Segurança. E, sobre a nomeação do novo CEMGFA, um recado ao Governo: “Se, por exemplo, o 1º Ministro chegar na 2ªfeira pode reunir o Conselho de Ministros no dia a seguir e apresentar os nomes para as chefias militares”.

Todos gostámos de ouvir do nosso Presidente – sim, do Presidente de todos os guineenses – a lucidez e o sentido de Estado que têm caracerizado o seu mandato. E gostámos ainda mais quando ela tem ou traz conteúdos interessantes. Aliás Bacai Sanha nem precisa de falar muito. Djinti garandi...

Depois, o PR regressou de Dakar e recebeu a visita do ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. Mais uma deixa importante do PR: “A União Europeia, pelo contrário, está disposta a continuar a ajudar-nos”, disse.

Bom, mas parece que há uma coisa qualquer chamada União Europeia, que não nos dá descanso nem nos tira o pé do peito. Hoje, contactado a partir dos estúdios da RDP-África, em Lisboa, o embaixador Franco Nulli, instalado na sua ‘pequena Bruxelas’, disparou em todas as direcções. Pode mesmo dizer-se que o embaixador notificou o Estado guineense via RDP-África. Tudo isto, recordo, depois de o PR Malam Bacai Sanha ter falado (na 6ª feira passada).

Franco Nulli disse, e passo a citar: “Enquanto Zamora Induta não fôr libertado, e os responsáveis pelo levantamento militar de 1 de Abril não forem responsabilizados, a UE pára tudo nessa área”. Assim mesmo, entre outras postas de pescada.

Das duas uma: ou a Europa fala a várias vozes, ou então a crise que vai por esses lados estará mesmo a fazer mossa. Irra!!! ‘Nino’ Vieira foi assassinado há mais de um ano e a União Europeia nunca ameaçou ir embora. É certo que faz as birras de sempre, mas... acaba sempre por passar...

Agora, é às autoridades nacionais quem cabe descalçar mais esta bota: eu, punha a Europa em sentido.

A União Europeia, depois do 7 de junho


12 anos depois, continuamos a lamber as feridas da «aventura di 7 de junho». A União Europeia, presumo, ainda nem existia sequer... e o que aconteceu mesmo neste País depois desta tenebrosa guerra de 11 meses? Tudo. Vamos aos factos:

- Verissimo Seabra, CEMGFA, foi assassinado a tiros;
- 23 de Novembro de 2008 – primeira tentativa para assassinar o Presidente da República ‘Nino’ Vieira;
- Tagmé Na Waie, CEMGFA, e ‘Nino’ Vieira, Presidente da República. Um assassinado à bomba, o outro da maneira que todos sabemos;
- A Hélder Proença e seus dois acompanhantes foi montada uma cilada. E foram assassinados;
- Três militantes do PRS foram friamente assassinados, em plena luz do dia;
- Baciro Dabó, candidato presidencial, foi assassinado no seu quarto;
- Iniciou a época da caça ao homem. O presidente do Tribunal de Contas, Francisco Fadul, viu a sua casa ser invadida por militares. Foi espancado e humilhado;
- Pedro Infanda, advogado de Bubo Na Tchuto, foi detido e espancado;
- Violação da Diocese de Bissau

Senhores da União Europeia:

Que saibamos tudo isto aconteceu. A UE não piou. A ver se é desta que vão embora.

Senhores da União Europeia:

O dia 1 de abril, dia de todas as verdades, o que fez mesmo? Tudo. Fez com que as famílias voltassem a dormir descansadas, algumas pessoas que haviam deixado o País regressaram (todos devem fazê-lo!), e – é imperioso sublinhar isto – abril é o mês da Revolução dos Cravos em Portugal. E quase todos os capitães de abril saíram...da Guiné, ao tempo Portuguesa.

Uma coisa parece verdade: é mais fácil conseguir com que o Irão suspenda o seu programa nuclear do que tirar o 1 Ministro do poder...

Este, é um estado Soberano que faz parte do concerto das Nações. A ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau não devia ser tolerado por um guineense que seja. AAS

domingo, 16 de maio de 2010

Primeira chuva em Bissau. E que chuva! AAS

sábado, 15 de maio de 2010

Uma semana horribilis

A semana que hoje acaba, foi quase trágica para mim. Durante as minhas investigações para um novo trabalho, andei pela Polícia Judiciária e pela Procuradoria Geral da República.

Resultado: partiram-me o pára-brisas do automóvel. Um sinal, portanto.

Ontem...o coice: furaram-me 3 pneus (os dois traseiros e o do lado direito).

Que isto fique claro: por mais que ameacem, que façam, ou que aconteça não páram a caminhada traçada pelo Aly Silva. Um tiro certeiro talvez ajude. Mas nem isso pararia a luta de todo um povo pela sua verdadeira libertação.

Sinto que o meu trabalho de jornalista, ainda por cima de investigação incomoda muita gente. Não investigo o cidadão comum porque não me interessa para nada. Investigo quem tem obrigações para com este povo.

Uma coisa porém garanto aos meus perseguidores: asseguro-vos que as minhas virtudes superam em número os meus defeitos. Mas estes - os defeitos! - são muito mais interessantes... AAS

P.S. - Para R.: Perguntas se ando armado. Respondo: ando armado em pessoa avisada - com mais cuidado. AAS

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Como és difícil, ironia

Esta semana, numa mesa de café, três amigos(!?) previnem-me: “Um embaixador falou sobre ti na festa do dia da União Europeia e desancou-te. Diz que andas a receber dinheiro do António Indjai para escreveres no blogue”. Corro a consultar mais uma fonte com a pressa da gente comum quando é falada por vedetas. De facto, o diplomata - europeu - falou de mim. E, que fique claro: disse mesmo que eu estava a ser pago pelo General António Indjai.

Enquanto eu ouvia tudo isso, os meus amigos dividiam os olhares entre solidariedade e o “toma lá que já almoçaste!” – os meus amigos são, digamos... muito ecléticos de sentimentos.

Depois, desiludi-os, decretando do alto dos meus galões: “Ele (o embaixador) não estava nada a meter-se comigo. Na verdade, até me faz um elogio”. Expliquei-lhes. Estão a ver, disse-lhes, o embaixador invoca-me como algo de bom, de extraordinário mesmo, a acontecer na Guiné-Bissau! Se o Estado guineense sabe (se sabe...) que eu sou competente, que não roubo dinheiro doado, uma grande parte pelos contribuintes europeus – talvez esse pormenor escape ao embaixador... então que mal tem eu receber dinheiro do Estado?

(Esse embaixador sabe que desde a nossa independência, até aos dias hoje e porque não de amanhã, continua(re)mos a desviar dinheiro enviado pelos europeus, pelos africanos, pelos asiáticos...)

E, é em nome da falta de humor dos meus amigos que eu peço para o embaixador, além de me invocar como autoridade, olhar para o meu exemplo – e o apoie junto da União Europeia! É claro que posso permitir-me receber dinheiro ou viajar à custa de outros, mas só com critérios bem clarinhos (e transparentes).

Insistentes, os meus amigos perguntaram-me: “Elogiavas algo, cujo alguém te tinha pago qualquer coisa e, ainda por cima, nem dizias aos leitores sobre o favor de que beneficiaste?”. Bom, mas como não tenho a habilidade do embaixador para a ironia, respondi de maneira muito terra-a-terra: “Não.”

E, depois, sosseguei-os. Não, não recebo, nem nunca recebi um franco que seja do General António Indjai, nem do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, instituição que brevemente terá à sua testa...o General António Indjai. Boa tarde a todos. AAS

segunda-feira, 10 de maio de 2010

JOMAV...bom biás! (e leva o Botché contigo, pá!)

O ministro das Finanças ameaçou "demitir-se", caso os problemas da Guiné-Bissau com a comunidade internacional não...digamos, atinar.
E o embaixador Franco Nulli, da União Europeia, disse que nada mudaria, isto no que toca à UE.

O jornalista lançou então a chamada pergunta-rasteira. Sr. Embaixador, isso quer dizer mesmo o quê? E Franco Nulli 'caiu', "Até que a Guiné-Bissau volte a ser um Estado de Direito".

Ora bem. O embaixador quis dizer o quê com essa frase? Isto?: Que Zamora Induta seja posto em liberdade e retome o seu lugar (ilegal) de CEMGFA? E António Indjai, nesse caso, podia ir, por exemplo, para Estrasburgo. De certeza que se arranja por lá um tacho...

Eu acho que os europeus não têm sequer a noção deste país. Quando 'Nino' Vieira foi assassinado, a Europa pareceu-me um cão de caça sedento de um javali meio atordoado... Passaram 14 meses!!!

E quando Zamora foi nomeado CEMGFA, pese embora todo o barulho que essa monstruosidade inconstitucional gerou na Guiné-Bissau, não se ouviu um pio por parte da UE...

Aliás, tomaram mesmo Zamora como um deus qualquer que viria mudar o rosto das nossas forças armadas. É incrível, mas é a verdade.

É assim: se a União Europeia e o mundo estão fartos, façam o favor. A porta da rua é a serventia da casa! Não venham é maçar-nos com essa dualidade (feia) de critérios. Enganem analfabetos. Não venham é cansar que já está... cansado de mais. Tenham dó.

Quanto ao ministro das Finanças: vá-se embora. Fará um grande favor aos guineenes. E, quem sabe se sem o Jomav, a UE decida ir embora... AAS

sábado, 8 de maio de 2010

Os meus vizinhos líbios

Photobucket

A Embaixada da Líbia em Bissau também faz das suas. E, num acesso, presumo que de fúria, lá içaram a bandeira...kabeça bás pé riba!!! Ai, se o Khadaffi sabe disto... AAS

sexta-feira, 7 de maio de 2010

TAP Portugal é neocolonialista. E isso é uma merda.

Photobucket

Os funcionários da ENASA (aeroportos), em S. Tomé, fizeram uma greve. É um direito que lhes assiste e ainda bem.
Mas o problema agora é outro: mesmo com a greve o Governo mandou uma força policial para fazer aterrar e descolar um voo da portuguesa TAP. Antes, recusaram um pedido da angolana TAAG para o mesmo fim, que agora ameaçar pedir contas. E ainda bem.
Ah, e porque aterrou mesmo o avião da TAP? Porque a delegada dessa empresa neocolonialista... É filha do Primeiro-Ministro de S. Tomé! Porra!!! AAS

Finalmente... Nilton Barbosa foi recapturado pela Polícia Judiciária em Gabu. AAS

quinta-feira, 6 de maio de 2010

E agora... kwanzas para descomprimir

Um menino de 5 anos queria ganhar 10.000 Kwanzas e rezou durante 2 semanas para Deus. Como nada acontecia, ele resolveu mandar uma carta para o Todo-Poderoso com o seu pedido. Os correios receberam uma carta endereçada para 'Deus-ANGOLA'....e resolveram mandá-la para o ZÉ.

O Zé ficou muito comovido com o pedido e resolveu mandar uma nota de 1000 Kwanzas para o menino, pois achou que 10.000 Kwanzas era muito dinheiro para uma criança. O rapaz lá recebeu os 1000 Kz e imediatamente reparou no endereço do remetente: 'Futungo-PR'.

Pegou então numa folha de papel e numa caneta e sentou-se para escrever uma carta de agradecimento:

Prezado Deus, muito obrigado por me mandar o dinheiro que pedi, contudo, eu pediria que, na próxima vez, o Senhor mandasse directamente para o meu endereço, isto porque quando passa pelo FUTUNGO, aqueles filhos da p... ficam com 90%!!!

O filho do polícia que enveredou pelo crime

Photobucket

Nilton César Teixeira Barbosa, procurado pela Polícia Judiciária (PJ) da Guiné-Bissau faz hoje uma semana, é, ironicamente, filho de um policia.

Nilton começou a ser conhecido na PJ de Cabo Verde, nos finais de 1995. Começou por se fazer passar por agente desta respeitada instituição. E começou, digamos que mal. Foi preso na Praia (Santiago), no Sal e em São Vicente. Também conheceu as cadeias de Dakar, mas por pouco tempo, pois acabou por cumprir a pena em S. Vicente.

Regressou à Praia e continuou a sua carreira de burlão, falsificador e de apropriação de identidade. Nilton Barbosa mede 1.77, anda sempre bem vestido, é bom falador, a ponto de ter burlado as entidades oficiais do Senegal, fazendo-se passar por funcionário da ONU. Na ilha de Santo Antão (Cabo Verde) burlou também uma delegação governamental fazendo-se passar por Inspector da PJ «incubido da segurança dos presidentes de camaras» que entretanto ali se haviam deslocado.

Mas em Cabo Verde, continua a haver alguma interrogação. Um elemento da polícia deste País desabafou ao Ditadura do Consenso: «Não entendo por que razão – em todas estas situações – é que as pessoas que foram burladas por Nilton tudo fizeram para o bem estar dele e esquecem sempre que a polícia não trabalha assim. Somos uma polícia discreta mas não secreta, não nos apresentamos identificando sem mais nem menos as pessoas. Primamos sempre pela discrição. Acho que se as pessoas se deixam burlar assim é porque são mesmos desprovidas de inteligencia».

Punhetaguês

... É o que as rádios nos dão. Basta ouvir os noticiários em crioulo: traduções, nem vê-las... É pontapé seguido de cotoveladas. Crioulo? Não. Português? Qual quê. Punhetaguês? Sim, isso mesmo... Kiredi. AAS

Bagunça na CNE... para o Ministério Público investigar, claro!

Photobucket

Photobucket


A CNE- Comissão Nacional de Eleições poderá ser o próximo alvo da investigação da Procuradoria-Geral da República. Documentação investigada sobre as eleições de 2009 e na posse do Ditadura do Consenso deixam muitas dúvidas. Agora, e porque não, tem a palavra o Ministério Público. Siga o baile. AAS

PJ continua na caça ao Nilton

A Polícia Judiciária continua a perseguição ao fugitivo mais procurado na Guiné-Bissau.
Depois da batida à região de Bolama/Bijagós, a PJ mudou-se agora para a região Leste. Teme-se entretanto que Nilton Barbosa esteja já fora do País (ou no Senegal ou na Guiné-Conacry.

Entretanto, agudizam-se as relações entre a PJ e a PGR, com esta última a fazer finca-pé: querem o prisioneiro de volta à cela. AAS

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Entretanto em Angola...

Photobucket

... José Eduardo dos Santos, através do ministério da tutela, prepara uma lei para fuzilar a internet. É o chamado "efeito amarelo". Ou, se preferirem, chinês.

Uns angolanos dizem-se "chocados", outros estão "pasmados". Mas todos prometem fazer "muito barulho" nas ruas. Ditadura do Consenso apoia. Nada de censura!!! Son pa toka tanque na rua! AAS

África ameaçada

Photobucket


A Tiniguena, em parceria com a Federação Camponesa KAFO e a Swissaid, realizam no dia 07 de Maio a conferência: "Alienação das Terras, uma ameaça à soberania alimentar em África".

Esta Jornada de informação e sensibilização do público abordará temas associados à questão da apropriação de grandes extensões de terra nos países do Sul por parte de empresas nacionais e estrangeiras, ameaçando a agricultura familiar e a vida camponesa. O Encontro será realizado no Centro Cultural Francês, Praça Che Guevara.

Estão programadas intervenções de Assétou Samaké (COPAGEN Regional), Sambu Seck (KAFO) e Nelson Dias (UICN).

A rota está traçada. A aventura pode começar a qualquer momento. AAS

Photobucket

Desde o dia em que partir de Bissau até chegar a Lisboa, podem acompanhar toda a viagem através do blogue.

ATENÇÃO, SEGUIDORES: O jantar será no próximo dia 15 de Maio. Agradecia que me enviassem um e-mail/sms confirmando a vossa presença, indicando apenas «confirmo presença + seu nome, e do(a) convidado(a)». Abraço a todas(os). Aly

Assim se vê a força da UNTG

Photobucket
FOTO:AAS/2010

Por toda a cidade de Bissau há jovens que, em vez de estarem nas salas de aula, fazem por ganhar a vida. Isto demonstra a falta de autoridade de um Estado cada vez mais na anarquia. Água de esgoto para lavar...viaturas!?

Esta imagem ilustra bem o caos que se vive na cidade de Bissau: desta vez, foram ao ponto de fechar parte da avenida Osvaldo Vieira que passa mesmo em frente à sede da UNTG - a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné. Que, por sua vez, se limita a cheirar a porcaria (nem Cancan diria melhor) eheh. AAS

Futura sede da Polícia Judiciária

Photobucket
FOTO: (C)AAS/2010

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Investigação do Ditadura do Consenso: O Processo Nº9/GLCCDE/2010

Photobucket

Nilton César Teixeira Barbosa, caboverdeano. Possivelmente armado, absolutamente perigoso. Escapou da prisão da Polícia Judiciária. Se souber do seu paradeiro, informe a polícia”. Podia ser esta a frase para um hipotético cartaz na busca desenfreada de um dos fugitivos mais procurados pela Polícia Judiciária (PJ) no momento.

Nilton Barbosa apanhou o avião da TACV na cidade da Praia, Cabo Verde, no dia 05/02/2010, munido com um salvo-conduto emitido pelas autoridades das ilhas um dia antes da viagem para Bissau, válido pelo período de um ano e assinado pelo Subintendente da Polícia Nacional, Herculano Lopes Semedo.

Uma vez em Bissau, Nilton Barbosa dirigiu-se ao hotel TAMAR. Ali chegado, apresentou-se como sendo um «técnico da Interpol contratado para prestar assistência à Guiné-Bissau no quadro de um programa de apoio em cusro no âmbito da UNOGBIS». Aliás, na ficha de cliente do hotel a que ditadura do consenso teve acesso, escreveu no lugar reservado à profissão: «polícia». E, descaradamente, acrescentou «sub-inspector».

Entretanto, no dia 10 de fevereiro e alegando que ia buscar uma amiga às barracas do carnaval, no Bairro D’Ajuda, Nilton pediu uma boleia ao proprietário do hotel. Mesmo indisponível, o proprietário, com a sua boa-fé, dispensou-lhe o automóvel. Para mais, tratava-se de um hóspede do hotel e...em serviço para a UNOGBIS. E tudo começa a correr mal daqui para a frente.

Instalado no vistoso BMW, Nilton Barbosa guiava em direcção ao pôr-do-sol e das barracas (ou não) quando foi mandado encostar. Era uma rusga. E seria a Polícia Militar a fazer a mortífera descoberta. Na revista que se seguiu, foi encontrada uma pistola de marca Glock, simplesmente considerada pelos entendidos como sendo... a melhor pistola do mundo. Uma arma de guerra, portanto. Nilton Barbosa foi logo detido e levado para instalações militares. Ele e o automóvel (entretanto devolvido ao legítimo dono, depois de uma carta que este escreveu ao ex-CEMGFA Zamora Induta, no passado dia 17 de fevereiro).

Durante nove dias, Nilton Barbosa esteve sob custódia militar e foi interrogado dias a fio pelos serviços de contra-inteligência militar. E foi desbobinando. Disse que a arma lhe tinha sido vendida por fulano. E, assim, a tropa e a PJ (entretanto chamada ao caso) dão consigo a bater à porta da sede de uma empresa do ramo dos petróleos, na avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, na zona de Háfia – a Larsen Oil & Gas Guinea Bissau.

E, assim, começa o «Processo Nº9/GLCCDE/2010»

Foram descobertas 3 pistolas Glock, vários carregadores de 18 tiros cada, o triplo de munições que a lei limita – e, algo que deixou perplexos os inspectores da PJ: silenciadores. Três. Um para cada arma.

Nilton Barbosa, entretanto, estava já nas mãos das autoridades judiciais, entregue pelos militares. Foi ouvido por um juíz de instrução criminal, que lhe mandou aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva, nos calabouços da PJ, frente ao mercado de Bandim. Quanto ao libanês, funcionário da Larsen & Oil, foi-lhe apenas decretada a apresentação diária no Ministério Público. Enquanto decorrem as investigações. E assim tem sido.

Petróleo combinará com armas de guerra?

No dia 18 de setembro de 2008, em carta dirigida ao Ministério da Administração Interna, a Larsen Oil & Gas solicitou a importação de armas de fogo. O MAI responde, concordando: «ao abrigo do preceituado na lei se faz saber que está devidamente autorizado(a) o(a) senhor(a) Larsen Oil & Gas Guinea Bissau a importar da República do(a) Dubai/Senegal ou França na firma de armeiros e munições das armas de caça (...) duas pistolas de 9mm civis e quatro pacotes de balas cada c/25 balas».

Acontece que essas pistolas Glock dão para tudo menos para caçar veados ou antílopes. Ou mesmo javalis, ou ainda macacos. Outra coisa estranha: o documento foi até visado pelo SIE (Serviço de Informações do Estado), quando devia sê-lo ou pelo secretário geral da POP ou pela secretaria-geral do MAI. Mais uma coisa estranha: o documento exige que um único País conste como destino de importação e não três...

Fuga em frente

A saída dos presos comuns para o pátio da PJ (menos para os detidos no isolamento), para apanhar sol e ar, era um acontecimento raro. Mas só até depois dos acontecimentos do dia das mentiras. Nesse dia, a PJ, numa atitude que teve tanto de corajosa como de ingénua, decidiu libertar todos os presos comuns com medo (e com toda a razão, diga-se...) que algum «desconhecido» passasse por lá para fazer das suas.

Na cadeia, Nilton Barbosa era como uma estrela de cinema. Mas não falava das suas constantes entradas e saídas da cadeia, em Cabo Verde. Isso era um assunto mantido a sete chaves. Era do foro pessoal, presume-se... Falava pouco e, quando falava, pouca gente ou ninguém percebia patavina do que dizia. Contudo, chegou a dar uma entrevista, na prisão, à rádio Bombolom acusando magistrados de lhe terem ficado com o dinheiro e outros bens. Se for recapturado, como crê a PJ, terá mais umas quantas queixas com que se entreter e preocupar...

Contudo, a sorte de Nilton Barbosa haveria de chegar. E foi precisamente o facto de estar encarcerado na mesma cela com os funcionários das Finanças (ao todo, cerca de 30 pessoas), que esse dia chegaria. E foi durante uma dessas saídas, na passada 5ª feira, que a fuga se consumou. À noite (à noite normalmente, por cá, não costuma haver sol...).

Nilton ter-se-á esquivado por uma porta de uma instalação em desuso, contíguo ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e que dá para o bairro do Reino N’Djaka. Misturou-se com a multidão e esfumou-se. Até hoje. A PJ diz que houve «negligência» e que vai abrir um inquérito. Para já, acabaram as saídas dos bagres para o pátio (suspeitos de cumplicidade?!). E as mulheres passam os dias a chorar, ainda que a cela que lhes coube em sorte no azar que tiveram estar virada para o pátio.

Para já, o alerta soou em todos os postos fronteiriços: Nilton Barsosa está proibido de viajar, ou seja de sair da Guiné-Bissau. E arrancou uma das maiores operações de caça ao homem, que conta com um ajuda especial: o Estado-Maior General das Forças Armadas pôs à disposição da PJ uma vedeta com a respectiva tripulação, com vista ao patrulhamento das ilhas e das águas territoriais, e há elementos da PJ em estado de alerta por todo o território e fronteiras nacionais.

Uma vida dedicada ao crime

A história deste caboverdeano recatado, de estatura média é feita de crimes e mais crimes. Em resposta aos pedidos das autoridades guineenses, Cabo Verde enviou documentação vária, enumerando os vários crimes de que foi acusado o agora foragido Nilton Barbosa. Num documento datado de 30 de março de 2010, dizem que «Nilton Barbosa nunca pertenceu a nenhuma das forças policiais de Cabo Verde» e que contra ele corre actualmente, em Cabo Verde, «seis crimes por burla e falsificação».

Mas dizem mais. Por exemplo, em 11 de junho de 2002, foi condenado a dois anos de cadeia pelos crimes de falsificação de documentos. Em setembro de 2003, volta a ser condenado. Os crimes seriam os mesmos. Era também portador de uma carta de condução guineense. De cadeia em cadeia. Até à estranha fuga das instalações da Polícia Judiciária. Em Bissau, claro. Como? Isso já é outra história... AAS

sábado, 1 de maio de 2010

GUINETEL - No redi ranka

A GUINETEL, primeira operadora do serviço movel de telecomunicaçoes da Guine-Bissau, esta de cara lavada e pronta para enfrentar a concorrencia de peito feito.

A nova rede de tecnologia GSM e com o melhor equipamento disponivel no mercado mundial - a chinesa Huawei, esta ja disponivel para os seus assinantes em todo o territorio nacional.

Para começar, hoje e amanha, as chamadas entre a rede Guinetel sao de borla. Esta la? Bem bom. Eu mesmo vou retomar. Guinetel propi ki di nos!!! Ah i el de! Boa sorte. AAS

sexta-feira, 30 de abril de 2010

EUA consideram prisao de Zamora Induta "ilegal"...

...Da mesma maneira que Ditadura do Consenso considera ilegal (reparem, sem aspas) a ocupaçao, pelos EUA, da ilha de Guantanamo, em Cuba.
Porque nao pedem meças a quem propos Zamora Induta para Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas? Ou a quem o nomeou? Ou, ainda, a quem assinou e promulgou o decreto que o nomeava CEMGFA? AAS

Samora Machel - O exclusivo mundial do jornal 'Lusófono'

Photobucket


DESASTRE DE MBUZINI - O QUE DIZ O RELATÓRIO DA COMISSÃO DE INQUÉRITO?

Cerca de 16 anos após o desastre de aviação que vitimou o primeiro presidente moçambicano, Samora Machel, a campanha de desinformação em torno das causas que provocaram a queda da aeronave presidencial não dá sinais de abrandar. O parecer da comissão de inquérito que investigou o acidente ocorrido em Mbuzini, na África do Sul, a 19 de Outubro de 1986 tem sido sistematicamente ignorado.

O exemplo mais recente dessa campanha foi a alegação infundada de que o presidente da República, Joaquim Chissano, teria participado num plano destinado a provocar a queda do Tupolev-134A.
Antes, surgira a notícia de que Samora Machel teria sobrevivido ao acidente, e que posteriormente alguém, nunca identificado, lhe teria dado uma injecção letal.1
Na realidade, Samora Machel teve morte instantânea, ficando irreconhecível, razão pela qual a urna contendo os seus restos mortais permaneceria encerrada durante as cerimónias fúnebres. Só foi possível identificar o cadáver mediante a aliança de casamento, que ostentava o nome da viúva, e através da prótese dentária, conhecida por ponte, que dentistas haviam recentemente colocado em Samora Machel para corrigir a falha de nascença que tinha nos dentes incisivos.
Ironicamente, por ter pretendido apurar as causas da morte de Samora Machel - numa altura em que a campanha de desinformação começava a ganhar corpo - o chefe da missão de médicos cubanos em Moçambique viria a ser expulso do País por ter ordenado aos patologistas da sua equipa que procedessem à autópsia do cadáver sem a autorização nem o conhecimento prévio das autoridades moçambicanas.

Conforme estipula a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO), o país onde ocorre um desastre de aviação tem a responsabilidade de investigar as causas do mesmo, nomeando para o efeito uma comissão de inquérito. O país de registo da aeronave, segundo a Convenção de Chicago, pela qual se rege a ICAO, tem o direito de nomear observadores junto da comissão de inquérito.
Tal como refere o relatório da comisssão de inquérito ao desastre de Mbuzini, tanto Moçambique, país de registo da aeronave, como a União Soviética, pais de fabrico, foram convidados a participar nas investigações, tendo-lhes sido concedido o “direito de estarem representados nas sessões de audiência, a acarear testemunhas e a apresentar elementos de prova.”2
Moçambique e a União Soviética tomaram parte na elaboração do relatório factual sobre o acidente. Todavia, ambos os países viriam a excluir-se, por iniciativa própria, dos trabalhos da comissão de inquérito, tendo recusado prestar, mesmo que indirectamente, a colaboração pretendida.

Dado que a campanha de desinformação em torno das causas do acidente se ia avolumando mesmo antes de se ter dado início às investigações, a comissão de inquérito, indo ainda mais além do que é estipulado pela ICAO, convidou entidades estrangeiras independentes a tomarem parte nas investigações. Para além de técnicos da Aeronáutica Civil da África do Sul, a comissão de inquérito integrou as seguintes individualidades estrangeiras: Sir Edward Walter Eveleigh, britânico, ex-juiz do Tribunal de Recurso do Reino Unido; Frank Borman, norte-americano, ex-piloto de aviação, engenheiro de aeronáutica, comandante da missão espacial Apolo 8, e presidente do Conselho de Administração da Eastern Airlines; e Geoffrey Wilkinson, britânico, ex-piloto de aviação, engenheiro de aeronáutica, e inspector-chefe da Divisão de Investigações de Acidentes junto do Ministério dos Transportes do Reino Unido.
Presidia a comissão, Cecil Margo, juiz de carreira, e ex-piloto de aviação durante a Segunda Guerra Mundial, e com vasta experiência no campo da investigação de desastres aéreos. Das comissões de inquérito a que Cecil Margo havia presidido, destaca-se a que investigou as causas do desastre em que perdeu a vida o secretário geral das Nações Unidas, Dag Hammarskjold, na Zâmbia em 1961.
Os membros da comissão de inquérito chegaram a conclusões por unanimidade, sendo de salientar que tanto Moçambique como a União Soviética não rejeitaram o grosso do relatório final, para além de terem autenticado o relatório factual o qual contem dados de primordial importância, por si só comprovativos de que o desastre de Mbuzini se deveu a erro humano.

Voo fatídico

De acordo com o relatório da comissão de inquérito, a tripulação do Tupolev, em desrespeito do estatuído pela Aeronáutica Civil de Moçambique, não elaborou um plano de voo. No entanto, da leitura do registo de bordo, conclui-se que o navegador, à partida do aeródromo de Maputo, havia indicado o número errado de passageiros, isto é, um número inferior àquele que de facto transportava a bordo da aernoave.3
Trata-se de um erro grave, se se considerar que a forma como um avião descola assim como o combustível necessário para um determinado voo é calculado em função do peso que a aeronave transporta.
A tripulação informou a torre de controle do aeródromo de Maputo de que a autonomia do voo do Tupolev seria de 4 horas. Na realidade, o avião só dispunha de combustível para 3 horas e 45 minutos.4
Um outro erro, relaciona-se com a indicação, no registo de bordo, de que a Beira seria o aeródromo alternante, na eventualidade da aeronave ter de abortar uma aterragem em Maputo por quaisquer motivos, como por exemplo mau tempo, falta de energia ou situação de insegurança. Todavia, a aeronave não dispunha de combustível
suficiente para chegar à Beira.
Segundo o relatório, “o combustível necessário para um desvio de Maputo para a Beira, incluindo as reservas, seria de 4730 kg. A estimativa de combustível de que o avião dispunha quando se deu o acidente era de 2400 kg. Ou seja, faltavam no mínimo 2200 kg de combustível para o avião poder efectuar o trajecto Maputo-Beira.” Frisa o relatório: “O avião não teria conseguido chegar à Beira, a uma distância de 387 milhas náuticas.”5
A comisssão de inquérito não conseguiu apurar os motivos que teriam levado o comandante da aeronave a não reabastecer o Tupolev presidencial antes de iniciar o voo de regresso de Mbala para Maputo, ou a efectuar uma escala técnica, para esse fim, ao longo do mesmo percurso.
A pessoa que talvez pudesse esclarecer essa dúvida teria sido o mecânico de bordo e que havia sobrevivido ao acidente. Porém, a parte soviética não permitiu que ele comparecesse perante a commissão de inquérito, não obstante ter sido oficialmente solicitado a fazê-lo. E, neste capítulo, seria interessante poder-se também esclarecer em que é que o Sr. Sérgio Vieira, ministro da Segurança à altura do acidente, se baseou para afirmar ser “falso” e “propaganda do apartheid” que o avião não dispunha de combustível suficiente para chegar ao aeroporto alternante.6
É que, os dados recolhidos tanto pela parte moçambicana como pela parte soviética durante a fase preliminar das investigações, e que consta do relatório factual assinado pelos três países comprovam a versão final do relatório da comissão de inquérito relativamente à falta de combustível suficiente para a aeronave poder atingir o aeródromo da Beira.7

As caixas negras

Os registos magnéticos das comunicações mantidas entre a aeronave e a torre de controle do aeródromo de Maputo, referentes aos útlimos 30 minutos do voo, permitiram apurar que a tripulação do Tupolev presidencial havia desrespeitado as regras elememtares da navageção; ignorado instruções dadas pela referida torre; para além de ter revelado uma surpreendente falta de brio profissional.
Convem frisar que a reprodução dos registos magnéticos do Cockpit Voice Recorder - uma das chamadas caixas negras - foi efectuada, por imposição da comissão de inquérito, num país neutro, nomeadamente a Suíça, e na presenca das três partes - África do Sul, Moçambique, e União Soviética. Os registos magnéticos obtidos na Suíça foram posteriormente analisados, tendo a comissão de inquérito retido uma cópia do original. Quanto ao Digital Flight Data Recorder (DFDR), já que havia dois DFDR idênticos, a comissão de inquérito reteve um deles, tendo-se procedido, em Moscovo, à análise dos respectivos registos a partir do segundo DFDR. Isto exclui, à partida, a hipótese dos sul-africanos terem adulterado tais registos. Além do mais, como atrás se referiu, tanto Moçambique como a União Soviética certificaram a
autenticidade dos dados obtidos desses registos, e que constam
do relatório factual.
Assim, apurou-se que a tripulação do Tupolev não havia ajustado o altímetro de bordo de acordo com as coordenadas (QNH) fornecidas pela torre de controle do aeródromo de Maputo. Na prática, isto traduziu-se na leitura errada da altitude, levando a tripulação a assumir que a aeronave seguia a uma altitude muito mais elevada do que aquela em que na verdade se encontrava.8
A tripulação do Tupolev ignorou ainda as instruções dadas pelo operador de serviço na referida torre de controle, de acordo com as quais a aeronave deveria permanecer a 3000 pés de altitude até que se avistassem as luzes da pista de aterragem. Todavia, o avião desceu abaixo dessa altitude sem que se pudessem observar as luzes da pista, nem tão pouco as da cidade de Maputo, não obstante o facto da voo ocorrer de noite e com alguma nebulosidade. 9 Tal descida foi efectuada sem que a tripulação tivesse notificado a torre de controle, embora as instruções desta
para o operador de rádio (OR) de bordo fossem explícitas, conforme se pode ler no seguinte excerto da transcrição do CVR (a hora é TMG, e a aeronave é identificada pelo respectivo número de matrícula, isto é, C9-CAA, sendo a torre de controle designada por TC):

1902:02 TC: C9-CAA. Informe quando avistar as luzes da pista
ou então quando atingir os 3000 pés.
1902:16 OR: Recebido. O C9-CAA vai agora descer dos 3500 pés
para os 3000 pés. A próxima informação será prestada ao se avistarem as luzes da pista.
1902:28 TC: Recebido.10

Lê-se, a páginas 93 e 94 do relatório, que a transcrição obtida a partir do gravador de comunicações da cabine (o já citado CVR) “foi notável pelo facto da lista de tópicos a verificar dentro da cabine de voo não ter sido uma única vez conferida, nem tão pouco os aparelhos de ajuda à navegação identificados.” E acrescenta: “O Manual de Voo da URSS para este tipo de aeronave, ao abrigo do qual o C9-CAA devia ter funcionado, é preciso quanto
à atribuição de tarefas aos vários membros da tripulação, para além de incluir, de forma detalhada, o tipo de perguntas e respostas constante da lista de tópicos a verificar, as quais fazem parte dos procedimentos internacionais de navegação aérea. O não cumprimento, por parte da tripulação, das regras estabelecidas, reflectiu negativamente na cabine:

1902:02
TC: C9-CAA. Informe quando avistar as luzes da pista
ou então quando atingir os 3000 pés.
1902:16
OR: Recebido. O C9-CAA vai agora descer dos 3500 pés
para os 3000 pés. A próxima informação será prestada ao
se avistarem as luzes da pista.
1902:28
TC: Recebido.10

Lê-se, a páginas 93 e 94 do relatório, que a transcrição obtida a partir do gravador de comunicações da cabine (o já citado CVR) “foi notável pelo facto da lista de tópicos a verificar dentro da cabine de voo não ter sido uma única vez conferida, nem tão pouco os aparelhos de ajuda à navegação identificados.” E acrescenta: “O Manual de Voo da URSS para este tipo de aeronave, ao abrigo do qual o C9-CAA devia ter funcionado, é preciso quanto à atribuição de tarefas aos vários membros da tripulação, para além de incluir, de forma detalhada, o tipo de perguntas e respostas constante da lista de tópicos a verificar, as quais fazem parte dos procedimentos internacionais de navegação aérea.
O não cumprimento, por parte da tripulação, das regras estabelecidas, reflectiu negativamente na capacidade do comandante da aeronave em manter, dentro da cabine de voo, um nível adequado de disciplina.”
Efectivamente, em vez de cumprir com as referidas tarefas nos derradeiros momentos do voo, a tripulação ocupava-se de outras coisas. Por exemplo, o co-piloto escutava, através do rádio de Alta-Frequência de bordo, o noticiário e um programa musical transmitidos por uma estação emissora de língua russa. O mecânico de bordo, em conversa com os restantes membros da tripulação, referia-se à hospedeira moçambicana de bordo em termos ofensivos à dignidade de uma mulher, a ponto de a parte soviética ter encarecidamente solicitado à comissão de inquérito que omitisse da transcrição do CVR as palavras obscenas por ele proferidas. O comandante da aeronave mantinha uma conversa amena com os restantes membros da tripulação, contando peripécias de voos anteriores para Lusaka, e um outro de Milão para Varsóvia, durante os quais as aeronaves não haviam sido reabastecidas, o que causara alarme e apreensão entre alguns dos membros das respectivas tripulações.
A sete minutos da hora prevista de aterragem, o comandante e o mecânico de bordo estão mais preocupados em encomendar cervejas e Coca-Cola do bar da aeronave do que a cumprir com os regulamentos atinentes à fase deaterragem. O seguinte excerto extraído do CVR é disso elucidativo:

1912:48
Mecânico: Para aqui, três cervejas e uma coca.
Comandante: São três cervejas, não é?
Mecânico:Sim, e uma coca para cada um.
Comandante: Muito bem.

E quando faltavam cinco minutos para a aterragem, as cervejas e as Coca-Colas voltam a ser tema de conversa na cabine do avião:

1915:30
Mecânico: Duas para cada um, ou quê?
Comandante: Não, três cervejas e uma coca para cada
um. Trouxeram o mesmo para cada um de nós?
1916:37
Mecânico: Três cervejas e uma coca para cada um.
1916:43
Comandante: Óptimo.

O alegado rádio-ajuda falso

A cerca de 10 minutos da hora prevista para a aterragem, o Tupolev efectuou uma viragem prematura à direita. Numa tentativa de estabelecer as razões dessa viragem, a comissão de inquérito concluiu “não haver qualquer fundamento na teoria de que a aeronave teria sido desviadada sua rota por meio de um rádio-ajuda falso (VOR) ou qualquer outro aparelho.”11
Ficou provado que o rádio-ajuda do aeródromo de Maputo funcionou normalmente antes, durante e depois da queda do Tupolev. Os registos do DFDR não indicaram qualquer interferência vinda de outro rádio-ajuda falso de idêntica frequência à do rádio-ajuda do aeródromo de Maputo, mas de potência superior, conforme foi alegado.
Aliás, o voo TM103 das LAM, proveniente da Beira, seguia em direcção ao aeródromo de Maputo aproximadamente à mesma hora em que o Tupolev se encontrava no espaço aéreo moçambicano, tendo entrado no raio de acção do rádio-ajuda de Maputo e captado o respectivo sinal. O relatório salienta que além disso o voo TM103 não se desviou da sua rota, como seria de esperar, se de facto existisse o tal rádio-ajuda falso.
A comissão de inquérito concluiu que o mais provável foi que a tripulação do Tupolev teria, inadvertidamente, sintonizado o rádio-ajuda do aeródromo de Matsapha, na Suazilândia, cuja frequência de 112,3 Mhz é, de facto, bastante próxima da de Maputo, ou seja, 112,7 Mhz.
Dado que a região de Mbuzini se situa no enfiamento em direcção ao aeródromo de Matsapha, a commissão de inquérito recorreu a um simulador de voo Boeing-737 para se certificar de que de facto a viragem prematura à direita teria sido resultante do sinal emitido pelo rádio-ajuda instalado no aeroporto suázi. Os resultados obtidos compro-varam isso mesmo. No entanto, a parte moçambicana rejeitou o recurso a um simulador de voo, alegando que “o simulador B-737 não era um substituto adequado.”12
A parte soviética alegou que o Tupolev não poderia ter captado o sinal do rádio-ajuda de Matsapha devido a obstruções provocadas pela montanha de Bembegazi.
Em face disso, a comissão de inquérito, com a anuência da Aeronáutica Civil da Suazilândia, solicitou à parte moçambicana que se efectuasse um voo experimental, seguindo o mesmo trajecto do
Tupolev, a fim de se tirarem as dúvidas. Moçambique não autorizou o voo.
Porém, como refere o jornalista Robert Kirby do Mail & Guardian, por sinal piloto-aviador, “dois aviões Mirage da Força Aérea Sul-Africana efectuaram um voo não oficial de modo a poderem testar o sinal que a parte soviética alegava não ter sido possível ao Tupolev captar. Os dois Mirage informaram que o sinal havia funcionado com precisão à mesma altitude utilizada pelo Tupolev. Mais tarde,
dois cargueiros pertencentes a duas companhias de aviação
independentes confirmaram o mesmo.”13
De salientar que o rádio-ajuda de Matsapha havia sidoinstalado recen- temente, estando a funcioanr em regime experimental, tendo a Aeronáutica Civil da Suazilândia emitido um Aviso à Navegação (NOTAM) nesse sentido.
Em declarações à comissão de inquérito, a parte moçambicana indicou que “provavelmente, a tripulação do Tupolve-134A não tinha conhecimento do NOTAM”. Todavia, a comissão de inquérito lembrou à parte moçambicana que a mesma aeronave, por sinal transportando Samora Machel a bordo, havia aterrado em Matsapha no decurso de uma visita de Estado que o então presidente moçambicano efectuara à Suazilândia a 25 e Abril de 1986.
A comissão de inquérito sublinhou que “a única função de um rádio-ajuda VOR é indicar o azimute, isto é, a direcção no plano horizontal. O VOR não é um guia para se efectuar uma descida e não faz com que uma aeronave desça. Apenas um ILS [Sistema de Aterragem por Instrumentos] poderia fornecer tal ajuda, mas não existe sequer a mínima indicação de um ILS falso.” E o relatório acrescenta:
“De qualquer modo, tal como está claramente indicado na transcrição do CVR, não estava a serrecebido qualquer sinal ILS isto porque a aeronave encontrava-se fora do raio de acção do ILS de Maputo.”14
A haver um VOR falso, diz ainda o relatório, “a trajectória da aeronave teria sido curvilínea. Todavia, a reconstituição da trajectória de voo do C9-CAA, efectuada em Moscovo, demonstra
que a mesma foi em linha recta.”15
Para além do mais, demonstra a comissão de inquérito com base na reprodução dos registos magnéticos do voo, a aeoronave, após ter efectuado a viragem prematura à direita, não estava a ser guiada por nenhum rádio-ajuda, mas sim pelo sistema Doppler.
E para que não restassem quaisquer outras dúvidas quanto à operacionalidade do rádio-ajuda do aeródromo de Maputo, a comissão de inquérito apurou, junto do técnico responsável pelos instrumentos de navegação do referido aeródromo, que “o VOR funcionou normalmente durante o seu turno de serviço, que era das 20h00 (horade Maputo, ou seja, antes do acidente) do dia 19 de
Outubro até às 06h00 do dia seguinte.” O mesmo técnico referiu que “havia um monitor na torre de controle que daria um sinal de alarme caso o VOR tivesse sido desligado,”16 o que não aconteceu.

As causas do acidente

Tendo demonstrado cientificamente a não existência de um rádio-ajuda falso, e da irrelevância do mesmo na consumação do acidente, a comissão de inquérito responsabilizou a tripulação do Tupolev C9-CAA pelo desastre de Mbuzini. Tal como vem referido na página 109 do relatório: ”A causa do acidente foi devida ao facto da tripulação não ter cumprido com os requisitos para uma descida por instrumentos, mas continuou a descer ao abrigo das regras de um voo visual, no escuro e com alguma nebulosidade, isto é, sem ter contacto visual com o solo, abaixo da altitude minimamente segura e da altitude mínima que lhe havia sido atribuída, para além de ter ignorado o sinal de alarme dado pelo GPWS.” [Ground Proximity Warning System – Sistema de Aviso de Proximidade do Solo].
Da leitura do seguinte excerto obtido da transcrição do VCR fica-se com uma ideia mais precisa daquilo que se passou. Ressalta, aliás, desse excerto, que entre os membros da tripulação reina a confusao. Tanto o comandante como o co-piloto assumem, erradamente, que há um corte de energia à cidade de Maputo e ao aeroporto pois não conseguem detectar as luzes da pista. Isto, não obstante o facto da torre de controle ter repetidas vezes dado autorização à aeronave para aterrar, atribuindo-lhe até o número da pista a utilizar, o que por si só significava a operacionalidade do aeródromo, incluindo a respectiva iluminação. No entanto, a tripulação insiste em saber sehá ou não energia, pois não consegue localizar nenhum vestígio do aeroporto.

*Moçambicano, tem-se dedicado à investigação da história contemporânea de Moçambique. Publicou recentemente um estudo sobre as origens da guerra civil no seu país, com o título, Mozambique - the tortuous road to democracy (Palgrave/Macmillan, Londres e Nova Iorque, 2000). O presente artigo baseia-se no manuscrito do seu próximo livro intitulado, Mbuzini, a 35ª vítima, a ser publicado com a chancela Brado Africano, de Maputo.

NOTAS

1. O Ilanga, jornal de língua zulu que se publica na África do Sul, foi o primeiro órgão de informação a dar esta notícia na sua edição de 27-29 de Outubro de 1986. O Sowetan Sunday World repetiria a alegação a 19 de Janeiro e novamente a 2 de Fevereiro de 2003.
2. ”Report of the Board of Inquiry into the Accident to Tupolev 134A-3 aircraft C9-CAA on 19th October 1986 - Pretoria, 2 de Julho de 1987 (ISBN 0621112399).”
Este o título original do relatório da comissão de inquérito a seguir citado como “Relatório”. Trata-se de um documento de 222 páginas, subdivido em duas partes. A primeira parte consiste do relatório propriamente dito, e a segunda dos comentários feitos ao mesmo pelas delegações de Moçambique e da União Soviética, assim como das respostas por parte da comissão de inquérito.

NOTAS

2. Relatório, op. cit., p. 10.
3. Idem, p. 106.
4. Idem, pp. 92, 121.
5. Idem, p. 35.
6. Sérgio Vieira, “Sobre a morte de um herói”, Domingo, 2
de Fevereiro de 2003, p. 8.
7. Relatório, op. cit., p. 58.
8. Idem, p. 50.
9. Idem, p. 89.
10. Idem, p. 104.
11. Idem, p. 109.
12. Idem, II Parte, p. 2.
13. Robert Kirby, “Don’t be led astray by the ‘decoy beacon’ theory”, Electronic Mail & Guardian, 19 de Junho 1998.
14. Relatório, op. cit., p. 114.
15. Idem, p. 115.
16. Idem, p. 116.
17. Idem, pp. 90-91.
18. Idem, p. 91.

TUPOLEV 134-A – Um historial negro

O primeiro Tupolev-134A foi construído em 1962, entrando ao serviço da aviação comercial em Setembro de 1967. Até 2002, haviam ocorrido 51 acidentes com aviões deste tipo de um total de 853 fabricados. Em 1986, ano do desastre de Mbuzini, ocorreram cinco acidentes. No acidente de 22 de Junho desse ano, a aereonave preparava-se para levantar voo, tendo a descolagem sido abortada nos últimos instantes. O segundo acidente ocorreu a 2 de Julho após ter-se verificado um incêndio no porão da bagagem. O terceiro acidente foi o deMbuzini, tendo o quarto ocorrido no dia seguinte, ou seja, a 20 de Outubro, igualmente no momento da aterragem. O quinto e último desastre de 1986 ocorreu também no momento da aterragem, tendo a tripulação feito a aproximação à pista errada. Este último acidente ocorreu no aeroporto de Berlim, e os restantes, excepto o de 19 de Outubro, em diversos aeródromos da União Soviética.

FONTE: Plane Crash Information
http://www.planecrashinfo.com

quinta-feira, 29 de abril de 2010

E as provas, Sra. Embaixadora?

Marcia Bernicap, Embaixadora dos Estados Unidos da América para a Guiné-Bissau com residência em Dakar, Senegal, está hoje em Bissau para contactos com as autoridades.
De manhã, reuniu-se na Primatura com a ministra da Presidência, Adiatu Nandigna, e, depois, fez uma visita ao Presidente da República, Malam Bacai Sanha.

Os casos Bubo Na Tchuto e Papa Camará estiveram em cima da mesa. De acordo com a diplomata norte-americana, os EUA fizeram as acusações de envolvimento no narcotráfico "depois de vários anos de investigações". E garantiu que "outras pessoas e empresas da sub-região serão brevemente na lista" do Departamento de Estado do Tesouro dos EUA.

Não se sabe se a embaixadora trouxe provas que incriminem os dois altos oficiais das forças armadas Da Guiné-Bissau. E é isso, sobretudo, que se espera da parte de quem acusa... AAS

terça-feira, 27 de abril de 2010

Cartoon para...dançar!

Photobucket

Por: Fernando Júlio

segunda-feira, 26 de abril de 2010