Resultados das eleições na Guiné-Bissau devem ser respeitados
"Aquilo que nos é dado saber, neste momento, é que no essencial as eleições na Guiné-Bissau decorreram de acordo com as regras e as normas e que os seus resultados devem ser respeitados"
"As eleições na Guiné-Bissau aconteceram numa circunstância inesperada que foi a morte do Presidente da República. Portugal deu apoio técnico à realização das eleições porque nós apoiamos sempre aquilo quer permita à Guiné-Bissau estabilizar a sua democracia, porque isso é essencial para que o país seja governável para que as instituições funcionem e para que a economia recupere"
Paulo Portas
terça-feira, 20 de março de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
Ontem
Uma fonte informou-me do assassinato de Samba Djaló. Larguei tudo o que estava a fazer, peguei o meu carro e fui ao local do crime. Sabia onde era. Tinha telefonado a um amigo de uma grande organização internacional a dar-lhe conta do que me tinham dito. Assim que cheguei, reparei em algo estranho. Não havia uma lâmpada acesa, desde a rotunda (Pilum di Riba), até ao 'Sabura'.
Não podendo continuar a marcha, por a tropa ter barrado a estrada com os seus carros, estacionei. Parei o motor, subi os vidros. Ao sair, agarrei na máquina fotográfica. Dei a volta para confirmar se as portas estavam trancadas - e estavam, quando vejo o meu amigo chegar. E logo a seguir aparece um militar de AK-47, a gesticular e a dizer coisas que não consegui perceber. Pelos seus gestos, das duas uma: ou pensava que o condutor ir seguir em frente (o que seria impensável, para além de impossível), ou queria confrontá-lo. Eu meti-me. "Desculpe, amigo, amigo, é fulano de tal...".
"Ah, ok, ok". O meu amigo faz a manobra em marcha-a-ré e estaciona. Assim que chega o militar, cumprimentamo-nos. "O que se passa aqui?" - pergunta o meu amigo. Acreditem que voltei a não perceber nada do que disse o miitar? Mas foi mesmo. "Quem está ali?", o meu amigo voltava à carga. E...nada! Então eu disse-lhe "ouvi dizer que é o Samba Djaló, que foi o chefe da contra-inteligência militar".
- "Não sabemos, porque o corpo está coberto por um pano", disse, e dessa vez foi claro. Percebemos todos. Então, lá foram, ele e o oficial meu amigo. Assim como eu, uns cinco metros atrás, com pézinhos de lã. Queria, para além de tudo, ver o cenário. Todo o cenário. Vi o bastante para uma retirada estratégica. Vi tensão nalguns rostos, noutros vi indiferença total. Depois, ouvi a comunicação com a 'base', e, finalmente, a ordem para se descobrir o mistério: quem seria? Fiz uma chamada. E esperei. Pouco depois retribuem-me a chamada.
Ganho coragem, tirada talvez dos intestinos fraquejantes, e arranco em direcção às armas. Convém aqui dizer que para além de militares e polícias, devidamente identificáveis pelo fardamento, havia pessoas sem uniforme e com Kalahsnikov's (de assalto). Continuei a andar e vejo uma carrinha com os faróis acesos, a focar para uma pequena vala, entalada entre uma 'taberna di Nar' e uma construção paupérrima feita com chapas de zinco enferrujadas.
Assim que levantam o lençol púdico, reparei logo: era ele. "I Samba', diz o oficial que descobriu o cadáver. Estava deitado de barriga para baixo com a cabeça apoiada num braço (terá sido morto pelas costas? É que essa vala leva a um beco que, se me não falha a memória, leva também à casa do malogrado - Samba vivia mesmo por trás, ao lado do famoso - e saudoso, 'Mansa flema'. Vi o suficiente para contar o que acabaram de ler. Mas podiam nem ter lido isto. Por isto.
Assim que vi que era o Samba e me voltei para bater em retirada, fui desoberto por alguém, creio, da segurança ou da polícia Judiciária. Não estava fardado, mas estava armado. "Este aqui é jornalista, conheço-o bem...não o deixem tirar fotografias", gritou e todos voltaram o olhar na minha direcção. E continuou a dizer coisas. Eu disse "não vou tirar fotorafia, estou aqui só para constatar quem foi morto". Ainda antes de acabar o que tinha para dizer...já tinha, não uma, nem duas...mas três pessoas de AK em riste, com ameaças tipo "ainda estás a falar?", ou "desaparece daqui e nem olhes para trás". Fui andando, tentando adivinhar, pelo som das suas botas, se tinham abrandado a marcha ou, se, pelo contrário, ganharam 'asas'.
Felizmente, depois de uns dez metros, pararam de me seguir e limitaram-se a acompanhar-me com a vista. Assim que cheguei ao meu carro e meti a chave na porta, lancei um olhar de soslaio só para me certificar que estava sozinho. E estava. Fiz a inversão de marcha, e zarpei. Nos trinta minutos em que estive nesse lugar, reparei na tensão que alguns deixavam transparecer.
Nesse local, falei com gente que assistiu a tudo e com outros que chegaram logo a seguir. Estou a trabalhar, a colher mais informações. Uma coisa parece certa: este assassinato nada terá que ver com as eleições presidenciais, ontem realizadas.
António Aly Silva
Não podendo continuar a marcha, por a tropa ter barrado a estrada com os seus carros, estacionei. Parei o motor, subi os vidros. Ao sair, agarrei na máquina fotográfica. Dei a volta para confirmar se as portas estavam trancadas - e estavam, quando vejo o meu amigo chegar. E logo a seguir aparece um militar de AK-47, a gesticular e a dizer coisas que não consegui perceber. Pelos seus gestos, das duas uma: ou pensava que o condutor ir seguir em frente (o que seria impensável, para além de impossível), ou queria confrontá-lo. Eu meti-me. "Desculpe, amigo, amigo, é fulano de tal...".
"Ah, ok, ok". O meu amigo faz a manobra em marcha-a-ré e estaciona. Assim que chega o militar, cumprimentamo-nos. "O que se passa aqui?" - pergunta o meu amigo. Acreditem que voltei a não perceber nada do que disse o miitar? Mas foi mesmo. "Quem está ali?", o meu amigo voltava à carga. E...nada! Então eu disse-lhe "ouvi dizer que é o Samba Djaló, que foi o chefe da contra-inteligência militar".
- "Não sabemos, porque o corpo está coberto por um pano", disse, e dessa vez foi claro. Percebemos todos. Então, lá foram, ele e o oficial meu amigo. Assim como eu, uns cinco metros atrás, com pézinhos de lã. Queria, para além de tudo, ver o cenário. Todo o cenário. Vi o bastante para uma retirada estratégica. Vi tensão nalguns rostos, noutros vi indiferença total. Depois, ouvi a comunicação com a 'base', e, finalmente, a ordem para se descobrir o mistério: quem seria? Fiz uma chamada. E esperei. Pouco depois retribuem-me a chamada.
Ganho coragem, tirada talvez dos intestinos fraquejantes, e arranco em direcção às armas. Convém aqui dizer que para além de militares e polícias, devidamente identificáveis pelo fardamento, havia pessoas sem uniforme e com Kalahsnikov's (de assalto). Continuei a andar e vejo uma carrinha com os faróis acesos, a focar para uma pequena vala, entalada entre uma 'taberna di Nar' e uma construção paupérrima feita com chapas de zinco enferrujadas.
Assim que levantam o lençol púdico, reparei logo: era ele. "I Samba', diz o oficial que descobriu o cadáver. Estava deitado de barriga para baixo com a cabeça apoiada num braço (terá sido morto pelas costas? É que essa vala leva a um beco que, se me não falha a memória, leva também à casa do malogrado - Samba vivia mesmo por trás, ao lado do famoso - e saudoso, 'Mansa flema'. Vi o suficiente para contar o que acabaram de ler. Mas podiam nem ter lido isto. Por isto.
Assim que vi que era o Samba e me voltei para bater em retirada, fui desoberto por alguém, creio, da segurança ou da polícia Judiciária. Não estava fardado, mas estava armado. "Este aqui é jornalista, conheço-o bem...não o deixem tirar fotografias", gritou e todos voltaram o olhar na minha direcção. E continuou a dizer coisas. Eu disse "não vou tirar fotorafia, estou aqui só para constatar quem foi morto". Ainda antes de acabar o que tinha para dizer...já tinha, não uma, nem duas...mas três pessoas de AK em riste, com ameaças tipo "ainda estás a falar?", ou "desaparece daqui e nem olhes para trás". Fui andando, tentando adivinhar, pelo som das suas botas, se tinham abrandado a marcha ou, se, pelo contrário, ganharam 'asas'.
Felizmente, depois de uns dez metros, pararam de me seguir e limitaram-se a acompanhar-me com a vista. Assim que cheguei ao meu carro e meti a chave na porta, lancei um olhar de soslaio só para me certificar que estava sozinho. E estava. Fiz a inversão de marcha, e zarpei. Nos trinta minutos em que estive nesse lugar, reparei na tensão que alguns deixavam transparecer.
Nesse local, falei com gente que assistiu a tudo e com outros que chegaram logo a seguir. Estou a trabalhar, a colher mais informações. Uma coisa parece certa: este assassinato nada terá que ver com as eleições presidenciais, ontem realizadas.
António Aly Silva
Esperança na Humanidade
Ontem, perdi o meu ipad. Hoje, ja quase a transferir os 519€ para me enviarem um novo...o telemóvel toca: "Aly, ninguém te telefonou sobre o ipad?". Não - respondi. Pouco depois o telemóvel volta a tocar. E lá fui eu buscar o meu ipad, que deixei no muro do Serviço de Viação, por esquecimento. E cumpri com o prometido. Votei, de certa forma, a ter esperança na Humanidade. Obrigado. AAS
domingo, 18 de março de 2012
EPA 2012: Resultados provisorios
Sector Autonomo de Bissau
Circulo 24
Serifo Nhamadjo - 1.622
Carlos Gomes Jr - 5.930
Henrique Rosa - 860
Koumba Yala - 992
Circulo 27
Serifo Nhamadjo - 378
Carlos Gomes Jr - 1.224
Henrique Rosa - 84
Koumba Yala - 92
Circulo 24
Serifo Nhamadjo - 1.622
Carlos Gomes Jr - 5.930
Henrique Rosa - 860
Koumba Yala - 992
Circulo 27
Serifo Nhamadjo - 378
Carlos Gomes Jr - 1.224
Henrique Rosa - 84
Koumba Yala - 92
EPA 2012 - Resultados parciais
Escola '19 de Stembro'
Serifo Nhamadjo - 40
Carlos Gomes Jr - 148
Henrique Rosa - 48
Koumba Yala - 67
UDIB (2 mesas)
Mesa 1
Serifo Nhamadjo - 46
Carlos Gomes Jr - 112
Henrique Rosa - 22
Koumba Yala - 23
Mesa 2
Serifo Nhamadjo - 59
Carlos Gomes Jr - 135
Henrique Rosa - 25
Koumba Yala - 42
---
Achada (Tchada), 2 mesas
Mesa 1
Serifo Nhamadjo - 14
Carlos Gomes Jr - 104
Henrique Rosa - 13
Koumba Yala - 37
Mesa 2
Serifo Nhamadjo - 17
Carlos Gomes Jr - 95
Henrique Rosa - 13
Koumba Yala - 20
Serifo Nhamadjo - 40
Carlos Gomes Jr - 148
Henrique Rosa - 48
Koumba Yala - 67
UDIB (2 mesas)
Mesa 1
Serifo Nhamadjo - 46
Carlos Gomes Jr - 112
Henrique Rosa - 22
Koumba Yala - 23
Mesa 2
Serifo Nhamadjo - 59
Carlos Gomes Jr - 135
Henrique Rosa - 25
Koumba Yala - 42
---
Achada (Tchada), 2 mesas
Mesa 1
Serifo Nhamadjo - 14
Carlos Gomes Jr - 104
Henrique Rosa - 13
Koumba Yala - 37
Mesa 2
Serifo Nhamadjo - 17
Carlos Gomes Jr - 95
Henrique Rosa - 13
Koumba Yala - 20
EPA 2012 - Dia D: Resultados parciais
Círculo eleitoral 24
Sector 10
Distrito Eleitoral 28
Mesa de assembleia de voto 01
Resultados/votos
Carlos Gomes Jr - 101
Henrique Rosa - 31
Serifo Nhamadjo - 29
Koumba Yala - 6
Baciro Dja - 1
Luis Nancassa - 1
Afonso Té - 0
Serifo Baldé - 0
Vicente Fenandes - 0
Ibraima Djaló - 0
-------------------
Círculo Eleitoral 24
Sector 10
Distrito Eleitoral 28
Mesa de assembleia de voto 2
Baciro Dja - 4
Setifo Nhamadjo - 20
Vicente Fernandes - 3
Serifo Baldé - 0
Carlos Gomes Jr - 109
Ibraima Djalo - 0
Henrique Rosa - 19
Luis Nancassa - 0
Koumba Yala - 8
Afonso Té - 0
Sector 10
Distrito Eleitoral 28
Mesa de assembleia de voto 01
Resultados/votos
Carlos Gomes Jr - 101
Henrique Rosa - 31
Serifo Nhamadjo - 29
Koumba Yala - 6
Baciro Dja - 1
Luis Nancassa - 1
Afonso Té - 0
Serifo Baldé - 0
Vicente Fenandes - 0
Ibraima Djaló - 0
-------------------
Círculo Eleitoral 24
Sector 10
Distrito Eleitoral 28
Mesa de assembleia de voto 2
Baciro Dja - 4
Setifo Nhamadjo - 20
Vicente Fernandes - 3
Serifo Baldé - 0
Carlos Gomes Jr - 109
Ibraima Djalo - 0
Henrique Rosa - 19
Luis Nancassa - 0
Koumba Yala - 8
Afonso Té - 0
EPA 2012: Para a CPLP, "não há reclamações de relevo"
Em declarações aos jornalistas, Armindo Maurício admitiu que teve informações de candidaturas sobre alegadas fraudes, mas que as mesmas não foram "precisas e concretas", pelo que aguarda mais informação. "Há algumas questões relacionadas com os cartões (de eleitor), há de facto nalgumas zonas, mas não podemos constatar quantas, mas parece que não são muitas porque as pessoas que colocam o problema não dizem quantas são", disse o chefe da missão de observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Sobre o assunto, o cabo-verdiano Armindo Maurício precisou que o problema se prende eventualmente na "não existência de alguns cartões de eleitores, que poderão não ter sido distribuídos, apesar de a CNE (Comissão Nacional de Eleições) afirmar que foram todos distribuídos".
"A questão do registo dos cadernos está normal, até agora não vimos qualquer reclamação sobre registo das pessoas nos cadernos", disse. Armindo Maurício disse que a missão da CPLP falou com organizações não-governamentais, chefias militares e outras missões de observadores. Todos os observadores constataram "que o clima é tranquilo, está pacífico, os cidadãos estão descontraídos".
"Desde a manhã estamos em Bissau, já percorremos várias mesas de voto, assistimos à abertura de algumas mesas e constatamos um bom nível de organização a nível da CNE em termos de as mesas estarem todas preparadas à hora, com os membros a postos, com todo o material, e também já com gente em fila para poder votar", disse. O responsável disse que a missão da CPLP falou com representantes das "candidaturas com maior peso" nas mesas e constatou "que tudo está a decorrer num clima normal" e que "não há reclamações de relevo nem protestos".
O candidato Henrique Rosa disse, após votar, que havia fraudes, mas não explicou que tipo, nem onde. A Guiné-Bissau realiza eleições presidenciais antecipadas após a morte do presidente eleito em 2009, Malam Bacai Sanhá, em janeiro. Perto de 600 mil guineenses são chamados a escolher o novo presidente entre nove candidatos. JN
"A questão do registo dos cadernos está normal, até agora não vimos qualquer reclamação sobre registo das pessoas nos cadernos", disse. Armindo Maurício disse que a missão da CPLP falou com organizações não-governamentais, chefias militares e outras missões de observadores. Todos os observadores constataram "que o clima é tranquilo, está pacífico, os cidadãos estão descontraídos".
"Desde a manhã estamos em Bissau, já percorremos várias mesas de voto, assistimos à abertura de algumas mesas e constatamos um bom nível de organização a nível da CNE em termos de as mesas estarem todas preparadas à hora, com os membros a postos, com todo o material, e também já com gente em fila para poder votar", disse. O responsável disse que a missão da CPLP falou com representantes das "candidaturas com maior peso" nas mesas e constatou "que tudo está a decorrer num clima normal" e que "não há reclamações de relevo nem protestos".
O candidato Henrique Rosa disse, após votar, que havia fraudes, mas não explicou que tipo, nem onde. A Guiné-Bissau realiza eleições presidenciais antecipadas após a morte do presidente eleito em 2009, Malam Bacai Sanhá, em janeiro. Perto de 600 mil guineenses são chamados a escolher o novo presidente entre nove candidatos. JN
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