"A
S. Excia. O Senhor
Presidente da República,
Sr. Malam Bacai Sanhá
República da Guiné-Bissau
BISSAU
N/Ref. Nº75/010/CDG/GAD
Bissau, 27/09/010
ASSUNTO: Processo nº10/2010, em curso na Procuradoria-Geral da República:
Excia. Sr. Presidente:
1. É com o meu conhecido espírito de inter ajuda e de intevenção de mediações de conflitos, que V. Excia. bem conhece, que lhe dirijo esta carta.
2. Eu sei, que em jurisprudência, um Pai não pode testemunhar um conflito a favor do filho, razão porque deverá julgar, que é com o meu espírito de intervenção voluntário conhecido por V. Excia., que intervenho, para alertar V. Excia. do seguinte.
3. Meu filho Carlos Gomes Júnior, na sua despedida em viagem para a China, entregou-me uma fotocópia da carta atrás referenciada, sem data s/n do ofício que devia ser, sem assinatura do Sr. PGR, ou alguém que se identifique como seu autor, referente aos assassinatos que identifica o ex-Presidente da República, João Bernardo Vieira e processos s/nº dos casos relativo aos acontecimentos de 4 e 5 de junho de assassinatos de Hélder Proença e Baciro Dabó.
4. As faltas apontadas, levam a concluir que V. Excia. mesmo concluiu que o documento é de uma imprecisão condenável, que se pode abertamente classificar de uma preparação de um enredo visando alguém, que apontou, como sendo o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior, mas, com uma consciência clara das responsabilidades que aponta o Artº 246º do Código Civil, relativamente a reacção que podem advir, da pessoa atingida (indemnizações) mas que pode desenrolar em muito mais do que isso, em relação ao abalo mais uma vez, do Executivo que claramente se pretende atingir. Daí que, felicito a V. Excia. pelo silêncio votado ao documento, que o filho disse, que mostrou a V. Excia. e declarou não conhecer o documento. Mas convém não ficar por ali, relativamente aos autores do documento, porque ameaçaram a própria credbilidade de V. Excia., se desse crédito ao documento, afirmação que faço com base no que vai abaixo.
5. Ousados, deslocaram-se ao local do crime, (residência do ex-Presidente General ‘Nino’ Vieira, para constatarem o que se passou), incluindo providencialmente a minha pessoa, em virtude do móbil do documento, que me é dado a comentar. Foram eles:
a) S. Excia. o Sr. Ministro Luís Oliveira Sanca
b) Armando Correia Dias
c) Deputado Conduto de Pina
d) Carlos Domingos Gomes (Cadogo Pai)
6. Fui o último a chegar, os populares aglomerados ao parar o carro e a dirigir-me para a residência, houve vozes que aclamaram o perigo, dizendo, ainda estão lá militares, com um gesto rasgado, assinalei que não estava armado, ia numa missão que me impuz, como ex-Membro do Conselho de Estado.
7. Bati a porta, o militar de guarda, não impediu, deixou-me entrar livremente, dirigi-me aos presentes enumerados, para saber o que estava projectado, aguardava-se a chegada da ambulância, chegou a primeira, fez-se transportar o corpo do cadáver (?!) que estava no quintal, na minha presença.
8. Chegou a segunda ambulância, impunha-se a entrada dos presentes, os militares só permitiram a minha entrada e do Deputado Conduto de Pina, o que constatamos, não é o que vai no pseudo relatório das audiências, em relação onde se desenrolou a sena (cena?!) do esquartelamento (esquartejamento?!) e fuzilamento. Dentro da casa sim, mas não conforme o relato do desenrolar descrito. Para sugerir V. Excia., que a audição da viúva, ex-Primeira Dama Dona Isabel Romano Vieira, impões-se, para salvar V. Excia. e o País, da fogueira que alarva pelo estrangeiro fora. Devem ser criadas condições que consta, ela pede por carta, para ser ouvida, fora do País. É útil para nós todos, para evitar uma reacção dela com um desmentido, que estou procurando evitar, ela antes de partir, refugiou-se na Embaixada de Angola em Bissau, eu estive lá pessoalmente, sem falar no ocorrido, mas ela falou com muita gente em Bissau concerteza, relativamente aos acontecimentos, do que é voz corrente entre as populações.
9. Quanto ao móbil da tentativa do pedido de audição ao Sr. Primeiro Ministro Carlos Gomes Júnior, V. Excia. é bem experiente e tido como um político arguto, não necessita de qualquer recomendação para a leitura que conhecemos dos métodos utilizados pelo Sr. Procurador Geral da República, durante o levantamento de 07 de junho de 1998. trabalhamos juntos, V. Excia. como Presidente Interino, eu como Ministro da Justiça, razão porque fiz questão de lhe juntar fotocópia da proposta que enviei ao Sr. Primeiro Ministro Francisco Fadul, do documento que consta do meu relatório do desempenho resultado de muitos confrontos dele com a Liga dos Direitos Humanos, que o Governo e V. Excia., muitas vezes pediram a minha intervenção. Por outro lado, tem stafes (?!) bem competentes, para alertar V. Excia. dos encolhos a enfrentar de certeza do conhecimento do Sr. Procurador Geral da República Dr. Amine Saad, relativamente a consistência das provas documental, para se enveredar pelo caminho que aponta, de pedir autorização para ouvir o Primeiro Ministro. Pergunta-se, tem provas documental assinado pelo Primeiro Ministro que a lei exige exibidos pelos declarantes de que receberam qualquer ordem, que deviam exigir? Para atender o pedido do Sr. Procurador, teria que destituir o Governo, que preside o Executivo. Pergunta-se e se não surtirem provas convincentes?
10. Excia., permita-me terminar, esta é mais uma prova da minha frontalidade que conhece bem, também S. Excia. o Procurador meu amigo, Dr. Amine Michel Saad, esperando de certeza, que esta oportuna chamada de atenção não vai modificar o nosso relacionamento e maneira de estar. Para o salvar do conflito que enfrentou com o ex-Presidente ‘Nino’ Vieira, depois da minha intervenção voluntária, sem ele saber, reconheci a necessidade de ele me acompanhar ao gabinete do ex-Presidente, aceitou, a chegada, foi anunciado a nossa presença, a resposta, foi, que só entro com ele acompanhado, o ex-Presidente acabou por aceitar. Depois pretendeu certa declaração do Dr. Amine, opuz e foi em pleno julgamento em Tribunal que mandou-me avisar pelo protocolo Arlindo, que consegui a suspensão do julgamento para negociarmos. Da negociação e contactos telefónico, consegui a absolvição dele. Com estes dizeres, só pretendo evitar a agudição da situação, envolvendo V. Excia., para aguardar, que o Sr. Procurador obrigue os auditores, ao pleno respeito pelo Artº 246º do Código Civil e evitar tudo que possa contribuir para um envolvimento sério, para desbravar onde está a razão do que vem na internet e do que consta a nós tdos dos verdadeiros autores, que se vem polulando e que não constam seus nomes do documento em causa, de que o filho é portador e diz, ter entregue a V. Excia?
Subscrevendo com a mais alta estima e muito respeito pela pessoa de V. Excia. pelas intervenções que me vem chegando, incluindo a intervenção de 24 de setembro ainda em curso, opinando pela verdade e justiça, dando conta de conhecimento das manobras de grupinhos que não visam os objectivos da Paz que se preconiza, mas sim, seus enteresses particulares camuflados, repito parabéns.
De V. Excia.
Carlos Domingos Gomes
C/C: Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior, Mnistro da Justiça Mamadu Saliu Pires, Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Maria do Céu Monteiro, Procurador Geral da República Amine Saad, Presidente do Conselho de Administração da Voz di Paz, D. Camnaté na Bissign, Deputado da Nação Conduto de Pina, Ministro da Administração Interna (Territorial...), Luís Oliveira Sanca"
MINHA NOTA: A carta está transcrita tal e qual, os pontapés na gramática idem...itálicos meus AAS
terça-feira, 5 de outubro de 2010
domingo, 3 de outubro de 2010
Guerras & Negócios
GUERRAS
- Professores efectivos - apenas das regiões - não recebem salários há dois meses; Os novos ingressos não recebem há mais tempo, pelo menos há 4 meses;
- Na Polícia Judiciária, a directora-geral está debaixo de fogo dos seus próprios agentes. Algum deles acusam Lucinda Aukharié de, num concurso, querer beneficiar os 'seus' agentes. O que está mal...;
NEGÓCIOS
- Diz-se por aí (bom, diz-se tanta coisa por aí...) que alguns membros do Executivos estão empenhados na compra de habitação no estrangeiro: Cabo-Verde, Senegal e Lisboa. Alguém fará mesmo caso?;
- Orange, a operadora de rede móvel de comunicações, acaba de lançar o serviço Blackberry (internet móvel entre outros serviços). «Um avanço considerável no serviço de internet móvel para particulares e empresas», afirmou o director-geral. AAS
- Professores efectivos - apenas das regiões - não recebem salários há dois meses; Os novos ingressos não recebem há mais tempo, pelo menos há 4 meses;
- Na Polícia Judiciária, a directora-geral está debaixo de fogo dos seus próprios agentes. Algum deles acusam Lucinda Aukharié de, num concurso, querer beneficiar os 'seus' agentes. O que está mal...;
NEGÓCIOS
- Diz-se por aí (bom, diz-se tanta coisa por aí...) que alguns membros do Executivos estão empenhados na compra de habitação no estrangeiro: Cabo-Verde, Senegal e Lisboa. Alguém fará mesmo caso?;
- Orange, a operadora de rede móvel de comunicações, acaba de lançar o serviço Blackberry (internet móvel entre outros serviços). «Um avanço considerável no serviço de internet móvel para particulares e empresas», afirmou o director-geral. AAS
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
URGENTE: À atenção do Ministro dos Negócios Estrangeiros
Hoje, polícias da emigração Russa levaram preso um estudante de nome Celestino Nhaga. De acordo com a nossa fonte, Celestino foi detido «no seu esconderijo» por falta de documentos legais.
A embaixada da Guiné-Bissau em Moscovo já sabe do sucedido. Agora, os estudantes andam a fugir à polícia russa dia e noite. Para já os estudantes finalistas aguardam luz verde do Estado da Guiné-Bissau, para o regresso a casa. AAS
A embaixada da Guiné-Bissau em Moscovo já sabe do sucedido. Agora, os estudantes andam a fugir à polícia russa dia e noite. Para já os estudantes finalistas aguardam luz verde do Estado da Guiné-Bissau, para o regresso a casa. AAS
Guiné-Conacry: 1 ano depois do massacre
Passaram 365 dias, houve 157 mortos e dezenas de desaparecidos. Fica para a estatística. AAS
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
«Sim», «não», «ora bem», «veja lá», «agora queremos», «agora não queremos», «e se forem só 10 gajos?», «atão, podem mandar dois batalhões?»...
Tem sido a cantata ultimamente. O Presidente diz que aceita a força de estabilização numa segunda-feira; o 1º Ministro diz o mesmo à terça... e os dois desmentem-se na quarta-feira. Intrigante, ainda que (me) faça rir.
Hoje, o PM Carlos Gomes Jr, depois de visitar o Presidente da UE, Durão Barroso, disse: «Sua Exª o Presidente da República aceita uma força de estabilização, e o Governo também».
Mas...e já perguntaram a quem realmente manda o que pensa? E se, em vez de uma força de estabilização, enviassem uma de RECONSTRUÇÃO de preferência com muitos milhões de euros para reconstruir tudo: estradas, escolas, passeios, jardins, infraestruturas?
Vão brincando... Um dia tudo vai modificar-se. Nós representamos a maioria (600 mil guineenses escolhem 100 deputados...), estamos revoltados e temos razão.
P.S. - Parece que o contra-almirante Bubo Na Tchuto toma posse (de qualquer coisa, vá lá) brevemente... AAS
Hoje, o PM Carlos Gomes Jr, depois de visitar o Presidente da UE, Durão Barroso, disse: «Sua Exª o Presidente da República aceita uma força de estabilização, e o Governo também».
Mas...e já perguntaram a quem realmente manda o que pensa? E se, em vez de uma força de estabilização, enviassem uma de RECONSTRUÇÃO de preferência com muitos milhões de euros para reconstruir tudo: estradas, escolas, passeios, jardins, infraestruturas?
Vão brincando... Um dia tudo vai modificar-se. Nós representamos a maioria (600 mil guineenses escolhem 100 deputados...), estamos revoltados e temos razão.
P.S. - Parece que o contra-almirante Bubo Na Tchuto toma posse (de qualquer coisa, vá lá) brevemente... AAS
De considerar
“Aly,
Escrevo-te com alguma preocupação. Faz como eu: sai desse país, pois parece que ele não te tem feito bem ultimamente. Fizeram contigo aquilo que sabemos, em 1992. E tu continuas a insistir. Conheces porventura muita gente influente, em muitos outros lugares. Desprende-te da Guiné. De há uns tempos a esta parte tens descaído um pouco na tua escrita. Ela parece melancólica demais, anima-te que nós queremos continuar a ler-te.
Não é por acaso que milhares de nós, que acedemos ao teu blog logo pela manhã, reconhecemos em ti o estatuto de genialidade: és um génio vivo e a tua visão quando escreves, mesmo quando te queixas da ‘velhice’ que a idade traz, não deve ser levianamente considerada. Acredita nisto que te digo.
E acredita também que foi com orgulho que te vi crescer até ao ponto de seres um dos ‘homens da pena’ mais considerado da Guiné-Bissau (não me chames de velha que só tenho mais 9 anos do que tu). Vai dando novas. Beijinhos, C.P.”
- Olááá. Os que não morrem encontram-se, não é mesmo? E essa metrópole? E a prole? Beijinhos, do Tóny (o mesmo que Aly)
Escrevo-te com alguma preocupação. Faz como eu: sai desse país, pois parece que ele não te tem feito bem ultimamente. Fizeram contigo aquilo que sabemos, em 1992. E tu continuas a insistir. Conheces porventura muita gente influente, em muitos outros lugares. Desprende-te da Guiné. De há uns tempos a esta parte tens descaído um pouco na tua escrita. Ela parece melancólica demais, anima-te que nós queremos continuar a ler-te.
Não é por acaso que milhares de nós, que acedemos ao teu blog logo pela manhã, reconhecemos em ti o estatuto de genialidade: és um génio vivo e a tua visão quando escreves, mesmo quando te queixas da ‘velhice’ que a idade traz, não deve ser levianamente considerada. Acredita nisto que te digo.
E acredita também que foi com orgulho que te vi crescer até ao ponto de seres um dos ‘homens da pena’ mais considerado da Guiné-Bissau (não me chames de velha que só tenho mais 9 anos do que tu). Vai dando novas. Beijinhos, C.P.”
- Olááá. Os que não morrem encontram-se, não é mesmo? E essa metrópole? E a prole? Beijinhos, do Tóny (o mesmo que Aly)
Financeiro faz duas vítimas: IBAP e Rotary
Eusébio Rabana era financeiro do IBAP - Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas. Segundo a nossa fonte no IBAP, "até ter desviado cerca de 4 milhões e seiscentos mil fcfa" dos fundos da entidade gestora das áreas protegidas nacionais.
Os chefes, satisfeitos com tal proeza...tiraram-lhe as finanças e mantiveram-no como administrativo.
Mas não foi só o IBAP, a vítima deste bem falante. No dia 3 de julho, o Rotary Internacional deu um jantar de gala para a passagem do colar de presidente, agora na posse de Nelson Medina. Foi confiado a Eusébio uma soma de 1.250.000 fcfa para pagamento do salão no Palace Hotel e outras despesas. Até hoje.
O caso já está nas mãos da Polícia Judiciária. O problema é que ninguém o consegue contactar. Nem no IBAP nem em lado nenhum. Eusébio está ainda na posse de cheques e documentos do Rotary. AAS
Os chefes, satisfeitos com tal proeza...tiraram-lhe as finanças e mantiveram-no como administrativo.
Mas não foi só o IBAP, a vítima deste bem falante. No dia 3 de julho, o Rotary Internacional deu um jantar de gala para a passagem do colar de presidente, agora na posse de Nelson Medina. Foi confiado a Eusébio uma soma de 1.250.000 fcfa para pagamento do salão no Palace Hotel e outras despesas. Até hoje.
O caso já está nas mãos da Polícia Judiciária. O problema é que ninguém o consegue contactar. Nem no IBAP nem em lado nenhum. Eusébio está ainda na posse de cheques e documentos do Rotary. AAS
sábado, 25 de setembro de 2010
Corre por cá...
Que o Senior Political Advisor da UNIOGBIS, é mais conhecido em Kap-Skirring do que em Bissau...glup! AAS
Da Rússia, com fome - à atenção do Governo do PAIGC
"Irmão Aly, você é daqueles combatentes vivos, que hoje muitos fazem por desprezar. Mas como já uma vez disseste «um grande homem não vive em vão». Pode ser que não seja bem assim, mas foi uma frase que tem o mesmo sentido que eu agora estou a tentar reelembrar.
Somos finalistas guinenses na Federação Russa desde meados de junho e há muito tempo que o Governo guinense sabe da nossa situação. Agora fomos expulsos dos nossos lares estudantis, estamos sem docomentos legais, os nossos vistos já caducaram, estamos sem dinheiro e sem um representante diplomático.
Queremos regressar a casa. Todos os países com respeito pelos seus cidadãos já enviaram os bilhetes de avião nos finais de julho. Irmão, não é fácil explicar tudo o que estamos a sofrer neste momento. É enorme e injusto.
Por favor ajude-nos... Transmita o nosso sofrimento ao povo guineense e ao mundo. Estamos a PASSAR FOME, não temos abrigo e vai começar o frio. E não temos Estado... Obrigado pela sua atenção! Ainda vou explicar-vos melhor sobre a nossa péssimaa situação. Abraco, irmão!
V.P."
Somos finalistas guinenses na Federação Russa desde meados de junho e há muito tempo que o Governo guinense sabe da nossa situação. Agora fomos expulsos dos nossos lares estudantis, estamos sem docomentos legais, os nossos vistos já caducaram, estamos sem dinheiro e sem um representante diplomático.
Queremos regressar a casa. Todos os países com respeito pelos seus cidadãos já enviaram os bilhetes de avião nos finais de julho. Irmão, não é fácil explicar tudo o que estamos a sofrer neste momento. É enorme e injusto.
Por favor ajude-nos... Transmita o nosso sofrimento ao povo guineense e ao mundo. Estamos a PASSAR FOME, não temos abrigo e vai começar o frio. E não temos Estado... Obrigado pela sua atenção! Ainda vou explicar-vos melhor sobre a nossa péssimaa situação. Abraco, irmão!
V.P."
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Carta dos Camarões
Caro Aly,
Parece que te andam a acontecer coisas estranhas... Estás cheio de sangue na guerla, como sempre?
Neste dia em que se comemora a independência (37 anos) deste teu País tão sofrido, um abraço amigo enviado de um cantinho desta nossa África grande e generosa, ainda que por tantos dos seus filhos maltratada.
Manda sempre.
R.C.
- Obrigado, amiga. Olha, antes sangue na guerla que nas mãos... Beijinhos,
Aly
Parece que te andam a acontecer coisas estranhas... Estás cheio de sangue na guerla, como sempre?
Neste dia em que se comemora a independência (37 anos) deste teu País tão sofrido, um abraço amigo enviado de um cantinho desta nossa África grande e generosa, ainda que por tantos dos seus filhos maltratada.
Manda sempre.
R.C.
- Obrigado, amiga. Olha, antes sangue na guerla que nas mãos... Beijinhos,
Aly
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Independente(mente), aos 37 anos
Vou contar-vos a história de um povo
Que tem tudo para sofrer de novo
Vou falar-vos de velhos combatentes
Sacrificados no pós independência
Vou falar do soldado tombado
Da criança que sofre calada
E do povo que já está cansado
Vou falar desta terra de corajosos e destemidos
Nossa Guiné-Bissau de muitas e más memórias
Vou falar de um povo pacato
Que chega a ser patético
E decidiu não ser feliz
Gostaria de mostrar-vos uma nova terra
Guiné-Bissau em paz
Guiné-Bissau, do meu coração
Guineense, não voltes a deixar que te cansem
Não vaciles que é chegada a hora
Dá-me a tua mão
Para juntos acabarmos com a miséria
Nossa Guiné-Bissau juntos levantarmos
Guiné-Bissau do meu coração
Vou falar dos artistas sofridos
Que pintaram 37 anos de guerras
E almejam agora o sossego
Para pintarem anos brancos de paz
Vou falar-vos do nosso craque Nichi
Dos golos da nossa selecção
Mano brincadeira tem hora
Paz e alegria deviam aqui morar
Vou falar para você que emigrou
Na esperança de uma vida melhor
Olha que o nosso povo te espera
Ai o nosso povo te espera
Vou falar do branco que nos extorquiu e exauriu
No gingar da negra guineene
Que para a Europa não quis bazar
Com o marido da outra preferiu ficar
Vou falar do meu povo de novo
Sem esquecer o mister Norton de Matos
Vou falar-vos dos djurtus
Os donos do meu coração
Queria mostrar-vos uma nova terra
Guiné-Bissau sem guerra
Guiné-Bissau, do meu coração
Guineense não te deixes manipular
Não vaciles porque chegou a hora
Dá-me a tua mão para juntos
Nossa Guiné-Bissau levantarmos
Guiné-Bissau, do meu coração
AAS (adaptação feita muito ao meu estilo da letra do músico Matias Damásio)
Que os próximos 24's de setembro sirvam para uma prosa menos dolorosa. AAS
Que tem tudo para sofrer de novo
Vou falar-vos de velhos combatentes
Sacrificados no pós independência
Vou falar do soldado tombado
Da criança que sofre calada
E do povo que já está cansado
Vou falar desta terra de corajosos e destemidos
Nossa Guiné-Bissau de muitas e más memórias
Vou falar de um povo pacato
Que chega a ser patético
E decidiu não ser feliz
Gostaria de mostrar-vos uma nova terra
Guiné-Bissau em paz
Guiné-Bissau, do meu coração
Guineense, não voltes a deixar que te cansem
Não vaciles que é chegada a hora
Dá-me a tua mão
Para juntos acabarmos com a miséria
Nossa Guiné-Bissau juntos levantarmos
Guiné-Bissau do meu coração
Vou falar dos artistas sofridos
Que pintaram 37 anos de guerras
E almejam agora o sossego
Para pintarem anos brancos de paz
Vou falar-vos do nosso craque Nichi
Dos golos da nossa selecção
Mano brincadeira tem hora
Paz e alegria deviam aqui morar
Vou falar para você que emigrou
Na esperança de uma vida melhor
Olha que o nosso povo te espera
Ai o nosso povo te espera
Vou falar do branco que nos extorquiu e exauriu
No gingar da negra guineene
Que para a Europa não quis bazar
Com o marido da outra preferiu ficar
Vou falar do meu povo de novo
Sem esquecer o mister Norton de Matos
Vou falar-vos dos djurtus
Os donos do meu coração
Queria mostrar-vos uma nova terra
Guiné-Bissau sem guerra
Guiné-Bissau, do meu coração
Guineense não te deixes manipular
Não vaciles porque chegou a hora
Dá-me a tua mão para juntos
Nossa Guiné-Bissau levantarmos
Guiné-Bissau, do meu coração
AAS (adaptação feita muito ao meu estilo da letra do músico Matias Damásio)
Que os próximos 24's de setembro sirvam para uma prosa menos dolorosa. AAS
Assaltos na noite de Bissau
Ninguém escapa à onda de miséria que foi imposta aos guineenses. Que normalmente paga são os expatriados. Que o diga a mulher do homem da segurança da Embaixada de França. Foi assaltada depois de sair de um bar.
A propósito: algo de muito estranho aconteceu à cidadã portuguesa que foi vítima de assalto e acabou esfaqueda no último fim-de-semana: a mala com os documentos e outros papéis apareceram de manhã, no capot do seu carro...à porta de sua casa! AAS
A propósito: algo de muito estranho aconteceu à cidadã portuguesa que foi vítima de assalto e acabou esfaqueda no último fim-de-semana: a mala com os documentos e outros papéis apareceram de manhã, no capot do seu carro...à porta de sua casa! AAS
Mons na pidi simola...
Há cerca de um mês, o PM tinha agendado uma viagem à África do Sul. Não foi. E a Presidência do Conselho de Ministro emitiu um comunicado patético dizendo que Cadogo "não foi porque o Presidente da República e o da ANP estavam ausentes".
Bom, acontece que comemoramos amanhã 37anos de independência e... não estão no País nem o PR, nem o PM nem o Presidente da ANP".
Será que a Presidência do Conselho de Ministros vai emitir um comunicado (patético ou não) para nos elucidar???
37 anos. E comemorámo-los sem as presenças do avô, do pai e do neto... AAS
Bom, acontece que comemoramos amanhã 37anos de independência e... não estão no País nem o PR, nem o PM nem o Presidente da ANP".
Será que a Presidência do Conselho de Ministros vai emitir um comunicado (patético ou não) para nos elucidar???
37 anos. E comemorámo-los sem as presenças do avô, do pai e do neto... AAS
Aviso à navegação
A partir de hoje, andarei armado com uma pistola de 8 tiros. Acompanhar-me-à dia e noite e irá comigo para a cama. Agora, ou vai... ou vai tudo abaixo!!! António Aly Silva
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Cidadã portuguesa resistiu a assalto e foi suturada com 10 pontos numa perna
S., uma cidadã portuguesa, e funcionária das Nações Unidas foi no último fim-de-semana vítima de tentativa de assalto. S ofereceu resistência.
Resultado: foi suturado com dez pontos - feitos por uma arma branca - no hospital Simão Mendes.
Moral da história: Nunca, mas nunca, resista a um assalto. Podia ter sido pior. O assalto deu-se quando S. abandonou um estabelecimento de diversão nocturna. AAS
Resultado: foi suturado com dez pontos - feitos por uma arma branca - no hospital Simão Mendes.
Moral da história: Nunca, mas nunca, resista a um assalto. Podia ter sido pior. O assalto deu-se quando S. abandonou um estabelecimento de diversão nocturna. AAS
A luta é a minha primavera
Nada, nem ninguém pára o ditadura do consenso. O que se passou na minha residência, às 03.25 da manhã do dia 21 de setembro, fica, por enquanto, nos entretantos...
Quem criou e gere o blog é que decide quando tem de parar. Ou acabar. O que é mesmo a vida sem a morte? Nada. Vive-se para morrer. Pode parecer cruel, mas isto é um ciclo natural a que ninguém pode escapar.
Posto isto...the show must go on.
- Por cá, de novo...o mesmo! O Programa das Nações Unidas para o Desenrascanço, o PNUD.
A sede da Polícia Judiciária, entregue há pouco mais de um ano, é o símbolo vivo - e está à vista de todos - de como anda tudo a brincar com o nosso País.
No interior do edifício, as paredes estão quase todas esburacadas (mais areia que cimento), no anexo, o PNUD fez uns gabinetezinhos. O problema é que entra água a potes...resultado: ninguém pode lá trabalhar;
- Foi-me apresentado o ministro da Administração Interna de Cabo-Verde, que visitou recentemente Bissau. Estendi-lhe a mão para o bacalhau e disse "muito gosto em conhecê-lo. António Aly Silva".
O ministro, simpático, soltou um "ah, do ditadura do consenso? Diga-me uma coisa, como é que consegue todas essas notícias?". Fica entre nós - entre mim e o ministro - a minha resposta;
- É O PATRÃO Um dos big boss da empresa Bauxite Angola, enamorou-se em Bissau por um Porsche Cayenne preto. Fez uma oferta pelo bólide. Pagou com dinheiro vivo (dólares) e, depois... Bom, depois mandou simplesmente vir um avião cargueiro para levar o Porsche para Luanda...
P,S.- Voltando ao início: vou assumir todas as consequências mas o blog não pára! O tanas!
Quem criou e gere o blog é que decide quando tem de parar. Ou acabar. O que é mesmo a vida sem a morte? Nada. Vive-se para morrer. Pode parecer cruel, mas isto é um ciclo natural a que ninguém pode escapar.
Posto isto...the show must go on.
- Por cá, de novo...o mesmo! O Programa das Nações Unidas para o Desenrascanço, o PNUD.
A sede da Polícia Judiciária, entregue há pouco mais de um ano, é o símbolo vivo - e está à vista de todos - de como anda tudo a brincar com o nosso País.
No interior do edifício, as paredes estão quase todas esburacadas (mais areia que cimento), no anexo, o PNUD fez uns gabinetezinhos. O problema é que entra água a potes...resultado: ninguém pode lá trabalhar;
- Foi-me apresentado o ministro da Administração Interna de Cabo-Verde, que visitou recentemente Bissau. Estendi-lhe a mão para o bacalhau e disse "muito gosto em conhecê-lo. António Aly Silva".
O ministro, simpático, soltou um "ah, do ditadura do consenso? Diga-me uma coisa, como é que consegue todas essas notícias?". Fica entre nós - entre mim e o ministro - a minha resposta;
- É O PATRÃO Um dos big boss da empresa Bauxite Angola, enamorou-se em Bissau por um Porsche Cayenne preto. Fez uma oferta pelo bólide. Pagou com dinheiro vivo (dólares) e, depois... Bom, depois mandou simplesmente vir um avião cargueiro para levar o Porsche para Luanda...
P,S.- Voltando ao início: vou assumir todas as consequências mas o blog não pára! O tanas!
terça-feira, 21 de setembro de 2010
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Ora aí está!
- Comissão permanente da ANP reuniu-se hoje, decidiu e está decidido: Não haverá uma "força de estabilização", mas uma "missão técnica". É o chamado 'milagre da Nossa Senhora de Angola', presumo;
- Presidente da República concede condecoração a Takashi Saito, embaixador do Japão para a Guiné-Bissau: Medalha da Ordem Nacional de Mérito e Cooperação. Uma justa homenagem a um País que nos tem ajudado bastante e que, este ano decidiu retomar a cooperação bi-lateral com a Guiné-Bissau. O Reino do Japão, por exemplo, tem ajudado o Programa Alimentar Mundial no País, com o financiamento das cantinas escolares e que abrange cerca de 100.000 crianças. Arigato! AAS
- Presidente da República concede condecoração a Takashi Saito, embaixador do Japão para a Guiné-Bissau: Medalha da Ordem Nacional de Mérito e Cooperação. Uma justa homenagem a um País que nos tem ajudado bastante e que, este ano decidiu retomar a cooperação bi-lateral com a Guiné-Bissau. O Reino do Japão, por exemplo, tem ajudado o Programa Alimentar Mundial no País, com o financiamento das cantinas escolares e que abrange cerca de 100.000 crianças. Arigato! AAS
A normalidade possível no País impossível
É tempo de reconhecer o mérito, de atribuir os louros e agradecer a governos atrás de governos que se empenharam e fizeram de tudo - o possível e o impossível - para não habituar mal os guineenses.
A portugueses e guineenes, que mantiveram a Guiné (primeiro, Portuguesa e actualmente Bissau) em crise desde há mais de 500 anos.
Graças a vocês, somos hoje o povo da África e do mundo que estás mais em forma e preparado para conviver com dificuldades de toda a ordem. Muito reconhecido. Mesmo. Mil obrigados. AAS
P.S. - O Governo diz agora que a solução é fulminar a EAGB e criar outra empresa, que passará a ter capitais privados. Depois, enumeraram um sem número de coisas a fazer no imediato. O programa é ambicioso, não haja dúvidas. Os problemas virão depois.
Eu acho que a EAGB devia era fornecer corrente eléctrica através de... Bluetooth! AAS
A portugueses e guineenes, que mantiveram a Guiné (primeiro, Portuguesa e actualmente Bissau) em crise desde há mais de 500 anos.
Graças a vocês, somos hoje o povo da África e do mundo que estás mais em forma e preparado para conviver com dificuldades de toda a ordem. Muito reconhecido. Mesmo. Mil obrigados. AAS
P.S. - O Governo diz agora que a solução é fulminar a EAGB e criar outra empresa, que passará a ter capitais privados. Depois, enumeraram um sem número de coisas a fazer no imediato. O programa é ambicioso, não haja dúvidas. Os problemas virão depois.
Eu acho que a EAGB devia era fornecer corrente eléctrica através de... Bluetooth! AAS
Imobiliária Guinétel/Guiné Telecom, S.A.
Agora, quando ligar para a Guinétel/Guiné Telecom ouve uma voz suave dizer:
Para blocos 10, prima a tecla 1,
Para blocos 15, prima a tecla 2,
Para blocos 20, prima a tecla 3.
Para ferros 6, 8 e 12 prima a tecla 4,
Para cimento e cimento cola, prima a tecla 5,
Para areia de Quinhamel, prima 6 e para a de Antula, a tecla 7,
Se, ainda assim, não tiver tempo para esperar consulte-nos no edifício sede, gabinete de empreitadas, ou ainda na CNE - Comissão Nacional de Empreitadas, perdão, de Eleições... AAS
Para blocos 10, prima a tecla 1,
Para blocos 15, prima a tecla 2,
Para blocos 20, prima a tecla 3.
Para ferros 6, 8 e 12 prima a tecla 4,
Para cimento e cimento cola, prima a tecla 5,
Para areia de Quinhamel, prima 6 e para a de Antula, a tecla 7,
Se, ainda assim, não tiver tempo para esperar consulte-nos no edifício sede, gabinete de empreitadas, ou ainda na CNE - Comissão Nacional de Empreitadas, perdão, de Eleições... AAS
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Deputado atinge a tiro jovem de 24 anos
Ontem, por volta das 20.30h o deputado do PRS Marcelino Na Biutcha viu-se envolvido num desacato com um taxista, e que envolveu murros. O taxista fugiu quando viu o deputado regressar do seu carro com uma pistola.
Marcelino disparou dois tiros, sendo que um atingiu uma jovem que completa hoje 24 anos de idade.
Segundo a mãe da jovem, o deputado aparentava estar alcoolizado. E responsabilizou-ou por tudo o que doravante acontecer à sua filha, que neste momento encontra-se internada no HN Simão Mendes. Os médicos ainda não sabem se o projéctil atingiu o osso da perna. AAS
Marcelino disparou dois tiros, sendo que um atingiu uma jovem que completa hoje 24 anos de idade.
Segundo a mãe da jovem, o deputado aparentava estar alcoolizado. E responsabilizou-ou por tudo o que doravante acontecer à sua filha, que neste momento encontra-se internada no HN Simão Mendes. Os médicos ainda não sabem se o projéctil atingiu o osso da perna. AAS
Angola, o seu dinheiro, e a miséria do povo angolano é que vão 'alimentar' a Guiné-Bissau. Óptimo!
Angola tem ouro, tem diamante, tem petróleo, tem água. Angola, contudo, é dos países no mundo com o mais baixo índice de desenvolvimento humano.
E é esta mesma Angoka que, de peito feito, tende a tornar-se na China de África.
Hoje, Angola conquista o seu terreno por terras africanas (e europeias) à força do dinheiro. Dinheiro sonegado a milhões de angolanos, pois parece que em Angola tudo o que toca a grandes negociatas pertence ao Estado. E são feitas pelos generais afectos ao PR Eduardo dos Santos.
O dinheiro que Angola vai investir na Guiné-Bissau - centenas de milhões de euros para o porto de Buba e outros tantos para a exploração da Bauxite, são bons para a economia guineense, não haja dúvidas. Mas são maus para o ambiente (a área do futuro porto de águas profundas, em Buba está praticamente dentro de um Parque Nacional, onde, à custa da procura da 'cabeça' do porto, dezenas de hectares de floresta com muita vida animal foram simplesmente arrasadas).
Mas esse mesmo dinheiro faz falta a Angola - um país com uma das maiores taxas de mortalidade infantil do mundo (cerca de 100 óbitos por mil crianças nascidas vivas); um país com uma das mais altas taxas de mortalidade maternal do mundo (cerca de 1500 óbitos por 100 mil nascimentos); Angola é dos países que mais gasta com a Defesa - cerca de 6 por cento do PIB, ocupando, ingloria e tristemente, a 16ª posição mundial.
E é assim. É esta Angola, cheia de dificuldades - ainda assim, Angola deve receber mais ajuda do que qualquer país africano - que decide empatar, em investimentos megalómanos num país que agora quer ajudar a reformar, cerca de 1 bilião de dólares.
Sem desprimor para a prestimosa 'ajuda' que alguém vai ter de pagar, uma pergunta apenas: será que esse dinheiro não faz falta a milhões de angolanos desnutridos e miseravéis?
O dinheiro de Angola vem de onde? De Angola, ou de países onde a elite angolana tem garantido grande lucro? Estará alguém a branquear alguma coisa? Notas de banco, por exemplo? AAS
E é esta mesma Angoka que, de peito feito, tende a tornar-se na China de África.
Hoje, Angola conquista o seu terreno por terras africanas (e europeias) à força do dinheiro. Dinheiro sonegado a milhões de angolanos, pois parece que em Angola tudo o que toca a grandes negociatas pertence ao Estado. E são feitas pelos generais afectos ao PR Eduardo dos Santos.
O dinheiro que Angola vai investir na Guiné-Bissau - centenas de milhões de euros para o porto de Buba e outros tantos para a exploração da Bauxite, são bons para a economia guineense, não haja dúvidas. Mas são maus para o ambiente (a área do futuro porto de águas profundas, em Buba está praticamente dentro de um Parque Nacional, onde, à custa da procura da 'cabeça' do porto, dezenas de hectares de floresta com muita vida animal foram simplesmente arrasadas).
Mas esse mesmo dinheiro faz falta a Angola - um país com uma das maiores taxas de mortalidade infantil do mundo (cerca de 100 óbitos por mil crianças nascidas vivas); um país com uma das mais altas taxas de mortalidade maternal do mundo (cerca de 1500 óbitos por 100 mil nascimentos); Angola é dos países que mais gasta com a Defesa - cerca de 6 por cento do PIB, ocupando, ingloria e tristemente, a 16ª posição mundial.
E é assim. É esta Angola, cheia de dificuldades - ainda assim, Angola deve receber mais ajuda do que qualquer país africano - que decide empatar, em investimentos megalómanos num país que agora quer ajudar a reformar, cerca de 1 bilião de dólares.
Sem desprimor para a prestimosa 'ajuda' que alguém vai ter de pagar, uma pergunta apenas: será que esse dinheiro não faz falta a milhões de angolanos desnutridos e miseravéis?
O dinheiro de Angola vem de onde? De Angola, ou de países onde a elite angolana tem garantido grande lucro? Estará alguém a branquear alguma coisa? Notas de banco, por exemplo? AAS
TAP Air Problem
- A transportadora aérea portuguesa, de novo. A TAP, já se sabia, trata os seus clientes (passageiros) que voam na sua rota Lisboa/Bissau e vice-versa como se fossem porcos no espaço.
O que se desconhecia é que a TAP abriu uma vaga para o seu escritório de Bissau, e fez as audições em Dakar...e quem lá quis ir - e foram 4, tiveram que pagar o bilhete de avião... do seu bolso!!! O concurso foi na 2ª feira, começou às 20h e terminou às 24h.
- Outra coisa que se desconhecia: quanto pede a TAP aos proprietários de agência de viagem? Depende. Por exemplo, à agência Sagres a TAP pediu uma caução de 5.000 euros. Mas a outros...pediu 35 milhões de Fcfa (cerca de 50 mil euros)!!! E a outros ainda - como é o caso da agência de viagens que fica na rua de Angola - NÃO pediu nada! E porquê mesmo? Talvez porque os donos são da... Aeronáutica Civil...glup.
- Outro desconhecimento. Agora, quando vem a Bissau o super-delegado da companhia em Dakar, o são tomense Eugênio Pereira, fica num hotel, mandando as instalações às urtigas. "Tenho medo" - diz. Ui...
E você, conhecia isto? Eugênio Pereira foi chamado à Polícia Judiciária. O ofício da PJ Nr 136/ICD/2010 de 14/07/2010, assinado pelo sub-inspector Braima Dembó, pedia ao delegado da TAP que comparecesse nas instalações desta polícia no dia 20/07/2010. Eugênio Pereira entretanto preferiu a segurança de Dakar. Viajou um dia antes. E até hoje, nada.
- Estou em crer que desconheciam este pormenor: parece que começa a haver fissuras na comissão organizadora da conferência sobre a reconciliação. Elementos ligados ao Governo não se entendem com os da Presidência. O Presidente desta comissão - Serifo Nhamadjo, vice da ANP, foi uma escolha feliz. Mas parece que o não querem deixar trabalhar.
Quando há sinais de dinheiro - lá está o PNUD de novo para financiar aberturas de grandes buracos - começam as guerrinhas. É o que dá quando não se fazem as melhores escolhas logo, logo no início...
- Dizem-me que há mais casas em construção e que algumas pertencem a gente que ocupa grandes cargos no aparelho de Estado. Assim, eu vou tentar saber mais. Ou seja, tudo...depois, espero que o Ministério Público actue. É gente do mar que se avia em terra; é gente de terra com medo de se fazer ao mar. AAS
O que se desconhecia é que a TAP abriu uma vaga para o seu escritório de Bissau, e fez as audições em Dakar...e quem lá quis ir - e foram 4, tiveram que pagar o bilhete de avião... do seu bolso!!! O concurso foi na 2ª feira, começou às 20h e terminou às 24h.
- Outra coisa que se desconhecia: quanto pede a TAP aos proprietários de agência de viagem? Depende. Por exemplo, à agência Sagres a TAP pediu uma caução de 5.000 euros. Mas a outros...pediu 35 milhões de Fcfa (cerca de 50 mil euros)!!! E a outros ainda - como é o caso da agência de viagens que fica na rua de Angola - NÃO pediu nada! E porquê mesmo? Talvez porque os donos são da... Aeronáutica Civil...glup.
- Outro desconhecimento. Agora, quando vem a Bissau o super-delegado da companhia em Dakar, o são tomense Eugênio Pereira, fica num hotel, mandando as instalações às urtigas. "Tenho medo" - diz. Ui...
E você, conhecia isto? Eugênio Pereira foi chamado à Polícia Judiciária. O ofício da PJ Nr 136/ICD/2010 de 14/07/2010, assinado pelo sub-inspector Braima Dembó, pedia ao delegado da TAP que comparecesse nas instalações desta polícia no dia 20/07/2010. Eugênio Pereira entretanto preferiu a segurança de Dakar. Viajou um dia antes. E até hoje, nada.
- Estou em crer que desconheciam este pormenor: parece que começa a haver fissuras na comissão organizadora da conferência sobre a reconciliação. Elementos ligados ao Governo não se entendem com os da Presidência. O Presidente desta comissão - Serifo Nhamadjo, vice da ANP, foi uma escolha feliz. Mas parece que o não querem deixar trabalhar.
Quando há sinais de dinheiro - lá está o PNUD de novo para financiar aberturas de grandes buracos - começam as guerrinhas. É o que dá quando não se fazem as melhores escolhas logo, logo no início...
- Dizem-me que há mais casas em construção e que algumas pertencem a gente que ocupa grandes cargos no aparelho de Estado. Assim, eu vou tentar saber mais. Ou seja, tudo...depois, espero que o Ministério Público actue. É gente do mar que se avia em terra; é gente de terra com medo de se fazer ao mar. AAS
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Milocas Pereira: Zamora Induta foi criação da cooperação portuguesa
Acabou por ser uma conversa fácil. Milocas é jornalista, sabe transmitir a mensagem que lhe interessa e, pelo que se infere desta conversa, a mensagem é para ajudar a compreender e resolver a situação na Guiné.
No momento desta nossa conversa, estão em Angola o Primeiro Ministro e o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas da Guiné Bissau, quase que se pode dizer que estão aqui os homens que têm o poder na Guiné … ou será que o Presidente, apesar do seu papel constitucional, tem também poderes para segurar a Guiné?
O Indjai, o chefe militar, não terá, seguramente saído sem cuidar de deixar a retaguarda segura. Ficaram lá o Bubo na Tchuto e outros elementos que lhe são afectos, esses garantem a sua retaguarda. Mas continuo a crer que, apesar da sua “eleição vitoriosa”, o Presidente Maln Bacai Sanha continua sem poderes. Basta vermos a ginástica que tem de fazer para se afirmar como primeiro magistrado da Nação. Ora diz uma coisa, ora diz outra. Ora tem que consultar …
Para Bubo Na Tchuto e outros segurarem as Forças Armadas com Indjai fora, isso significa que existe já um comando, uma disciplina e obediência militar a António Indjai?
Sem dúvida nenhuma... Acabaram-se as cisões nas forças armadas?
Não. Não percamos de vista que as forças armadas guineenses continuam a ter um predomínio balanta. Logo a seguir aos balantas estão os Biafadas, a etnia do general António Indjai e o próprio Presidente Malan Bacai Sanhá. A etnia biafada é composta por balantas islamisados.O general indjai não só pode contar com o apoio dos balantas, muitos agrupados no PRS, tal como pode contar com Malan Bacai Sanhá. Com essa maioria ele esta à vontade para circular, deixando os seus a segurar as forças armadas.
Tendo resgatado Bubo Na Tchuto quando este deveria prestar contas à justiça, isso significa que Indajai tem-no como um homem grato ou foi Bubo a telecomandar Indjai? Tendo os dois os mesmos interesses e estando equiparados até no plano cultural, acredito que existem razões para se apoiarem mutuamente. Mas não haja dúvidas, neste momento a liderança é de António Indjai.
Apesar de não acreditar que eles estejam cem por cento em sintonia, neste momento apoiam-se contra o inimigo real que pode ser o governo ou uma eventual reforma nas forças armadas, já que isso representaria o fim da manipulação que têm estado a orquestrar …
Zamora Induta era o último problema para as chefias militares que querem manter as coisas tal como estão?
Zamora Induta nunca foi um problema. Zamora Induta foi uma criação da cooperação portuguesa.Trata-se de uma figura jovem. E sabemos que em África a idade conta.Induta foi tido como um atrevido que quis aventurar-se em terrenos dos mais velhos. Daí, como mandam as regras étnicas africanas, ele levou um correctivo que, acredito, dificilmente se inverterá nos próximos tempos. Ao afrontar os mais velhos, ele é visto como um traidor na etnia balanta e entre os biafada.
Isso significa que a sua libertação pode não estar para breve?
Ele pode ser liberto, mas isso não lhe abrirá portas para a direcção das forças armadas.
Existem sinais de que ele esteja ainda vivo?
Acredito que sim, mas não creio que esteja no local que tem sido indicado oficialmente. Mansoa, o quartel onde se diz que ele está, dista 60 quilómetros de Bissau, mas não creio que lá esteja. Ele não está sob custódia judicial, está sob custódia do senhor Indjai. Pela estratégia de Indjai, ele não teria um refém às portas de Bissau.
… Estará Zamora como um escudo … ou seja, qualquer acção pode representar a sua morte?
Não acredito que Zamora Induta tenha alguma retaguarda.Conheço-o porque estive, na guerra, no lado dominado pelo Ansumane Mané … ossos do ofício, não tomei qualquer partido … mas convivi com Zamora Induta. Aliás, já tinha convivido com ele antes da guerra, ele foi ao meu jornal propor colaboração para o lançamento do seu livro. Mas acho que Induta foi ingénuo, deveria crescer mais na perspectiva militar e não na político-militar, como lhe foi imposto para salvaguardar interesses inconfessos de alguma “clique” política que pretendeu servir. Em nome e a troco de quê? Não me pergunte porque não sei. Ele avançou para uma parceria política que não lhe favoreceu, precisava de mais tempo para se afirmar nas forças armadas. Antes dele há muitos oficiais de Nino Vieira, por exemplo, com muito mais formação e com muitos mais anos de carreira, mais velhos. Pessoas com provas dadas e com muito protagonismo ainda. Alguns estão refugiados no Senegal, outros estão em Bissau, metidos nas suas vidas, à margem das forças armadas … são oficiais formados nos Estados Unidos, em França, na Rússia e em Cuba, com muito peso.
Zamora foi uma criação da cooperação portuguesa que lhe terá incutido a ideia de ser um líder que apoiasse o PAIGC e ele acedeu, com algum apoio político de Carlos Gomes Júnior, o Primeiro Ministro … olhe, deu no que deu.
Sanhá não tem poder “Continuo a achar que Bacai Sanhá não tem poder algum. Não tem peso político”
Então temos um Presidente fragilizado, na Guiné Bissau …
Inexistente! Com os acontecimentos de 1 de Abril, em que Indjai destituiu Zamora e reteve o Primeiro Ministro, Sanhá não se manisfestou porque apoia Indjai, por não ter poder, ou porque não queria Zamora Induta, tinha os olhos do mundo postos na Guiné… Continuo a achar que Bacai Sanhá não tem poder algum. Não tem peso político. E peço desculpas se estiver a induzir em erro os leitores, mas já o tinha dito nas vésperas da eleições presidenciais, que seria um grande erro se Malan Bacai Sanhá fosse colocado na presidência da Guiné. Ele não ganhou como se ganha democraticamente …
Mas teve o apoio de Carlos Gomes Júnior que lidera o PAIGC
Sim, mas não sei se esse apoio seria suficiente para ganhar. Sei que ele esteve ausente do país por alguns anos, em Dakar, no Senegal, onde há embaixadas árabes e de países muçulmanos. Há fontes que dizem que ele tinha contactos com a Líbia, com a Arábia Saudita e outros … foi daí que começaram os apoios à sua candidatura. Num país com as instituições do Estado fragilizadas o que conta é o dinheiro que vem de fora. Hoje, muito dificilmente se ganham eleições de forma democrática, como diz o Ocidente, ganham-se eleições também com base no interesse do capital… se me disser que a Guiné não tem grande interesse para o grande capital, também se pode dizer que poderá ter, eventualmente, uma localização estratégica que interesse aos países árabes. Também é sabido como Kadafi é profícuo em manipulações que envolvam dinheiro. Foi investido capital em Malan Bacai Sanhá…
Mas Kumba Yalá também se islamisou…
Sim, islamisou-se. Não sei a troco de quê. Será que ele se converteu como os fiéis muçulmanos, ou se tratou de uma conversão estratégica para obter louros políticos? Não sei. O certo é que Kumba Yalá, para mim, como jornalista e não como política, que não sou, continua a ter grande protagonismo político, ainda que no silêncio.
E isso por ser balanta, por ser o líder do PRS, ou porque tem, de facto, influência na sociedade guineense?
Continua com muito protagonismo junto das forças armadas. Se se pretende uma reforma calma e tranquila …
Mas foram as forças armadas que o tiraram da presidência
Sim, porque há interesses dentro das forças armadas. Mas se se pretende uma reforma que não leve o país a um novo conflito, há que se contar com Kumba Yalá. Há que ter em conta o seu papel enquanto líder carismático da etnia balanta. Não só pelas forças armadas, mas também porque em África se gosta das pessoas destemidas e que se exibem com algum teatralismo … e Kumba Yalá é um profissional nato nesta área. Ele tem protagonismo e já soube usa-lo no momento certo, quando fez frente ao PAIGC de Nino Vieira, quando se deram os fuzilamentos do fim da década de oitenta. Desde aí não parou. Tem uma boa parte dos balantas e uma boa parte dos militares.
por outro lado, continua a ser um político escutado. Atenção que não se reformará as forças armadas sem se reformar a classe política. Ainda agora ouvia um debate na Rádio Nacional de Angola em que se falava da conivência perversa entre os militares e os políticos guineenses, isso existe. É essa ligação que emperra a Guiné. Os militares sabem que os políticos têm culpas no cartório e os políticos sabem que os miliatres não têm grande formação … vimos agora um chefe do estado maior que não sabe falar a língua veicular do seu país … não se trata de um complexo, mas acho que uma figura do Estado tem de dominar a língua materna e a língua de relacionamento com países...
Mas há casos de pessoas que, na luta anti-colonial, saíram das aldeias e foram estudar e formar-se em Cuba ou na União Soviética, não estudaram no sistema português, nem tinham como.
Mas está a falar-me dos anos 70. Eu acredito que uma pessoa que tenha a ambição de ser líder das forças armadas tem de estudar um bocado.Sei que o Indjai está na Guiné há muitos anos, desde a independência.Acredito que um bocadinho de esforço e ele já estaria a falar o português que fala o Malan Bacai que também teve o mesmo processo. É uma questão de interesse e de aplicação.Mas creio que a ele não interessa ter mais formação, interessa-lhe é ter o comando para chamar a si…
E é pelo dinheiro ou pelo poder… acha que Indjai tem ambições políticas?
Acredito que sim. Para a salvaguarda de padrões que ele acha que tem de defender. São padrões étnicos… e também para a salvaguarda da sua própria sobrevivência, em primeira mão. Porque se se avançar com uma verdadeira reforma das forças armadas o Indjai não existe.
Terá de ir tratar da vida dele e não acredito que com a reforma ele ficaria anulado em termos de poder ou a sua própria vida ficaria em risco?
Ele torna-se um cidadão comum e não acredito que esteja interessado nisso. Porque, numa entrevista, ele disse que os combatentes pela liberdade da Pátria são relegados para o segundo plano, ou seja, carecem de tudo, estão na miséria. Acredito que sim. Mas violência e apoderar-se das estruturas do Estado, de forma ilegal, lhe darão afirmação como combatente da liberdade da Pátria? Não haverá outros combatentes da liberdade da Pátria que poderiam fazer o mesmo que ele mas que o não fazem por uma questão de dignidade e de princípios? Antes de tudo, o que pesa na consciência do senhor Indjai é o seu próprio passado, de violência. E continua a apostar na violência para os seus fins. Mas ele sabe que sem o apoio internacional pode acontecer o que se deu quando aprisionou o “Cadogo” (Carlos Gomes Júnior – Primeiro Ministro).
O povo está farto de violência. Há dias estive na TV Zimbo que é muito vista na Guiné e tive muitas reacções ao telefone. O povo está cansado. A reforma nas forças armadas apenas não chega, é preciso também uma nova classe política na Guiné. Há muita gente fora do país. Muita gente que teve de sair para continuar a existir.
Uma reforma bem sucedida passa apenas por pagar bem a pensão?
Não. Isso é importante mas não é o essencial. A Guiné tem boas características para a agricultura, tem riqueza pesqueira … só que a mentalidade é que reza que todo aquele que participou na luta de libertação nacional, e eu creio que devem ter tratamento condigno, mas que neste momento isso, na Guiné, não é possível, vão optar pela criminalidade como forma de sequestrar toda a Nação só porque acham que os seus direitos não são assistidos. Por isso que há alguma má fé na actuação do senhor Indjai. Porque, como diz o adágio, em terra de cegos quem tem um olho é rei, só que ele tem é arma, é com isso que joga a sua influência. E independentemente de ter ou não formação, parece que ele está a tentar posicionar-se para chegar à liderança política do país.
Não se tratará antes uma questão de sobrevivência? Se perder o poder militar, não sendo político, ficaria à mercê de uma eventual “revanche”, tal como tem sucedido ciclicamente na Guiné, ou mesmo uma perseguição judicial...
Em vez de se olhar para uma solução para a saída airosa do senhor António Indjai, o melhor é procurar uma boa solução para a tranquilidade da Guiné Bissau. Tem-se dado muita importância e tempo com figuras que não representam nada mais que a violência.
Retomando a primeira pergunta desta nossa conversa, o facto de António Indaji e Carlos Gomes Júnior estarem em simultâneo em Luanda não significará a necessidade das autoridades angolanas ouvirem uma troca de garantias entre os dois homens?
Pode ser, mas não sei que tipo de garantias é que um pode dar ao outro. Se calhar é para dizer se não me atacares eu não te ataco. Mas isso leva a Guiné Bissau a quê? O grande problema é que se perde tempo a dar importância a gente que está a violentar o país. Uma ou duas pessoas. O povo é que merece a paz, há trinta anos.
Mas não são apenas duas pessoas, como já se viu. Tivemos o Presidente Nino Vieira, O general Ansumane Mané, o general Veríssimo, o general Tagma … parece que há sempre mais alguém na fila. Neste momento são o Injai e o Bubo Na Tchuto. Os únicos com a força da violência que eles utilizam.
Reforma das FA e o Narcotráfico “Uma reforma das forças armadas irá estancar uma boa parte da acção do narcotráfico”
A reforma das forças armadas corre o risco de encalhar nos interesses do narcotráfico?
Não sei. Mas, em qualquer país do mundo, quanto mais desorganização, mais favorável o terreno para o narcotráfico. Uma reforma das forças armadas irá estancar uma boa parte da acção do narcotráfico. Os Estados Unidos, uma grande potência, lançaram um alerta internacional para as práticas do general António Indjai. Não sei em que é que se fundamentam, mas uma declaração destas precisa de ter um bom fundamento. De qualquer forma o senhor Indjai continua a circular e a tentar negociar como se fosse a pessoa mais íntegra do mundo. É complicado pretender tirar ilações disso.
“Os líderes carismáticos do PAIGC deixaram de existir há muito tempo”
Tudo na Guiné passa pelo PAIGC, em boa medida. Há um, vários, ou já não há PAIGC?
Eu continuo a dizer que se o PAIGC não deixou de existir com o golpe de Nino Vieira, nos anos oitenta, deixou de existir logo a seguir ao multipartidarismo, a sua entrada em vigor nos anos noventa. Digo. De lá para cá usa-se a sigla do PAIGC para atingir-se fins políticos. Os líderes carismáticos do PAIGC deixaram de existir há muito tempo. o povo deixou de dar crédito ao PAIGC. O que é um partido sem uma ideologia e sem um programa? Que ideologia e que programa tem o actual PAIGC?
Estamos a permitir o nosso suicídio enquanto entidades culturais
Pode-se dizer que tudo isso é herança de um erro de Amílcar Cabral por ter tentado unificar Cabo Verde e a Guiné Bissau, o que acabou por correr mal, com a sua morte, com a separação dos dois países e a eclosão das tensões étnico-políticas?
As coisas começaram com o assassinato de Amílcar Cabral. Mais tarde veio o golpe de Nino Vieira e, mais tarde, o golpe de Ansumane e agora o que se tem assistido. Enquanto guineense que sempre acompanhou de perto as coisas do país (sou filha de um combatente pela liberdade da Pátria), conheço bem o PAIGC. A minha pena é que nós, em África, continuamos colados ao modelo político ocidental, continuamos escravos do Ocidente, apesar das independências, e não conseguimos olhar para alguém sem que essa pessoa faça parte da nossa raça política. Isso tem custado muitas vidas a África, vidas valiosas, por uma política cuja natureza não conhecemos. Adoptamos uma cultura política ocidental, dos seus grandes pensadores. Será que a África não tem outra saída que não a dos partidos políticos? Se calhar optar pela tecnocracia ajuizada pela sociedade civil e com alguém na liderança do Estado? Temos de ter parlamentos e senados como no Ocidente? Estamos a permitir o nosso suicídio enquanto entidades culturais. Não investigamos o meio que nos envolve para sabermos o que é melhor para nós. Não temos a cultura do adversário político, temos o inimigo que deve ser abatido.
Temos usado a violência e temonos revelado incapazes. Não é à toa que os filhos e netos dos antigos colonizadores estão a regressar em força a África. Hoje África já tem quadros, mas África relega-os a um plano inferior em benefício do que agora se chama expatriado …
Está a falar da Guiné Bissau?
Claro que estou a olhar para a Guiné. É uma questão de conceito. Depois da independência eram cooperantes, agora são expatriados. A eles cabe tudo: salário duas ou três vezes superior, ainda que com nível de formação inferior ao nosso. Têm todas as condições para viverem bem. Estamos a criar outra vez o pressuposto para uma revolta social. Porque ninguém gosta de estar no seu país e ver gente que vem de fora, arrogante, a viver em condições superiores …
Mas temos quadros no estrangeiro, no Ocidente. Isso não é fruto exactamente do facto de os quadros africanos abandonarem os seus países?
É evidente que vão abandonar. Eu prefiro viver o vexame na Europa, pelo menos sei que não estou no meu país. Agora, viver o vexame n o meu país é menos suportável.
No caso da Guiné, Kumba Yalá que há pouco disse poder ter um papel importante, é homem para inverter este quadro?
Não sei. O que digo é que há dois anos, quando houve eleições, eu disse na LAC que mais valia chama-lo, apesar de ser imprevisível. Eu sei que Angola é capaz de o fazer, tem como fazê-lo. É um mal menor …
Acha que Angola aposta mais no PAIGC que no Kumba Yalá?
Há uma tradição …
Não é a imprevisibilidade de Kumba?
Não. Os nossos libertadores ainda têm uma aposta cega nos companheiros de armas, não olham para os outros com olhos normais. Temos muita esperança na liderança angolana da CPLP, porque Portugal já nos levou a muitos desaires. Acredito que o Estado português tenha tido alguma boa vontade, mas há muito lobby. Muitas vezes, acho, a linha traçada pelo Estado é desviada pelos lobbys empresariais.
Acredito na boa vontade do Presidente José Eduardo dos Santos e do Estado angolano em ajudar, de forma fraternal, a Guiné a ultrapassar o seu problema, mas é necessário ter em conta o que chamo de “lobbycracia” que está a levar os nossos países a um ponto que pode trazer conflitos sociais.
Ou seja, o Estado angolano deverá ter uma acção rápida. Não se deixar estender pelo tempo?
Sim. E tratar as coisas de Estado para Estado. Porque há muita gente pelo meio a querer influenciar por questões de interesse. Porque conhecem o ministro tal, ou o director tal … dão esta ou aquela opinião … o maior contributo de Angola para a Guiné deverá passar por ouvir os políticos mais influentes da Guiné. Depois, vem o exemplo dado por Angola que soube tratar do seu problema internamente.
Será preciso chamar as instituições do Estado, a Guiné Bissau, hoje, banaliza as instituições, não há instituições na Guiné, há pessoas que se movimentam em termos de lobbies. Olhando para eles descobre-se que são os mesmos que estiveram com Nino Vieira, com Ansumane Mané … são os mesmo que estão com Malan Bacai Sanhá, Indjai, etc. há que se pôr um termo nisso.
Uma missão militar angolana seria garantia suficiente e os guineenses aceitam-na bem?
Acredito que sim. Até porque a sociedade civil diz já não acreditar numa solução interna do problema militar, tem de haver uma presença estrangeira. Poderá não ser apenas Angola, mas a experiência de Angola é-nos muito valiosa.
Acredito que o Estado angolano tem as melhores intenções. Mas, atenção: o Estado. De Estado para Estado. O Nino Vieira usou muito o lobby, isso foi a sua perdição. Os tais “lobbicratas” continuam a ir e a vir, a influenciar. São um perigo.
As eleições de 2012 ainda deverão ser asseguradas com militares estrangeiros?
O que eu penso é que se deveria criar um sistema de defesa e segurança que englobasse os PALOP, não estou a falar da CPLP, os PALOP, uma parte ínfima da CEDEAO, porque tenho suspeitas em relação à liderança da CEDEAO, e uma parte institucional da União Africana. Essa estrutura deveria ser liderada por Angola, até pela confiança que os guineenses têm neste país. Não é preciso muito dinheiro, é preciso vontade e Angola sabe o que deve fazer.
Falou dos apoios a Bacai Sanhá. Acha que depois das tensões étnicas, depois do narcotráfico, a Guiné pode vir a ser palco para tensões religiosas também?
Não o diria, mas que há um visível interesse da actual presidência no sentido de um maior apoio dos países muçulmanos sim, há. Como é que Malan Bacai Sanhá viveu anos no Senegal sem reforma, sem salário e voltou com todo o apoio que teve?
Não tem negócios?
Que se saiba o filho tem alguns, ele não. Mas teve o apoio do PAIGC, é verdade. Só que o PAIGC tem de pensar nos guineenses, hoje temos um Presidente arrogante que se julga quase dono da Guiné … Olhe, o Nino perdeu-se por ouvir demasiado os lobbies, o Kumba Yalá pode não inspirar muita confiança a algumas pessoas, mas também ainda pode ter mão nos militares balanta.
No momento desta nossa conversa, estão em Angola o Primeiro Ministro e o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas da Guiné Bissau, quase que se pode dizer que estão aqui os homens que têm o poder na Guiné … ou será que o Presidente, apesar do seu papel constitucional, tem também poderes para segurar a Guiné?
O Indjai, o chefe militar, não terá, seguramente saído sem cuidar de deixar a retaguarda segura. Ficaram lá o Bubo na Tchuto e outros elementos que lhe são afectos, esses garantem a sua retaguarda. Mas continuo a crer que, apesar da sua “eleição vitoriosa”, o Presidente Maln Bacai Sanha continua sem poderes. Basta vermos a ginástica que tem de fazer para se afirmar como primeiro magistrado da Nação. Ora diz uma coisa, ora diz outra. Ora tem que consultar …
Para Bubo Na Tchuto e outros segurarem as Forças Armadas com Indjai fora, isso significa que existe já um comando, uma disciplina e obediência militar a António Indjai?
Sem dúvida nenhuma... Acabaram-se as cisões nas forças armadas?
Não. Não percamos de vista que as forças armadas guineenses continuam a ter um predomínio balanta. Logo a seguir aos balantas estão os Biafadas, a etnia do general António Indjai e o próprio Presidente Malan Bacai Sanhá. A etnia biafada é composta por balantas islamisados.O general indjai não só pode contar com o apoio dos balantas, muitos agrupados no PRS, tal como pode contar com Malan Bacai Sanhá. Com essa maioria ele esta à vontade para circular, deixando os seus a segurar as forças armadas.
Tendo resgatado Bubo Na Tchuto quando este deveria prestar contas à justiça, isso significa que Indajai tem-no como um homem grato ou foi Bubo a telecomandar Indjai? Tendo os dois os mesmos interesses e estando equiparados até no plano cultural, acredito que existem razões para se apoiarem mutuamente. Mas não haja dúvidas, neste momento a liderança é de António Indjai.
Apesar de não acreditar que eles estejam cem por cento em sintonia, neste momento apoiam-se contra o inimigo real que pode ser o governo ou uma eventual reforma nas forças armadas, já que isso representaria o fim da manipulação que têm estado a orquestrar …
Zamora Induta era o último problema para as chefias militares que querem manter as coisas tal como estão?
Zamora Induta nunca foi um problema. Zamora Induta foi uma criação da cooperação portuguesa.Trata-se de uma figura jovem. E sabemos que em África a idade conta.Induta foi tido como um atrevido que quis aventurar-se em terrenos dos mais velhos. Daí, como mandam as regras étnicas africanas, ele levou um correctivo que, acredito, dificilmente se inverterá nos próximos tempos. Ao afrontar os mais velhos, ele é visto como um traidor na etnia balanta e entre os biafada.
Isso significa que a sua libertação pode não estar para breve?
Ele pode ser liberto, mas isso não lhe abrirá portas para a direcção das forças armadas.
Existem sinais de que ele esteja ainda vivo?
Acredito que sim, mas não creio que esteja no local que tem sido indicado oficialmente. Mansoa, o quartel onde se diz que ele está, dista 60 quilómetros de Bissau, mas não creio que lá esteja. Ele não está sob custódia judicial, está sob custódia do senhor Indjai. Pela estratégia de Indjai, ele não teria um refém às portas de Bissau.
… Estará Zamora como um escudo … ou seja, qualquer acção pode representar a sua morte?
Não acredito que Zamora Induta tenha alguma retaguarda.Conheço-o porque estive, na guerra, no lado dominado pelo Ansumane Mané … ossos do ofício, não tomei qualquer partido … mas convivi com Zamora Induta. Aliás, já tinha convivido com ele antes da guerra, ele foi ao meu jornal propor colaboração para o lançamento do seu livro. Mas acho que Induta foi ingénuo, deveria crescer mais na perspectiva militar e não na político-militar, como lhe foi imposto para salvaguardar interesses inconfessos de alguma “clique” política que pretendeu servir. Em nome e a troco de quê? Não me pergunte porque não sei. Ele avançou para uma parceria política que não lhe favoreceu, precisava de mais tempo para se afirmar nas forças armadas. Antes dele há muitos oficiais de Nino Vieira, por exemplo, com muito mais formação e com muitos mais anos de carreira, mais velhos. Pessoas com provas dadas e com muito protagonismo ainda. Alguns estão refugiados no Senegal, outros estão em Bissau, metidos nas suas vidas, à margem das forças armadas … são oficiais formados nos Estados Unidos, em França, na Rússia e em Cuba, com muito peso.
Zamora foi uma criação da cooperação portuguesa que lhe terá incutido a ideia de ser um líder que apoiasse o PAIGC e ele acedeu, com algum apoio político de Carlos Gomes Júnior, o Primeiro Ministro … olhe, deu no que deu.
Sanhá não tem poder “Continuo a achar que Bacai Sanhá não tem poder algum. Não tem peso político”
Então temos um Presidente fragilizado, na Guiné Bissau …
Inexistente! Com os acontecimentos de 1 de Abril, em que Indjai destituiu Zamora e reteve o Primeiro Ministro, Sanhá não se manisfestou porque apoia Indjai, por não ter poder, ou porque não queria Zamora Induta, tinha os olhos do mundo postos na Guiné… Continuo a achar que Bacai Sanhá não tem poder algum. Não tem peso político. E peço desculpas se estiver a induzir em erro os leitores, mas já o tinha dito nas vésperas da eleições presidenciais, que seria um grande erro se Malan Bacai Sanhá fosse colocado na presidência da Guiné. Ele não ganhou como se ganha democraticamente …
Mas teve o apoio de Carlos Gomes Júnior que lidera o PAIGC
Sim, mas não sei se esse apoio seria suficiente para ganhar. Sei que ele esteve ausente do país por alguns anos, em Dakar, no Senegal, onde há embaixadas árabes e de países muçulmanos. Há fontes que dizem que ele tinha contactos com a Líbia, com a Arábia Saudita e outros … foi daí que começaram os apoios à sua candidatura. Num país com as instituições do Estado fragilizadas o que conta é o dinheiro que vem de fora. Hoje, muito dificilmente se ganham eleições de forma democrática, como diz o Ocidente, ganham-se eleições também com base no interesse do capital… se me disser que a Guiné não tem grande interesse para o grande capital, também se pode dizer que poderá ter, eventualmente, uma localização estratégica que interesse aos países árabes. Também é sabido como Kadafi é profícuo em manipulações que envolvam dinheiro. Foi investido capital em Malan Bacai Sanhá…
Mas Kumba Yalá também se islamisou…
Sim, islamisou-se. Não sei a troco de quê. Será que ele se converteu como os fiéis muçulmanos, ou se tratou de uma conversão estratégica para obter louros políticos? Não sei. O certo é que Kumba Yalá, para mim, como jornalista e não como política, que não sou, continua a ter grande protagonismo político, ainda que no silêncio.
E isso por ser balanta, por ser o líder do PRS, ou porque tem, de facto, influência na sociedade guineense?
Continua com muito protagonismo junto das forças armadas. Se se pretende uma reforma calma e tranquila …
Mas foram as forças armadas que o tiraram da presidência
Sim, porque há interesses dentro das forças armadas. Mas se se pretende uma reforma que não leve o país a um novo conflito, há que se contar com Kumba Yalá. Há que ter em conta o seu papel enquanto líder carismático da etnia balanta. Não só pelas forças armadas, mas também porque em África se gosta das pessoas destemidas e que se exibem com algum teatralismo … e Kumba Yalá é um profissional nato nesta área. Ele tem protagonismo e já soube usa-lo no momento certo, quando fez frente ao PAIGC de Nino Vieira, quando se deram os fuzilamentos do fim da década de oitenta. Desde aí não parou. Tem uma boa parte dos balantas e uma boa parte dos militares.
por outro lado, continua a ser um político escutado. Atenção que não se reformará as forças armadas sem se reformar a classe política. Ainda agora ouvia um debate na Rádio Nacional de Angola em que se falava da conivência perversa entre os militares e os políticos guineenses, isso existe. É essa ligação que emperra a Guiné. Os militares sabem que os políticos têm culpas no cartório e os políticos sabem que os miliatres não têm grande formação … vimos agora um chefe do estado maior que não sabe falar a língua veicular do seu país … não se trata de um complexo, mas acho que uma figura do Estado tem de dominar a língua materna e a língua de relacionamento com países...
Mas há casos de pessoas que, na luta anti-colonial, saíram das aldeias e foram estudar e formar-se em Cuba ou na União Soviética, não estudaram no sistema português, nem tinham como.
Mas está a falar-me dos anos 70. Eu acredito que uma pessoa que tenha a ambição de ser líder das forças armadas tem de estudar um bocado.Sei que o Indjai está na Guiné há muitos anos, desde a independência.Acredito que um bocadinho de esforço e ele já estaria a falar o português que fala o Malan Bacai que também teve o mesmo processo. É uma questão de interesse e de aplicação.Mas creio que a ele não interessa ter mais formação, interessa-lhe é ter o comando para chamar a si…
E é pelo dinheiro ou pelo poder… acha que Indjai tem ambições políticas?
Acredito que sim. Para a salvaguarda de padrões que ele acha que tem de defender. São padrões étnicos… e também para a salvaguarda da sua própria sobrevivência, em primeira mão. Porque se se avançar com uma verdadeira reforma das forças armadas o Indjai não existe.
Terá de ir tratar da vida dele e não acredito que com a reforma ele ficaria anulado em termos de poder ou a sua própria vida ficaria em risco?
Ele torna-se um cidadão comum e não acredito que esteja interessado nisso. Porque, numa entrevista, ele disse que os combatentes pela liberdade da Pátria são relegados para o segundo plano, ou seja, carecem de tudo, estão na miséria. Acredito que sim. Mas violência e apoderar-se das estruturas do Estado, de forma ilegal, lhe darão afirmação como combatente da liberdade da Pátria? Não haverá outros combatentes da liberdade da Pátria que poderiam fazer o mesmo que ele mas que o não fazem por uma questão de dignidade e de princípios? Antes de tudo, o que pesa na consciência do senhor Indjai é o seu próprio passado, de violência. E continua a apostar na violência para os seus fins. Mas ele sabe que sem o apoio internacional pode acontecer o que se deu quando aprisionou o “Cadogo” (Carlos Gomes Júnior – Primeiro Ministro).
O povo está farto de violência. Há dias estive na TV Zimbo que é muito vista na Guiné e tive muitas reacções ao telefone. O povo está cansado. A reforma nas forças armadas apenas não chega, é preciso também uma nova classe política na Guiné. Há muita gente fora do país. Muita gente que teve de sair para continuar a existir.
Uma reforma bem sucedida passa apenas por pagar bem a pensão?
Não. Isso é importante mas não é o essencial. A Guiné tem boas características para a agricultura, tem riqueza pesqueira … só que a mentalidade é que reza que todo aquele que participou na luta de libertação nacional, e eu creio que devem ter tratamento condigno, mas que neste momento isso, na Guiné, não é possível, vão optar pela criminalidade como forma de sequestrar toda a Nação só porque acham que os seus direitos não são assistidos. Por isso que há alguma má fé na actuação do senhor Indjai. Porque, como diz o adágio, em terra de cegos quem tem um olho é rei, só que ele tem é arma, é com isso que joga a sua influência. E independentemente de ter ou não formação, parece que ele está a tentar posicionar-se para chegar à liderança política do país.
Não se tratará antes uma questão de sobrevivência? Se perder o poder militar, não sendo político, ficaria à mercê de uma eventual “revanche”, tal como tem sucedido ciclicamente na Guiné, ou mesmo uma perseguição judicial...
Em vez de se olhar para uma solução para a saída airosa do senhor António Indjai, o melhor é procurar uma boa solução para a tranquilidade da Guiné Bissau. Tem-se dado muita importância e tempo com figuras que não representam nada mais que a violência.
Retomando a primeira pergunta desta nossa conversa, o facto de António Indaji e Carlos Gomes Júnior estarem em simultâneo em Luanda não significará a necessidade das autoridades angolanas ouvirem uma troca de garantias entre os dois homens?
Pode ser, mas não sei que tipo de garantias é que um pode dar ao outro. Se calhar é para dizer se não me atacares eu não te ataco. Mas isso leva a Guiné Bissau a quê? O grande problema é que se perde tempo a dar importância a gente que está a violentar o país. Uma ou duas pessoas. O povo é que merece a paz, há trinta anos.
Mas não são apenas duas pessoas, como já se viu. Tivemos o Presidente Nino Vieira, O general Ansumane Mané, o general Veríssimo, o general Tagma … parece que há sempre mais alguém na fila. Neste momento são o Injai e o Bubo Na Tchuto. Os únicos com a força da violência que eles utilizam.
Reforma das FA e o Narcotráfico “Uma reforma das forças armadas irá estancar uma boa parte da acção do narcotráfico”
A reforma das forças armadas corre o risco de encalhar nos interesses do narcotráfico?
Não sei. Mas, em qualquer país do mundo, quanto mais desorganização, mais favorável o terreno para o narcotráfico. Uma reforma das forças armadas irá estancar uma boa parte da acção do narcotráfico. Os Estados Unidos, uma grande potência, lançaram um alerta internacional para as práticas do general António Indjai. Não sei em que é que se fundamentam, mas uma declaração destas precisa de ter um bom fundamento. De qualquer forma o senhor Indjai continua a circular e a tentar negociar como se fosse a pessoa mais íntegra do mundo. É complicado pretender tirar ilações disso.
“Os líderes carismáticos do PAIGC deixaram de existir há muito tempo”
Tudo na Guiné passa pelo PAIGC, em boa medida. Há um, vários, ou já não há PAIGC?
Eu continuo a dizer que se o PAIGC não deixou de existir com o golpe de Nino Vieira, nos anos oitenta, deixou de existir logo a seguir ao multipartidarismo, a sua entrada em vigor nos anos noventa. Digo. De lá para cá usa-se a sigla do PAIGC para atingir-se fins políticos. Os líderes carismáticos do PAIGC deixaram de existir há muito tempo. o povo deixou de dar crédito ao PAIGC. O que é um partido sem uma ideologia e sem um programa? Que ideologia e que programa tem o actual PAIGC?
Estamos a permitir o nosso suicídio enquanto entidades culturais
Pode-se dizer que tudo isso é herança de um erro de Amílcar Cabral por ter tentado unificar Cabo Verde e a Guiné Bissau, o que acabou por correr mal, com a sua morte, com a separação dos dois países e a eclosão das tensões étnico-políticas?
As coisas começaram com o assassinato de Amílcar Cabral. Mais tarde veio o golpe de Nino Vieira e, mais tarde, o golpe de Ansumane e agora o que se tem assistido. Enquanto guineense que sempre acompanhou de perto as coisas do país (sou filha de um combatente pela liberdade da Pátria), conheço bem o PAIGC. A minha pena é que nós, em África, continuamos colados ao modelo político ocidental, continuamos escravos do Ocidente, apesar das independências, e não conseguimos olhar para alguém sem que essa pessoa faça parte da nossa raça política. Isso tem custado muitas vidas a África, vidas valiosas, por uma política cuja natureza não conhecemos. Adoptamos uma cultura política ocidental, dos seus grandes pensadores. Será que a África não tem outra saída que não a dos partidos políticos? Se calhar optar pela tecnocracia ajuizada pela sociedade civil e com alguém na liderança do Estado? Temos de ter parlamentos e senados como no Ocidente? Estamos a permitir o nosso suicídio enquanto entidades culturais. Não investigamos o meio que nos envolve para sabermos o que é melhor para nós. Não temos a cultura do adversário político, temos o inimigo que deve ser abatido.
Temos usado a violência e temonos revelado incapazes. Não é à toa que os filhos e netos dos antigos colonizadores estão a regressar em força a África. Hoje África já tem quadros, mas África relega-os a um plano inferior em benefício do que agora se chama expatriado …
Está a falar da Guiné Bissau?
Claro que estou a olhar para a Guiné. É uma questão de conceito. Depois da independência eram cooperantes, agora são expatriados. A eles cabe tudo: salário duas ou três vezes superior, ainda que com nível de formação inferior ao nosso. Têm todas as condições para viverem bem. Estamos a criar outra vez o pressuposto para uma revolta social. Porque ninguém gosta de estar no seu país e ver gente que vem de fora, arrogante, a viver em condições superiores …
Mas temos quadros no estrangeiro, no Ocidente. Isso não é fruto exactamente do facto de os quadros africanos abandonarem os seus países?
É evidente que vão abandonar. Eu prefiro viver o vexame na Europa, pelo menos sei que não estou no meu país. Agora, viver o vexame n o meu país é menos suportável.
No caso da Guiné, Kumba Yalá que há pouco disse poder ter um papel importante, é homem para inverter este quadro?
Não sei. O que digo é que há dois anos, quando houve eleições, eu disse na LAC que mais valia chama-lo, apesar de ser imprevisível. Eu sei que Angola é capaz de o fazer, tem como fazê-lo. É um mal menor …
Acha que Angola aposta mais no PAIGC que no Kumba Yalá?
Há uma tradição …
Não é a imprevisibilidade de Kumba?
Não. Os nossos libertadores ainda têm uma aposta cega nos companheiros de armas, não olham para os outros com olhos normais. Temos muita esperança na liderança angolana da CPLP, porque Portugal já nos levou a muitos desaires. Acredito que o Estado português tenha tido alguma boa vontade, mas há muito lobby. Muitas vezes, acho, a linha traçada pelo Estado é desviada pelos lobbys empresariais.
Acredito na boa vontade do Presidente José Eduardo dos Santos e do Estado angolano em ajudar, de forma fraternal, a Guiné a ultrapassar o seu problema, mas é necessário ter em conta o que chamo de “lobbycracia” que está a levar os nossos países a um ponto que pode trazer conflitos sociais.
Ou seja, o Estado angolano deverá ter uma acção rápida. Não se deixar estender pelo tempo?
Sim. E tratar as coisas de Estado para Estado. Porque há muita gente pelo meio a querer influenciar por questões de interesse. Porque conhecem o ministro tal, ou o director tal … dão esta ou aquela opinião … o maior contributo de Angola para a Guiné deverá passar por ouvir os políticos mais influentes da Guiné. Depois, vem o exemplo dado por Angola que soube tratar do seu problema internamente.
Será preciso chamar as instituições do Estado, a Guiné Bissau, hoje, banaliza as instituições, não há instituições na Guiné, há pessoas que se movimentam em termos de lobbies. Olhando para eles descobre-se que são os mesmos que estiveram com Nino Vieira, com Ansumane Mané … são os mesmo que estão com Malan Bacai Sanhá, Indjai, etc. há que se pôr um termo nisso.
Uma missão militar angolana seria garantia suficiente e os guineenses aceitam-na bem?
Acredito que sim. Até porque a sociedade civil diz já não acreditar numa solução interna do problema militar, tem de haver uma presença estrangeira. Poderá não ser apenas Angola, mas a experiência de Angola é-nos muito valiosa.
Acredito que o Estado angolano tem as melhores intenções. Mas, atenção: o Estado. De Estado para Estado. O Nino Vieira usou muito o lobby, isso foi a sua perdição. Os tais “lobbicratas” continuam a ir e a vir, a influenciar. São um perigo.
As eleições de 2012 ainda deverão ser asseguradas com militares estrangeiros?
O que eu penso é que se deveria criar um sistema de defesa e segurança que englobasse os PALOP, não estou a falar da CPLP, os PALOP, uma parte ínfima da CEDEAO, porque tenho suspeitas em relação à liderança da CEDEAO, e uma parte institucional da União Africana. Essa estrutura deveria ser liderada por Angola, até pela confiança que os guineenses têm neste país. Não é preciso muito dinheiro, é preciso vontade e Angola sabe o que deve fazer.
Falou dos apoios a Bacai Sanhá. Acha que depois das tensões étnicas, depois do narcotráfico, a Guiné pode vir a ser palco para tensões religiosas também?
Não o diria, mas que há um visível interesse da actual presidência no sentido de um maior apoio dos países muçulmanos sim, há. Como é que Malan Bacai Sanhá viveu anos no Senegal sem reforma, sem salário e voltou com todo o apoio que teve?
Não tem negócios?
Que se saiba o filho tem alguns, ele não. Mas teve o apoio do PAIGC, é verdade. Só que o PAIGC tem de pensar nos guineenses, hoje temos um Presidente arrogante que se julga quase dono da Guiné … Olhe, o Nino perdeu-se por ouvir demasiado os lobbies, o Kumba Yalá pode não inspirar muita confiança a algumas pessoas, mas também ainda pode ter mão nos militares balanta.
Aqui acaba o mar e a terra começa
Nenhum guineense foi preparado para o sismo sócio-cultural que assistimos no dia-a-dia.
Uma pergunta impõe-se: Que país deixaremos às futuras gerações? Certamente haverá uma solução menos ofensiva para este país verde e mágico, onde é uma tendência do Homem mandar cada vez mais, querer mais poder.
Os que têm o poder, aproveitam-se. Na ausência de uma autoridade moral, legislam atropelando tudo e todos, e, pior ainda, legislam de forma a interferir ao pormenor, na vida de cada um.
Na minha opinião, eu acho que são apenas um sinal de força, manifestações exibicionistas.
Ou seja, quando mandam, está tudo facilitado para que se tomem medidas sem sequer avaliar as consequências práticas das mesmas. Numa palavra: manda-se por mandar. A culpa em primeiro lugar é dos partidos políticos. O que varia de partido para partido...é a sua clientela. Porém, nesses partidos existe gente séria e capaz. O que não vejo é um programa nacional coerente. Nem eles. AAS
Uma pergunta impõe-se: Que país deixaremos às futuras gerações? Certamente haverá uma solução menos ofensiva para este país verde e mágico, onde é uma tendência do Homem mandar cada vez mais, querer mais poder.
Os que têm o poder, aproveitam-se. Na ausência de uma autoridade moral, legislam atropelando tudo e todos, e, pior ainda, legislam de forma a interferir ao pormenor, na vida de cada um.
Na minha opinião, eu acho que são apenas um sinal de força, manifestações exibicionistas.
Ou seja, quando mandam, está tudo facilitado para que se tomem medidas sem sequer avaliar as consequências práticas das mesmas. Numa palavra: manda-se por mandar. A culpa em primeiro lugar é dos partidos políticos. O que varia de partido para partido...é a sua clientela. Porém, nesses partidos existe gente séria e capaz. O que não vejo é um programa nacional coerente. Nem eles. AAS
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Um sacrilégio, vindo de um Padre
Um Padre estava às portas do céu, quer dizer moribundo, quando pediu como último desejo ver o 1º Ministro e o Ministro das Finanças.
Uma freira foi chamá-los. Eles tiraram logo proveito político do acto e chamaram os jornalistas.
Chegados à frente do Padre, o 1º Ministro perguntou por que razão num momento crítico da sua vida este queria estar perto deles.
"Na minha vida, meus filhos" - disse o Padre segurando as suas mãos - "tive sempre como exemplo Jesus Cristo, que morreu entre dois ladrões". AAS
Uma freira foi chamá-los. Eles tiraram logo proveito político do acto e chamaram os jornalistas.
Chegados à frente do Padre, o 1º Ministro perguntou por que razão num momento crítico da sua vida este queria estar perto deles.
"Na minha vida, meus filhos" - disse o Padre segurando as suas mãos - "tive sempre como exemplo Jesus Cristo, que morreu entre dois ladrões". AAS
Paineleiros
Chegou-me ao ouvido direito (o tal ultra-revolucionário). De facto, metade do que se escreve (se diz) sobre mim é mentira. A outra metade é simplesmente deprimente.
Não responderei a ninguém - é isso que certos paineleiros pretendem. Não tenho muito tempo, e o tempo que me resta não vou gastá-lo em passatempo.
Para dizer a verdade, nada disso me afecta particularmente. De algum tempo a esta parte que deixei de ler o que se escreve sobre a minha pessoa.
E, não, não será por causa das imprecisões constantes, nem sequer por sobranceria relativamente à opinião de certos paineleiros. É o tema em si que não me interessa para nada. É que, como dizia Karl Marx "A história repete-se, primeiro como tragédia, depois como farsa". Bom fim-de-semana. AAS
Não responderei a ninguém - é isso que certos paineleiros pretendem. Não tenho muito tempo, e o tempo que me resta não vou gastá-lo em passatempo.
Para dizer a verdade, nada disso me afecta particularmente. De algum tempo a esta parte que deixei de ler o que se escreve sobre a minha pessoa.
E, não, não será por causa das imprecisões constantes, nem sequer por sobranceria relativamente à opinião de certos paineleiros. É o tema em si que não me interessa para nada. É que, como dizia Karl Marx "A história repete-se, primeiro como tragédia, depois como farsa". Bom fim-de-semana. AAS
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