quinta-feira, 12 de março de 2009

UAu!

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O Presidente da Líbia e da União Africana (UA), Muhammar Khadafi, esteve hoje em Bissau para uma visita de pouco mais de duas horas. Prometeu apoio para as eleições presidenciais e um inquérito internacional sobre o assassinato do Chefe de Estado Nino Vieira. "Quero dizer-vos que a União Africana e os Estados do CEN-SAD (Comunidade dos Estados Sahel-Saarianos) vão investigar o assassínio do Presidente", disse no final da visita, que não passou da sala VIP do aeroporto ‘Osvaldo Vieira’.

Muammar Kadhafi disse ter vindo na qualidade de presidente em exercício da União Africana, após tomar conhecimento sobre o que aconteceu na Guiné-Bissau. "Como sabem houve um acontecimento extraordinário na Guiné-Bissau, o assassínio do Presidente da República, e na minha qualidade de presidente em exercício da União Africana tenho o dever de me assegurar da situação neste país africano", afirmou Kadhafi.

O 'rei dos reis' justificou ainda a sua curta visita com o facto de a Guiné-Bissau ser um Estado membro do CEN-SAD, cuja sede se encontra na Líbia. "Devo assegurar que as coisas se desenrolam em conformidade com a Constituição. O exército não assumiu o poder após o assassínio do Presidente, mas o comité militar assumiu o controlo das Forças Armadas com a morte do Chefe do Estado-Maior" destacou.

Uau!, que segurança

... Mas parece que o beduíno, o «rei dos reis» chegou ontem, e vinha passar uma grande temporada por cá... É que, desde ontem, estavam já em Bissau mais de uma centena de elementos pertencentes ao corpo de segurança e militares líbios. Pode dizer-se com toda a justiça que ‘tomaram’ de assalto o aeroporto internacional ‘Osvaldo Vieira’. E, naturalmente, mandaram eles. A nossa ‘segurança’? Nem ao longe... os nossos militares? Talvez com binóculos...

Haja segurança para proteger Khadafi! Contudo, convém recordar o discurso do malogrado Presidente da República da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, onde falou da sua segurança, ou, melhor, da falta dela tendo solicitado protecção à UA.

Uma coisa é certa e vocês não me deixarão mentir: um terço dos elementos de segurança que Khadafi trouxe para Bissau, vindos sabe-se lá de onde, dava para proteger a vida do seu homólogo guineense... AAS

Vergonha

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quarta-feira, 11 de março de 2009

Assim mesmo

Meus comentários ao jornal senegalês «Le Quotidien», publicado ontem, 10 de Março:

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"Concernant la cérémonie de deuil en elle-même, notre confrère Antonio Aly Silva nous a signalé que la famille de Nino Vieira a refusé de se rendre au cimetière municipal de la capitale, après l’hommage rendu au défunt Président dans les locaux de l’Assemblée nationale. Ce boycott est survenu à la suite d’une mésentente entre les militaires et les Vieira à propos du lieu d’inhumation. Une partie de ceux-ci devaient revenir à Dakar, hier soir.
A Bissau, les politiques sortent peu à peu de l’ombre pour condamner les violences survenues au début du mois. Intervenant hier sur les antennes de Rfi, Idrissa Diallo, Secrétaire général du Parti de l’unité nationale (Pun), a jugé indispensable la création d’une Commission d’enquête internationale indépendante. Il a également considéré comme impossible, l’organisation d’élections sérieuses dans deux mois, comme stipulée par la constitution du pays. Sur la même longueur d’ondes, Antonio Aly Silva a dénoncé, à son tour, ce qu’il appelle un «coup d’Etat» perpétré par un «groupe politique» en fonction au sommet de l’Etat. Il s’étonne, par ailleurs, que le Parti africain pour l’indépendance de la Guinée-Bissau et le Cap-Vert (Paigc) soit le seul parti politique à n’avoir pas encore condamné les pogroms survenus dans le pays.
"

terça-feira, 10 de março de 2009

O regresso do pesadelo

O assassinato do Presidente da República, foi um GOLPE de ESTADO.

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... E agora, outras notícias do País de todas as barbaridades.

- O Presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, cancelou à última da hora a sua presença no funeral do Presidente 'Nino' Vieira. Porque lhe comunicaram isto: "Pode vir, mas...bom, mas não há segurança".

Pela 1ª vez, e os leitores desculpar-me-ão por esta falha grave: estou inteiramente de acordo com o Governo. Mas...alto aí! Mas se não há segurança, nem aulas, nem salários, o que faz então este Governo? Para que foi eleito?

1 - Para deixar tudo como está e continuemos a matar-nos?

2 - Para proteger uns e deixar que se matem outros?

Sr. Primeiro-Ministro: já que os ministros da Defesa e do Interior não se demitem, porque o não faz o próprio... Primeiro-Ministro? É que, assim, cai tudo de uma só vez! É o que se chama 'matar 33 chico-espertos de uma só vez'... Que tal ir pensando no assunto e depois comunicar-me?

Pode fazê-lo de várias maneiras: minha residência, na Rua de Angola, Nº 58; por telefone (se ligar do estrangeiro, não esquecer o indicativo +245), seguido do número 6683113, ou, ainda, para estas duas contas de e-mail: aaly.silva@gmail.com e/ou aaly_silva@hotmail.com.

Assinado: O pesadelo deste governo. AAS

domingo, 8 de março de 2009

Dar murros em ponta de faca

"Acabo de visitar o seu site. Já não vou mais sublinhar os arrepios que o Aly provoca nas pessoas pela forma nua e crua como expõe os factos. Afinal, factos, são factos e contra factos não há argumentos... (é o velho mote dos jornalistas: "Não querem que noticiemos? Pois não deixem que aconteça!")

Mas há duas coisas a que gostaria de referir:

1. O "recado" do Sr. Carlos Silva: à primeira vista parece ser apenas uma mensagem de um compatriota seu a referir-lhe que o Aly "rema contra a maré" mas a mim pareceu-me mais uma ameaça velada a lembrar-lhe que voce está a "dar murros em ponta de faca."


2. A angústia de sua Mãe: NO COMMENT! Depois do que eu, (uma desconhecida), disse ao Aly no meu primeiro e-mail, reservo-me agora o direito de não produzir qualquer comentário sobre a angústia que sua Mãe está a sentir. Apenas lhe digo o seguinte: Aly, eu não queria estar no lugar dessa pobre senhora...

P.S.: Infelizmente perdi a sua entrevista à Rádio Nacional de Cabo Verde porque só agora visitei seu site. Ultimamente evito visitá-lo, com regularidade, porque tenho sempre medo de um dia chegar lá e não ter mais Aly...

Please take care of yourself. Ok?
Bj
"

A máscara vai caindo aos poucos...

"Sinto orgulho. Não esperava outra coisa de ti. Diz-me se estás bem, ok?

A.
"


Olá

Obrigado. Estou bem.

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... Não sei como definir a minha pessoa. Mas acho que sou uma mistura de jornalista e de doido (não no sentido literal, claro). Na verdade sou tudo e nada ao mesmo tempo. Sei apenas que a comunicação é o meu mundo. E que o mundo é a minha casa.

Assisto a uma realidade e partilho-a da melhor maneira que sei e posso, com o mundo. O meu sentimento profundo - se queres mesmo saber, é humanista. Não é político. Aliás, fui ensinado a prezar a liberdade, mesmo quando ela significa liberdade para decidir ao contrário das minhas opções políticas.

Aconteceu-me ontem:

Ontem, tinha combinado beber um café no D. Bifanas com alguns jornalistas estrangeiros. Como já tinha jantado, fiz para chegar a tempo da sobremesa e dos cafés. Estava ao balcão enquanto eles jantavam, já tarde na noite.

Pouco depois, recebi uma chamada estranha que me fez abandonar o restaurante. Saí e, pela indicação que recebi ao telefone, vi que um carro estava parado entre a escola e a ANP com os mínimos acesos. Reconheci-o. Fui com o meu carro na sua direcção e parei mesmo ao lado. Olhei lá para dentro e a pessoa que estava ao volante - curiosamente havia outro ocupante, mas sentado no banco de trás - em vez de olhar e me enfrentar, escondeu-se e tapou a cara com o braço.

Um perseguidor cobarde? Um verdadeiro cobarde! Se queria intimidar-me estava a perder tempo. Mas intimidar-me como? Dando-me um tiro, dois tiros? Ou despejando-me um carregador da AK47 de trinta tiros? Não adianta.

A minha única preocupação - desde que começou esta bestialidade - sempre foi zelar pela minha própria segurança e neste dias tomei medidas que julguei serem necessárias para que fique seguro.

Mas não tenho medo nenhum da morte. Ninguém deve ter medo da morte, pois é a entrada para o absoluto.

AAS

Aqui repousará 'Nino' Vieira. Chamam a isto... Funeral de Estado?!

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Um Presidente da República, numa campa rasa. AAS
Foto: Tiago Petinga/LUSA

Cada guineense é um alvo. E depois?

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AAS

"Freedom is a system based on courage" - Charles Peguy

Desculpa lá, Mãe

A minha Mãe chegou de Lisboa na madrugada do fatídico dia 2, e, sem ainda saber dos 'preparativos' para o próximo massacre (Tagmé havia sido assassinado horas antes, no dia 1) foi dormir a casa de uma sobrinha mais a minha irmã, pois tinham-na ido buscar ao aeroporto.

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A minha Mãe, Muna Aly

Ontem, ela ligou-me de Gabú mas não atendi a chamada. Então, deixou o recado ao meu tio. Para mim: "Diz ao Tony (o mesmo que Aly) para não ir a nenhum dos funerais, pois sonhei que ele ia ser morto..." Assim, friamente.

Hoje, voltou a ligar para saber de mim. E recebeu a pior das notícias: "Mãe, desculpa. Estou no funeral do Tagmé, e terça-feira estarei no do Presidente da República." Fez-se um silêncio sepulcral. E então ela disse: "Deus te proteja". E desligou o telefone. Amanhã vou visitá-la a Gabú e regresso no final do dia.

Meus caros: Tagmé Na Waie não me perdoaria se faltasse ao seu enterro. Eu fui militar neste País (1987/89); o Presidente da República, idem, mas não porque tenha alguma vez votado nele ou coisa parecida. Aliás, estávamos nos antípodas e isso não era segredo para ninguém... Vou porque ele foi Presidente da República durante dois mandatos, e foi eleito democraticamente. Presidente de todos os guineenses, ainda que sem o meu voto. Haja respeito. AAS

P.S. - Mãe, não te preocupes. Pede a Deus, caso eu morra, que guarde a minha alma para que eu possa abençoar o meu Pai, onde quer que ele esteja. AAS

P.S. - Agora, neste preciso momento, são disparadas salvas de artilharia. Enterra-se um General. AAS

Adeus, General Na Waie

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Funeral de Tagmé Na Waie, hoje. Rostos fechados. Revolta. Indignação em todos e em cada olhar. Um mau prenúncio? Talvez... Suspeitos. Na TV e no cemitério. Eu, Aly, é que disse. AAS

FOTO: (C) Miguel Martins/RFI

Pergunta pertinente

Por que razão até hoje o PAIGC NÃO condenou os assassinatos, quer do Presidente da República, quer do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waie? Alguém que responda, sff? AAS

sábado, 7 de março de 2009

Quem será o próximo alvo?

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Choque e espanto. António Aly Silva

Extensa entrevista à Radio Nacional de Cabo Verde...

Para ouvir, hoje, a partir das 14 horas.
www.rtc.cv

Nadar contra a corrente

Caro irmão e compatriota Sr. Silva

Não precisa de ser louvado pela sua integridade e coragem com que enfrenta diariamente tudo e todos na Guiné-Bissau. Pois foi a sua escolha fazer o seu trabalho na Guiné.
Por isso "lhe tiro o chapéu". Ao contrário da maioria dos guineenses para quem a apatia e o conformismo é o pão nosso de cada dia, você, Sr. (António Aly) Silva, destaca-se porque "nada contra a corrente". Muito obrigado, e continue o bom trabalho

Carlos da Silva

Leia a minha opinião no Correio da Manhã

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"A ONU É QUE DEVIA INVESTIGAR"

Uma semana após o duplo assassínio, de Nino Vieira e Tagmé Na Waié, as circunstâncias em que se deram as mortes continuam na boca do povo mas o medo de represálias impede que o façam abertamente. O jornalista António Aly Silva é um dos poucos que se atrevem a fazê-lo. "O que se passou é intolerável e não pode continuar. Estes acontecimentos ultrapassam o nosso próprio Estado, observou, apontando soluções: "A questão devia ser tomada pela ONU, abrir-se um inquérito internacional e criarmos uma comissão de reconciliação, como aconteceu na África do Sul."



Aqui. AAS

sexta-feira, 6 de março de 2009

Disse apenas o que pensava. E isso é louvável. Amanhã, no Correio da Manhã.

Para quem quiser, eis o link onde pode ver e ouvir a entrevista que concedi à TVI. AAS

TELEX: Luto Nacional prolonga-se até ao dia 10. Feriado no dia do funeral para os servidores do Estado (*)

AAS

(*) Ditadura do Consenso é o verdadeiro serviço público! Qual Agência Noticiosa da Guiné qual quê!!! Nô Pintcha!...

Um Panteão Nacional, já!

Muitos guineenses, entre eles - e com toda a justiça - a família do malogrado Presidente 'Nino' Vieira, estão indignados com o Estado da Guiné-Bissau a propósito das cerimónias fúnebres do Chefe de Estado, assassinado na sua residência na madrugada do dia 2 do corrente, marcadas para a próxima terça-feira.

E com razão. Como chefe de Estado, o lugar de eterno descanso do Presidente deveria ser num mausoléu, por exemplo na Fortaleza da Amura, ao lado de Amílcar Cabral. E agora estamos nesta indecisão: a família exige respeito. E um funeral de Estado deverá sê-lo até ao fim!

O Estado da Guiné-Bissau deve honrar os seus heróis, e Titina Silá, Pansau Na Isna, Domingos Ramos, Canhé Na N'Tunguê, entre outros, deveriam ser sepultados num único sítio. Que tal começarem a pensar num Panteão Nacional? AAS

Pensamento para todos os dias

Os guineenses de hoje são tão pequenos que até cabem na Guiné-Bissau! AAS

quinta-feira, 5 de março de 2009

E, assim, o feitiço virou-se contra o feiticeiro

Mais uma pedra no sapato. Existem imensas dificuldades na escolha do nome para Chefe do Estado Maior das Forças Armadas. Afinal, nunca chegou a ser assinado o decreto presidencial que nomeasse o futuro CEMGFA.

P.S 1 - Logo, logo, saberemos se isto foi ou não um golpe de Estado...

P.S 2 - Recebi muitos e-mails e telefonemas por causa da entrevista à TVI. Agradeço cada um. Estou a ver se consigo toda a entrevista (em bruto) para enviá-la para o Estado-Maior das Forças Armadas, para o gabinete do Primeiro-Ministro, para o Presidente da Republica Interino, para o Procurador-Geral da Republica e para as Naçoes Unidas e, claro, para o postar no meu blogue!

P.S. 3 - Alguém me explica (por ex., a Embaixada de Angola) o papel de Angola no meio de toda esta confusão? AAS

A letter from UK

"Estimado Sr. Jornalista,

Meu nome é Rosa uma cidadã angolana que tem acompanhado atentamente a situação triste que vive a Guiné e tem visitado o seu blog para esse efeito.

Escrevo para apresentar-lhe a si e ao povo guineense os meus sentidos pêsames pelos infaustos acontecimentos que assolaram o vosso País. Aproveito a oportunidade para aplaudir a chicotada psicológica que o Sr. Aly Silva deu ao nosso medíocre Vice-Ministro Chicote e, finalmente, não posso deixar de manifestar alguma apreensão pela forma directa, desafiadora e frontal com que o Sr. Aly está a enfrentar gente poderosa e sanguinária que nao olha a meios para atingir os seus fins.

"Encostem-me à parede e disparem" é muito forte principalmente quando nos dirigimos a pessoas que não hesitaram em eliminar os dois homens mais poderosos de uma Nação.

Como mulher tento colocar-me no lugar de sua mãe, esposa, ou irmã. Eventualmente o Sr. Aly terá tambem filhos. Essas pessoas devem estar a sofrer imenso devido à forma como o Sr. está a expôr-se. Se eu, Rosa, daqui de longe, conhecendo-o apenas pelos seus escritos nao pude deixar de sentir uma grande apreensão imagine essas pessoas que lhe são próximas e o amam.

Rendo-me a seus pés pela sua coragem e frontalidade mas também gostaria imenso de continuar a visitar seu blog por muitos e longos anos. Por favor cuide bem de si. Não cutuque a onça com vara curta.

R&S.
BIRMINGHAN
"

Poderei ser detido

Dei hoje uma entrevista à TVI.

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TVI: "Nao tem receios por dar esta entrevista e por dizer tudo o que aqui disse?"

Aly: "Nenhum! Encostem-me a uma parede e disparem." AAS

(I)responsabilidades?!

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Assassinaram o CEMGFA, e o Presidente da República. O Governo, até hoje, não se pronunciou. Os ministros da Defesa (Artur Silva) e do Interior (Lúcio Soares) continuam em funções, sem se perceber bem porquê.

Num país decente, as coisas teriam sido diferentes: os dois teriam, no minimo, posto os lugares à disposição. Nao é o caso. Este é um país doente.

PARA REFLECTIR Nos dois mandatos de Carlos Gomes Júnior, foram assassinados dois chefes de Estado-Maior General das Forças Armadas: Veríssimo Seabra e, mais recentemente, Tagme Na Waie.

António Aly Silva

quarta-feira, 4 de março de 2009

Funerais de Estado

- Tagme Na Waie será sepultado no próximo sábado, dia 7.

- O presidente 'Nino' Vieira, na próxima terça-feira, dia 10 de Março.

Ainda não houve autópsia a nenhum dos cadáveres. Aliás, o único médico legista guineense em actividade desconhece o motivo das mortes, pois segundo garantiu "ainda nem viu os corpos". AAS/mobile

Chicotada psicológica

Jorge Chicote, vice-ministro das Relações Exteriores de Angola e enviado especial do Presidente José Eduardo dos Santos à Guiné-Bissau:

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"Casos como estes não podem repetir-se muitas vezes."...

Pergunto eu: O que sugere, Sr. ministro? Que aconteçam de ano a ano, a cada seis meses, aos fins-de-semana?... Tenham dó! AAS

terça-feira, 3 de março de 2009

A notoriedade que nunca desejei

Espero que tenham dormido bem. E, que concordem comigo.

Ditadura do Consenso teve hoje, e até agora, mais de 2000 visitantes e foi referenciado em quase todo o mundo. Amanhã, outras imagens correrão mundo e meio, mas nos jornais na web.

A notoriedade é algo que me orgulha. Muito mesmo. Nota-se. E não faço nada para o esconder. Mas, atenção: está limitada à minha profissão: a de Jornalista. E ainda bem que assim é. Que isto fique bem claro.

No entanto, teria preferido que o meu blogue, hoje, fosse notícia e tivesse sido falado pelas melhores razões, em prol da Guiné-Bissau e dos guineenses. Não foi o caso. Uma vez mais.

O que me dói (e dói imenso) é que mesmo com estes dois terríveis acontecimentos, não tenhamos aprendido nada. E até já estejamos a preparar outra, talvez até pior. Mas, o que pode mesmo ser pior que os assassinatos de um Chefe de Estado e do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas? Costuma dizer-se que um morto é uma tragédia, cem mil mortos são uma estatística. A estatística não devia ser uma arma de arremesso em guerras políticas. Mas aqui, é.

Mas o que esperavam que acontecesse, estando o País, de há algum tempo a esta parte, nas mãos de gente medíocre, traidora e sem escrúpulos? O que pode mesmo acontecer a um País quando gente sem qualquer sentido de responsabilidade, que fará de Estado, o toma nas maõs?

É isto que acontece a um País quando os políticos, em vez de governarem com a dignidade que se lhes é exigida, passam o tempo a comprar guerrinhas, dividindo e atiçando os militares É nisto que dá. E pode doer. Muito.

Desde o fim da guerra de 1998/99, já assistimos a quantos assassinatos na Guiné-Bissau? Antes mesmo dessa guerra, quantas personalidades deste País desapareceram em circunstâncias ainda hoje por esclarecer? Quantos filhos desta terra, os mais bem intencionados, foram eliminados? Quantos não vimos partir, um por um, traídos, submetidos a julgamentos humilhantes, muitas vezes sumários e, de seguida, abatidos como gado?

Se o povo guineense não se erguer, será espezinhado e humilhado. Como tem sido desde 1973.

António Aly Silva

Purgas?

Ex-ministros guineenses ligados a "Nino" Vieira estão a receber ameaças de prisão ou de morte na sequência dos assassínios no país, disse hoje o antigo chefe da diplomacia do país, Soares Sambú.

Há "pelo menos nove nomes" de personalidades políticas que estão a ser "perseguidas".

Segundo Soares Sambú, a "lista" inclui nomes como os ex-ministros da Defesa Helder Proença, Marciano Barbeiro e Daniel Gomes, o ex-ministro da Economia e Finanças Issufo Sanhá, os dos antigos secretários de Estado Isabel Buscardini, Roberto Cacheu e Baciro Dabó (antigo chefe da antiga secreta guineense) e ainda o empresário Manuel dos Santos ("Manecas"), além do próprio Soares Sambú.

Sobre o paradeiro de João Cardoso, ex-chefe de gabinete do Presidente da República, Soares Sambú afirmou desconhecê-lo, admitindo porém que o homem forte do regime esteja em segurança, mas em local desconhecido.

Sigam isto...

Meus caros. Sigam isto

Agora viraram-se para o mensageiro...

Às quatro pessoas que me enviaram e-mail's a perguntar «não tens vergonha em publicar essas fotografias?», respondo assim:

Vergonha? Eu sou jornalista, por amor de Deus. E ainda que não fosse, qual é o mal? Quem assassinou ou quem fotografou a cena do crime - quem é pior? Por que motivo chateiam o Aly?

E se fossem atrás das pessoas que assassinaram o Presidente da República 'Nino' Vieira e o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, Tagme Na Waie?
Bom, talvez como se trata de «um grupo desconhecido»...

Tenham vergonha, vão à merda e... não voltem a incomodar-me! Ninguém me ameaça ou mete medo. AAS