quinta-feira, 24 de setembro de 2015

CAJU: Moçambique e Guiné-Bissau querem cooperar


Moçambique e Guiné-Bissau pretendem cooperar no sector do caju, informou o jornal Notícias, de Maputo, citando fontes de ambos os países que participaram Conferência Internacional do Caju que decorreu na capital moçambicana.

O jornal escreveu ainda que representantes dos dois países já iniciaram contactos e que a Guiné-Bissau, o segundo maior produtor da castanha de caju em África com uma média de 200 mil toneladas/ano, pretende obter informações sobre a experiência de Moçambique no domínio da industrialização do caju.

Por seu turno, Moçambique, quarto maior produtor africano do caju e um dos líderes na industrialização e processamento da castanha no continente, pretende aperfeiçoar conhecimentos no domínio da produção.

África produz metade da castanha comercializada em todo o mundo, estimada em três milhões de toneladas, mas apenas processa 10% dessa produção, tendo Filomena Maiopué, directora do Instituto de Fomento do Caju (Incaju) de Moçambique, defendido um aumento do processamento nos países produtores “a fim de garantir os postos de trabalho e o rendimento de que as populações tanto precisam.”

A directora do Incaju afirmou no decurso da conferência que Moçambique pretende produzir cerca de 100 mil toneladas na campanha 2014/2015, mais 20 mil toneladas do que na anterior campanha, mas cerca de metade do que o país produzia na década de 70 do século passado, em que era o maior produtor mundial com 200 mil toneladas.

Moçambique encontra-se actualmente em quarto lugar na lista dos maiores produtores de castanha de caju em África, uma lista que é encabeçada pela Costa do Marfim, a que se seguem em segundo lugar a Guiné-Bissau e em terceiro a Tanzânia.

A Conferência Internacional do Caju é o maior fórum mundial do produto, ligando a investigação com a produção e o mercado, colocando em debate questões relacionadas com o negócio como o comércio ético e a produção orgânica. Macauhub

INDEPENDÊNCIA: Já foi pago o salário aos funcionários do Estado guineense. AAS

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

GUINÉ-BISSAU-42º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: Depois do dia em que os portugueses deixaram de ser senhores dos céus


Fonte: Expresso
Reportagem de Luis Pedro Nunes,
Enviado à Guiné-Bissau

"Há um homem que espera há quase meio século à beira de um rio que o venham buscar. Por quem espera ele? Há um cão que deu origem a um massacre e alterou o rumo da história. Há uma bala que afinal era uma lança. E houve um dia em que os portugueses deixaram de ser senhores dos céus.

A 23 de setembro de 1973, a Guiné-Bissau declarava unilateralmente a independência. Na semana em que passam 42 anos desse acontecimento histórico, o Expresso conta-lhe as histórias que marcaram alguns dos momentos mais importantes da vida do país. É a primeira parte de uma reportagem multimédia sobre a primeira colónia à qual Portugal acabaria por reconhecer a independência.
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Carlos Correia assume a governação do País


Durante a tradicional cerimónia de passação, entre o Primeiro-ministro cessante, Sua Excelência, o Sr. Engº Domingos Simões Pereira e o atual Primeiro-ministro, Sua Excelência, o Sr. Engº Carlos Correia, que teve lugar, hoje, dia 23 de Setembro, no Salão Nobre do Conselho de Ministros Francisco João Mendes “Tchico Té”.

O ex-Chefe do Governo ao intervir, disse colocar-se de acordo com as suas capacidades à disposição do novo Primeiro-ministro, e que gostava de “afirmar o meu rigojizo, o meu orgulho de poder participar neste ato...” Referindo-se de “...estamos na presença de alguém que merece o nosso respeito, merece a nossa admiração.

Admiração por seu percurso de vida, admiração pelos atributos que tem granjeado durante esse percurso. Sempre colocando-se ao dispor da nação. Sempre disposto a servir e que tem sido de facto conhecido como a grande reserva moral do nosso país. Volta a ser chamado parra essas responsabilidades, num momento em que é evidente, que já não contava ter que assumir esse tipo de responsabilidade. E, portanto, mais de que um privilégio é de facto um sacrifício que a nação lhe pede.”

O Primeiro-ministro, Carlos Correia, com toda a modéstia reconheceu ter aceite o “...apelo, sobretudo neste momento de poder dar a minha modesta contribuição para continuarmos a caminhar no sentido de não perturbar, de não perder a esperança que o nosso povo tem vindo a demonstrar a partir do nosso Congresso de Cachéu, Congresso de PAIGC e da formação do 1º Governo”, dizendo ser “duplamente difícil” ter de “continuar o trabalho que tem sido feito pelo governo” anterior.

“...Porque como dizia a pouco eu não contava, mas também pelos resultados apresentados. Continuar esse trabalho é extremamente difícil, mas quero contar com a colaboração do Primeiro-ministro cessante, colaboração dos seus colaboradores e particularmente o apoio político e moral do PAIGC, aquém gostaria de servir mais uma vez.

Na presença dos conselheiros e assessores do Gabinete do Primeiro-ministro, os dois Chefes do Governo rubricaram o Termo de Passação e o Engº Carlos Correia recebeu do seu antecessor um dossier da governação, contendo vários documentos, de entre os quais: o Programa do Governo; o Orçamento Geral do Estado; o Relatório do Gabinete; o Plano de implementação das ações do projecto “Terra Ranka”, para só citar estes.

Gabinete de Comunicação do Primeiro-Ministro

PASSAGEM DE PASTA: Novo PM da Guiné-Bissau recebe dossiês de governação das mãos de DSP


O novo primeiro-ministro (PM) da Guiné-Bissau, Carlos Correia, recebeu hoje do seu antecessor, Domingos Simões Pereira, os dossiês de governação numa cerimónia no Palácio do Governo em Bissau.

Correia prometeu "dar continuidade" ao trabalho feito pelo Governo de Simões Pereira, tarefa que não será fácil, referiu, não só pelos resultados alcançados, mas sobretudo pelo facto de ser um exercício que não estava nos seus planos.

Carlos Correia, de 81 anos, recebeu de Domingos Simões Pereira o Programa do Governo, o Orçamento Geral do Estado e os planos decorrentes da conferência de doadores em que o país recebeu promessas de mil milhões de euros de apoios. "Não contava que teria, mais uma vez, que assumir funções desse nível, mas também não podia fugir à responsabilidade", referiu Carlos Correia.

"Mais um sacrifício"

O novo PM entende ser necessário manter "a esperança" que "o nosso povo", tem vindo a depositar no Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Correia disse contar com a colaboração de Domingos Simões Pereira e dos seus assessores naquilo que chama de "mais um sacrifício" que irá consentir pelo seu partido e pelo país.

O primeiro-ministro cessante afirmou estar disponível para apoiar o novo PM "no lugar e na qualidade" que aquele entender, tendo enaltecido as qualidades do novo chefe do Governo guineense. Segundo referiu, Carlos Correia "é a reserva moral" na qual os guineenses se devem rever sempre.

Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC e vencedor das eleições legislativas de 2014, foi demitido a 12 de agosto pelo Presidente da República, José Mário Vaz, também eleito no último ano pelo mesmo partido. Carlos Correia foi indicado para liderar o Governo na qualidade de vice-presidente do PAIGC. Lusa

QUEM É O PRIMEIRO-MINISTRO CARLOS CORREIA?


CARLOS CORREIA é um nacionalista convicto, de formação política sólida, muito discreta, que fez toda a sua carreira nas fileiras do PAIGC. Cedo, após a sua fuga, em 1959, via Casamance, para a Luta de Libertação Nacional, em Dakar se avista com Amílcar Cabral.



Como dirigente do PAIGC, foi por três vezes Primeiro-ministro. Devido a sua postura considerada de honesto, cumpridor, moderado e integro, conquista um estatuto especial na sociedade guineense. Sendo, consenso geral, de que é difícil apontar-lhe o dedo pelos erros cometidos na gestão da coisa pública.

Sua Excelência, o Sr. Engo Carlos Augusto Gomes Correia, nasceu em São Domingos, Região de Cacheu, a 06 de Novembro de 1933. Filho de
Domingos Gomes Correia e de Mariama Forbs, viveu em Encheia, Jeta e Bissau, aonde neste último passa a sua infância e adolescência, concluindo em 1946 a instrução primária.

Proveniente de uma modesta família guineense, com 13 anos de idade, começa a trabalhar como empregado de balcão, na “Loja Da Praia” da firma Casa Gouveia.

Em 1947, com a transferência do pai, que era funcionário aduaneiro para Bafatá muda para essa cidade. Aí até 1950 foi professor na Escola Primária da Missão Católica de Bafatá.

De regresso à Bissau, em 1955 frequenta o Curso Secundário no Colégio Liceu de iniciativa semioficial (sito no edifício da atual Direção-geral da Cultura). E, quatro anos mais tarde, concorre ao posto administrativo e contabilístico do quadro da “Casa Gouveia”. Na sequência do massacre de “Pingiquity”, de 3 de agosto de 59 foi preso pela polícia política da então “Guiné-Portuguesa”, sendo libertado no dia seguinte.

Decide fugir para o Senegal, aonde segue para a Guiné-Conakry, acompanhado do seu companheiro Luciano N’Dau. A partir de 1960, em Conakry, sob orientação de Amílcar Cabral coadjuvado por Luciano N`Dao ocupa-se da mobilização e ingresso de novos jovens para as fileiras do PAIGC e participa no programa de superação político-literário dos militantes. Toma parte, em Dalabá, República da Guiné, num seminário de formação sindical organizado pela UGETAN (União Geral dos Trabalhadores da África Negra).

No início de 1961, bolseiro da UIE (União Internacional dos Estudantes) segue para RDA (República Democrática Alemã) para a formação superior. Participa no Congresso Constitutivo da UGEAN (União Geral dos Estudantes das Colónias Portuguesas), realizado em Rabat, sendo eleito membro da Direção da Organização e indigitado seu responsável pela área da Formação.

Em 62, em representação dos jovens e estudantes do PAIGC participa em Helsínquia, no Festival da Juventude e Estudantes. E, pela UGEAN, no Congresso da KOMSOMOL (Organização da Juventude Soviética) em Leninegrado, hoje São Petersburgo.

Depois de concluir a formação, em 66, em agronomia no Instituto Superior de Agronomia Tropical e Subtropical, regressa no ano seguinte à Conakry, sendo colocado na Representação Exterior do PAIGC, em Dakar. Torna-se membro do Comité Central do PAIGC.

Nomeado em 68, responsável pela Logística do Secretariado do PAIGC, em Conakry, passa a dirigir a Comissão de Inspeção/Recenseamento (de homens e Materiais) de todas as unidades das FARP das três Frentes de Luta. Vindo a ser eleito membro do Bureau Político do PAIGC e um ano mais tarde do Comité Permanente da Comissão Nacional das Regiões Libertadas do Sul.

Em 1972, participa na sensibilização e orientação das populações para escolha dos Delegados às eleições dos membros dos Conselhos Regionais e Deputados à Assembleia Nacional Popular. Com a proclamação da independência, em 1973, do Estado da República da Guiné-Bissau (1973), na I Sessão da Assembleia Nacional Popular torna-se deputado.

Com o reconhecimento formal da independência nacional, por Portugal, ex- potência colonial, exerceu a partir de 1974 importantes cargos no aparelho legislativo, do Estado e sector privado:

- Deputado da II Legislatura da ANP (1976);
- Comissário de Estado do Planeamento Agrícola e Recursos Naturais (24
Set. 74 a 19 Mar. 77);
- Comissário de Estado das Finanças (19 Mar. 77 a 14 Fev. 81);
- Presidente do Conselho Superior dos Desportos (78 a 82);
- Ministro das Finanças (14 Fev. 81 a 17 Maio 82);
- Deputado da III Legislatura da ANP (84)
- Ministro do Comércio e Artesanato (17 Maio 82 a 17 Julho 84);
- Ministro de Estado do Desenvolvimento Rural e Pescas (17 Jul. a 6 Fev.
89);
- Ministro do Desenvolvimento Rural e Agricultura (06 Fev. 89 a 16 Dez.
91);
- Ministro da Presidência do Conselho de Estado (18 de Nov. de 91);
- Primeiro-ministro (16 Dez. 91 a 4 Nov. 94);
- Deputado da IV Legislatura da ANP, da I Assembleia Multipartidária do
País (94);
- Assessor para a Área Produtiva do Presidente do Conselho de ADP
(Armazéns do Povo) SARL (95 a Nov. 96);
- Primeiro-ministro (Maio 97 a Dez. 2 de 99);
- Primeiro-ministro do Governo de Transição de iniciativa presidencial
(Maio 2008 a Jan. 09);

Ainda, foi Membro do Conselho de Estado; Presidente do Conselho Regional do Sector Autónomo de Bissau; Presidente do Conselho Regional do SAB e Membro da Presidência da Bancada Parlamentar do PAIGC.

Desempenhou outras tantas funções: Presidente do Conselho de Ministros do Fundo de desenvolvimento da CEDEAO (1983); Presidente do Conselho de Ministros da ADRAO (Associação para o Desenvolvimento da Orizicultura na África Ocidental) 1984; Ministro Coordenador do CILSS (Comité Inter-estado da Luta Contra a Seca no Sahel (87-89).

Participou em inúmeras Conferências Internacionais, tais como: da CEE/ACP; Conselhos de Ministros do Fundo de Desenvolvimento da CEDEAO; da FAO; do FIDA e muitas outras Reuniões, Conferências e Cimeiras de Chefes de Estado.

Foi galardoado com várias medalhas, a saber: Medalha Ordem de Vladimir Ylitch Lenin; Medalha de Mérito de ANP; Medalha do Combatente da liberdade da Pátria; Medalha Amílcar Cabral primeiro grau (versão Cabo- Verde); e Medalha de Ouro de Reconhecimento e Mérito da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

Esta é a síntese biográfica de Sua Excelência, o Sr. Engo Carlos Correia, distinto Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, pela quarta vez.

Bissau, 23 de Setembro de 2015

Carlos Vaz
Conselheiro para a Comunicação e Informação do Governo

TERRA RANKA: As folhas saláriais já foram processadas, autorizadas pelo primeiro-ministro e enviadas ao BCEAO para pagamento dos salários dos funcionários do Estado. AAS

Jogos Olímpicos – Rio 2016


COMUNICADO DE IMPRENSA

Bissau, 22 de setembro de 2015

A Prefeitura do Rio comemora o marco de pouco menos de um ano para os primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul com 82% das obras do Parque Olímpico concluídas. Coração dos Jogos Rio 2016 e sede de 16 modalidades olímpicas e nove paralímpicas, o Parque Olímpico terá parte de suas arenas entregues ainda neste semestre.

A 318 dias das olímpiadas, quase 80% dos circuitos de Canoagem Slalom, BMX e Mountain Bike, no Complexo Esportivo de Deodoro, já estão prontos. Segundo maior conjunto de equipamentos das olimpíadas de 2016 e palco de 11 modalidades olímpicas e quatro paralímpicas, Deodoro já tem 60% das instalações permanentes que precisam apenas de adaptações. É o caso do Centro de Hipismo, que já está reformado e será entregue amanhã, no evento-teste.


Foto: Ricardo Cassiano

A contagem regressiva começou em 2 de outubro de 2009 quando a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede dos Jogos de 2016, com votação recorde, pelo Comitê Olímpico Internacional em Copenhagem, na Dinamarca. Desde então, a Prefeitura do Rio trabalha na maior transformação da história recente da Cidade Maravilhosa com base em três mandamentos: Legado, Economia de recursos públicos e Obras no prazo e sem ‘elefantes brancos’.

Foi seguindo esses preceitos, que o município dobrou a quantidade de projetos de legado de sete para 14 e já entregou alguns deles, como o Piscinão da Praça da Bandeira e o Centro de Operações. Intervenções na área de mobilidade – como BRT Transolímpica, Lote 0 do BRT Transoeste e duplicação do Elevado do Joá – estão a todo vapor e ultrapassaram 60% de execução.

A partir de hoje, será possível acompanhar o progresso das obras de construção das novas arenas olímpicas com seus percentuais de execução no site www.cidadeolimpica.rio

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André Carvalho de Oliveira
Diretor do CCBGB

OPINIÃO: Uma equação para o fim da crise na Guiné-Bissau


Fonte: Jornal de Angola
Belarmino Van-Dúnem

A Guiné-Bissau já tem um primeiro-ministro que não é o desejável, mas o possível. O Presidente da República, José Mário Vaz, conhecido nas lides políticas como JOMAV ou “homem de 25”, por ter conseguido pagar os salários da função pública em cada dia 25 do mês enquanto foi ministro das Finanças, conseguiu afastar o primeiro-ministro eleito Domingos Simões Pereira, não obstante o esforço da comunidade internacional.

O braço-de-ferro entre os dois líderes do PAIGC começou no seio do partido. Domingos Simões Pereira, enquanto líder do partido, deu apoio à candidatura a Presidente da República a um outro candidato, apesar do actual Presidente da República ter dado o seu apoio para que Domingos Simões Pereira liderasse o PAIGC.

A rixa no seio do PAIGC chegou ao extremo e o partido abalou quando o terceiro vice-presidente do partido aceitou o convite do Presidente da República para formar um governo que fosse transversal a todas as forças vivas da Guiné-Bissau. As análises foram divergentes: enquanto uns afirmavam que a decisão era inconstitucional, outros viam na decisão uma saída para a crise.

A CEDEAO entrou em cena e na última Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo daquela organização regional, decidiu que o ex-presidente da Nigéria, Olusengun Obasanjo, seria o principal medianeiro, já que havia sido enviado especial do Presidente nigeriano Muhammadu Buhari para mediar a crise.

A solução foi a que já se cogitava e que em várias ocasiões foi ventilada: tendo em atenção a provável influência que o Presidente José Mário Vaz tem no partido e acreditando no bom senso do presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira. Em vez de resistir, o partido deveria procurar uma terceira via para estar à frente do governo, ficando numa espécie de mão invisível.

Houve vozes que, com razão, afirmavam que seria um golpe grave contra a democracia e para o próprio Domingos Simões Pereira. Mas, acto consumado, o PAIGC indicou o segundo vice-presidente do partido, Carlos Correia, que aos 82 anos de idade é mais uma vez chamado a tapar um furo que muitos duvidam que ainda esteja com a genica necessária para tão árdua tarefa.

Porém, Carlos Correia aceitou o desafio e é de elogiar o facto de, num momento em que o país se encontra em crise política e precisa de uma saída airosa para viabilizar o seu futuro, ter-se mostrado disponível para contribuir com os seus conhecimentos e experiência de governação e, deste modo, equacionar o dilema.

Na sua qualidade de mais velho, foi aceite pelo Presidente da República, José Mário Vaz.Aliás, seria exagero e extrema indelicadeza negar a indicação do mais velho que, humildemente aceita o mesmo cargo pela quarta vez.Aí sim, o Presidente José Mário Vaz, que já acumulou volume suficiente de críticas, estaria a roçar o ridículo na política.

Quais são as lições que todos nós devemos tirar da situação na Guiné-Bissau? A primeira está relacionada com a ponderação. No início da crise, a estratégia do PAIGC não surtiu o efeito esperado, houve falta de contenção de verbo, a pressão exercida sobre o Presidente da República levou a radicalizar a sua posição.

O ex-primeiro-ministro e o Presidente da Assembleia Nacional acabaram por claudicar perante os poderes constitucionais de José Mário Vaz, prevalecendo o velho principio do direito segundo o qual, quem pode muito pode pouco.

A segunda lição é a mais plausível e que, no meu entender, é o grande exemplo que o PAIGC e seu líder dão a todos os guineenses e aos africanos de forma geral. O presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, encontrou uma terceira via e indicou o seu vice para liderar o governo, pondo fim ao impasse que o país vivia.

A terceira lição é o facto da Guiné-Bissau demonstrar o respeito pela independência da justiça. A última esperança era o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau que conseguiu responder às expectativas e declarou inconstitucional a nomeação de Bacíro Djá para primeiro-ministro.

Aqui reside o pormenor e a curiosidade desta “luta” de poderes na Guiné-Bissau: tanto o presidente da República, José Mário Vaz, como o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, procuraram sempre respeitar a Constituição da República.

O Presidente da República foi à busca de um membro destacado do partido para substituir o primeiro-ministro.Segundo a constituição é o partido vencedor que deve indicar o primeiro-ministro, mas os estatutos do PAIGC estipulam que deve ser o presidente do partido a liderar o Governo. A tentativa do Presidente foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal de Justiça, porque a indicação não partiu do PAIGC.

O presidente da República aceitou a decisão judicial. Domingos Simões Pereira indicou então outro dirigente do partido, já que a coabitação entre ele e o Presidente da República não parecia possível.

Na verdade ninguém perdeu, saiu a ganhar a República, a independência dos órgãos de soberania. Mas não posso deixar de mencionar o facto de o Presidente José Mário Vaz ter demonstrado um mau fundo, falta de sentido de Estado e incapacidade para trabalhar na diversidade.

A comunidade internacional fica acomodada, os militares guineenses ganham bónus e a política na Guiné-Bissau nunca mais será a mesma. Doravante as instituições de soberania irão fincar o seu poder, o povo sairá a ganhar. A única esperança é que o actual primeiro-ministro tenha espaço de actuação e saiba conciliar prerrogativas do poder com os reais interesses do país, respeitando o presidentes do seu partido e o da República, pondo em primeiro plano os interesses do PAIGC e garantindo a transversalidade necessária entre o governo e a presidência da República. Na verdade o líder do governo é o presidente do partido, Domingos Simões Pereira.

Agora a vida continua e como proclamou o saudoso Presidente da República de Angola, Dr. António Agostinho Neto: “o mais importante é resolver os problemas do povo”.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

O primeiro dia de Carlos Correia


Hoje, dia 22 de Setembro, Sua Excelência, o Primeiro-ministro, Eng. Carlos Correia, acompanhado pelo seu antecessor, Eng. Domingos Simões Pereira teve no Palácio do Governo a primeira reunião, com o Gabinete constituído por conselheiros e assessores.



No encontro, depois de uma breve introdução do ex-Primeiro-ministro, usaram da palavra os conselheiros desejando as boas-vindas e sucessos ao recém empossado no desempenho da sua nobre missão, fizeram as apresentações, identificando as áreas e os pelouros ao seu cargo, colocando-se disponíveis para dar continuidade ao processo de governação iniciado.

O Chefe do Governo, Eng. Carlos Correia com o rigor e pragmatismo que lhe caracteriza, disse: “Não vou falar muito. Mas, quero agradecer a todos pela disponibilidade. Este Governo será um Governo de continuidade da governação do anterior e pelo qual conto com a imprescindível colaboração de todos.” Posteriormente, percorreu todas as dependências da primatura, saudando os funcionários.

Amanhã dia 23, durante o período da manhã terá lugar a tradicional cerimónia de passasão entre os dois Primeiros-ministros.

Presidente cabo-verdiano renova apelo à "normalidade constitucional" na Guiné-Bissa


O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, voltou hoje a manifestar preocupação com a "situação de instabilidade política" na Guiné-Bissau, renovando os apelos à ponderação dos "atores políticos" para que a "normalidade constitucional" regresse ao país.

"Preocupa-nos a situação de instabilidade política reinante na República da Guiné- Bissau e, a este respeito, apelamos à ponderação de todos os atores políticos envolvidos, por forma a assegurar que a tranquilidade social e a normalidade constitucional regressem ao país, para o bem do povo guineense", disse o chefe de Estado cabo-verdiano.

A Guiné-Bissau está sem Governo desde o dia 12 de agosto, quando o Presidente do país, José Mário Vaz, exonerou o executivo que era liderado por Domingos Simões Pereira. Pelo meio ainda nomeou Baciro Djá primeiro-ministro e este formou o seu Governo, mas o Supremo Tribunal de Justiça considerou esta nomeação inconstitucional por não respeitar os resultados das eleições.

Carlos Correia, de 81 anos, foi o nome indicado pelo PAIGC, partido vencedor das eleições, para chefiar o Governo e foi nomeado primeiro-ministro no dia 17 deste mês e agora tenta formar o seu executivo. Jorge Carlos Fonseca falava hoje durante a cerimónia de apresentação de cartas credenciais do novo embaixador da França em Cabo Verde, o lusodescendente Olivier da Silva.

Setembro Vitorioso: Comemorações em Dacar, Senegal


Comemoração de "Setembro Vitorioso" pela Associação de Estudantes Guineenses no Senegal

No quadro das comemorações de Setembro Vitorioso, em homenagem à Amilcar Cabral e à independência do pais, a Associação dos Estudantes da Guiné-Bissau no Senegal (AEGBS) levara à cabo uma série de actividades desportivas e culturais em invocação dos acontecimentos de Setembro que marcam a historia da Guiné-Bissau. Assim :

Dia 19 setembro :

07h00 às 12h00 : realização de uma marcha desportiva pelas artérias da capital senegalesa sob o lema : O desporto faz bem à saude ;
15h00 às 18h00 : Encontro de futebol no Estadio Olimpico de dakar no quadro de um torneio quadrangular entre as equipas de Guiné Equatorial x Cabo-Verde e Guiné-Bissau x Congo Brazzaville.

Dia 22 setembro :

17h00 às 19h30 : Realização de Conferências socio-educativas nos locais da embaixada da Guiné-Bissau no Senegal, sobre os temas seguintes :
- O papel da juventude no desenvolvimento socio-politico e economico do pais, tendo como orador, o Dr Carlos Cardoso ;
- A importância e o impacto da OMVG sobre o desenvolvimento socio-economico da Guiné-Bissau, tendo como orador, o Eng° Justino Vieira.

Dia 24 setembro :

15h00 às 18h00 : Realização de duas finais de futebol.
Masculino : entre os vencedores dos jogos realizados no dia 19, ou seja, nesta data entre a Guiné-Bissau e a Guiné Equatorial, vitoriosas respectivamente contra Congo Brazzaville e cabo-Verde pela mesma marca de 2-1

Feminino : entre as equipas da Guiné-Bissau e a Republica irmã de Cabo-Verde num quadro especifico de fraternidade e desforra desportiva.

20h00 às 23h00 : Animação cultural, teatro, dança, representação cénicas de educação civica, descoberta de talentos musicais etc

00h00 em diante : Soirée dançante acompanhado de actuações ao vivo de novas descobertas musicais

GUINÉ-BISSAU-42º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: PAIGC ferido e em crise ameaça estabilidade do País


Reportagem da Agência Lusa

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo porque, desde a década de 1980, há uma elite no PAIGC que procura "safar-se em vez de safar o país", aponta o ex-ministro Delfim da Silva. "Desde Cabral, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) teve sempre um discurso ético", mas "a partir dos anos 1980, o que passou a funcionar foi cada um safar-se e não safar o país".

Um "salve-se quem puder", em que uns "apareceram milionários de repente" ao lado dos que "nada tinham", descreve Delfim da Silva, histórico membro do PAIGC, por várias vezes ministro, mas hoje docente de filosofia, sem atividade política.

"O vértice da classe política, os dirigentes, procurou ficar rico", esquecendo os outros, e assiste-se a antagonismos: combatente contra combatente. "Perderam-se os valores morais" e foi assim que se quebrou o consenso no PAIGC e que se quebrou o consenso étnico gerado durante a luta pela libertação, nascendo conflitos, uns atrás dos outros, numa espiral que perdura até hoje, refere.

Delfim recorda o momento em que Ansumane Mané foi à televisão com um pão, no início da guerra civil em 1998, para explicar o que o movia contra o presidente Nino Vieira. "Há este pão todo, mas nós só temos um pedacinho, enquanto uma elite fica com quase tudo", queixava-se o chefe dos militares, recordado por Delfim.

A imagem é um dos símbolos que invoca para ilustrar a divisão entre combatentes: todos lutaram pela libertação, mas uns enriqueceram ilicitamente, outros ainda hoje estão pobres.

Delfim da Silva destaca ainda outra "situação gravíssima": "o caso `17 de outubro` de 1985, em que o vice-presidente do Conselho de Estado, coronel Paulo Correia, e o Procurador-Geral da República, Viriato Pã, foram executados juntamente com outros quatro oficiais por suposto envolvimento numa conspiração contra o Estado.
Muitos outros foram detidos e julgados.

"Houve uma repressão terrível. Esse caso levou dezenas de quadros e antigos combatentes para a prisão. Criou feridas gravíssimas que fazem-se sentir hoje em dia". Foi um caminho tortuoso até chegar à atualidade. E hoje, dentro do PAIGC, "há uma guerra complicada", mas ninguém sabe "porque estão a guerrear-se, uma vez que não há referências, não há valores. É um salve-se quem puder" -- tal como no passado.

"Não havendo referências, lutam por pequenas coisas. As pessoas estão em guerra há muitos anos por pequenas coisas".
Para Delfim não há dúvidas: o país está como está por causa da crise no PAIGC. Não só, mas sobretudo por causa disso".

O PAIGC precisa de uma "profunda reforma interna", mas não precisa de mais regras. "Não basta haver regras, é preciso uma liderança" e Delfim da Silva acredita que Domingos Simões Pereira "tem condições impor regras de conduta no plano ético e moral. E no plano político", acrescentou.

Zamora Induta preso no quartel de Mansoa


O ex-chefe do Estado-Maior das Forcas Armadas da Guiné-Bissau Zamora Induta foi hoje conduzido para uma cela no quartel de Mansoa, no centro do país, disse à Lusa o advogado do contra-almirante, José Paulo Semedo.

De acordo com o advogado, Zamora Induta foi levado para a prisão do quartel de Mansoa por ordens do Tribunal Superior Militar mas sem que o próprio causídico tivesse sido notificado dos motivos.

"Confirmo que o contra-almirante foi levado para Mansoa e neste momento já se encontra numa cela naquela unidade militar", disse à Lusa José Paulo Semedo, que se deslocou ao Tribunal para "perceber o que é que se passa". Lusa

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Caju salva crise política


O recorde, este ano, na colheita de castanha de caju na Guiné-Bissau tem contribuído para "amortecer o impacto económico" da crise política que assola o País, com a demissão pelo Presidente da República, do Governo de Domingos Simões Pereira, disse hoje o ministro da Economia e das Finanças, Geraldo Martins.

Segundo o ministro, as exportações atingiram já 170 mil toneladas, batendo o recorde anterior estabelecido em 2011. Tudo isto acontece num momento em que o preço da castanha de caju subiu no mercado internacional. "Se a actual crise política tiver uma solução nas próximas semanas, o impacto económico será mínimo”, afiançou à agência Reuters, lembrando entretanto que País está sem governo e num total impasse há quase 40 dias. AAS