sábado, 2 de maio de 2015
'Nino' ka murri
O presidente do Parlamento da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, vai apresentar aos deputados uma proposta para que seja erigida na capital uma estátua do ex-Presidente Nino Vieira, anunciou o próprio à agência Lusa. Segundo referiu, a obra conta com o apoio de Cuba, país de onde Cipriano Cassamá regressou na última semana, após uma visita de trabalho de sete dias.
Nino Vieira foi assassinado no dia 02 de marco de 2009, na sua residência particular, em Bissau, por homens armados, em circunstâncias nunca apuradas pela Justiça. Foi Presidente da Guiné-Bissau durante cerca de duas décadas, em duas ocasiões diferentes, durante e após a era do partido único (PAIGC).
O monumento pretende ser uma homenagem da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento guineense) a Nino Vieira que foi, também, o seu primeiro presidente, e nessa qualidade o autor do discurso da proclamação da independência unilateral da Guiné-Bissau, em 1973.
João Bernardo Vieira é igualmente "um dos líderes incontestáveis" da luta pela autodeterminação do povo guineense, reforçou Cipriano Cassamá.
A homenagem "aos símbolos do Estado guineense revela-se importante na construção do presente" do país e na "edificação do futuro", justificou o presidente da ANP. "Queremos que o passado fale", para que se reconheça o "papel importante" de Nino Vieira na edificação da Nação, acrescentou.
"É uma homenagem que deve colher o consenso de todos os deputados da Nação pelo papel desempenhado por esta importante figura nacional que foi também um deputado", declarou Cipriano Cassamá. A sessão parlamentar em que o assunto será submetido a discussão e votação ainda não tem data marcada. Lusa
NOTA: Acho, por todos os motivos e mais alguns, que 'Nino' Veira não deve cair no esquecimento. Ponto. Mas, lendo a nota da Lusa, "a obra conta com o apoio de Cuba". Ora, das duas uma: ou Cipriano Cassamá tratou do assunto lá, em Cuba, onde, por coincidência, esteve na passada semana NÃO informando primeiro a ANP a quem, ainda segundo a Lusa, "vai apresentar a proposta"; ou estaremos perante outro 'caso'. É que "conta com o apoio de Cuba" significa literalmente que a referida obra já tenha sido acordada de antemão, por exemplo, no parlamento. AAS
NOTA DC: Sobre a mensagem publicada ontem, eu NÃO DISSE A RAZÃO, e NÃO MENCIONEI NOMES por isto mesmo: por ser de foro pessoal. Quanto ao resto, dos 'defensores do nada' e do 'deve e haver', espero que façam o devido juízo...Se alguém pensa que vai usar este blogue para criar instabilidade, tirar proveito ou seja lá o que for, então que espere deitado porque sentado ainda cria calos no cú, coisa que, digamos, não convém mesmo nada... AAS
sexta-feira, 1 de maio de 2015
Gatunagem no aeroporto de Bissau
"Sr Aly,
Agradecia anonimato, se publicar esta denuncia no seu blogue. Sou leitora assídua do seu blogue pois só assim tenho notícias de um País que não é meu e que amo como se o fosse.
Sr Aly, recentemente o meu marido viajou para Bissau com duas bagagens de 23kg cada e à chegada ao aeroporto de Bissau umas das bagagens não chegou. Fizemos a reclamação junto da companhia aérea, a Euro Atlantic e fui informada que não é o unico caso, pois muitas bagagens desaparecem neste aeroporto.
Neste sentido apelo às autoridades competentes a responsabilidade pelo desaparecimento das bagagens.
Atentamente, uma leitora do blogue."
quinta-feira, 30 de abril de 2015
PM guineense considera "corajosas" medidas fiscais e controla de despesas
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, considerou "corajosas" as medidas tomadas pelo seu Governo para controlar as despesas do Estado e a fiscalidade no país, fazendo aumentar as receitas tributárias.
"As receitas fiscais têm vindo a aumentar de forma significativa em relação aos anos anteriores, devido a medidas corajosas adotadas pelo Governo, nomeadamente o controle das faturas e a drástica redução das despesas não tituladas", referiu, num encontro, na quarta-feira, com dirigentes da Nações Unidas, citado num comunicado do Governo guineense.
Domingos Simões Pereira falava através de videoconferência com o grupo de conselheiros do Fundo para a Consolidação da Paz da ONU, numa ligação estabelecida entre o escritório da missão das Nações Unidas em Bissau e Nova Iorque. Na conversa, o primeiro-ministro admitiu que "tais medidas [ao nível do controlo de despesas] têm, no entanto, provocado algum mal-estar, por hábitos consolidados e interesses vários".
A Guiné-Bissau tem vivido ciclos de instabilidade crónica em 40 anos de independência, tornando difícil o combate à corrupção e a regularização da economia, feita quase na totalidade de forma informal, sem registos. As eleições de 2014 puseram fim ao período de transição provocado pelo golpe de Estado de 2012 e o lema do executivo liderado por Domingos Simões Pereira é de que, desta vez, "a terra arranca".
De acordo com o comunicado do Governo, o primeiro-ministro referiu no encontro com dirigentes da ONU que "apesar do resultado das eleições ter ditado uma maioria absoluta para o PAIGC, hoje o momento não é de afirmar legitimidades, mas de estabelecer compromissos e assegurar que todos se sintam relevantes e envolvidos".
O Fundo para Consolidação da Paz da ONU é uma das entidades que pretende apoiar financeiramente projetos de apoio que devem culminar no desenvolvimento da Guiné-Bissau.
Nesse sentido, Simões Pereira realçou que "a Guiné-Bissau vive um momento especial em que existe um alinhamento das principais autoridades do país, e da sociedade civil, a favor da criação de um ambiente de confiança". A conjuntura "é favorável à receção das ajudas prometidas e capazes de produzir os resultados preconizados" no seguimento da mesa redonda de doadores realizada em março, em Bruxelas, concluiu o primeiro-ministro. Lusa
OPINIÃO AAS: Disfunção Pública e Outras Histórias de Encantar
Os funcionários públicos da Guiné-Bissau são a classe mais favorecida - ainda que completamente inútil - do País. São gordos e reluzentes (ganhando miseravelmente) e passam todas as manhãs nos tristes cafés de Bissau. Numa palavra: a CORRUPÇÃO continua, talvez até mais desavergonhadamente.
É claro que o 'governo de ladrões da transição' pilhou o País, sugou-o até ao tutano. Fez o que quis e até hoje ninguém foi chamado á razão. Foram construídas em pouco mais de dois anos centenas de residências, em Bor e em Safim, cada uma maior e mais espampanante que a outra. Alguém, até hoje, mais de um ano depois de empossado um Governo legítimo foi RESPONSABILIZADO? Não me parece...
Um destes dias, perguntei a um amigo, por sinal funcionário público: "Diz-me, não trabalhas hoje?" A resposta foi pronta e seca: "O ministro não está, viajou." Não desarmei. "Mas o ministério está fechado?" Ele."Não, não está." Depois, como quem não entendeu, mudou simplesmente de mesa...
Isto prova que o guineense, o funcionário público, é irresponsável e está-se nas tintas para o público que é suposto servir. O Governo da Guiné-Bissau sabe isso muito bem, mas fecha os olhos. Compromissos no PAIGC estão a dar cabo do Estado da Guiné-Bissau!
Besame mucho
Bissau é a capital mundial da compaixão: com os assassinos, com os ladrões do Estado (do Povo), com os pedófilos; Nunca vi, nos países de língua portuguesa que conheci, cidade como esta: (quase) tudo escrito em francês - os nossos novos colonizadores. Bissau, a sua economia informal e o que mais houver, estão nas mãos dos senegaleses e guineenses da Guinée.
Perguntei um dia a um engraxador de palmo e meio:
"De onde és?"
- De Conacry, respondeu.
Insisti: "Mas em Conacry não há sapatos? É que são todos de lá."
Sorriu.
Não há esquina em Bissau sem um mecânico, e mesmo ao lado tem de haver um barraco sujo para remendo de pneus e venda dos mesmos. Esquina sem um cubículo transformado em 'boutique', então, será um sacrilégio. A cidade tornou-se suja, porca mesmo. As pessoas parecem zombies, arrastam-se e levam com elas o peso da angústia, e toda a poeira.
O guineense copia tudo pela negativa. Exemplo recente? As obras de asfaltagem das estradas de Bissau. A empresa Arezky coloca tabuletas com sinal de proibição de passagem? O guineense TEM de passar para mostrar que é ALGUÉM (mas para mim, para muitos que assistem a estas exibições baratas não passam de esbirros fanfarrões!). Anós i sombra di kuku. Nô ta sonbria utrus...
Desmembrar é a solução
Há membros do Governo que nada acrescentam e que o País dispensava neste momento. (farei o retrato de cada um). Hoje mesmo (quinta feira) o Presidente da República tomou o Governo de ponta. Chamou os sindicatos e, visivelmente desconfortável, questionou se, perante a função pública que temos "devemos mesmo festejar o 1º de maio?" Um recado para o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira e para o tutelar da pasta.
O Chefe de Estado condenou o aumento dos preços nos produtos de primeira necessidade, e perguntou: "Perante isto, o que fez o Governo?", e disse que esteve todo este tempo calado porque "quem fica calado está à procura da razão."
Para além do simbolismo do acto (vespera do 1º de maio), o Presidente quis dar um sinal: não está contente, e pode agir a qualquer momento. Falou da corrupção que grassa no País, e, mais do que tudo, quer que o Governo faça alguma coisa, que dê pelo menos a mão ao guineense comum que se sente cada dia mais sufocado.
Os donos disto tudo
Outra coisa que me irrita: a empresa Santy Comercial - os novos donos disto tudo. Até conseguiram construir um centro comercial...dentro de um quartel!!! A obra, que devia ser embargada, continua feliz e contente! Negociaram, sabe-se lá com quem, e como, a construção, nas barbas da ANP - e no terreno desta!!! - de um hotel de seis/sete andares.
A Santy Comercial, segundo fontes do DC, investiu já cerca de 45 milhões de dólares na Guiné-Bissau, e quase todo este investimento foi negociado durante - claro! - o período de banditismo e da roubalheira da 'transição'. CONSTRUÍRAM um enorme estaleiro na avenida dos Combatentes, por cima da estrada, com filas de contentores empilhados com altura de 6/7 metros: AQUELA NÃO É UMA ZONA INDUSTRIAL!!! Mas alguém se ralou? Que nada...pagam toda a gente!!!
Os vizinhos da Santy Comercial estão perdidos. Hoje memo fui até lá e vi as casa rachadas, os pilares a cair, os tectos também. Dia e noite máquinas a operar: de fazer blocos, de fazer cimento, camiões a buzinar pela noite dentro. Mas pior mesmo, só isto: colado aos enormes armazéns, está um JARDIM DE INFÂNCIA!!! No dia em que, por causa da trepidação, uma viga cair e matar uma criança talvez as autoridades se preocupem...
Tirei fotografias, falei com as pessoas e na próxima semana serei eu ou a Santy Comercial - não abrem a porta aos juízes - ACONTECEU! - ignoram as decisões dos tribunais - TAMBÉM ACONTECEU. Disseram até uma vez que NÃO FALAM COM SECRETÁRIOS DE ESTADO, SÓ COM MINISTROS!
Agora pergunto: quem é a Santy Comercial para, NA MINHA TERRA, fazer gato sapato do meu Povo? O tanas!, só mesmo por cima do meu cadáver! Este assunto das casas chegará ao PRESIDENTE DA REPÚBLICA, pois sei que lá, no palácio, andam, desde janeiro, a bloquear uma audiência dos moradores do bairro Plack-2.
Projecto planeia construir cerca de 75 salas de aula
O projeto Parceria Mundial para a Educação planeia construir 75 salas de aula durante este ano na Guiné-Bissau, anunciou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), entidade gestora da iniciativa no país.
"Está previsto o início da construção de mais 75 salas de aula, 25 latrinas e 3 centros de formação de professores, ainda no decurso de 2015", a acrescentar a 55 salas já edificadas, refere o UNICEF num comunicado conjunto com o Governo da Guiné-Bissau.
No âmbito do projeto, o UNICEF vai entregar hoje equipamento informático e viaturas ao Ministério da Educação guineense. Este material vai servir sobretudo para o Ministério poder fazer "recolha de dados fiáveis sobre a situação do ensino em geral", explicou a Ministra da Educação Nacional, Maria Odete Semedo.
"O UNICEF está a articular a implementação deste projeto em linha com as prioridades do Ministério da Educação, juntamente com o Grupo Local de Parceiros de Educação, que funciona como equipa de referência para a planificação, monitorização e supervisão das atividades", explicou o representante do UNICEF na Guiné-Bissau, Abubacar Sultan.
A iniciativa tem um ciclo de duração de três anos (2013-2016) e está orçada em 10,8 milhões de euros. Até agora já foram construídas e equipadas 55 salas de aula e 17 latrinas nas regiões de Oio e Gabu com vista a "ampliar o acesso ao ensino primário, especialmente nas áreas rurais", acrescentou o UNICEF em comunicado.
Foram igualmente "reproduzidos e distribuídos livros escolares para cerca de 370.000 alunos das escolas públicas, comunitárias e privadas do 1.º ao 6.º ano, para além de apoio institucional e de capacitação de pessoal prestado ao Ministério da Educação".
A Parceria Mundial para a Educação junta diferentes tipos de organismos, bancos e setor privado, visando mobilizar recursos e articular a sua distribuição de forma a apoiar a realização dos objetivos de planos nacionais de educação em cerca de 60 países. Lusa
quarta-feira, 29 de abril de 2015
GTPIE-COMUNICADO
Comunicado de imprensa
Nos últimos anos, os recursos naturais do país, nomeadamente os recursos florestais têm sido alvo de uma destruição abusiva por parte de grupos de interesse privado, em detrimento das necessidades vitais das populações locais e em flagrante violação da lei da terra, lei de base do Ambiente, lei florestal, lei-quadro das áreas protegidas e da lei da avaliação do impacto ambiental.
A destruição a que se tem assistido no país tem um impacto altamente negativo na conservação do património genético florestal e da capacidade produtiva dos recursos naturais. São assim postas gravemente em causa, a segurança alimentar e nutricional do país, o fornecimento de um grande número de serviços do eco-sistema assim como a proteção da saúde pública das populações.
A gravidade deste crime ambiental levou o Conselho de Segurança das Nações Unidas numa sessão especial em Maio de 2014 a denunciar a destruição das reservas florestais na Guiné-Bissau, lançando um apelo a uma assunção de responsabilidades políticas e sociais por parte dos órgãos da soberania do país por forma a pôr cobro a situação.
Perante as inúmeras denúncias da parte de músicos, de activistas ambientais, de cidadãos anónimos e de organizações de desenvolvimento nos últimos anos 5 anos a esta parte, o Governo da República da Guiné-Bissau decretou uma moratória de 5 anos de interdição de corte de árvores e a reflorestação.
Com o intuito de analisar esta medida do Governo à luz da polémica que se instalou à volta da exploração de madeira o GTPIE composto pelas organizações abaixo descriminadas, reuniu-se no dia 27 de abril de 2015 para afirmar a sua posição em relação à moratória e elaborar propostas gerais de intervenção durante os próximos anos. O grupo considera que, globalmente, esse período devia servir para criar uma visão e um consenso nacionais sobre a exploração racional das florestas no nosso país e a formulação e implementação das respetivas políticas e estratégias.
O grupo delibera o seguinte:
1. Exortar o Governo da Guiné-Bissau a exigir ao Ministério Público a intervir no sentido de apurar a responsabilidade criminal e judicial do negócio de madeira.
2. Exigir o reforço e o funcionamento independente, competente, eficaz e eficiente dos órgãos da Justiça perante este crime ambiental, sem interferências ou influências políticas nem de quaisquer grupos de pressão de qualquer natureza.
3. Exigir aos órgãos de soberania do país, ao sector privado e a sociedade em geral o respeito escrupuloso pelas leis da República e, em particular, pelas leis, regulamentos e procedimentos em matéria de exploração florestal.
4. Exortar o Governo a ordenar a avaliação dos prejuízos ambientais causados nos últimos 5 anos.
5. Exortar o Governo para instituir a realização de auditorias anuais a empresas madeireiras (cerrações), como recomenda o Plano Director Florestal Nacional, e apostar na promoção das florestas comunitárias, um processo dinâmico de responsabilização da população local, para a preservação e gestão racional dos recursos florestais.
6. Apelar ao Governo para a criação de mecanismos eficazes de consulta com a Sociedade Civil em matéria de formulação, reforma, implementação, seguimento e avaliação de políticas florestais e em sectores afins.
7. Recomendar que se proceda a um inventário florestal completo e preciso, tendo em consideração que o último foi realizado há 10 anos.
8. Propor a elaboração de um Plano Florestal Nacional numa perspectiva de enquadrar a gestão florestal numa visão nacional dos recursos naturais, enquanto valor económico, social e cultural.
9. Incentivar o Governo a iniciar um processo de formulação de políticas e estratégias de transformação industrial local da madeira, evitando a exportação de troncos conforme recomenda a lei florestal e contribuindo para criação e captação de valor acrescentado, criação de emprego, sobretudo para jovens e o desenvolvimento da economia nacional.
10. Recomendar a procura de alternativas económicas e tecnológicas às práticas de exploração das florestas pelas populações que põem em causa a sua produtividade e sustentabilidade a curto e longo prazo.
11. Capitalizar as experiências positivas das florestas comunitárias, apoiar a sua consolidação e alargamento enquanto componente essencial de políticas florestais eficazes.
12. Exortar o Governo a proceder a uma refundação da Comissão Interministerial para a questão da madeira e integrar no seu seio apenas personalidades que não têm interesses pessoais em relação a madeira assim como elementos da sociedade civil dando-lhe um carácter mais transparente e objectivo no cumprimento das suas tarefas.
Feito em Bissau aos 27 dias de mês de Abril de 2015
Federação Kafo
Acção para o Desenvolvimento-AD
Tiniguena
SWISSAID
UICN
IBAP
Cobiana Comunicação
Liga Guineense dos Direitos Humanos
Movimento Nacional da sociedade Civil
terça-feira, 28 de abril de 2015
segunda-feira, 27 de abril de 2015
UE reabilita maternidade do leste da Guiné-Bissau para aliviar sofrimento das mulheres
A maternidade da principal cidade do leste da Guiné-Bissau vai contar com novas salas e equipamento para "aliviar o sofrimento das mulheres" que recorrem aos serviços de saúde reprodutiva, anunciou a delegação da União Europeia (UE) no país.
"O objetivo deste projeto é contribuir para aliviar o sofrimento das mulheres em relação à saúde sexual e reprodutiva na região de Gabu, apostando numa maternidade sem riscos e no acesso aos serviços sanitários de qualidade", refere a UE, financiadora maioritária, em comunicado. O investimento vai ser inaugurado na terça-feira.
As melhorias vão abranger "o atendimento das mulheres nas consultas externas durante a gravidez, a fase do parto e o puerpério" e incluem formação dada aos profissionais de saúde nos últimos meses. De acordo como os mais recentes inquéritos à população, a taxa de mortalidade infantil desceu na Guiné-Bissau, nos últimos anos, mas registou-se um aumento da taxa de mortalidade materna.
Aquela taxa situa-se agora em 900 mortes por dez mil mulheres, segundo os dados recolhidos em 2014 e publicados este mês pelo Instituto Nacional de Estatística guineense e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Inquérito aos Indicadores Múltiplos (MICS 5).
A reabilitação da Maternidade do Hospital Regional de Gabú foi realizada no âmbito do projeto "Reforço das ações de saúde sexual e reprodutiva" naquela região, em parceria com o Ministério da Saúde da Guiné-Bissau. O investimento ronda 1,1 milhões de euros, cofinanciado a 80% pela UE e a 20% pela ONG italiana Associazione Italiana Amici di Raoul Follereau (AIFO), também responsável pela sua execução, em parceria com a ONG ADIC-Nafaia.
No âmbito do mesmo projeto, vai ser apresentado o livro "Mulheres de Gabu. Saúde e Mobilização no Leste da Guiné-Bissau". O lançamento está marcado para segunda-feira, na Casa dos Direitos, em Bissau. Lusa
OPINIÃO AAS: Mon na lama, pé na pot-pot
O principal problema da Guiné-Bissau é o guineense.
Fiz todos os planos para chegar a Bissau no dia 1 de abril de 2015 e graças a uma companhia aérea chamada Air Senegal, consegui!!! A ideia era deixar as pessoas na dúvida. Veio mesmo, ou será mais uma mentirinha do 1º de abril (fiz o mesmo no ano passado, e recebi dezenas de chamadas e mensagens. Entretanto, eu estava em Cabo Verde).
A Air Senegal - que deveria chegar a Bissau às 16 h e poucos do dia 31 - voltou a fazer das suas. Depois de quase 12 longas horas no aeroporto da Praia, com as lojas free-shop todas fechadas, mostraram finalmente quanto respeitam os guineenses. E não é que aterrei mesmo na minha terra no dia 1, depois de quase meio dia num aeroporto? O destino tem destas coisas, e o destino tem sempre a razão do seu lado.
Não sei se será Bissau a consumir-me num ápice ou o contrário. O que sei, e não me escapa, e continua a irritar-me é a má educação que se instalou nesta cidade avermelhada, perdida no tempo, húmida e poeirenta: as pessoas parece que regrediram no tempo. Eis Bissau, a capital decadente da escancarada Guiné-Bissau que já foi - presumo que nem isto supunham - a primogénita do Reino!
Viver em Bissau requer dois pressupostos fundamentais: estar preparado para tudo, para tudo mesmo, e ter paciência de chinês. São, aliás, virtudes mais do que necessárias para se sobreviver nesta utopia, onde tudo é organizadamente desorganizada.
Bissau, a cidade, está cansada e a rebentar pelas costuras. Esventrada por tudo quanto é lado, simplesmente implodiu. Não tem praticamente esgotos e os que tem estão perfeitamente entupidos e nalguns casos solidificados (a Arezky que o diga). Bissau, e não é segredo para ninguém, tem sofrido de ano para ano com a incúria dos Homens; depois, como que numa de vingança, tornou-se numa perfeita madrasta, com mais de quatrocentas mil almas - cada uma com a sua dor.
Os seus melhores terrenos e algumas casas foram sucessivamente ocupadas, algumas vendidas ao desbarato ou ocupadas pelos djintons di aonti ku di aós numa teia de interesses dúbios que ninguém no seu juízo perfeito entende. E no fim, ficará tudo por esclarecer. As usual.
No mercado do Bandim, os vendedores ambulantes queixam-se de uma Câmara Municipal que num minuto diz que os quer ver fora dos passeios, e no minuto a seguir lhes vende as senhas que lhes permitem exercer a sua actividade de chatos ao sol. Extravagâncias nossas. Desde dezembro até hoje, vão uns mesitos. Eles lá continuam, vendendo tudo no passeio. Tudo quer dizer mesmo tudo, e tudo é falso, como Judas. Como nós.
Os policias de trânsito continuam com as manhas de sempre. Estão quase sempre sujos e mal fardados, pedem dinheiro aos condutores, manga e amendoim aos vendedores. Agora, quando nada mais podem exigir a um incauto condutor, perguntam: "tem catana? Sabe, é pela sua segurança!". O tom é normalmente grave. Ah, Santa Imaculada!
Os toca-toca são um mal, ainda que necessário. Os seus condutores são dos mais mal educados e menos formados que eu conhecerei numa vida. Estão sempre sujos, conduzem de chinelos e outros estão simplesmente descalços. Ocupam três faixas, em perfeita sintonia mas em clara competição, e são eles que praticamente alimentam diariamente os polícias de trânsito. Assim, quem os multará? Ninguém. Andam nas vias que lhes estão vedadas, e, se confrontados, insultam e partem para as vias de facto.
Os ajudantes dos toca-toca serão uma espécie que terá existido na terra há milhares, talvez dezenas de milhões de anos e que nunca chegaram a evoluir. A sua especialidade? Em plena via, abrem de repente a porta, sem sequer encostar, para o passageiro entrar. Este, sem sequer pensar que o carro de trás o pode facilmente entalar, estragando-lhe o dia, alinha...
Esses ajudantes (diz-se que são eles que mandam no carro), escarram e cospem na nossa cara, bebem água e atiram depois o saquinho para a via pública numa perfeita indiferença; insultam os passageiros, quase sempre mulheres e até batem nos catraios. Não respeitam as regras de condução, não conhecem os sinais de trânsito sequer.
Enfim, nós os guineenses escolhemos a mediocridade e, perdoar-me-ão a filha da putice, mas essa merda fica-nos a matar! A pirâmide está invertida. O País precisa de ORDEM!!!
Os citadinos de Bissau, na sua maioria coitados, é que não têm para onde fugir. Estão cercados por todos os lados. Fogem mas regressam numa quase doidice e vagueiam na poeira procurando sabe-se lá que tralha. É-me bastante doloroso assitir a esta decadência em dominó.
Aqueles que se especializaram em roubar este Estado idiota, continuam por aqui. Agora, roubarão noutra freguesia: são tirados daqui e colocados além. É fartar, vilanagem! Gente que nunca teve nada na vida, de repente entra para o Estado e começa a exibir sinais de riqueza tais, que uma pessoa fica de queixo caído.
Tenho provas...e isto vai rebentar!
Onde já se viu uma via rápida, e falo da av. dos Combatentes da Liberdade da Pátria, sem uma passadeira aérea ou mesmo subterrânea na Chapa de Bissau? Sair do Alto-Crim e chegar à Chapa de Bissau é um inferno por causa dos toca-toca e dos táxis. Mas passar a rotunda da Chapa é como correr a ultra maratona no deserto do Saara!
Aqui, em plena via rápida, para além dos carros, temos de ter atenção a tudo: carrinhos de mão com carga de mais de 1 tonelada, putos de patins em linha completamente alheios aos perigos por acontecer (si bu madjan...), vendedores a cada esquina, gente a mijar nas barbas dos transeuntes e da polícia que também verte as águas onde calha.
Centenas de contentores que deixam a cidade mais suja e muito mais quente, estão plantados em tudo que é esquina ou aberta, sem qualquer preocupação de segurança. Para compor o ramalhete, ainda temos os cães - quase todos coxos, atropelados na via pública - os porcos, as manadas de vacas e de bois, os patos e toda a prole - normalmente muitos patinhos. Bissau é uma cidade suja - e não é de hoje mas também não se pode esconder; mas Bissau podia ser diferente.
Cercada por água, podia ser uma capital belíssima. Está estrategicamente implantada nesta costa. Projecta-se agora uma marginal que começará no Pindjiguiti (a praça será completamente reformulada) e desaguará na praia de Suru. Planos são uma coisa. Veremos.
Bissau é uma cidade onde a má educação dos seus munícipes e a desordem, imperam. Quem tem mais estudos mostra ser o mais bruto dos ordinários! Faz mesmo por isso, o que é uma coisa extraordinária! É a matemática da coisa.
Resumindo: Parece que nós, os africanos, temos o sexo nas mãos. Pois onde metemos a mão, fodemos sempre tudo! António Aly Silva
domingo, 26 de abril de 2015
CAJU: Preço em alta, mas ainda há muitos pomares sem fruto na Guiné-Bissau
O preço do caju está em alta em todo o mundo, mas ainda há muitos pomares sem fruto na Guiné-Bissau, numa altura em que os produtores já deviam estar a encher camiões para exportação.
Tal como noutros anos, "deviam estar a entrar em Bissau os primeiros camiões com carregamentos a sério", mas basta circular fora da capital "para ver que há pomares sem fruto", descreve Henrique Mendes, presidente da Agência Nacional do Caju (ANCA) da Guiné-Bissau e investigador na área.
A meteorologia parece estar a tramar os produtores: este ano houve temperaturas mais altas que o habitual em janeiro, que comprometeram a floração, e abril está mais fresco do que é costume, refere Henrique Mendes. O atraso verifica-se também nos restantes países produtores de caju da África Ocidental. Na Guiné-Bissau estima-se que haja um desvio de cerca de três semanas.
"No ano passado fizemos a abertura oficial da época de colheita de caju a 30 de março com os pomares quase cobertos. Este ano abrimos a 18 e ainda há árvores sem fruto", ilustra Henrique Mendes. Apesar de tudo, o presidente da ANCA mantém as expetativas em alta relativamente às receitas deste ano.
A Índia, principal comprador de caju, fechou o ano anterior sem excedente, pelo que precisa de comprar mais para encher os armazéns -- o que é também sinal de que "o consumo de caju está a aumentar", referiu. A variação do dólar americano também favorece a Guiné-Bissau, cuja moeda (Franco CFA Ocidental) está indexada ao Euro. Até o atraso na produção está a "puxar pelo preço", ou seja, quem conseguir vender a castanha de caju poderá fazer grandes negócios.
Todos os fatores conjugados levaram o Governo, em concertação com a ANCA, a anunciar um preço de referência de 300 francos CFA (48 cêntimos de euro) por quilo para compra ao produtor -- quando em 2014 foi de 250 francos CFA. Mas olhando ao andamento do mercado, "a tendência é para ainda ir além dos 300", sublinha Henrique Mendes.
Combinando a conjuntura com um combate mais forte ao contrabando de caju, já anunciado pelo Governo com reforço de vigilância nas fronteiras, o presidente da ANCA acredita que será possível à Guiné-Bissau exportar 200 mil toneladas de caju este ano com um rendimento por quilo acrescido para os agricultores.
Do sucesso da venda de caju ao longo da campanha depende a capacidade da maioria da famílias para comprar arroz (base da alimentação) ao longo do ano. Lusa
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