domingo, 17 de novembro de 2013
DENÚNCIA
«Aly,
Em relação à notícia que escreveste sobre os salários em atraso nas missões diplomáticas, falta algo. São 16 meses de salários em atraso. O golpe deu-se a 12 de Abril de 2012 e desde aí foram pagos em 2012 só dois meses e este ano de 2013 somente uma - em Janeiro - pelo que totalizam 16 meses de salários em atraso.
Pergunto-me: será que o ministro Delfim da Silva se preocupa em saber como os seus emissários (diplomatas) sobrevivem no exterior com rendas para pagar, com famílias para manter e compromissos para honrar? Será que ele sabe que ainda assim os funcionários vão trabalhar todo os santos dia, e sendo constantemente difamados pelos seus próprios concidadãos...
Será que ele, no lugar dos que estão durante todo esse tempo sem receber o salário que é um direito consagrado a quem trabalha, será que sobreviveria?, será, senhor ministro Delfim?
E não obstante não pagarem os salários há 16 meses, não terem enviado os orçamentos para que as missões diplomáticas e os consulados tenham o seu fundo de maneio... estão a entupir as Embaixadas de funcionários. Falo do exemplo de Lisboa, que é o que conheço e bem.
Qual a necessidade da embaixada ter 30 funcionários actualmente? Quando ela sempre, até ao golpe, teve entre 15 a 20? Até porque só tem 10 gabinetes. Conheço vários casos que são compromissos pessoais e se for preciso posso desenvolver e até chamar nomes mas nesta primeira fase somente deixo este alerta...não valeria mais a pena serem poucos os funcionários (até porque tem muitos nada fazem para além de receberem documentos consulares, sem que estejam afectos a esse serviço) e proporcionarem a esses condições de trabalho dignas recebendo eles todos com as receitas próprias já que o país os renegou.
Desses 30 funcionários imaginem quantos são licenciados? Quantos frequentaram e finalizaram o ensino superior que lhes deve o justo direito de serem chamados Dr. Imaginem.... só seis. A Embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa, sendo das mais importantes no exterior, devia fazer-se valer de graus de exigência maiores e não ao contrário...
Ministro Delfim da Silva, diga-me quais os critérios em que se baseia para enviar um funcionário para trabalhar numa embaixada? O ser filho de alguém, ou ser mulher de alguém ou até ter estado à frente no golpe de Estado de 12 de abril de 2012?
Na embaixada em Lisboa tem o caso de uma funcionária administrativa, filha de uma figura de proa do PAIGC com um ano de casa, um ano apenas de embaixada e logo após o golpe foi exigido que ela passasse a diplomata mas sem sequer ter ensino superior feito mas sim porque a mãe assim exigiu. Mais uma vez posso chamar nomes se duvidarem da veracidade do que digo! Tantas outras histórias eu poderia contar.
Por exemplo, da filha da chefe de gabinete do ministro que veio apenas fazer estágio e que a mãe, não contente com o fim de estágio, exigiu que a recrutassem mesmo sabendo que ela não tem perfil para estar na embaixada, nem tempo, pois entrou este ano para a faculdade.
E tantos outros casos que eu poderia falar mas por falta de tempo deixo para uma outra oportunidade. Por estas e por outras que vamos ficar sempre na cauda do mundo. Por estes amiguismos e familiaridades. Fico triste com coisas assim.
Aly, se achar pertinente publique, acredito que é bom para as pessoas saberem o que se passa naquela casa que é de todos nós.
Bem haja a todos.
Cidadão descontente mas esperançado»
NOTA DO EDITOR: Agradecia que chamasse os nomes, mantendo eu, claro!, a confidencialidade. AAS
Guerra à vossa paz!
Ditadura do Consenso INVESTIGOU e DENUNCIOU. A verdade é como o azeite... No dia 12 de novembro, a PJ prende um cunhado de Koumba «suspeito de espancamento do ministro Orlando Viegas»...
Não percebo é como, logo depois da denúncia do DC, Koumba aparece nos media para dizer que quer «ajudar a consolidar a paz na Guiné-Bissau». Koumba Yalá é o SUSPEITO MORAL NÚMERO 1 do golpe de Estado de 12 de abril de 2012, e de muitos espancamentos e subversões que ocorreram na Guiné-Bissau nos últimos tempos. Portanto, guerra à vossa paz! AAS
sábado, 16 de novembro de 2013
OPINIÃO: O despertar do macaco da Indochina
"Desperto das profundezas da sua hibernação politica depois de ter ordenado o golpe de estado de 12 de abril de 2012, eis que surge de novo na cena politica guineense, o famigerado Dr Kumba Yala. O homem pardo do momento politico da Guiné-Bissau, surge do nada, para nada dizer, parecendo contudo, querer dizer-nos, de que, estava disponivel para contribuir para a consolidação da paz e da democracia na Guiné-Bissau.
Uma saída mediática, um tanto ou quanto inopinada e surpreendente, se se tomar em conta, de que, faz tempo que KY se autoexcluiu da cena politica guineense, remetendo-se a um longo e intrigado mutismo, quiçá deliciando-se sadicamente entre os quatro cantos da sua bunkerizada residência com os efeitos nefastos vividos pela sociedade guineense, fruto do seu jogo preferido de atirar pedras e esconder as mãos.
Confesso-vos de que, não consegui perceber qual a situação subjacente a esse reaparecimento publico do KY, que não seja a certeza, de que, não se trata de nada de bom para os guineenses. Nada que não seja, sinais de mau agouro para a ja fraca e penosa estabilidade que se vive hoje em dia na Guiné-Bissau.
Caso KY tivesse aparecido para se sujeitar a um ato digno de contrição, pedindo desculpas ao povo guineense pela situação catastrófica em que colocou o pais devido ao seu mau perder politico podia-se compreender. Ou caso, tivesse aparecido, para justificar, porque razão os seus homens de mão, particularmente, o seu cunhado, presentemente detido nos calabouços da PJ estão envolvidos no espancamento do ministro "de estado" Orlando Viegas (que ditadura do consenso denunciou em primeira mão), poder-se-ia compreender essa inusitada aparição dessa maquiavélica figura.
Caso contrario, ficarei sempre sem perceber que bicho mordeu o homem para sair do seu casulo conspiratório e dar-se a mais um espetáculo endecoroso farfalhado com as suas tiradas de filosofo barato e perdido no tempo.
Enfim, conclui-se de que, KY não apareceu por nenhuma dessas razões positivas acima focadas. Apareceu, ora porque quis simplesmente aparecer por ter-lhe dado na gana, ora porque, sentiu-se eventualmente inspirado e motivado pela visita de uma outra figura desastrada da crise guineense, o desnorteado nobel, Dr Ramos Horta.
O que me espanta em toda essa peça de teatro, é que, de entre as poucas perguntas formuladas a esse asqueroso politico pelos pobres e serviçais jornalistas presentes, foi, se KY pensava voltar a candidatar-se as próximas presidenciais previstas para o primeiro trimestre 2014. Este, com toda a logica que merecia a patética questão, respondeu entre o encardiço do seu peculiar sorriso, com um "vamos ver..., vamos ver, pois ainda ha tempo para pensar nisso.
Porém, sabendo-se que ele foi o principal responsável pela rutura democrática e ordenante do golpe de estado de 12 de abril, o que deviam os dignissimos jornalistas presentes perguntar ao Sr. Doutorado em Tribalismo Genocidiario, era o seguinte: "como candidato pressuposto para a segunda volta das eleições presidenciais interrompidas com a sua atitude de rejeição democratica dos resultados eleitorais, como se sentia presentemente, perante a situação de descalabro em que se encontra hoje mergulhado o nosso pais.
Como era de se prever, ninguém teve a ideia e tão pouco a ousadia de colocar o KY perante a evidência da sua culpabilidade e responsabilidade como o maor responsavel pela situação catastrofica em que se encontra actualmente o pais.
Tudo acabou, tal como gosta o Dr. Veio na maior chacota e partiu com uma risada incognita. O povo guineense, este, pobre e impotente, continua a levar e a sentir na pele as consequências das ações de um homem comprovadamente doente e de uma imprevisíbilidade altamente perigosa com efeitos letais na democracia.
E é, com essa farsa das vaidades que o Povo continua a ver a esperança de dias melhores por um canudo, este também, cada dia mais estreito e asfixiante.
Um observador atento"
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
RAPTO? VENDA?: Cerca de 60 crianças foram encontradas dentro de uma carrinha na zona de Bula. O destino seria a Gâmbia. Através da Unicef, seguiu já ajuda alimentar para as crianças que estão desde ontem na esquadra daquela região. Estarão presos dois cidadãos guineenses, um deles marabú, e dois Gambianos. AAS
OPINIÃO: 14 de novembro
"O aniversário do primeiro golpe de estado que depôs um Presidente guineense é a altura adequada para uma reflexão sobre a violência no país e a incapacidade das Nações Unidas para a resolver.
Foram necessários 11 anos de luta para a Guiné-Bissau conseguir alcançar a sua independência; e agora já lá vão 33 anos que estamos a assistir à sua desagregação, ao desmoronar do sonho, desde que no dia 14 de Novembro de 1980 João Bernardo “Nino” Vieira depôs o Presidente Luís Cabral, irmão de Amílcar.
De 1963 a 1974 o povo guineense lutou para que Portugal reconhecesse o seu direito a ter um Estado próprio. De 1974 a 1980 Luís Cabral dirigiu o país dos balantas, dos fulas, dos mandingas, dos manjacos, dos papéis e de outros povos que vivem na bacia do rio Geba e nas suas imediações. A partir de Novembro de 1980, Nino Vieira destruiu o projecto de Amílcar Cabral, cortou a caminhada conjunta com o povo de Cabo Verde, irritou o seu amigo Ansumane Mané, chamou em seu auxílio tropas estrangeiras e fez outras tropelias.
Depois de Nino, Kumba Ialá demonstrou que também ele não era a solução, antes pelo contrário. E assim se foram sucedendo os governos e os golpes, num descambar quase constante, sem o surgimento de pessoas à altura de tão ciclópicas tarefas como as que haveria a realizar.
Agora, este mês, a agressão gravíssima, e ainda não devidamente explicada, ao ministro dos Transportes e das Comunicações, Orlando Viegas, que teve de ser retirado primeiro para Dacar e depois para Lisboa, demonstrou que as coisas continuam muito más em solo guineense. Morrem soldados durante a recruta, perseguem-se nigerianos e por muitas outras formas se dá a entender ao exterior que a Guiné-Bissau não está minimamente preparada para, nos próximos meses, ser chamada às urnas, em clima de serenidade, para decidir o seu futuro.
Contra toda a lógica, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, ordenou a incorporação de novos mancebos, numas tropas que deveriam ser reduzidas e não, de forma alguma, aumentadas.
Um país com o tamanho da Guiné-Bissau, e com os seus fracos recursos, não pode nem deve ter mais de 4.000 homens nas fileiras, a queixarem-se de que não há condições nos quartéis e a revoltarem-se por tudo e por nada, sem qualquer respeito pelo poder civil.
As Forças Armadas guineenses devem ser reestruturadas de uma vez por todas, saindo delas uns bons 800 ou 900 elementos que estão visivelmente a mais; a começar pelos oficiais que nestes últimos anos têm estado na linha da frente de uma série de conjuras e de atropelos à legalidade.
Sem um profundo saneamento do aparelho militar e de segurança a Guiné-Bissau não irá a lado nenhum, por mais eleições que se façam, com idas às urnas que são uma simples panaceia e um completo desperdício de dinheiro.
Se dinheiro há, se há algum dinheiro, a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que o utilizem na passagem compulsiva à reforma de 800, 900 ou mil oficiais e sargentos que não fazem qualquer falta ao país; só atrapalham. Que o utilizem no pagamento de pensões de reforma a militares que devem ser afastados para muito longe dos quartéis e dos paióis, de modo a que cessem de vez as suas tentações golpistas.
A reforma dos sectores da Defesa e da Segurança encontra-se com muito mais de 14 anos de atraso. E é isso que as Nações Unidas têm de perceber, antes de se empenharem na organização, seja em Fevereiro, Março ou Abril, de eleições que de pouco ou nada servirão.
Neste contexto, tem-se revelado muitas vezes estranha, para não dizer mais, a atitude mantida nos últimos meses pelo representante local do secretário-geral da ONU, o antigo Presidente timorense José Manuel Ramos-Horta.
Ao tentar esconder toda a gravidade e complexidade da situação e ao acamaradar com pessoas tão pouco recomendáveis como o dr. Kumba Ialá, Ramos-Horta perde uma parte do prestígio que teve na altura em que alguém decidiu atribuir-lhe um Nobel da Paz. Um Nobel que anda a perder-se numa tarefa que talvez esteja acima das suas capacidades.
*Jorge Heitor, que na adolescência tirou um Curso de Estudos Ultramarinos, trabalhou durante 25 anos em agência noticiosa e depois 21 no jornal PÚBLICO, tendo passado alguns períodos da sua vida em Moçambique, na Guiné-Bissau e em Angola. Também fez reportagens em Cabo Verde, em São Tomé e Príncipe, na África do Sul, na Zâmbia, na Nigéria e em Marrocos. Actualmente é colaborador da revista comboniana Além-Mar e da revista moçambicana Prestígio."
Jorge Heitor, jornalista - Lusomonitor
Foram necessários 11 anos de luta para a Guiné-Bissau conseguir alcançar a sua independência; e agora já lá vão 33 anos que estamos a assistir à sua desagregação, ao desmoronar do sonho, desde que no dia 14 de Novembro de 1980 João Bernardo “Nino” Vieira depôs o Presidente Luís Cabral, irmão de Amílcar.
De 1963 a 1974 o povo guineense lutou para que Portugal reconhecesse o seu direito a ter um Estado próprio. De 1974 a 1980 Luís Cabral dirigiu o país dos balantas, dos fulas, dos mandingas, dos manjacos, dos papéis e de outros povos que vivem na bacia do rio Geba e nas suas imediações. A partir de Novembro de 1980, Nino Vieira destruiu o projecto de Amílcar Cabral, cortou a caminhada conjunta com o povo de Cabo Verde, irritou o seu amigo Ansumane Mané, chamou em seu auxílio tropas estrangeiras e fez outras tropelias.
Depois de Nino, Kumba Ialá demonstrou que também ele não era a solução, antes pelo contrário. E assim se foram sucedendo os governos e os golpes, num descambar quase constante, sem o surgimento de pessoas à altura de tão ciclópicas tarefas como as que haveria a realizar.
Agora, este mês, a agressão gravíssima, e ainda não devidamente explicada, ao ministro dos Transportes e das Comunicações, Orlando Viegas, que teve de ser retirado primeiro para Dacar e depois para Lisboa, demonstrou que as coisas continuam muito más em solo guineense. Morrem soldados durante a recruta, perseguem-se nigerianos e por muitas outras formas se dá a entender ao exterior que a Guiné-Bissau não está minimamente preparada para, nos próximos meses, ser chamada às urnas, em clima de serenidade, para decidir o seu futuro.
Contra toda a lógica, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, ordenou a incorporação de novos mancebos, numas tropas que deveriam ser reduzidas e não, de forma alguma, aumentadas.
Um país com o tamanho da Guiné-Bissau, e com os seus fracos recursos, não pode nem deve ter mais de 4.000 homens nas fileiras, a queixarem-se de que não há condições nos quartéis e a revoltarem-se por tudo e por nada, sem qualquer respeito pelo poder civil.
As Forças Armadas guineenses devem ser reestruturadas de uma vez por todas, saindo delas uns bons 800 ou 900 elementos que estão visivelmente a mais; a começar pelos oficiais que nestes últimos anos têm estado na linha da frente de uma série de conjuras e de atropelos à legalidade.
Sem um profundo saneamento do aparelho militar e de segurança a Guiné-Bissau não irá a lado nenhum, por mais eleições que se façam, com idas às urnas que são uma simples panaceia e um completo desperdício de dinheiro.
Se dinheiro há, se há algum dinheiro, a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que o utilizem na passagem compulsiva à reforma de 800, 900 ou mil oficiais e sargentos que não fazem qualquer falta ao país; só atrapalham. Que o utilizem no pagamento de pensões de reforma a militares que devem ser afastados para muito longe dos quartéis e dos paióis, de modo a que cessem de vez as suas tentações golpistas.
A reforma dos sectores da Defesa e da Segurança encontra-se com muito mais de 14 anos de atraso. E é isso que as Nações Unidas têm de perceber, antes de se empenharem na organização, seja em Fevereiro, Março ou Abril, de eleições que de pouco ou nada servirão.
Neste contexto, tem-se revelado muitas vezes estranha, para não dizer mais, a atitude mantida nos últimos meses pelo representante local do secretário-geral da ONU, o antigo Presidente timorense José Manuel Ramos-Horta.
Ao tentar esconder toda a gravidade e complexidade da situação e ao acamaradar com pessoas tão pouco recomendáveis como o dr. Kumba Ialá, Ramos-Horta perde uma parte do prestígio que teve na altura em que alguém decidiu atribuir-lhe um Nobel da Paz. Um Nobel que anda a perder-se numa tarefa que talvez esteja acima das suas capacidades.
*Jorge Heitor, que na adolescência tirou um Curso de Estudos Ultramarinos, trabalhou durante 25 anos em agência noticiosa e depois 21 no jornal PÚBLICO, tendo passado alguns períodos da sua vida em Moçambique, na Guiné-Bissau e em Angola. Também fez reportagens em Cabo Verde, em São Tomé e Príncipe, na África do Sul, na Zâmbia, na Nigéria e em Marrocos. Actualmente é colaborador da revista comboniana Além-Mar e da revista moçambicana Prestígio."
Jorge Heitor, jornalista - Lusomonitor
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
ANGOLA: 'Golpes de Estado já mataram muita gente na Guiné-Bissau'
O ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, afirmou hoje, quinta-feira, em Luanda, que Angola, através da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e outros parceiros, continua a acompanhar o processo político e militar na Guiné Bissau. O responsável da diplomacia angolana fez esta afirmação em entrevista à Angop, tendo referido que neste capítulo o país considera ser necessário na Guiné Bissau resolva, primeiro, a questão militar para que os governos que forem eleitos possam ter estabilidade para governar.
Para o ministro, se não houver uma força republicana que garanta a estabilidade e a paz, com os mesmo militares já implicados em muitas questões, tudo voltará a primeira forma, porque eles irão impor determinadas questões aos governos. Disse que, apesar de os militares da CEDEAO estarem neste país, não conseguem fazer nada por se encontrarem em número insuficiente para poderem impor regras.
“É necessário que se resolva o problema militar e que haja uma participação de todos os guineense, porque não é normal que até se condicione quem pode participar de actos eleitorais, logo a imposição de condições e de uma agenda não é muito bom para a estabilidade deste país rico e com muito potencial”, disse. Por este motivo, considera que o ministro que este é um problema que os políticos e militares têm de resolver. “A questão da reforma do exército é essencial para que o poder político não seja, outra vez, contrariado pelo poder militar”, disse.
Neste sentido, salientou que “Angola é um dos países que mais ajudou, porque é preciso ver que relativamente a Guiné Bissau, implementou as decisões tomadas pelos Chefes de Estado, na Cimeira de 2010, que era a de ajudar este país, em coordenação com a Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)”, explicou. Com o objectivo de cumprir este objectivo, disse o ministro, esteve quatro vezes a Nigéria para com as autoridades locais ver o que poderia ser feito e encontrar-se uma forma de ajudar a Guiné Bissau. “Elaboramos, na altura, um programa que deveríamos implementar e temos então alguns aspectos resolvidos”, sublinhou.
Para o ministro Chikoti, a interrupção deste processo, fez com que nunca houvesse uma reforma profundo que pudesse permitir alguma estabilidade do exército e, naturalmente, para permitir que não houvessem os golpes ou tentativas de golpes de estado, que até hoje já mataram muita gente. FONTE: portalangop.co.ao
A cocaína também?!
Segundo o ministro Daniel Gomes, todos os produtos que saiam do território devem ostentar no rótulo 'made in Guiné-Bissau'. É caso para perguntar - a cocaína também??? Guiné-Bissau não tem sequer um laboratório para a certificação dos seus produtos, por isso é que o nosso peixe, o nosso carvão, as nossas frutas, é tudo é 'made in Senegal'...ai, esses ministros...AAS
Fora com os falhados!
Neste dia 14 do mês de Novembro, há 33 anos, um grupo de homens fardados, destemidos, pegou em armas e depôs um Presidente da República, o primeiro da história da Guiné-Bissau - Luís Cabral. Contudo, parece que já ninguém se recorda. Eu, que fazia catorze anos de idade precisamente um dia depois dessa terrível aventura, não mais me esquecerei de alguns pormenores que os meus olhos viram: dos camuflados impecáveis desses homens, do brilho das suas Kalashnikov; dos tanques de guerra a fazer rali nas avenidas, dos gritos ululantes das pessoas.
Trinta e três anos depois, o que assistimos? Ainda estamos a pagar na pele por um movimento apelidado sabiamente de 'reajustador', que apelou à "concórdia nacional" em discursos inflamados para de seguida começar a matança que até aos dias de hoje assistimos, impotentes.
Não haja dúvidas: a desintegração do Estado da Guiné-Bissau haveria de começar, assim que a poeira assentasse. E não tardaria. De repente tornámo-nos tão pequenos. Fomos traídos pela revolução e pelo seu Conselho. A desconfiança instalou-se, a calúnia prevaleceu e trouxe o ódio. Desde então, morremos um bocadinho todos os dias. Choramos calados.
Que temos nós hoje? Bom, temos um Estado cujo apelido devia ser 'falhado'; uma Nação esventrada, impotente e de gente completamente descontrolada - uma espécie de mãe madrasta; um País que se tornou numa linha de recepção e de expedição de cocaína à escala planetária - aos olhos de todos, comunidade internacional incluída. Estamos na presença de um Estado posto de joelhos pelo narcotráfico, tomado pela ponta da baioneta e pela catana. E, para compor o ramalhete... um Estado organizadamente, digamos que... desorganizado.
O nosso País alberga, hoje, criminosos de toda a espécie, de todo o mundo: gente que, cumprida a pena onde quer que fosse, preferiu sabiamente mudar-se para cá, para um País mergulhado na mais completa anarquia, sem rei nem roque. Não há, para amostra, um homem honesto, uma esposa fiel, uma donzela recatada. O País tornou-se promíscuo, uma meca do hedonismo.
Torna-se difícil imaginar colecção mais interessante de figuras físicas e psicológicas - até patológicas - reunidas debaixo destes largos céus. Torna-se ainda mais difícil ter alguém para conversar, ouvi-lo citar grandes nomes da literatura, ou rir-se das teses que Charles Darwin nos legou, ou ainda comentar com inteligência e novidade este ou aquele livro, uma opinião.
Perguntam então: "O que faz um homem feito num lugar como este?". Sorrio, e respondo: "Este lugar é apenas o meu País. Um País que me surpreende todos os dias." António Aly Silva
ASSASSINATO EM CUMERÉ: O COMUNICADO DA LGDH
Comunicado de Imprensa
Foi com profunda tristeza que a Liga Guineense dos Direitos Humanos tomou conhecimento do desaparecimento físico ontem em Bissau, dia 13 de Novembro 2013, do Capitão Armando Pombo, militar afecto ao aquartelamento da Engenharia militar, em consequência dos espancamentos sofridos no Centro de Instrução Militar de Cumeré.
A morte deste Oficial das Forças Armadas vem juntar-se as do Lino Regna Nantchongo e da Maria Quinta Man ambos da Guarda Nacional que também foram vítimas dos mesmos actos perpetrados durante a formação dos agentes militares e paramilitares no Centro de Instrução de Cumeré, no passado mês de Outubro.
A defesa da vida e da dignidade humana constitui a tarefa fundamental do estado moderno, porém a inacção das autoridades de transição face a estes e demais casos de assassinatos e de espancamentos dos cidadãos, não só contribui para arruinar paulatinamente as bases sobre as quais se assentam o estado de direito, revelam de igual modo, o nível de insegurança e a dimensão da impunidade no país.
Perante estes factos, a Direcção Nacional da LGDH delibera os seguintes:
1. Condenar severamente os hediondos actos inqualificáveis de espancamentos que culminaram com a morte de Capitão Armando Pombo;
2. Instar ao Ministério Público a abertura de inquérito transparente e conclusivo tendente à responsabilização criminal e disciplinar dos responsáveis morais e materiais destes actos cruéis e bárbaros;
3. Exigir do estado o pagamento de uma indemnização justa aos familiares da vítima e assunção cabal das despesas da educação dos 6 filhos do malogrado;
4. Manifestar as mais sentidas condolências à família enlutada, rogando em Deus que a sua alma descanse em Paz;
Pela Paz, Justiça e Direitos Humanos
Feito em Bissau aos 14 dias do mês de Novembro 2013
A Direcção Nacional
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