sexta-feira, 12 de abril de 2013
Os melhores dias acabam sempre por chegar
Para os imprudentes, a impensável investida da diligente justiça norte-americana no nosso longínquo território, aconteceu mesmo! E deambulam eminentes confrades da ganância institucionalizada, com umas notas verdes algures, por ostentar, aos olhos da miséria nacional, que entretanto, mal os chegam, para comprarem breves períodos de um sono tranquilo. Por falar nisso, deve pairar pelas noites inconfessáveis, um terrível surto de insónia.
Mas a vida é assim. Uma sucessão de oportunidades e opções. E graças ao acaso, nós de nacionalidade guineense, e mais quem connosco, queira conviver, pertencemos a um território, com imensas potencialidades, para garantir auto-suficiência a todos, e muitas prosperidades aos mais competentes, no lugar de tudo que tem sido o motivo das nossas desgraças. Basta que para isso, tenhamos em consideração primária, os mais básicos desígnios nacionais; basta que para isso, comecemos por desenvolver uma sólida cultura de trabalho; e basta que para isso, optemos pelo mais que natural, reconhecimento do mérito.
De referir, com uma agradável surpresa, a forma como a prática escolhida pelo actual representante do Secretário-Geral das Nações Unidas, na Guiné-Bissau, de não se limitar às formalidades diplomáticas e técnicas, do costume, mas sobretudo, num engajamento quase patriótico, optar por um trabalho pedagógico de fundo, está a anular cada vez mais, o meu cepticismo inicial, em relação ao sucesso da sua missão. Como sempre acreditei, combatendo com veemência para tal, através de todos os meios democráticos ao meu alcance, o golpe em curso, está nos dias das amarguras, e os crónicos prevaricadores andam a chapinar num pântano de frustrações, com as mandíbulas espetadas num punhado de lama, que jamais os alimentará, tanta é a ansiedade de engordarem os buchos, desperdiçando os seus já diminutos créditos políticos. A verdade encontra constante dinamismo em tudo, para contra a mentira, triunfar. Até nas próprias razões duma perfeita mentira.
Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.
Flaviano Mindela dos Santos
No Ruanda, para discutir "processo de reconciliação" na Guiné-Bissau
Numa visita que coincide com o 19º aniversário do Genocídio no Ruanda, Peter Thompson, Coordenador do Grupo Parlamentar Britânico para a Guiné-Bissau, desloca-se a este país para reunir-se com vários líderes políticos, como parte de uma visita a vários países africanos que tiveram processos de reconciliação nacional. Peter Thompson foi nomeado como mediador externo no processo parlamentar de reconciliação, fazendo uso da sua experiência no processo de paz da Irlanda do Norte, uma região da Grã-Bretanha. Recorde-se que o conflito étnico na Irlanda do Norte matou quatro mil pessoas e feriu com gravidade mais de 60 mil, numa população de apenas 1,6 milhões de pessoas. Thompson irá representar estas vítimas e os sobreviventes numa cerimónia comemorativa em Kigali, a capital do Ruanda.
“Defendo a procura de soluções africanas para problemas africanos e quero perceber como processos de unidade nacional em outros países africanos podem inspirar a Guiné-Bissau”, disse Thompson, acrescentando que depois irá “discutir estas ideias com a comissão de reconciliação em Bissau”. Refira-se também que, recentemente, Thompson encontrou-se com o ex-presidente dos EUA Bill Clinton para discutir o processo de reconciliação na Guiné-Bissau.
Na sua intervenção, na Assembleia Nacional Popular, Lord Teverson, Presidente do Comité dos Negócios Estrangeiros do Senado Britânico, que acompanhou Peter Thompson na sua última visita a Bissau, disse que a independência da Guiné-Bissau “chegou tarde demais”. Este mesmo responsável britânico afirmou ainda que apenas a Assembleia Nacional Popular tem o mandato legal para definir o futuro da Guiné-Bissau: “não é para um governo fazer, nem a comunidade internacional; são vós, os deputados da Assembleia, que têm a autoridade de realizar a visão do vosso grande fundador, Amílcar Cabral.”
quinta-feira, 11 de abril de 2013
O vizinho que, afinal, quer o nosso bem...
O representante do Secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos Horta, e o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, comentaram hoje, na Cidade da Praia, as declaraçõs do Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, que falou - nesta Quarta feira - de uma campanha contra a Guiné-Bissau, referindo-se a «bons e maus vizinhos», sem citar o nome de nenhum País.
José Ramos Horta esteve na Cidade da Praia, onde teve encontros com as autoridades cabo-verdianas, para analisar eventuais soluções para a crise político-militar na Guiné Bissau, desencadeada há precisamente um ano. José Ramos Horta aproveitou para desvalorizar as acusações do Procurador-Geral da República guineense, Abdu Mané, que afirmou na passada Quarta – feira, que a Guiné-Bissau tem "má vizinhança", fazendo ainda referência aos PALOP. Um comentário que foi interpretado como uma referência a Cabo Verde. Também o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, comentou aquelas declarações do Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Adbu Mané, mas sublinhou os fortes laços de amizade que unem as duas nações.
Declarações obtidas com a colaboração de Odair Santos, correspondente da RFI em Cabo Verde.
Guiné-Bissau: 13% mais próximo da guerra
Passado 1 ano do golpe do 12 d'Abril na República da Guiné-Bissau (RGB), o cenário da encruzilhada não poderia ser maior, sobretudo após a detenção do Contra-Almirante Bubo Na Tchuto pela americana Drug Enforcement Agency (DEA), o qual já desde 2010 fazia parte da lista dos chamados "Barões da Droga", do Departamento d'Estado americano. Em cima da mesa estava uma transacção de 4 toneladas de cocaína, da Colômbia para a RGB.
Esta detenção obedece também a um ajuste de contas entre a DEA e Na Tchuto, já que consta que este terá assassinado um dos seus melhores agentes nos idos de 2010. De forma telegráfica, a RGB serviu de refúgio a 3 jihadistas mauritanos após terem assassinado 4 turistas franceses, no sul da Mauritânia na véspera de Natal de 2007. Entre fugas e capturas várias após o crime, os 3 assassinos chegam a Bissau, onde são detidos pelas autoridades locais em colaboração com serviços d'inteligência estrangeiros, conseguindo evadir-se de novo pouco tempo depois. Consta também que o conseguiram através da ajuda e influência do Contra-Almirante agora detido, passando a beneficiar da sua segurança directa. Os americanos, interessados em deter estes indivíduos, enviam para a RGB uma espécie de 007 da Agency em África, o qual acaba por cair nas mãos dos homens de Na Tchuto, sendo mais tarde morto à catanada e com um sinal claro da presença de extremistas islâmicos no local e no acto, já que o corpo estava degolado. Este detalhe reforça as desconfianças de que Bubo Na Tchuto, para além de traficante, terá ligações a células da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) na Mauritânia, na Guiné-Conakri, no Mali e na Gâmbia.
Quanto aos criminosos mauritanos, foram de novo capturados, enviados para o seu país d'origem, julgados e condenados à morte, em 2010.
Consequências da detenção de José Américo Bubo Na Tchuto
a) Percebe-se desta forma porque que é que as autoridades americanas têm pedido a colaboração do CEMGFA António Indjai, sendo que ao mesmo tempo não reconhecem as Autoridades Oficiais Provisórias. O interesse é mútuo, os americanos queriam deter Na Tchuto e Indjai queria livar-se dum concorrente. Decorria um processo de reabilitação da figura do Contra-Almirante no seio da instituição militar, a propósito duma tentativa de golpe d'Estado a 26 de Dezembro de 2011, a qual era acusado de ter liderado. Nada ficou provado, ou achou-se por bem que assim fosse e, Na Tchuto já tinha dito publicamente que só aceitaria o processo de reabilitação, caso fosse reintegrado como CEMGFA, destituindo desta feita o actual, António Indjai;
b) A primeira novidade da acusação apresentada pelos americanos é absolutamente demolidora para as duas principais figuras do Período de Transição. O Presidente Interino Manuel Serifo Nhamadjo e o Primeiro-Ministro Interino Rui Duarte Barros, são implicados nas gravações apresentadas como provas pela DEA. Um "depois de amanhã vou falar com o Presidente da República", terá sido dito por militar d'alta patente envolvido no negócio, sendo que outros também referiram noutros momentos que falariam com "o Primeiro-Ministro e com o Presidente", e que a comissão destes para olharem para o lado enquanto tudo decorreria, seria de 13% do produto/negócio (aqui não é claro se do valor da transacção, ou directamente do produto). Ambos gabinetes já desmentiram e demarcaram veementemente, tanto o PR como o PM destes factos, mas a verdade é que o estrago já está feito. Mesmo que se venha a provar que não são verdade e que foram ditos apenas para impressionar, a dúvida vai sempre pairar.
Uma segunda novidade, não menos demolidora, é a de que o pagamento da transacção seria efectuado em armas, incluindo mísseis terra-ar, legitimamente comprados pelo Estado guineense e depois entregues ao fornecedor da droga, o qual representava as FARC colombianas (agentes da DEA fizeram-se passar por elementos deste grupo marxista revolucionário);
c) Que credibilidade é que este PR e este Governo vão agora ter para continuar o seu trabalho? Do ponto de vista interno, o assunto "recenseamento biométrico/eleições" continua por se definir, há já um ano, sendo que o Período de Transição já foi extendido até ao final do ano, na espectativa de que tudo s'organize um pouco à portuguesa, em cima do joelho, para umas eleições com cadernos eleitorais desactualizados desde 2009, uma das justificações para a recusa da participação na 2ª volta das Presidenciais de há um ano, por parte de Kumba Ialá e doos restantes candidatos eliminados na 1ª volta.
Qual a credibilidade duma prevista remodelação governamental, inclusiva do PAIGC, após este ter finalmente assinado o Pacto de Transição?
Do ponto de vista externo, este Governo e Presidência Interinos, até estavam quase a serem reconhecidos pelas instâncias internacionais, já que estes tinham percebido a inevitabilidade dos respectivos apoios para que o calendário eleitoral fosse cumprido. A determinada altura, pareceu-me que tudo dependeria dum acordo prático que tardou. Marcava-se uma data concreta para a realização das eleições (com ou sem recenseamento biométrico, perdeu-se demasiado tempo nesse debate), aquando duma das reuniões magnas da CEDEAO, a União Africana apoiava, reconhecia o Período de Transição, o que permitiria a que as restantes instituições também o fizessem, sobretudo depois das boas vontades das Nações Unidas em nomearem Ramos-Horta seu representante e também após já este ano o regresso do FMI.
E agora, como fica? Alguém vai reconhecer? Sem reconhecimento não há financiamento e sem financiamento não há eleições. Continua-se a correr o risco, mas agora ainda mais que há um ano, da Comunidade Internacional pura e simplesmente abandonar a RGB e esta ficar ao nível da Somália, conforme já foi aventado pelo Secretário-Geral Ban Ki Moon e passar a ter golpes d'estado, mas de bairro e diários. Haverá certamente sectores na RGB e arredores, interessados em que assim seja e que o poder caia na rua. A RGB pode correr o risco de desaparecer, como já muito bem advogaram o antigo Embaixador Francisco Henriques da Silva, o Representante do Secretário-Geral da ONU Ramos-Horta e demais entendidos no país e na região;
d) Para além da Primatura e da Presidência, a instituição militar também sai muito mal na fotografia. Nas notícias que saiem a público fala-se em oficiais d'alta patente envolvidos, que por ora os nomes são omitidos, mas que muito provavelmente virão a público a partir do próximo dia 15, data do início do julgamento em Nova York. Com a perspectiva duma mais que certa sentença de prisão perpétua, o mais certo é que os detidos aceitem colaborar e abram jogo, garantindo a redução de penas.
Por outro lado, o Capitão Pansau N'Tchama também está a ser julgado em Bissau, tendo já "disparado" em várias direcções militares e civis.
Quem se aguentará no Poder em Bissau, no meio deste fogo cruzado? Certamente que haverá sectores, indivíduos que optarão por uma fuga para a frente, numa lógica de "perdido por 1, perdido por 1000".
O cenário poderá ser catastrófico, com um regresso a uma guerra nunca tão sangrenta como agora, baseada nas disputas pessoais, ajustes de contas antigos, tensões étnicas e agora religiosas também, sobretudo entre muçulmanos sunitas e xiítas. Um dado novo e recente, este último.
A Guiné-Bissau no contexto da guerra do Mali
O problema do tráfico de droga, trata-se duma questão de dimensão regional e não apenas da RGB. Ora se um dos objectivos da intervenção militar francesa no norte do Mali é o de eliminar os grupos jihadistas que aí encontraram guarida, então convém começar a tratar do assunto a montante, precisamente na RGB, evitando a entrada da droga, cujos dinheiros irão alimentar estes grupos, a par do tráfico d'armas e outros, já que nestas zonas inóspitas do Sahel tudo se trafica, incluindo pessoas/crianças.
Neste sentido, parece-me que a abordagem levada a cabo desde o exterior está a ter esta dimensão e esta coordenação regional.
A grande preocupação actual da CEDEAO relativamente ao Mali, é a de começar a trabalhar os mecanismos burocráticos e legais, para em breve transformar a AFISMA* numa Missão de Peacekeeping. Ora seguindo a lógica da abordagem regional, poderá estar no programa o alargamento/extensão no futuro desta Missão de Manutenção de Paz para a RGB. Mas para que a paz seja mantida, parece-me que primeiro é necessário que haja guerra, cenário cada vez mais provável de acordo com os acontecimentos da última semana.
Como nota final, uma curiosidade local, um wishfull thinking bissau-guineense transversal a toda a sociedade. É normal ouvir-se nas conversas de salão e de café, na RGB e junto da diáspora o seguinte desabafo: "Isto só lá vai com o país a ser governado pelas Nações Unidas", numa alusão clara à presença e exercício da UNTAET em Timor-Leste entre 1999 e 2002, a qual deteve de facto totais poderes executivos, legislativos e judiciais no país. Ora a chegada de Ramos-Horta à RGB veio certamente alimentar esta chama, a qual norteará cada vez mais o cidadão comum da RGB à medida que a situação se for deteriorando. Há a noção da necessidade duma purga. Mais uma, mas que dada a gravidade e insistência da situação, se pretende que seja benígna e a última!
Por: Raul M. Braga Pires, in www.expresso.pt
Nem tudo são espinhos
Às vésperas de completar um ano após o golpe de estado de 12 de Abril 2012, a Guiné-Bissau apareceu nas primeiras páginas de notícias internacionais, infelizmente, mais uma vez, por piores motivos. Segundo os especialistas da matéria, estas detenções de cidadãos guineenses, incluindo o ex-Chefe de Estado Maior da Marinha, Almirante Bubo Na Tchuto, para além de ser fruto de excelente trabalho desenvolvido pelos EUA na luta contra o tráfico ilícito de armas e estupefacientes na costa ocidental africana, representa mais uma vitória do povo guineense, uma vez que estes flagelos sempre foram apontados pela ONU, como uma das principais causas destabilizadoras do nosso país.
Nós, Bissau-guineenses, vivemos momentos infelizes que gostaríamos que fossem apagados da nossa história. Ao longo de toda a nossa existência como nação, aprendemos a conviver com espinhos... Eles fazem e sempre fizeram parte da nossa caminhada. Por isso, não devemos temer, parar e nem tão pouco desistir desta luta desenfreada!
Espero honestamente, como cidadão, que todas as forças vivas da nação guineense, reconheçam a nossa debilidade; Compreendam de uma vez por todas, a necessidade (urgência) de aproveitar ondas de apoio da comunidade internacional que estão a nosso favor apesar da crise mundial, para que possamos realmente ajudar o país a sair do lamaçal que se encontra, resgatar a nossa democracia e devolver ao povo, a sua dignidade. É pegar ou largar, tendo em conta as dificuldades que hoje são evidentes na Guiné e que, a crise tende a aumentar.
Na verdade, as picadas e cicatrizes, hoje, estão à vista de todos... Mas, nem tudo são espinhos na Guiné-Bissau!
A nossa inteligência adicionada à vontade de transformar a nossa própria vida e salvar o país, são muito mais fortes do que as divergências, os obstáculos e os casos amargos da nossa história.
Existe um povo maravilhoso cujo coração e dignidade foram esmagados, mesmo assim, mantem-se firme, desfragmentado e de cabeça erguida.
Existe gente humilde que apesar de tanto sofrimento, ainda canta e dança, mesmo que for para espantar os males.
Nem tudo são espinhos nesta linda e rica terra!
Existem também rosas... Isso mesmo, rosas. Rosas ressequidas no silêncio duma história... A nossa história criada na fantasia e na mistura de indignação e sonhos. Lindas rosas que autrora abandonadas no espaço vazio entre o presente e o futuro, desabrocham nos canteiros da liberdade.
Caros compatriotas, devemos transmitir segurança e ter orgulho de tudo o que temos, (pouco ou muito) o que se fez e se faz de bom! Exibir as nossas conquistas, içar a nossa bandeira, cantar o nosso hino... Afinal somos um povo maravilhoso e temos muito para oferecer: Lindas praias; Enorme biodiversidade; Mosaico cultural riquíssimo, para além da nossa calorosa hospitalidade.
Devemos concentrar nas coisas boas e positivas que acontecem no nosso país e viver delas! Por exemplo: As grandes expectativas para a exploração dos recursos naturais (petróleo, bauxite, fosfato etc.); A construção do porto de águas profundas em Buba; A pesca e o turismo nacional etc... Tudo isto poderá criar muitos postos de trabalho, melhorar a vida de muitas famílias e fazer o país crescer.
Não pretendo com este artigo, ocultar o podre com uma visão cor-de-rosa ou tentar maquiar a crua realidade que marcou a nossa história de forma negativa. Dar uma falsa protecção, seria irónico da minha parte e de qualquer cidadão do bem.
Quero sim, que aproveitemos a fase final da transição, (fim dos golpes-assim parece) para promover o que temos de bom, mostrar os nossos valores, transformar esta crise numa oportunidade para fazer o mundo conhecer as potencialidades do nosso país e provar que, ONDE HÁ ESPINHOS, HÁ ROSAS.
Haja Rosas!
Pensamentos positivos...
Londres, 10.04.2013
Vasco Barros. (Vavá)
Morreu a Mãe do Presidente da República interino, Raimundo Pereira.
O editor do Ditadura do Consenso endereça as mais sentidas condolências a toda a família. Que a sua alma descanse em paz. AAS
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Ramos-Horta na Praia: O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, recebe amanhã, dia 11 de Abril de 2013, às 11h00 no Palácio Presidencial, o Representante do Secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Ramos Horta. Faz parte da agenda a análise dos problemas políticos, sociais e económicos da Guiné-Bissau e procura de soluções para a realização das eleições num clima de paz e tranquilodade, bem como para a actual situação institucional do país. AAS
AVISO SÉRIO: Ramos-Horta, o representante do secretário-geral da ONU em Bissau, avisou as autoridades de transição que a comunidade internacional está cansada e que existe um «perigo real» destes abandonarem a Guiné-Bissau. Independentemente das razões que levaram ao golpe de Estado, o Nobel da Paz frisou que, «a verdade, é que se aprofunda a crise social e económica e o isolamento internacional da Guiné-Bissau».". AAS
DEA: Ligações fatais
O relatório da DEA, a agência norte-americana de combate ao tráfico de droga, citada pelas agências noticiosas internacionais, implicou as autoridades do Governo de transição da Guiné-Bissau no narcotráfico internacional. Entre os citados constam o Presidente de transição da Guiné-Bissau, Manuel Serifo Nhamadjo, que poderá ter colaborado com os militares que planeavam um esquema de contrabando de droga e armas com as FARC colombianas, de acordo com a agência Reuters. O relatório, apresentado esta terça-feira, 9 de Abril, às autoridades judiciais norte-americanas, resulta do trabalho de agentes infiltrados, supostamente ligados às FARC, e da recente detenção do ex-Chefe da Marinha de Guerra da Guiné-Bissau, Bubo Na Tchuto, durante uma operação em águas internacionais, próxima de Cabo Verde.
Na ocasião, foram também presos Manuel Mamadi Mané, conhecido por «Quecuto», e Saliu Sisse, conhecido por «Serifo», que terão igualmente relatado aos agentes infiltrados da DEA que o Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Rui Barros, e o Presidente de transição, Manuel Serifo Nhamadjo, dariam cobertura à operação de tráfico de droga e armas. O plano dos traficantes, segundo a força policial norte-americana, era transportar, por via marítima, 4000 quilogramas de cocaína da Colômbia para a Guiné-Bissau, camuflada em uniformes militares que seriam destinados ao Exército guineense. A importação de cocaína seria trocada pela compra, por Bissau, de armas, incluindo mísseis terra-ar, parte das quais iria para a Colômbia.
«Depois de uma reunião em Junho de 2012, no Brasil, entre os colaboradores dos dois narcotraficantes, os agentes norte-americanos deslocam-se a Bissau onde, a 30 de Junho, ´Serifo´, ´Quecuto´ e um dos seus operacionais, terão referido a ´necessidade de envolver responsáveis do Governo da Guiné-Bissau´ na operação». No mesmo dia, os dois alegados narcotraficantes «informaram que os responsáveis do Governo da Guiné-Bissau reteriam uma percentagem da cocaína enviada» e, mais tarde, «Serifo» teria informado os agentes da DEA que «por este serviço, os responsáveis do Governo guineense esperariam, como comissão, 13% da cocaína enviada» para o país. Acertados os detalhes da operação, um dos alegados traficantes referiu que, dois dias depois, iria «discutir o plano com o Presidente de transição da Guiné-Bissau».
DEA: Pistas sobre o isco norte-americano
Em meados do mês de março, oficiais superiores de dois exércitos (um guineense e dois guineenses da Guiné-Conacry) tentaram abrir uma mega-conta bancária em Dakar, no Senegal. Desconfiado com o montante, cerca de 4.5 milhões de dólares, alguém do banco pediu informações sobre:
- General Souleymane Camará, e
- Comandante El Hadji Mory Sékou TOURE (ambos naturais da República da Guiné-Conakry),
e de...
- Bion Na Tchongo, actual chefe do Estado-Maior da Armada da Guiné-Bissau.
A América foi apertando o cerco, mas ter-se-á precepitado: "A DEA podia ter feito muito mais prisões, pois as operações foram coordenadas entre as nossas antenas na Colômbia, Lisboa, Conacry e Dakar" - garante um funcionário da embaixada norte-americana - que não descarta essa hipótese. "Continuaremos com as operações de vigilância por terra, mar e ar."
A preocupação dos EUA tem que ver com as ligações perigosas e preocupantes entre quase toda a cúpula do Estado da Guiné-Bissau. Estado-Maior General das Forças Armadas, Presidência da República e até o Governo com as FARC, que os EUA apelidam de 'organização terrorista'. "A facilidade com que os traficantes falavam e agiam, deixam antever grandes problemas para a Europa e, sobretudo, para os Estados Unidos. Há que cortar o mal pela raiz", assume o diplomata. Depois do dia 15, os EUA poderão indiciar mais pessoas ligadas ao tráfico de droga, e de armas, na Guiné-Bissau. E continuam a monitorar tudo o que mexe... AAS
terça-feira, 9 de abril de 2013
BUBO: Juíz decreta prisão imediata e marca primeira audiência para dia 15 do corrente
O Procurador dos EUA decretou a prisão com efeitos imediatos do narcotraficante José Américo Bubo Na Tchuto, ex-chefe da Marinha da Guiné-Bissau e outros seis dos seus cumplices por delitos de tráfico de droga. Quatro dos réus também são igualmente acusados de crimes de terrorismo em acusações autonomas. Preet Bharara, o Procurador dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York, e Michele M. Leonhart, o administrador do Drug Enforcement Agency (DEA) anunciou que os cinco acusados (José Américo Bubo Na Tchuto, ex-chefe da marinha da Guiné-Bissau; Manuel Mamadi Mané (Juba); Saliu Sisse; Papis Djemé e Tchamy Yala) chegaram no Distrito Sul de Nova York a 4 de abril de 2013. Relacionada com a mesma ação, Rafael Antonio GARAVITO-GARCIA e Gustavo PEREZ-GARCIA, ambos de nacionalidade colombiana, foram presos hoje na Colômbia através do sistema de Aviso Vermelho da Interpol (Interpol Red).
JUBA, Sisse, GARAVITO-GARCIA, e PEREZ-GARCIA são acusados de conspirar para participação em acções de narcoterrorismo, conspiração para importação de narcóticos para os Estados Unidos, e de conspirar para fornecer ajuda militar e equipamentos de guerra às Forças Armadas Revolucionarias da Colombia (FARC), um grupo paramilitar sul-americano ha muito catalogado pelos Estados Unidos como sendo uma organização terrorista estrangeira ("FTO"), através de armazenamento de cocaína na África Ocidental cuja propriedade pertence às Farc. JUBA, Sisse, e GARAVITO-GARCIA também são acusados de conspirar para vender armas, incluindo mísseis terra-ar, para serem usados para proteger as operações de contrabando de cocaína das Farc na Colômbia contra as forças militares dos EUA.
Bubo Na Tchuto, P. DJEME, e YALA enfrentam acusações de conspirar para importar narcóticos para os Estados Unidos. Na Tchuto foi designado um traficante pelo Tesouro dos EUA. Os cinco réus foram apresentados em Nova York perante a Corte dos Magistrado dos EUA, hoje.
Em 4 de abril de 2013, a Drug Enforcement Administration (DEA) da Divisão de Operações Especiais (SOD), Unidade de Investigação Bilateral (BIU) e Narco-terrorismo Group (NTG), trabalharam em conjunto com o Escritório Nacional DEA de Lisboa e a Representação da DEA em Bogotá concluiram uma operação planeada e levada a cabo à longa data por agentes à paisana que operavam na Guiné-Bissau e em outros lugares. A operação consistiu em duas fases separadas e foram levadas a cabo através de investigações e acções altamente sigilosas. Durante a primeira parte da operação, Na Tchuto, DJEME, e Yala foram presos em 02 de abril nas águas internacionais pela Equipe de Suporte da DEA instaladas nos paises estrangeiros como Consultores (FAST) e a NTG da Costa da África Ocidental. Toda a operação era monitorado a bordo de um navio sob controle DEA, igualmente localizado nas aguas internacionais. Na segunda parte da operação, Juba e Sisse foram presos a 4 de abril, um em um país da Africa Ocidental e transferido depois para a custódia dos Estados Unidos. Na Tchuto, Djémé, YALA, Juba, e Sisse foram transportados para Nova York para efeitos de serem acusados dos crimes respectivos. GARAVITO-GARCIA PEREZ-GARCIA permanecem ainda na Colômbia com mandato de extradição pendente para os Estados Unidos.
O Procurador dos EUA Preet Bharara disse: "As acusações de alegadas conspiração de narcoterrorismo mostra o perigo que pode crescer sem controle em lugares distantes onde as circunstâncias de fragilidade e pobreza podem permitir aos narcotraficantes, apoiantes e simpatizantes do terrorismo de transacionar e conspirar de forma dissimulada com grandes riscos para os Estados Unidos e os seus interesses. A ligação entre narcotraficantes e terroristas, os seus financiadores e apoiadores, precisa ser desmantelado, onde quer que se encontrem. Mas graças aos esforços extraordinários dos nossos parceiros da DEA, que durante anos atacou a ameaça narco-terrorismo, essa conspiração foi frustrada e podemos afirmar que obtivemos mais uma vitória em nossa campanha implacável contra os que pretendem prejudicar os americanos e os interesses americanos no exterior ".
A administradora da DEA Michele Leonhart disse: "Estas detenções feitas pela DEA são vitórias importantes no combate contra o terrorismo e o tráfico internacional de drogas. Alegados narco-terroristas como estes, que traficam drogas na África Ocidental e em outros lugares, são alguns dos criminosos mais violentos e brutais do mundo. Eles não têm nenhum respeito pelas fronteiras, e não respeitam nem as regras nem as que violam resultado das suas acções criminosas. Estes casos ilustram ainda de forma mais assustadora as ligações entre o tráfico global de drogas e do financiamento de redes terroristas. Graças ao trabalho qualificado e bravura dos nossos agentes e parceiros policiais, esses criminosos terão de enfrentar a responsabilidade de um tribunal dos EUA pelos seus atos hediondos. "
De acordo com as acusações contra MANE, Sisse, GARAVITO-GARCIA, e PEREZ-GARCIA concluida hoje:
A partir do verão de 2012, os réus comunicaram com fontes confidenciais (o "CSS"-colaboradores da DEA) que trabalham com a DEA, que pretendiam ser representantes e/ou sócios das FARC. Os contactos ocorreram por telefone, por e-mail, e em uma série de reuniões gravadas em áudio e também filmadas durante vários meses na Guiné-Bissau.
Durante as reuniões que teve inicio na Guiné-Bissau em junho de 2012, e continuando até pelo menos meados de Novembro de 2012, Mané, Sisse, GARAVITO-GARCIA, e PEREZ-GARCIA concordaram em receber e armazenar várias toneladas de cocaína embarcadas e propriedade das FARC na Guiné-Bissau. Os réus concordaram em receber a cocaína ao largo da costa da Guiné-Bissau, armazena-los em seus armazéns aguardando lá, até à sua eventual transferência para os Estados Unidos, onde seriam vendidos para o benefício financeiro das FARC. Os réus ainda acordaram que uma parte da cocaína seria usado para o pagamento dos funcionários do governo da Guiné-Bissau para garantirem uma passagem segura para a cocaína através da Guiné-Bissau.
Também durante essas reuniões, Juba, Sisse, e GARAVITO-Garcia concordaram em providenciar a compra de armas para as FARC, incluindo mísseis terra-ar, importando-os dessimuladamente para Guiné-Bissau como se fossem para o uso nominal dos militares Guiné-Bissau.
Por exemplo, em 30 de junho de 2012, durante uma reunião gravada na Guiné-Bissau com o CSS, Mané, Sisse, e GARAVITO-GARCIA concordaram em ajudar na distribuição de cocaína das Farc, facilitando o envio de cocaína para a Guiné-Bissau dentro de cargas e de uniformes militar, e pelo estabelecimento de uma empresa de fachada na Guiné-Bissau para exportar a cocaína da Guiné-Bissau para os Estados Unidos. Além disso, MANE concordou em ajudar na obtenção de armas para as FARC. Também, a 03 de julho de 2012, durante outra reunião igualmente gravada na Guiné-Bissau, Mané, Sisse, e GARAVITO-GARCIA reuniram com as fontes confidenciais e um representante militar da Guiné Bissau militar tendo discutido sobre os benefícios de usar a Guiné-Bissau como um ponto de transbordo para a cocaína obtida na América do Sul e destinada para os Estados Unidos, o processo de descarregar a cocaína uma vez chegado à Guiné-Bissau, bem como a natureza das armas a serem fornecidos às Farc para combater as forças americanas na Colômbia, incluindo mísseis terra-ar, fusisde assalto AK-47 com lança-granadas.
A 31 de agosto de 2012, durante uma reunião gravada em Bogotá, Colômbia, GARAVITO-GARCIA e PEREZ-GARCIA concordaram em facilitar o recebimento de cerca de 4.000 quilos de cocaína das Farc na Guiné-Bissau, cerca de 500 quilos de que viria a ser enviada para clientes nos Estados Unidos e Canadá. Durante uma reunião gravada na Guiné-Bissau com Juba e Sisse que ocorreu a 13 de novembro de 2012, um oficial militar da Guiné-Bissau aconselhou um dos CSs que a transação de armas (os anti-mísseis de aviões para serem vendidos para as Farc que seriam usados contra os helicópteros dos Estados Unidos que operam na Colômbia contra as FARC) poderia ser executado, uma vez que as FARC trouxessem dinheiro para a Guiné-Bissau.
Segundo a acusação contra Bubo Na Tchuto, DJEME, e também YALA concluida hoje:
A partir do verão de 2012, os três réus estiveram envolvidos em uma série de reuniões gravadas na Guiné-Bissau com fontes confidenciais (o "CSS") que trabalha com a DEA, que pretendia ser representantes e/ou associados de traficantes sul-americanos ligados ao narcóticos .
Em uma das primeiras reuniões em que os réus discutiram o envio de toneladas de cocaína da América do Sul para a Guiné-Bissau por mar, Na Tchuto observou que o governo da Guiné-Bissau esta fragilizado, à luz do recente golpe de Estado e que, portanto, era um bom momento para a transação de cocaína proposta. Em outras reuniões, Na Tchuto, DJEME, e YALA concordaram em ajudar o CSS a receber uma carga de duas toneladas de cocaína que seriam transportadas para a Guiné-Bissau de barco e armazenados em um armazém para posterior distribuição para a Europa e os Estados Unidos. Por exemplo, em 17 de novembro de 2012, Na Tchuto, DJEME, e YALA reuniram-se com os dois CSS na Guiné-Bissau e discutiram importar 1,000 kg de cocaína para encaminhar para os Estados Unidos. Também durante a reunião, Na Tchuto ofereceu-se para utilizar uma sua empresa para facilitar o envio de cocaína para fora da Guiné-Bissau. Em uma reunião anterior, Na Tchuto afirmou que sua taxa seria de R $ 1.000.000 por 1.000 kg de cocaína recebida na Guiné-Bissau.
***
JUBA, Sisse, GARAVITO-GARCIA, e PEREZ-GARCIA foram, cada um deles acusados de conspiração para participação em narco-terrorismo (Primeira acusação), uma acusação de conspiração para distribuir cinco quilos ou mais de cocaína, com conhecimento ou pretensão de que a cocaína poderia ser enviada para os Estados Unidos (Segunda acusação), e uma acusação de conspiração para fornecer apoio material e recursos a uma FTO (acusação três). JUBA, Sisse e GARAVITO-GARCIA também são acusados de uma acusação de conspiração para adquirir e transferir mísseis anti-aéreos (acusação Quatro). As acusações Um, Dois e Quatro cada uma por si esta sujeita a uma pena máxima prisão perpétua, e a acusação Três acarreta uma pena máxima de 15 anos de prisão. JUBA e Sisse estão programados para serem presentes ao Juiz dos EUA Jed Rakoff no prôximo dia 9 de abril de 2013 (hoje) às 11:30.
Na Tchuto, DJEME, e Yala foram, cada um encarregado de uma acusação de conspiração para distribuir cinco quilos ou mais de cocaína, com conhecimento ou pretensão de que a cocaína poderia ser enviada para os Estados Unidos. A acusação acarreta uma sentença máxima prisão perpétua. Na Tchuto, DJEME, e YALA tem a próxima agenda para recomparecer perante o Juiz Distrital dos EUA Richard Berman a 15 de abril de 2013 às 11:00
As prisões e as transferências dos réus foram o resultado de estreitos esforços e de cooperação aproximada do Gabinete do advogado dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York, SOD DEA, o DEA Escritório Nacional de Lisboa, o DEA Escritório Nacional de Bogotá, o Departamento de Justiça dos EUA, o Escritório de Assuntos Internacionais do Departamento de Estado dos EUA.
Este processo está sendo tratado pelo Gabinete da Unidade de Narcóticos e Terrorismo Internacional. Os Advogados Assistentes dos Estados Unidos são Aimee Hector e Glen Kopp que Representam o Ministério Público.
As acusações contidas nas acusações são consideradas meramente acusações e os réus são por enquanto considerados presumidos inocentes, até que se prove a sua culpabilidade.
Subscrever:
Comentários (Atom)
