segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

TRAGÉDIA NO MAR - CPLP solidariza-se com o Povo guineense


A Presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) manifestou a sua solidariedade para com o povo da Guiné-Bissau, na sequência do trágico naufrágio ocorrido sexta-feira naquele país da costa ocidental de África. No episódio fatal, segundo dados da imprensa guineense, 23 pessoas morreram e 74 outras sobreviveram na embarcação que levava 120 passageiros a bordo, quando a mesma naufragou ao largo de Bissau.

Num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MNEC) de Moçambique, país que preside actualmente à organização lusófona, "a CPLP expressa a sua consternação pela perda de dezenas de vidas humanas, na sequência do naufrágio ocorrido na República da Guiné Bissau". Neste momento de pesar, segundo o comunicado, a CPLP associa-se à dor e sofrimento das famílias enlutadas e de todo povo guineense e reitera a sua solidariedade à Guiné Bissau.

domingo, 30 de dezembro de 2012

PAIGC: Braima Camará soma apoios


No passado dia 16 de Dezembro, reuniu-se em Lisboa um grupo de cidadãos, Jovens e Quadros Guineenses, preocupados com a situação do país. Na reunião, foi feita, uma análise exaustiva da vida e actividades do Cidadão e jovem empresário Braima Camará, vulgo "Bá Quecutó", tendo-se concluido pela adequação do seu perfil para a candidatura à liderança do PAIGC, no próximo congresso do partido.
 
No passado dia 22 do corrente mês, o empresário Braima Camará reuniu-se com a Direcção da célula do PAIGC em Portugal, no Hotel Tivoli, em Lisboa num encontro que teve como objectivo auscultar a opinião dos Militantes do Partido, dos Jovens Quadros e dos Guineenses em geral, na diáspora, sobre a sua pessoa, tendo em conta a sua decisão de se candidatar à liderança do PAIGC.

Na reunião, foi anunciado pelo próprio, um Projecto Inclusivo, realista (do ponto de vista da sua implementação), abrangente e transversal (do ponto de vista estratégico) e ambicioso e de esperança (tanto no que se refere às reformas no Partido, como no Estado).

Respondendo ao apelo de quase todos os intervenientes, Braima Camará, declarou-se aberto ao diálogo com todos os outros candidatos, para evitar futuras divisões no Partido. Não menos importante foi ouvir da parte dele a seguinte frase "Eu não quero ganhar só o congresso mas sim quero ganhar o partido".
 
Concientes da importância de instauração de um clima de diálogo permanente entre os diversos quadrantes da sociedade e todos que nela gravitam, na busca de soluções duradoiras para os problemas e conflitos ciclicos que preocupam o povo guineense. Sendo o PAIGC, um partido estruturante da nossa sociedade e de importância transcendental no passado, presente e no futuro da GB, há a necessidade haver um candidato como o Braima Camará, capaz de congregar todos sem exclusões, imprimir uma nova dinâmica, reformar e organizar internamente o partido para os próximos desafios e combates (eleições presidenciais e Legislativas). Um partido moderno e adaptado às novas realidades do presente século e aos desafios e sofrimentos do povo da GB.
 
Na sequência dessas reuniões e imbuidos de um grande espirito patriótico e dever cívico, reuniu-se no dia 29 de Dezembro de 2012, em Lisboa, o grupo de cidadãos, quadros e jovens Guineenses bem como alguns dirigentes da Célula do PAIGC em Portugal com o objectivo de fazer o balanço de todas as actividades desenvolvidas até ao presente. Nesse sentido, foi decidido por unanimidade e de livre e espontânea vontade criar o NÚCLEO DE APOIO À CANDIDATURA DE BRAIMA CAMARÁ (NACBC) à liderança do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) na diaspora – Europa.
 
É nossa convicção que, com as suas qualidades pessoais, a sua capacidade empreendedora, experiência, liderança e de resolução de problemas complexos como empresário (exemplo disso, é o trabalho que tem sido feito desde 1999 na direcção da Câmara do Comércio e Industria da GB, em que herdou uma situação de quase ruptura e de fragmentação do sector privado, fazendo com que hoje seja um dos grandes motores e impulsionadores da economia do país), bem como a sua experiência politica como Deputado da Nação e Conselheiro Presidencial, vai conseguir levar a bom porto esta nobre tarefa.
 
Mais se informa que o Núcleo está aberto à todos os cidadãos guineenses, (homens e mulheres), quadros e jovens interessados em contribuir para o projecto, para podermos inaugurar um novo paradigma de debate politico e social na Guiné Bissau e na diaspora.
 
Todos os programas e actividades do Núcleo vão ser anunciados oportunamente.
 
Os contactos do Núcleo são:
Telemóvel: 967174037 e 964278747
E-mail: nacbc.diasporaeuropa@gmail.com
 
 
Nota: Aproveitamos para lamentar a tragédia que se abateu sobre o nosso país no dia 28/12/2012 e manifestar a nossa solidariedade para com todos familiares das vítimas do naufrágio.
 
Lisboa, 29 de Dezembro de 2012
 
NÚCLEO DE APOIO À CANDIDATURA DE BRAIMA CAMARÁ (NACBC) à liderança do PAIGC na Diáspora - Europa

ÚLTIMA HORA: Afinal, duas botijas de gás butano é que rebentaram, numa residência, no bairro da Achada. Espero que tenha sido mesmo isso. Boa noite a todos e que a paz reine na Guiné-Bissau para sempre. AAS.

ÚLTIMA HORA: Desde há meia hora que se ouvem explosões nos arredores de Bissau, mas ninguém sabe ao certo... AAS

Guiné-Bissau está ou aprofundou o luto?


Com todo o respeito às vítimas e os familiares do último naufrágio ao largo da costa marítima de Bissau, a quem dirijo desde já as minhas sentidas condolências, não posso deixar de realçar a hipocrisia e o empolgamento que se deu à mais uma perda de vidas dezenas de vidas, fruto do luto efectivo em que a Guiné-Bissau mergulhou e teima em aprofundar, há cerca de 40 anos!

Esta última tragédia é apenas uma gota de água na miséria que assola o país, fruto da incompetência, do desleixo e da estupidez dos falsos líderes políticos e militares, que o povo teima em deixar continuar a dirigir os destinos do país, com base em negociatas com vista ao rápido enriquecimento ilícito, enquanto durarem no poder.

Olhar para os últimos índices do país publicados, não sei como é que o governo ilegítimo da Guiné-Bissau não decide desde já decretar luto nacional por tempo indeterminado, para que o povo continue a chorar as várias vítimas das mais variadas carências que têm afectado esse sofrido e paradoxalmente alegre povo! Se esses dados assustam a quem olhar para eles com olhos de ver e os comparar com os outros países, imagino o que serão os dados estatísticos do último semestre deste ano, quando existem indicações claras de que o nível socioeconómico e de bem-estar populacional da Guiné-Bissau decaíram e muito com o último golpe de estado… Prometo nem falar da dúzia de assassinados recentemente, na suposta tentativa de invasão de um quartel e no embuste que foi a captura do Capitão Pansau Intchama…

Vamos aos índices:

Sabemos que ocupamos um vergonhoso 6º lugar dos países com maior Taxa de mortalidade. A nossa Taxa de mortalidade bruta é de 15,01 mortes por cada 1000 habitantes por ano (dados de Julho de 2011). Se sabemos que a nossa população nessa altura era de 1.628.603 habitantes, podemos concluir que morrem cerca de 24.429 pessoas por ano na Guiné-Bissau, por mais variadas razões. Só para termos uma ideia, no que concerne à taxa da mortalidade, estamos piores colocados que todos os PALOP’s. Mas, para compararmos e termos ideias das posições dos nossos amigos e inimigos, não será demais dizer que a Nigéria, aquela que está interessada em devolver a paz a Guiné-Bissau, ocupa o 18º lugar, contra o 28º de Angola, o 41º de Portugal, o 151º do Brasil e o 155º de Cabo-Verde!

Quanto à Taxa de mortalidade infantil, a Guiné-Bissau também ocupa vergonhosamente o 6º lugar do Ranking, com 94,4 mortes por cada 1000 nascimentos.

Na Taxa de mortalidade materna também ocupamos o 6º lugar com 790 mães que morrem, por cada 100.000 nascimentos vivos.

A esperança de vida ao nascimento ocupa também a vergonhosa 219ª posição (penúltimo lugar) com 49,11 anos. Isso quer dizer que, cada criança que nasce, é esperado que se consiga manter-se vivo até os 40 anos de idade!

Quando falamos de Densidade de médicos, ou seja o número de médicos por população, estamos na posição 175º, num total de 188 países, com uma taxa de 0.05 médicos por cada 1000 habitantes!!!  Se formos espreitar o número de camas por habitantes, o país tem 0,96 camas por 1000 habitantes!!!

Só para ficarmos com uma ideia do país que temos, quando se fala em Orçamento Militar (isso são só os gastos oficiais, que constam nos Orçamentos de Estado), ocupamos um orgulhoso 39º lugar, contra um 57º lugar do Ranking com os gastos na Saúde!

Há muitos mais dados que nos envergonham como país, mas seria fastidioso continuar a reproduzi-los aqui... E vêm alguns guineenses dizer que devemos falar e escrever sempre o bem sobre a Guiné-Bissau! Com base em que dados!? Se não fosse muito triste e deprimente para um povo orgulhoso e digno, dava era para rir!

Se formos pela lei da proporcionalidade, morreram 23 pessoas num acidente numa canoa e decretou-se luto nacional de dois dias, então os 365 dias do ano não chegariam para o luto de todos aqueles que morrem por vários motivos, consequência da completa ausência do Estado, dos abusos do poder e de uma saúde altamente deficitária no país…

É caso para dizer: Senhores governantes, em vez de decretarem lutos nacionais, pegam nas vossas pertenças, metam-se num barco e vão naufragar-se nas águas internacionais mas, para bem longe do país, para não vos sentir sequer o cheiro à corrupção que o vosso corpo deve exalar depois de mortos!

Por favor, deixem de fazer demagogias e propagandas baratas, à custa das vidas dos guineenses…

Jorge Herbert

sábado, 29 de dezembro de 2012

APGB e a TRAGÉDIA


Uma pergunta pertinente:

"Como é possível a Secretaria de Estado dos Transportes permitir à APGB pagar milhões em mordomias aos membros do Conselho de Administração, director-geral e inclusive ao próprio Secretário de Estado... e não poder pagar 30.000.000 FCFA (50 mil euros) à mesma instituição para a reparação dos dois barcos que fazem ligação para as ilhas? É o CÚMULO! Só o dinheiro dos mobiliários de um deles dava para reparar cada barco e essa tragédia não teria acontecido....estou revoltado!

Armando Vaz
"

ÚLTIMA HORA - TRAGÉDIA NO MAR: Seis corpos do naufrágio de ontem, deram hoje à costa em Quinhamel. Ambulâncias e bombeiros vão a caminho. AAS

TRAGÉDIA NO MAR: Comunicado da LGDH


COMUNICADO À IMPRENSA

Num dos momentos mais difíceis da sua história recente, marcado por enormes dificuldades devido aos sobressaltos político-militares, o povo guineense conheceu mais uma tragédia de naufrágio da piroga Quinará II que ocorreu no dia 28 de Dezembro de 2012, no largo de Bissau, vinda de Bolama com mais de 110 pessoas a bordo, tendo resultado ate agora em 26 mortos segundo os dados provisórios.

Este triste acontecimento é o terceiro em menos de 4 anos, apos os naufrágios de Geta e Pexice que provocaram a morte de 72 pessoas, resultado de uma cultura de falta de rigor, seriedade e responsabilidade na administração pública, em particular nos serviços de inspecção, fiscalização e controlo das actividades de navegação marítima. A embarcação que naufragou além de não dispor de condições adequadas para efectuar uma ligação marítima em conformidade com as normas internacionais, estava superlotada e sem mecanismos de repostas rápidas.

Por outro lado, as informações indicam que os serviços de Instituto Marítimo Portuário entidade competente para a gestão portuária foram comunicados antes do acidente ocorrer, mas não reagiram a tempo de impedir ou evitar os danos maiores. Em face do exposto, a Direcção Nacional da Liga Guineense dos Direitos Humanos delibera os seguintes:
 
1- Lamentar a tragédia da embarcação Quinará II, num contexto extremamente, difícil para o povo guineense;
 
2- Responsabilizar as autoridades marítimas e portuárias pela inoperância e passividade na fiscalização e observância das condições mínimas de segurança para a navegação marítima;
 
3- Exigir a abertura de inquérito e consequente responsabilização dos agentes dos Serviços Marítimos e Portuários, da Delegacia Marítima de Bolama, bem como dos responsáveis da Embarcação Quinará II;
 
4- Exortar as autoridades para um maior rigor e controle nas ligações inter-ilhas em particular nas épocas da chuva e períodos de festas.
 
5- Apresentar as mais sentidas condolências às famílias enlutadas
 
Feito Bissau aos 29 dias do Mês de Dezembro 2012
 
A Direcção Nacional

TRAGÉDIA NO MAR - O balanço


Depois de tanto trabalho no hospital Simão Mendes, o balanço foi trágico: 74 pessoas foram atendidas pelos médicos cubanos e técnicos de saúde guineenses. Deram entrada no banco de socorros vinte e quatro mortos: 21 adultos e 3 crianças. Das 74 pessoas só uma continua internada no HNSM, dos 12 que desapareceram um jovem conseguiu nadar até ao porto e voltou sozinho para casa. Um senhor perdeu a mulher e dois filhos.

"Foram horas de muito trabalho e os funcionários nãpada poderiam fazer sem ajuda dos médicos cubanos e guineenses, dos jovens da Cruz Vermelha, dos policias do  Ministério do Interior, do Corpo de Bombeiros, dos membros da ONG Afectos com Letras, do responsavel da ONG Viver sem Fronteiras, e dos funcionarios da ONG AIDA." - disse ao ditadura do consenso um elemento do hospital Simão Mendes. Foi decretado dois dias dd luto nacional. AAS

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ÚLTIMA HORA - TRAGÉDIA NO MAR: 'Governo' fala em 24 mortos, mas ditadura do consenso apurou que foram atendidas no hospital 74 pessoas. O que quer dizer que ainda há doze pessoas desaparecidas, num total de 110 que iam a bordo. AAS

TRAGÉDIA NO MAR: Dos 110 passageiros confirmados pelo 'capitão', foram encontrados com vida, até agora, 59 pessoas. AAS

Domingos Simões Pereira corre para o PAIGC em situação de “sufoco"


Domingos Simões Pereira mantém a intenção de se candidatar à liderança do PAIGC e manifesta, mesmo, confiança num resultado favorável – para o que poderá adicionalmente contribuir uma provável evolução da situação política na Guiné-Bissau, no quadro da qual a sua pessoa incuta mais confiança, em termos de credibilidade e estabilidade, como líder do partido. Com o fim de preparar a sua candidatura, cujo anúncio formal está previsto para depois do anúncio definitivo da data do congresso.

Domingos Simões Pereira, até há pouco Secretário Executivo da CPLP, regressou há cerca de dez dias a Bissau, procedente de Cabo Verde e Portugal. No seu entender, Braima Camará “Bá Quecuto”, geralmente apontado como concorrente favorito, não reúne aptidões suficientes para liderar o PAIGC e, por via disso, vir eventualmente a tornar-se chefe do governo. Vê igualmente na sua candidatura o impulso dos militares, movidos por um desígnio escuso de manterem uma posição de ascendência sobre o PAIGC. Em meios próximos dos militares há a ideia de que estes denotam, de facto, uma atitude de má vontade face a Domingos Simões Pereira, a que pejorativamente se referem como tendo ligações a Carlos Gomes Jr e a Portugal ou por viver no estrangeiro e por isso estar “desactualizado”.

Considera rumores de que teria desistido de se candidatar e/ou previsões que conferem diminutas possibilidades de vir a ser eleito, como reflexo de um clima de sufoco intencional da sua candidatura e de outras – f enómeno pelo qual responsabiliza Braima Camará e meios que lhe são afectos. Exige, por exemplo, que o congresso seja organizado de acordo com procedimentos estatutários que alega não estarem a ser observados como forma de limitar o debate interno e “filtrar” a eleição dos congressistas. Entre os apoiantes da sua candidatura Simões Pereira aponta especialmente jovens quadros e militantes, na sua maioria descendentes de veteranos do PAIGC. AM

TRAGÉDIA NO MAR: Pelo menos 23 pessoas morreram no naufrágio de uma canoa ao largo de Bissau, depois de sair de Bolama hoje de manhã. AAS

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

LAVAGEM DE IMAGEM: O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense procedeu a um exaustivo - e inédito - 'balanço' do desempenho do chefe do Estado-Maior, António Indjai. De aterragens de aviões carregados com droga, nem uma palavra... É balanço ta kumé djintis, pá!!! AAS

RECIPROCIDADE DIPLOMÁTICA OU MAIS DISPARATES


Ouvir Fernando Vaz, o vulgo “porta-disparates” do governo de transição da Guiné-Bissau referir-se à não atribuição de vistos aos elementos do GOE que garantem a segurança da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau como reciprocidade diplomática, pode causar nos guineenses menos atentos um sentimento patriótico bacoco, como muitos que fui lendo na net, sempre na base de “olho por olho e dente por dente”. Conforme disse Gandhi, seguindo a política de “olho por olho”, corremos o risco de ficarmos todos cegos. A verdade é que, o “porta-disparates” já se encontra há muito tempo cego pelo poder que em circunstâncias normais jamais seria capaz de conquistar, que nem dá conta dos disparates que vai “vomitando” nos órgãos de comunicação!

Mas, voltemos à falsa reciprocidade do “porta-disparates”.

Para abordar o assunto de forma sucinta e com base na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, não podemos esquecer que a Guiné-Bissau tinha um representante diplomático acreditado em Portugal e nomeado pelo governo considerado legítimo e reconhecido internacionalmente. Portugal tem uma representação diplomática também acreditada por um governo legítimo e internacionalmente aceite. Houve um golpe de estado, do qual “nasceu” um governo dito de transição e não reconhecido pela maioria dos parceiros internacionais, entre os quais Portugal.

Como este governo e este Presidente da República são tão golpistas como os militares que desalojaram os mais altos representantes da nação dos respetivos cargos democraticamente alcançados, caiu-lhes a máscara de transicionistas e assumiram efetivamente o comportamento de golpistas. Envoltos no encantamento do poder adquirido, acharam-se no direito de tudo e mais alguma coisa, entre os quais, mexer no corpo diplomático do país, como se isso dependesse tão só da vontade do António Indjai, Kumba Ialá e os seus acólitos… Ora, como a nomeação de um novo representante diplomático depende também da sua aceitação pelo país que o recebe (denominado acreditado na linguagem diplomática), os transicionistas acabaram por se verem embrulhados na própria ignorância…!

Então, a saída airosa que alguns ignorantes guineenses residentes em Portugal ainda vão acatando, é a criação de uma figura chamada de “Encarregado de Negócios”. Ora, sabe-se que essa figura só é possível, diplomaticamente falando, de forma interina e em substituição de uma vacatura da figura do Embaixador, por um membro da missão diplomática ou outro nomeado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiro do país acreditante, com a devida comunicação ao Ministério dos Negócios estrangeiros do país acreditado, dando conhecimento dessa nomeação interina.

Se o atual governo de transição não é reconhecido pelo governo português, sinto-me na tentação de julgar que o atual Encarregado de Negócios da Guiné-Bissau, aos olhos do governo português, não passa de um impostor, com o qual o governo português não sente a mínima obrigação de acolher e dar o respetivo trato diplomático necessário. Aliás, segundo o Artigo 4º da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, o estado acreditante (neste caso a Guiné-Bissau) deve certificar-se antes que a pessoa que pretende nomear como Chefe da Missão Diplomática perante o Estado Acreditado (neste caso Portugal) obteve o agrément do referido Estado. É óbvio que isso não aconteceu nessa tentativa do Governo de Transição da nomeação do novo Embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, travestido em “Encarregado de Negócios”.

Bom, contrariamente ao até agora relatado, Portugal tem uma representação diplomática reconhecida e com prévio agrément dos governos e presidências anteriores, que não foi mexida após o golpe de 12 de Abril. Portanto, contrariamente a Portugal, que não tem qualquer obrigação do âmbito diplomático com o dito “Encarregado de Negócios”, nomeado pelo Governo ilegítimo da Guiné-Bissau, o nosso país ainda tem a obrigação de cumprir todos os direitos relativos à Missão diplomática portuguesa na Guiné-Bissau, sob o risco de clara violação dos tratados e convenções diplomáticas.

Se formos ver a dita reciprocidade de que o porta-disparates do governo de transição quis socorrer-se (Art. 47º da Convenção de Viena), vimos que em nada encaixa com a situação em causa, uma vez que a substituição do Chefe de uma Missão Diplomática nada tem a ver com a rotatividade dos membros do pessoal administrativo e técnico de uma Missão Diplomática já acreditada no país. Foi tão só uma tentativa de provocação, que não terá qualquer efeito na Missão Diplomática portuguesa na Guiné-Bissau, uma vez que já se sabe que esses elementos serão substituídos em Janeiro. Não passa de mais uma “fuga em frente”, típica da ignorância e incompetência que tem caracterizado o nosso já famoso “porta-disparates”.

Querendo retaliar a posição de Portugal, só resta mesmo ao governo de transição referenciar ao Embaixador de Portugal como persona non grata, exigindo a sua retirada do país e depois dificultar a nomeação de um novo chefe da missão diplomática... Será que têm-nos no sítio para o fazer!? Mais cedo veremos Portugal a considerar o porta-disparates de persona no grata ou arranjar mecanismos para lhe retirar alguns direitos até agora conseguidos em Portugal ou até indiciá-lo por um crime contra Portugal...

A ver vamos…
 
Jorge Herbert