sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Guiné-Bissau: A SIDA em risco
O Secretariado Nacional de Luta contra a Sida (SNLCS) da Guiné-Bissau lamentou, na terça-feira, que mais de 20 anos após o primeiro caso notificado no país “o estigma continua a ser um dos maiores obstáculos” no combate à pandemia. João Silva Monteiro, secretário executivo do SNLCS, disse que, até hoje, nunca alguma figura pública se assumiu como seropositiva, porque, apesar de todas as campanhas, se “teme a exclusão”.
“Outro sinal triste da estigmatização prende-se com o facto de muitos guineenses escolherem a calada da noite para procurar anti-retrovirais”, disse o responsável, que criticou “os próprios serviços do Estado que praticam a estigmatização” quando exigem o teste de Sida a candidatos a bolsas de estudo no exterior. João Monteiro disse à agência Lusa que há países, como a China ou a Rússia, que exigem esse teste, mas que os serviços competentes o fazem mesmo para candidatos a bolsas para países como Brasil ou Portugal, que não têm essa exigência.
“É contra a lei e é desumano”, disse, acrescentando que é também “monstruoso” que se tenha chegado ao ponto de impedir uma pessoa de ser jornalista por ser seropositiva. O SNLS começou na terça-feira em Bissau um encontro para debater a lei 5/2007, de prevenção e tratamento da Sida, na tentativa de, através de melhoramentos na lei, se chegar “à realização plena e universal dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais”. O secretário executivo referiu que, “se há discriminação, é porque a lei ou não foi suficientemente divulgada ou porque tem lacunas ou está desactualizada”.
Um relatório divulgado na terça-feira pelas Nações Unidas aponta que pelo menos 2,5 milhões de pessoas contraíram o vírus da Sida em 2011, com a África subsaariana a ser a mais afectada. A Guiné-Bissau está no grupo de países onde houve um aumento de pelo menos 25 por cento de novas infecções. Em Setembro passado, as organizações de luta contra a Sida na Guiné-Bissau já tinham alertado para a situação “muito delicada” em que estava o país, quase sem apoios depois de o Fundo Global (organização internacional de apoio à luta contra a malária, tuberculose e SIDA) ter cancelado a cooperação.
Os cortes começaram há um ano, mas agudizaram-se depois do golpe de Estado de 12 de Abril passado, referiram. O país ficou durante algum tempo quase sem reservas de medicamentos e de suplementos alimentares. João Monteiro disse, na terça-feira, que os problemas começaram antes, por alegadas irregularidades na gestão do dinheiro do Fundo Global, mas considerou que o país viveu “uma sanção” (pelo golpe). “O Fundo anunciou que vinha. Antes, diziam que não vinham por motivos de segurança”, disse, precisando que a delegação do fundo chega a Bissau no início do próximo mês para negociar um novo programa, mas mais reduzido”. LUSA
ANP: PAIGC ocupa lugares
A situação de impasse que se registava no parlamento da Guiné-Bissau foi hoje ultrapassada com a indigitação de dois deputados do partido maioritário, PAIGC, para a mesa do órgão. Após três dias de impasse desde a reabertura da sessão parlamentar, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) indigitou os nomes dos deputados Augusto Olivais e Isabel Buscardine para os lugares de primeiro e segundo vice-presidentes do Parlamento.
O líder do grupo parlamentar do PAIGC, Rui Diã de Sousa, considerou que o seu partido decidiu abdicar do lugar de presidente do Parlamento, deixando-o para Sory Djaló, do Partido da Renovação Social (PRS), e ficar com os cargos de vice-presidentes do órgão. LUSA
ANGOLA: Golpistas não entram
É O SEGUNDO PAÍS QUE RECUSA A ENTRADA DO MESMO MINISTRO NO ÂMBITO DO EMBARGO AO ACTUAL REGIME GUINEENSE. DEPOIS DE PORTUGAL, AGORA FOI A VEZ DE ANGOLA.
COMECEMOS POR ESTE ÚLTIMO:
AGOSTINHO KÁ, QUE GARANTIU AO JORNALISTA DA RDP-ÁFRICA, WALDIR ARAÚJO, TER SIDO FORMALMENTE CONVIDADO PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, OMS, PARA PARTICIPAR NO ENCONTRO DO COMITÉ REGIONAL AFRICANO DA ORGANIZAÇÃO, QUE DECORRE EM LUANDA, APENAS CHEGOU ATÉ MARROCOS, TENDO JÁ REGRESSADO À GUINÉ-BISSAU. ISTO PORQUE, UMA VEZ NA CIDADE MARROQUINA DE CASABLANCA, ONDE SE PREPARAVA PARA SEGUIR VIAGEM PARA LUANDA VIA LIBREVILLE, O MINISTRO DA SAÚDE DA GUINÉ-BISSAU E RESPECTIVA COMITIVA, FORAM AVISADOS QUE NÃO PODERIAM VIAJAR PARA ANGOLA POR ORDENS EXPRESSAS DO GOVERNO DE LUANDA.
ADMIRADO COM A SITUAÇÃO, UMA VEZ QUE AGOSTINHO KÁ GARANTE TER RECEBIDO NÃO SÓ UMA “CARTA – CONVITE” DE LUIS GOMES SAMBO, DIRECTOR REGIONAL DA O.M.S. PARA ÁFRICA, ASSIM COMO UMA NOTA DO PRÓPRIO MINISTRO DA SAÚDE DE ANGOLA, JOSÉ VAN DÚNEM, A CONFIRMAR O CONVITE E A VIAGEM, O EMBAIXADOR DA GUINÉ-BISSAU EM MARROCOS TEVE QUE AGIR. ASSIM, ABUBACAR LI, LIGOU PARA O SEU HOMÓLOGO ANGOLANO EM RABÁT, DE QUEM RECEBEU A CONFIRMAÇÃO DE QUE O MINISTRO E A SUA DELEGAÇÃO NÃO DEVIAM MESMO SEGUIR PARA ANGOLA, POIS NÃO TÊM AUTORIZAÇÃO PARA ENTRAR NAQUELE PAÍS DA CPLP.
DE REFERIR QUE O MINISTRO DA SAÚDE GUINEENSE SEGUIA PARA O ENCONTRO DA OMS COM PLENOS PODERES DE REPRESENTAÇÃO DO PRESIDENTE DE TRANSIÇÃO, SERIFO NHMAMADJO, TAMBÉM CONVIDADO PARA O ENCONTRO, AO QUAL NÃO TERÁ IDO POR MOTIVOS DE AGENDA POLITICA. NA COMITIVA DO MINISTRO AGOSTINHO KÁ SEGUIAM AINDA O DIRECTOR GERAL DA SAÚDE PÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU, UMARU BÁ E O ASSESSOR JURÍDICO DO MINISTÉRIO, O ADVOGADO JOÃOZINHO VIEIRA CÓ. RECORDE-SE QUE RECENTEMENTE O MESMO MINISTRO, AGOSTINHO KÁ, VIU RECUSADA A SUA ENTRADA EM PORTUGAL, ONDE VIRIA PARTICIPAR NUM ENCONTRO COM MÉDICOS GUINEENSES NA DIÁSPORA.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
CEDEAO: O mal maior
A intervenção desacertada e nebulosa da CEDEAO no processo da crise da Guiné-Bissau acabou por reforçar em mim a convicção de que, essa organização regional, mais do que resolver os problemas dos paises membros, cria-os e os agudiza ainda mais, tal é a incompetência e a incapacidade que demostram no terreno dos acontecimentos, seja dos seus orgãos, seja das suas estruturas, quando se trata de resolver a minima crise regional que seja. Tal como o seu estado-mater, a Nigéria, a CEDEAO é o cumulo da desorganização e de interesses mafiosos.
A crise guineense, traz à luz a fragilidade e a desorganização dessa instituição no capitulo da resolução de conflitos e da gestão de crises dos paises membros. Alias, essa fragilidade estrutural organizacional ja era evidenciado pelo não cumprimento arreigado de varios dos seus membros dos principios comunitarios de base apregoada por essa organização, como é o caso do principio da livre circulação de pessoas e bens no espaço comunitario. Basta sair de Bissau para ir a Dakar ou vice-versa para se sentir no bolso o peso da incoerência de principios, dessa organização. No minimo dos minimos, por cada um dos sete chek-points de contrôlo terrestre estratégicamente instalados, os policias senegaleses e gambianos de um lado e do outro, subtiram aos pobres cidadão guineenses 1.000 Francos Cfas (1,6 euros) por carimbo. Se se recusar a pagar, o cidadão corre o risco de ali ficar dias... ou, para melhor convencê-lo a pagar, ameaçam-os com a cadeia ou recâmbio.
Essa conclusão, decerto têm-no também neste momento a maioria dos guineenses que, assistem impotentes e incrédulos o seu pais ser desbaratado e anarquizado por uma sanha tribal e criminal sem precedentes na historia do seu pais mercê de uma decisão politica aberrante, roçando o banditismo de estado que foi tomada pela CEDEAO, ao apoiarem e abençoarem o golpe de estado de 12 de abril de 2012 levado a cabo por Antonio Injai e Kumba Yala.
O que ainda é mais paradoxal, na crise guineense, é que, ela esta a ser tratada de uma forma sectaria mente enfeudada por um grupo de quatro chefes de estado da organização (Nigéria, Senegal, Burkina e Costa do Marfim), os quais de uma forma ou outra possuem interesses inconfessaveis sobre a Guiné-Bissau. Diz-se enfeudada, pois não se compreende que uma comunidade constituida de quinze paises é deixada refém do ego-centrismo de interesses de quatro chefes de estado mafiosos que, prevalecendo-se oportunisticamente da sua condição delegada de «mediadores» de um conflito entregaram irresponsavelmente um pais aos desmandos da anarquia e a brutalidade de uma elite militar sanguinaria com ligações comprovadas ao narcotrafico e o banditismo armado. O Burkina-Faso que faz parte do Bando dos Quatro, embora não sendo estado mediador, foi o pais chave no golpe de estado, porquanto, o aval da acção interruptiva do processo eleitoral para impedir Carlos Gomes Junior ganhar as eleições presidenciais em curso, veio comprovadamente desse pais.
O incômodo que o posicionamento e a importância que a acção de Angola junto ao Estado da Guiné-Bissau estavam a criar a esses paises, em particular a Nigéria e Senegal, face ao contexto geo-politico e de interesses de recursos regionais em disputa, de forma alguma, podera servir de pretexto de tão aberrante e desencontrada intervenção que, catastrôficamente e contra todas as previsões, acabou por mandar as calendas gregas a propalada «tolerância zero contra golpes de estado» para..., paradoxalmente premiar golpistas militares, caucionando um golpe de estado e a tomada do poder pela força. Enfim, uma decisão de gravidade extrema e por demais razões que possam existir incompreensivel e injusticiavel perante o direito e a democracia que paulatinamente se estava edificando no nosso marterizado pais.
Porém, em tudo isso, é preciso tentar encontrar as razões, o clik detonador, que deve estar na base dessa decisão incrédula da CEDEAO que conheceu o ponto de reviravolta no encontro de Dakar em maio ultimo, em que uma suposta reunião do grupo de mediação parab a Guiné-Bissau fora surpreendentemente transformada em mini-cimeira de chefes de estado por representação delegada. Efectivamente, entre o periodo que mediou o golpe de abril e essa reunião, algo de muito grave se decerto se tera passado e, é mais do que certo que, jogadas de bastidores maquiavelicamente montadas acabaram por traçar esse inusitado e inesperado desfecho de apoiar o golpe.
Sobre essa ante-câmara do golpe, é bom lembrar que, como consequência dessa cimeira da discordia, registaram-se posições contraditorias não negligenciaveis, tal como, a colérica reacção do chefe de estado gambiano, Yaya Jhyamey ao constactar a montagem de Dakar, assim como o abandono putativo do presidente da Guiné-Conakry da chefia de mediação do processo bissau-guineense, que se diz, devido as interferências grosseiras e constantes de Blaise Campaoré no processo. Por tudo isso, cada vez mais me convenço de que a crise guineense, não foi um caso tratado de forma normal e pelas vias da coerência pelas instâncias da CEDEAO.
Como um mal não vem so, também a instalação ilegal e abusiva das forças da CEDEAO na Guiné-Bissau, em nada veio alterar no sentido positivo a situação de crise na Guiné-Bissau..., pelo contrario piorou ainda mais com a sua presença, pois com ela no terreno, as manifestações politicas foram proibidas, os politicos e activistas dos direitos humanos e associações da soceidade civil continuam a ser perseguidos e amedrontados, as pessoas são presas diariamente de forma arbitraria, pessoas (civis e militares) são raptados à luz do dia ou a calada da noite, politicos e contestatarios do golpe são espancados e abandonados a sua sorte, pessoas comuns são assassinadas a um ritmo de serial killer, algumas desses assassinatos foram executadas sumariamente, o numero de presos e desaparecidos em parte incerta aumentam a cada dia... devido a perseguição e temerem pelas suas vidas as fugas para o estrangeiro de politicos e de altos quadros acentua-se todos os dias. Enfim, cada um a seu jeito, a CEDEAO ensombra o pais com a sua inutil presença, enquanto os militares se divertem a matar o Povo e a afundar o pais.
Este estado de coisas, por culpa e cumplicidade da CEDEAO, que esta a conduzir o pais a um autentico atoleiro regional, como palco de crimes, da impunidade e do narcotrafico, respalda a forma, leviana, irresponsavel, roçando mesmo o menosprezo, com que essa organização que não se respeita a si mesma, trata as questões da Guiné-Bissau, das nossas populações e das nossas instituições.
Somos tratados de uma forma porca e desrespeitosa pelos nossos supostos estados-pares, isto é, como um estado membro de segunda categoria, um povo mal-adoptado, um autentico out-sider numa sociedade, qual hidra de cabeças vampiricas maioritariamente francofonas e anglofonas.
Ainda assim, o que me deixa mais triste, é ver e constatar de que, ha guineenses que, na vã ansia de mandar servem cegamente de séquitos e cumplices dos criminosos do seu Povo.
Porém, estou certo de que, um dia a justiça lhes batera à porta.
Carlos Té
Ameaças no parlamento
PAIGC apresentou há pouco a sua proposta para o preenchimento de vagas na mesa da ANP - Augusto Olivais para presidente, e Isabel Buscardine para vice-presidente, mas a resposta do Sory Djaló, actual usurpador do lugar, foi claro: "Si bu na bai tchur, si bu sibi kuma baka ku bu dibi di leba, anta ka bu lambu galinha". E rematou: "Este é um assunto que nem vai ser discutido".
Sory Djaló, que é do PRS, "quer" que seja Seidi Bá, do PAIGC, a subir para o lugar de 1º vice-presidente e a Aurora para 2º vice-presidente...que já está ocupado pelo próprio Sory Djaó... Entretanto, o PAIGC abandonou a plenária para concertação. AAS
Amnistia Internacional
Amnistia Internacional - Panorama Regional/África
Estejam atentos aos países que hoje ocupam a Guiné-Bissau... AAS
Uma entrevista absolutamente a não perder
Rádio Morabeza, Cabo Verde
António Aly Silva em Primeira Pessoa. O jornalista e activista guineense é o convidado da grande entrevista de Nuno Andrade Ferreira, para ouvir esta sexta-feira, depois do Jornal das 5, com repetição sábado, a seguir ao meio-dia.
Djumbai de Cidadania de Lisboa
"Como os jovens guineenses na diáspora podem mobilizar-se em favor da Guiné-Bissau?"
Realizou-se em Lisboa, no passado dia 17 de Novembro, o primeiro Djumbai da Cidadania organizado pelo MAC em Portugal, a convite da Associação de Estudantes Guineenses em Lisboa e com a participação da “Musqueba - Movimento de Mulheres”. Cerca de três dezenas de guineenses e lusoguineenses, entre os quais ex-dirigentes estudantis, reuniram-se durante seis (6) horas na Faculdade de Direito de Lisboa para uma reflexão conjunta sobre a situação política e o estado atual da Nação Guineense. A instabilidade política, fruto dos sucessivos golpes de estado, estiveram no centro da discussão.
A sessão teve início com os participantes a manifestarem cada um sonho para com a Guiné-Bissau, dos quais destacam-se: paz, diálogo, sossego, educação, saúde, desenvolvimento sustentável, felicidade, harmonia, harmonia …
Este exercício serviu para que o grupo refletisse no que é necessário fazer, ou mais concretamente, no que a comunidade guineense na diáspora poderá fazer para que esses sonhos sejam alcançados, para que isso deixe de ser uma utopia e passem a fazer parte de um Estado verdadeiramente de direito e democrático em que se viva em harmonia.
Marcado pela reflexão acerca do estado da democracia e da complexidade da situação política na Guiné-Bissau, o djumbai evoluiu no sentido de perceber os seguintes elementos:
De que forma a comunidade guineense em Lisboa tiveram conhecimento do Golpe de 12 de Abril? E quais foram os pedidos que receberam (se receberam), dos familiares e/ou amigos que residem na Guiné?
Verificou-se que a maioria dos participantes recebeu a notícia do Golpe de Estado de 12 de Abril através dos meios de comunicação social (RDP-África e RTP-África), ou por via dos familiares e amigos (residentes na Guiné-Bissau ou não) que os contactaram via telefone, mas a esmagadora maioria afirmou ter acesso à informação por via do Blog “Ditadura do Consenso”. Quanto aos pedidos feitos pelos familiares, existem aqueles que pediram medicamentos; informação sobre o que se estava a passar no país (nessas alturas muitos são os que ficam sem acesso à informação e quem está fora do país, por vezes, sabe mais do que se passa do que a população residente), pediram também documentos e dinheiro/bilhetes de passagens para saírem do país.
Ainda com base no mesmo tema, os participantes, organizados em dois grupos de trabalho, partilharam as suas perceções e sentimentos sobre:
Como viveram o Golpe de 12 de Abril?
O Golpe de 12 de Abril foi vivido em lisboa, segundo os participantes, com sentimentos de revolta, medo, angustia, tristeza/depressão e vergonha.
Quais as causas da contínua instabilidade política e sucessivos Golpes de Estado na Guiné-Bissau?
Foram evidenciadas: o narcotráfico, inversão dos valores, ambição desmedida, cultura de “matchundadi” e fragilidade das Instituições do Estado. Sendo este ultimo, fator impulsionador desta condição de fragilidade em que o país de encontra.
O que se pode fazer para evitar os Golpes?
Com esta reflexão concluiu-se que os golpes de Estado podem ser evitados através de: - Justiça social; - Respeito pelos Direitos Humanos; - Educação; - Reformas nas FARP, no sistema político (CNE, ANP e lei dos partidos).
O que a comunidade guineense na diáspora pode fazer para evitar um novo golpe de Estado na Guiné-Bissau?
Os grupos de trabalho concluíram que é urgente:
- “Nô boca ten ku sta la”!: implicação, participação, compromisso e responsabilização com maior efetividade na resolução dos problemas do país, pois esteja onde estiverem, se o país não está bem, a sua diáspora também não está!;
- Produzir e disseminar informações mobilizadoras sobre a Guiné-Bissau em prol da união e das mudanças desejáveis no país;
- Intervenção organizada e coordenada das associações na diáspora, baseadas em dinâmicas interventivas e de consciencialização quer no contexto de origem (Guiné-Bissau) como no de chegada (Portugal);
- Fazer-se incluir a diáspora no processo de recenseamento biométrico de modo poder participar nas próximas eleições.
Neste djumbai, foi abordado também a pouca participação feminina na sociedade e nas questões políticas. Foram identificados alguns factores de impedimento de uma maior participação feminina tais como:
As questões culturais e religiosas, a ocupação doméstica (altos níveis de sobrecarga desde a infância face a quase que ausência de exigências relativamente aos homens no que diz respeito à participação na vida doméstica), a falta de oportunidades às mulheres e favorecimento dos homens, numa sociedade machista/patriarcal e que reproduz modelos (educação) de valores e atitudes machistas.
Salientou-se assim, a necessidade de haver mais informação e sensibilização para as questões do género e envolvimento dos homens. Devendo o Estado apostar em Políticas de Açãões Afirmativas em setores cruciais como a Educação, Saúde, Providência Social e no Mercado de Trabalho, defendendo-se a necessidade de uma discriminação positiva das mulheres, sendo a introdução das quotas, como um dos exemplos.
As jovens raparigas presentes demonstraram claramente o engajamento na luta para a reconhecimento e afirmação social da mulher guineense tanto no contexto de origem (a Guiné-Bissau) como na diáspora. Nessa base, exortaram que deverão ser, principalmente as mulheres a lutarem pelo reconhecimento dos seus direitos.
Com este Djumbai, os jovens guineenses na diáspora, em especial os estudantes, perceberam que é necessário “Resgatar e refazer a história da Guiné-Bissau”.
Guiné-Bissau: Os militares espezinham os direitos humanos. A CEDEAO tem que reagir
Federação Internacional dos Direitos do Homem
21 de Novembro de 2012
Desde o ataque fracasado dirigido por militares contra o quartel de uma unidade de elite no dia 21 de outubro de 2012, membros do exército têm sido responsáveis de maus-tratos infligidos a líderes de partidos politicos e de graves ameaças contra jornalistas e representantes da sociedade civil. Algumas informações também revelam execuções sumárias.
Embora os motivos do ataque do 21 de outubro sigam incertos, as autoridades de transição que resultaram do golpe do 12 de abril de 2012, o qualificaram imediatemente de tentativa de golpe de Estado orquestrado pelo antigo primeiro ministro, Carlos Gomes Junior, no exílio.
No dia 22 de outubro, dois líderes políticos conhecidos por suas críticas para com a governança, os Sres. Yancuba Djola Indja, presidente do Partido da Solidariedade e Trabalho, quem é também líder da Frente Nacional Anti-golpe, e Silvestre Alves, presidente do partido Movimento Democrático, foram sequestrados e brutalmente golpeados por um grupo de militares.
No dia 27 de outubro, as autoridades militares anunciaram a detenção, em Bolama, no arquipélago dos Bijagos, do principal suposto responsável do ataque do 21, o capitão Pansau N’Tchama. Segundo algumas informações, durante essa detenção, 5 pessoas, 3 civis e 2 militares, acusados de ser cúmplices de Pansau N’Tchama, foram executados. No quadro da perseguição dos supostos responsáveis do ataque, vários agentes teriam sido detidos em lugar desconhecido.
Adicionalmente, no dia 6 de novembro de 2012, o Sr. Luís Ocante Da Silva, funcionário da empresa Guiné Telecom e amigo do General José Zamora Induta, antigo Chefe do Estado-Maior do exército, foi sequestrado na sua casa por um grupo de militares. O seu corpo sem vida foi encontrado dois dias depois no morgue do principal hospital do país.
Nesse contexto, as organizações da sociedade civil denunciam ameaças dirigidas a qualquer pessoa que se atreve a denunciar as violações dos direitos humanos cometidas pelos militares ou a criticar a governança das autoridades de transição. Jornalistas, blogueiros e defensores dos direitos humanos são particularmente afectados, o que leva alguns deles a fugir do país.
Enquanto a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está a enviar a sua missão na Guiné-Bissau (ECOMIB), em aplicação do acordo relativo á Reforma do Sector da Defesa e da Segurança, e exorta as União Africana que reconheça as autoridades de transição, as nossas organizações instam o organismo regional a denunciar publicamente as violações dos direitos humanos cometidas pelos militares, a contribuir para a protecção dos líderes de partidos políticos e dos representantes da sociedade civil, e a manter uma forte pressão sobre as autoridades de transição para que a ordem constitucional seja restaurado o mais rapidamente possível e em condições serenas.
As nossas organizações exigimos a apertura de investigações imparciais sobre o ataque do cuartel, sobre as alegações de execuções sumárias por ocasião da detenção de Pansau N’Tchama e sobre os actos de violência perpetrados contra os líderes de partidos políticos, para levar os autores de violações dos direitos humanos a tribunal e julgá-los em conformidade com o direito internacional dos direitos humanos.
As nossas organizações exortamos as autoridades de transição a que respeitem estritamente o disposto nas convenções internacionais e regionais de protecção dos direitos humanos ratificadas pela Guiné-Bissau, incluindo o relativo á libertade de expressão, de informação e de reunião, e pedimos que elas tomem todas as medidas necessárias para garantir a segurança das pessoas.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Kumba Yala contra...800
O ex-Presidente da Guiné-Bissau e líder do Partido da Renovação Social (PRS), Kumba Ialá, vai disputar a chefia do partido com outros quatro dirigentes no congresso marcado para Dezembro, revelou hoje (quarta-feira) a comissão organizadora do conclave.
Orlando Viegas, presidente da comissão organizadora do quarto congresso ordinário do PRS, segundo maior força política na Guiné-Bissau, apresentou hoje(quarta-feira) a lista definitiva dos candidatos à presidência do partido, anunciando os nomes de Kumba Ialá, Baltazar Cardoso, Alberto Nambeia, Sola N'Quilin e Aladje Sonco. Kumba Ialá é o fundador do PRS, mas nos últimos anos a sua liderança tem vindo a ser questionada sobretudo por Sola N'Quilin, seu antigo ministro e ex-líder parlamentar dos renovadores guineenses. N'Quilin chegou mesmo a afirmar que Kumba Ialá dirige o PRS de forma autocrática e com bases étnicas.
Actualmente, decorre nas instâncias do partido um processo que, segundo fontes do PRS, poderá acabar em expulsão de Sola N'Quilin. Para o congresso marcado para entre 11 e 14 de Dezembro são também candidatos os deputados Alberto Nambeia e Baltazar Cardoso, o último um conhecido empresário guineense e um dos vice-presidentes da Câmara do Comércio.
Aladje Sonco é um militante ainda desconhecido entre os militantes do PRS, mas mesmo assim vai desafiar o líder do partido no congresso. Para o cargo de secretário-geral dos "renovadores" guineenses concorrem Carlitos Barai (antigo ministro das Obras Públicas), Florentino Mendes Teixeira (antigo secretário de Estado do Plano e Orçamento) e Máximo Tchuda. A organização conta ter 801 delegados no congresso.
O baile dos cangalheiros
Ontem os deputados, apelidados pomposamente de deputados da «nação», unanimes e patéticamente sorridentes, anunciaram aos guineenses e ao mundo de que, afinal de contas, «os guineenses estão unidos», pois finalmente chegaram a um acordo sem excepção, para a prorrogação do mandato da ANP, segundo ainda o reportorio de auto-elogios, «desbravando o caminho da transição através de uma via legal e possivel para a viabilização do pais». Foram varios os vocabularios de bagatelas utilizados pelos sucessivos intervenientes para justificarem o inusitado volte-face do posicionamento desse orgão, que até a altura dessa decisão, maioritariamente parecia coerente e combativa quanto a defesa dos ideais democraticos e da legalidade.
Porém, do chorrilho de kafunbans, o que os esses fandangos de deputados, fidalgos pobres da nossa decadente democracia, esqueceram de dizer ao sofredor Povo da Guiné-Bissau, é que, eles votaram na ilegitimidade uma lei que so a eles e os golpista interessava.
A eles, porque votaram a continuidade da sua sobrevivência, permitindo-lhes manter o «o tacho da vida parasitaria de Deputado-sabe-nada» e continuar a receber os seus rochudos salarios com a qual mantêm e sustentam as respectivas familias, contra a miséria do Povo. Aos golpistas, incluindo em primeira linha, o Presidente da Transição da CEDEAO, porque finalmente, por um lado, se sentirão caucionados internamente por essa decisão da ANP por esse acto barbaro de atentado à democracia guineense, por outro, também, ao Co-Golpista manuel Serifo Nhamadjo, porquanto, para além de ser ver ilegitimamente no cargo, mercê de um despacho administrativo da nigéria, viu ainda os seus poderes alargados e reforçados para melhor poder dar vazão às orientações do Bando dos Qutro, os seus potestativos patrões, nigeriano, burkinabe, senegalês e costa marfinense, os Srs, Jonhatan, Campaoré, Sall e Ouattara.
Um acto vergonhoso, caucionado por autenticos unhas de fome, ditos representantes do Povo, sua emanação, esse Povo que, pensava serem eles, o ultimo resguardo da defesa da nossa moribunda democracia. Essa democracia que, a 12 de abril fora vergonhosa e impunemente espezinhada por um bando de dilinquentes em armas foi, ontem, prostituidamente abençoada por gente pertencente a uma Casa em quem muito se acreditava, com o qual, estão hoje, porém decerto, desiludidos por servirem de joguete nesse complô vergonhoso de jogos de interesses obscuro e sem igual nos anais da nossa democracia parlamentar.
Para parabenizar essa autentica parôdia democratica, estavam dois sujeitos agoirentos postados na bancada do hemiciclo guineense, rindo às expensas do Zé Povinho. Quiça, estavam até gozando com o triste espectaculo de bajulação e cobardia dos enrabados deputados que vergonhosamente supliciavam pelo seu ganha pão, mentindo estar a «agir no interesse e defesa da nação». Acto que, no fundo se confinava aos seus interesses que é, de manterem as suas regalias e mordomias... o Povo que se lixe.
Contudo, se se tomar em conta que, nas vesperas da abertura dessa sessão parlamentar, da Nigéria chegou, através de um émissario bem conhecido na praça, uma maleta a abarrotar de dolares para comprar essa famosa votação, essa reviravolta operada pelos «desesperados da nação», particularmente os deputados da maioria, deixara de constituir uma surpresa para guineenses.
Estou eu certo de que, é por essa nebulosa razão de 'suco di bas à moda di parlamento' que, esses dois Jagunços, hoje, Donos gêmeos do novo Rêgulado de Bissau, Kumba Yala e Antonio Injai, estavam presentes no hemiciclo. Estavam la, com certeza para se certificarem in loco, quem ousaria votar contra a alteração da constituição proposta sob caução do Comando Militar/Kumba Yala/O bando dos 4 da CEDEAO..., apos terem recebido umas boas massas da corruptiva Nigéria.
É que, todo o cuidado é pouco, porquanto da aparência de se «legitimar as reformas» propostas para o periodo da transição estava uma cornalia faminta de obtusos, a legitimar na ilegalidade, sem se dar conta..., tal como o beijo de judas, a maior traição à democracia guineense.
Essa traição, de certeza, o Povo nunca vos perdoarão.
Antonio G. F.
Jurista
Luz bai, luz bim
Um grupo constituído por três empresários portugueses e um guineense rubricou com o 'governo' de transição da Guiné-Bissau um protocolo para o fornecimento de energia elétrica para as populações de três localidades no norte do país.
Em declarações à Agência Lusa, Luís Neves, sócio do grupo Eletrobissau (constituído pelos portugueses Dinis Carvalho, Luís Neves e Francisco Melo e o empresário guineense Carambá Turé) explicou que se tudo correr como previsto até ao final do ano uma das localidades terá energia elétrica. As localidades de Bula, Canchungo e Cacheu são as contempladas no projeto, mas Canchungo é a vila que deverá ter energia mais rapidamente já que possui 30 por cento de equipamentos, assinalou Luís Neves. LUSA
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