quinta-feira, 4 de outubro de 2012

ECOMIB: jornal senegalês diz que soldados estão 'enervados'


"Cansados de serem maltratados, os militares senegaleses enviados em missão em terras Bissau-guineeses fizeram-se ouvir, quebrando a reserva a que se impuseram. Muito enervados, eles reclamam o pagamento dos respectivos subsidios de alimentação. Segundo a Radio Rfm, esses homens, constituidos de tropas e sub-oficiais estão em territorio Bissau-guineense depois de maio de 2012. Segundo o nosso correspondente, o responsavel da Direcção de informação e Propaganda das Forças Armadas (DIRPA) fez saber que a CEDEAO está em vias de se apoderar desses subsidios de alimentação, mas que o exercicito senegalês, faz também por seu lado, os seus esforços a fim de permitir os seus militares em missão as melhores condições para cumprimento da sua missão." FONTE: Seneweb

Manual do resistente


Este é um apelo desinteressado para os trabalhadores e para o Povo democrata da Guiné-Bissau:

Passaram quase seis meses desde os tristes acontecimentos na Guiné-Bissau. Seis meses de SILÊNCIO e de ambiguidade da comunidade internacional. Seis meses de joguinhos entre o Senegal, a Costa do Marfim, o Burkina Faso, a Nigéria e, pasme-se, os EUA - um país que não ganha uma guerra desde 1945!!! (NOTA: Os EUA estão a construir em Dakar, na Point des Almadies, uma autêntica base militar. Um quarteirão inteiro...quatro pisos abaixo do solo...).

Enfim, seis meses de vergonha.

Aos trabalhadores:

Que não trabalhem, que façam greves sucessivos. Numa palavra: paralisem o País, pois só assim as leis serão respeitadas, a orgia de violência cessará de uma vez por todas e a Guiné-Bissau caminhará, orgulhosa, e viverá no concerto das Nações civilizadas.

Ao Povo:

NÃO podes manifestar-te! Os teus direitos previstos na CONSTITUIÇÃO estão fechados numa gaveta. Se o POVO guineense fizer se mantiver FIRME e determinado, acreditem, nem precisará da intervenção da comunidade internacional

A comunidade internacional aguarda um sinal da parte do POVO. Um sinal que pode traduzir-se numa resistência passiva, sem qualquer tipo de violência (a vitória de Ghandi, na Índia, contra a colonização britânica é um BELO exemplo).

Se o POVO se deixar assustar por 'leis' e 'decretos' (ilegais, diga-se) então a comunidade internacional democrática ABANDONA-LO-Á. Lembra-te: a comunidade internacional NÃO lutará por ti. Quando muito, tentará manter a tua cabeça fora de água...assim, não morres. Mas também não viverás...é tipo teres uma vida... pior do que a morte! Há que cerrar fileiras em cada esquina ou beco, o POVO deve continuar firme, sem medos nem receios. Este País pertence a cada um de nós. Se der para o torto, cada um tem então o direito de destruir a parte que lhe cabe... RESISTE com a desobediência civil, com grafittis, com panfletos, no anonimato ou dando a cara, mas RESISTE.

Resistindo, não estarás a fazê-lo para ajudar A, B, ou C ou o partido E, F, ou G... estarás a contribuir para tirar do obscurantismo, do medo, do analfabetismo o teu Povo, o teu País, uma Nação inteira da qual te orgulharás mais tarde. Quem diria que a Primavera Árabe teria o seu começo na Tunísia, alastrando-se depois a outros países governados por déspotas, todos eles apoiados pelos EUA? Só um louco de brilhantina no cabelo... RESISTE, e lembra-te sempre desta frase lapidar:

Ninguém tem o dever de obedecer a quem não tem o direito de mandar

- Quem votou em alguém para se arvorar em 'presidente de transição'?

- Quem votou em alguém a ponto de ser chamado de 'primeiro ministro de transição?

- Como é que quatro países (cheios de problemas e conflitos) se sobrepõem aos restantes doze países-membros da CEDEAO, impondo ao POVO da Guiné-Bissau um 'presidente' e um 'governo' ILEGÍTIMOS?

- A que se tem prestado a União Africana, a organização maior do continente? A que estados presta vassalagem? E a troco do quê mesmo? Sobretudo: a que povo deve uma explicação sobre o seu imobilismo e inoperância?

- Por que interfere a América? E a França, a China?

- Porquê tanta ambiguidade da potência do continente, a África do Sul (participou, na tribuna, na festa da independência - e garantiu, depois de confrontado pelo DC, que foi "um erro"...mas ontem, à chegada do 'presidente de transição'... Ninguém os viu de bandeirinha hasteada e nem nenhum representante europeu se prestou a tal coisa...)

- A CPLP, a União Africana, a ONU: Nenhuma destas organizações, a que se somam outras de particular relevo para a Guiné-Bissau como o Banco Mundial, o FMI - Nenhuma delas reconhecem as autoridades pós-12 de abril. Mas então o que se passa afinal? A CEDEAO estará acima da União Africana?

- O que vai fazer a ONU, depois de o Senegal, a Nigéria e outros países terem violado uma resolução do próprio Conselho de Segurança?

- Por que não impõe a ONU sanções contra os países que violaram essa - a sua!!! - resolução?

- O que vai ser feito para SALVAR o POVO da Guiné-Bissau? Quando e como e por quem?

Aguardo:

A resposta do POVO.

António Aly Silva

Água na boca: Bica no forno com limão...restaurante 'Ponta de Pedra', no hotel Ancar

António Indjai à 'Time': "Não seremos responsáveis pela segurança do Carlos Gomes Jr."


Dialogue with a Coup Leader: Has Guinea-Bissau Become a Narco-State? Antonio Indjai, the general who lords it over the small West African nation, is unrepentant and uncompromising about overthrowing the previous government. And he dislikes the U.N. too

By Jessica Hatcher / Bissau | October 2, 2012 |

General Antonio Indjai, 57, is the chief of staff of Guinea-Bissau’s armed forces, and on April 12 he overthrew the elected government in a coup, citing as the reason the presence of the Angolan military. The 270 soldiers from Angola had originally arrived to help reform Guinea-Bissau’s armed forces, which stand accused of involvement in a cocaine transshipment trade that sees an estimated 30 tons of the illegal substance ending up in Europe every year. The U.N. Office on Drugs and Crime has noted an increase in drug trafficking since the coup, which was triggered by allegations that the Angolans were plotting to destroy Guinea-Bissau’s military. In response to the coup, all foreign aid to the government was cut. West Africa’s regional bloc, the Economic Community of West African States (ECOWAS), has since deployed a stabilizing force inside Guinea-Bissau. Indjai met TIME’s Jessica Hatcher at the military barracks in the capital, Bissau, on Oct. 2, 2012.

TIME: What is the relationship between the military and the transitional government?

Indjai: It is a positive relationship. That means, we are agreed on all facts, from A through to Z. It is positive in every way.

Some say it’s you with the power, not the government. What do you say to that?

I ask you, who has real power anyway? I ask you, who does decide on power in the world?

There has been talk of adding more forces to the current ECOWAS forces deployed in Guinea-Bissau. Would that work?

For the world to be preoccupied with a place like this, where there is no need for foreign forces and where there is peace, it makes no sense. Let them send their troops where there is a need, to Mali and to Syria, for example. If the U.N. is not concerned with these countries, why is it concerning itself with Guinea-Bissau? Do you see anyone being killed in the street here? No. What’s the problem? Let them go to Syria instead.

If Carlos Gomes Jr. were to come back, would the former Prime Minister be safe?

We would not be responsible for Carlos Gomes Jr.’s security on his return. If he were to come back, he’d be responsible for his own security. I repeat, if he were to come back, whatever happened to him would be his own or the U.N.’s responsibility.

When do you expect a new round of elections?

If the U.N. continues to instigate trouble in Guinea-Bissau, people will not have enough time to prepare for elections. With the transitional period standing at one year, if the troubles continue, then how can we prepare in time for elections? They must pipe down and allow us to organize the elections freely with the current government.
The first problem is why they are granting [the deposed interim President] Raimundo Pereira a voice at the U.N. [General Assembly] when he has been dismissed by a coup — how can he speak on behalf of the people? Who is he reporting to? He has been absent for 90 days. I call that trouble.

How do you consider U.S. politics with a view to Guinea-Bissau?

Very, very positive.

I have read a lot about the April 12 coup but would like to hear about it from you. Why did you organize a coup?

We didn’t organize a coup, we organized a countercoup. Do you know the origins of this coup? Angola and Carlos Gomes Jr. Would America allow a foreign army with heavier weapons than them inside the United States? We said [to Angola], Either you give these weapons to us, or, if not, leave the country and we will continue with cooperation between our two countries in the future. They said no, and only reinforced their own weaponry. I’m asking you, in light of this, what is the origin of the coup? Angola and Carlos Gomes Jr.
If we hadn’t organized a coup before them, they’d have reinforced their troops here and arrested us. The intention of Carlos Gomes Jr. was to have international forces to add to the Angolan troops, which meant they could have struck us down at any time. I drew [Carlos Gomes Jr.'s] attention to this more than 20 times — I said not to bring Angolan troops here. This is why we organized a coup. I didn’t ask that he remove the Angolan troops, just that he solve the problem of the weapons.

I’ve heard people in the street say that the coup represents a failure of democracy. 
Of course I agree the coup is a failure of democracy. A coup has no place in a democracy. But if you have no other means of escape, you have to look for a solution. For example, if I took you and locked you in this room with my weapon and I were to shoot, how would you react? You’d want to escape, and you might break down the door — you’d take any means that you could in order to get out. We removed just two people — the Prime Minister and the President. Where else does that exist, that a coup d’état happens and no one dies? Not one. Since they didn’t want to take our advice, we said leave or you will be dismissed.

The head of the U.N. Office on Drugs and Crime, Yuri Fedotov, said last week that drug trafficking in Guinea-Bissau has increased since the coup. What are your observations on that?

We are requesting that they send a special mission to investigate and evidence this, to see where and when the drugs have come through here since April, and whether it really has increased or not. The representative of the U.N. here is a crook — he’s the brother-in-law of Cadogo [a nickname for Carlos Gomez Jr.]. All this information has been prepared by [Joseph] Mutabobo [the U.N.’s special representative to Guinea-Bissau] — if I were the government, I’d consider him persona non grata. 

Some say that the chief of the armed forces in Guinea-Bissau is involved in drug trafficking: How do you respond to that?

Show me the proof. I tell you, all the people who are providing this information are crooks. Because I didn’t obey Carlos Gomes Jr., they are chasing me out of the country. I want proof — let them provide that proof.

Was Carlos Gomes Jr. involved in the death of President João Bernardo “Nino” Vieira?

I don’t know. That is political.

Were you involved?

For what? Why should I be involved in that? This is no more than the gossip on the street. If I wasn’t in power at that time, how should I know? I wasn’t the chief of staff then. Let us ask Carlos Gomes Jr., the former Prime Minister.

There is a history of conflict between the military and civilian government in Guinea-Bissau. What is it that the military wants?

There is no misunderstanding between us — the only problem was the weaponry brought by the Angolans. This was the only misunderstanding we had. TIME

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Greve nos portos: trabalhadores fecham entradas e saídas com contentores... Kampu kinti! AAS


Pois é!


"Bissau, 2 a 8 de julho de 1978

Na onda de escândalos e inquéritos a desvios de fundos que rebentou nos Armazéns do Povo, foi também apanhado o [Domingos] Fernandes (há anos residente em Portugal, comentador da RDP-África), mestiço simpático, director da SOCOTRAM (Sociedade de Comercialização e Transformação de Madeiras), serração e fábrica de móveis. Dados os brandos costumes dos guineenses, não o prenderam logo, continuou mesmo a ir todos os dias aos escritórios para passar o serviço ao sucessor. Um amigo meu, palestiniano, que o via passar pelas oficinas, ficava muito intrigado por o ver perguntar inquisitoriamente ao mestre: "Há madeira? Há óleo? As máquinas estão a funcionar?". Não resistiu o palestiniano a perguntar, por sua vez, ao mestre: "Mas então o Sr. [Eduardo] Fernandes não foi suspenso e substituído?". "Pois foi", respondeu o mestre. "Então porque faz ele estas perguntas?". E o mestre, muito natural: "É o hábito!
" - Extraído do livro "Em Tempos de Inocência, Um diário da Guiné-Bissau" (Prefácio, 2006) de António P. da França, Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de Portugal na Guiné-Bissau (1977 a 1980)

Alguém falou em...ditadura, ainda que sem consenso?


Abdu Mane, Procurador-geral da República, ordenou o fim das intervenções públicas da classe política guineense. A ordem foi tornada pública esta segunda-feira, 1 de Outubro, que visa fundamentalmente os casos relacionados com o golpe de Estado do 12 de Abril.

De acordo com comunicado de imprensa do Ministério Público, o homem «mais forte» desta magistratura já veio avisar que, qualquer político que não obedecer às novas regras da sua instituição, vai ser processado judicialmente. Na sequência destas intenções de Abdu Mane, já foram ouvidos o líder da Sociedade Civil guineense, o Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Luís Vaz Martins e o Secretário-geral da Confederação-geral dos Sindicatos Independentes da Guiné-Bissau, Filomeno Cabral. Os militares não foram ouvidos no âmbito destes processos.

Os observadores políticos na Guiné-Bissau dizem que se trata de mais um passo de consumação do golpe de Estado, já no sector judicial, em particular, no Ministério Público. A medida vai atingir fundamentalmente a FRENAGOLPE, organização criada após o golpe de Estado que, no entanto, tem continuado a pronunciar-se e a denunciar a acção de golpe de Abril. De referir que Abdu Mane foi uma das pessoas que liderou as marchas de protestos, proferindo várias declarações públicas sobre casos de assassinatos ocorridos no país. PNN

Tristeza...


"Caro irmão,

É muito triste o que passa no nosso país: "Movimento de solidariedade para com o 'presidente e o governo de transição da Guiné-Bissau'... Esse movimento devia sair à rua, isso sim, para exigir do governo e do presidente impostos aos guineenses pela CEDEAO o começo das aulas... Não para receber um 'presidente' que não teve qualquer sucesso nas Nações Unidas... 
 
VIVA A DEMOCRACIA.

Serifo Djalo
"

M/R: Uns podem manifestar-se, outros...nem peidar podem! É a ditadura, estúpidos!!! AAS

Crise Guiné-Bissau: CEDEAO já foi longe demais... É preciso dar-lhes um lição... AAS

terça-feira, 2 de outubro de 2012

África Monitor


"Todas as avaliações segundo as quais o narcotráfico na Guiné-Bissau aumentou no seguimento do golpe de Estado de 12 de Abril, apontam, como 'evidência comum' o trânsito constante de cidadãos de países latino-americanos, em especial colombianos, que por vezes se demoram no país; o motivo alegado é o turismo." AM

(Des)convidados


Para a reunião anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, que este ano terá lugar em Tokyo, Japão nos meados de outubro...a Guiné-Bissau não foi convidada. Meus caros: a verdadeira morte de Amilcar Cabral aconteceu de facto em... Nova Iorque, na semana passada.

NOTA: A Guiné-Bissau, depois da 67ª Assembleia Geral da ONU, ficou (ainda) mais isolada - política e economicamente, gatos-pingados à parte... AAS

"Devemos apoiar tudo que o inimigo combate, e combater tudo o que o inimigo apoia."

MAO TSÉ-TUNG

ONU: Dois em um


- Apesar do Comité de Credenciais não ter deliberado (ou tê-lo feito de forma ambígua, indo a reboque da China) sobre a quem cabia discursar na 67ª sessão da Assembleia Geral da ONU, tendo remetido o assunto à Plenária, o Comité Político não esteve com meias medidas: autorizou formalmente a delegação legítima guineense a distribuir, na Plenária, o discurso que seria proferido pelo Presidente da República Interino, Raimundo Pereira;

- Por cá - resultado dos danos colaterais na ONU - a 'coisa' também começam a aquecer. O CEMGFA tem demonstrado insatisfação quanto aos resultados obtidos em Nova Iorque pela diplomacia do 'governo de transição'. Fontes bem posicionadas garantem ao DC que António Indjai não estará para brincadeiras - menos ainda para as de mau gosto. Assim, Faustino Imbali que se cuide... AAS

Portugal quer PAIGC no governo e regresso de Carlos Gomes Jr. a Bissau


Portugal defendeu omtem na 67ª Assembleia Geral da ONU que a solução da crise na Guiné-Bissau passa pela nomeação de um governo que inclua o PAIGC, partido maioritário, e o regresso do primeiro ministro deposto, Gomes Júnior. Falando na conclusão do debate da Assembleia Geral da ONU, o embaixador português, Moraes Cabral, identificou a Guiné-Bissau como um dos pontos preocupantes no panorama global, depois de em abril ter sido "interrompido um processo eleitoral democrático, violando os princípios defendidos pela ONU", como foi reconhecido pelo Conselho de Segurança. O restauro da ordem constitucional no país, afirmou, "requer a nomeação de um governo inclusivo, com o PAIGC, partido que tem a maioria dos lugares na Assembleia Nacional", disse o diplomata. LUSA

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Presidência da República legítima




PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU
NOTA DE IMPRENSA

Nova Iorque, 29 de Setembro de 2012

O Presidente da República Interino da Guiné-Bissau, Dr. Raimundo Pereira, sob auspícios da União Africana e testemunhado pela CPLP e CEDEAO, manteve, no sábado, 29 de Setembro de 2012, na sede da União Africana em Nova Iorque, um encontro com o Presidente de Transição, sr. Serifo Nhamadjo, simbolizando as vontades das duas partes em que sejam abertos os caminhos de diálogo interno para a solução da grave crise que se instalou na Guiné-Bissau após o golpe de Estado de 12 de Abril.

Os dois políticos se cumprimentaram e trocaram algumas impressões sobre o início de um processo de diálogo interno que possa conduzir à uma paz duradoura na Guiné-Bissau, tendo sido aplaudidos pela assistência que testemunhou o acto.

Após o encontro do Presidente Interino Dr. Raimundo Pereira e o sr. Serifo Nhamadjo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Mamadu Jalo Pires e o sr. Faustino Fudut Imbali se reuniram de seguida para traçarem uma estratégia comum que possa servir de base de lançamento para o diálogo entre as duas partes desavindas na crise político-militar despoletada com o golpe de Estado de 12 de Abril.

Após o encontro, os dois governantes concordaram nos seguintes pontos:

a. Agradecerem a União Africana pela iniciativa de proporcionar um primeiro contacto entre as duas delegações em Nova Iorque e ao mais alto nível como um primeiro passo para o início de um diálogo interno que deverá abrir os caminhos para a paz e estabilidade duradouras na Guiné-Bissau;

b. Encorajar a Missão Conjunta da ONU/UA/CPLP/CEDEAO/EU na Guiné Bissau para uma avaliação da situação no terreno, cujos resultados poderão permitir a ONU e a UA o lançamento de bases para as negociações entre as delegações dirigidas pelos Ministros Dr. Mamadu Jalo Pires e Faustino Fudut Imbali, em Addis Abeba com vista ao estabelecimento de um roteiro credível para a solução da crise no nosso país;

c. Apelar à UA para a criação das condições logísticas que permitam um novo encontro entre as delegações dirigidas pelos Ministros Dr. Mamadu Jalo Pires e Faustino Fudut Imbali, em Addis Abeba, com vista ao estabelecimento de um roteiro credível para a solução da crise no nosso país;

d. Encorajar o diálogo interno entre todas as forças vivas da nação, desde as forças políticas e também das organizações da sociedade civil, incluindo sindicatos e ONGs como forma de assegurar um processo de transição inclusivo;

e. Apelar a Comunidade Internacional para que apoie na promoção do diálogo interno que facilite a aproximação das partes desavindas no processo político guineense e para uma transição política credível.

No concernente à controvérsia que resultou da presença de duas delegações para a Guiné-Bissau, (Governo Legítimo e Governo imposto de transição) há que sublinhar que foi a delegação chefiada pelo Presidente Interino da República, Dr. Raimundo Pereira que foi credenciada e, por isso, só ela teve acesso à Sala da Assembleia Geral da ONU.

Portanto, a delegação do sr. Nhamadjo, não tendo sido credenciada, nem sequer teve acesso às instalações das Nações Unidas.

Foi o nome do Presidente da República Interino, Dr. Raimundo Pereira é que figurou na lista dos oradores até ontem Sexta-feira. Só foi suspenso porque a CEDEAO, através de Senegal, Nigéria e a Costa do Marfim apresentaram um recurso para que o Presidente Dr. Raimundo Pereira não proferisse o discurso em nome do país, utilizando a chantagem e a mentira junto do Secretário-geral da ONU para atingirem esse objectivo, alegando que se este falasse iria aumentar a instabilidade militar no país e que também seria uma humiliação para a CEDEAO e que isso poderia mesmo levar ao fim da organização sub-regional. E, nessa circunstância, quando há um recurso que coloca a controvérsia entre duas delegações do mesmo país, o assunto é levado para o Comité de credenciais que deve tecer recomendações por consenso e envia-la ao Presidente da Assembleia Geral, que, por sua vez, a submeterá ou não à plenária da Assembleia Geral da ONU para votação e decisão final.

Entretanto, segundo fontes bem colocadas junto do gabinete do Presidente da AG da ONU, ele não vai tomar nenhuma decisão sobre o assunto, uma vez que o Comité de credenciais não chegou a um consenso sobre a controvérsia criada pela Nigéria e companhia.

Significa declarar que o Presidente Interino Dr. Raimundo Pereira não irá proferir o seu discurso conforme estava previsto, sendo que esse era o objectivo do recurso do Senegal, da Nigéria e da Costa do Marfim. Todavia, não conseguiram nem sequer que a delegação de Serifo Nhamadjo fosse credenciada e muito menos proferir discurso na AG da ONU.

Na verdade, esta situação acaba por representar uma vitória para a delegação do Presidente Interino Dr. Raimundo Pereira, uma vez que só ela foi credenciada e entrou nas Nações Unidas e foi recebida pelo Secretário-Geral Adjunto da ONU para os Assuntos Africanos, manteve encontros com a Configuração da Guiné-Bissau da Comissão da Consolidação da Paz das Nações Unidas e teve uma audiência com a nova Presidente da União Africana junto das Nações Unidas.

Por outro lado, a delegação foi convidada a tomar parte em várias recepções de países membros das Nações Unidas, designadamente da África do Sul, Emiratos Estados Árabes, OCI e França.

O Governo Legítimo da República da Guiné-Bissau
(Autoridades Eleitas pelo Povo)