sábado, 28 de julho de 2012
Roberto Cacheu - Uma opinião
"Caro Aly,
Permita-me o obséquio de, através do teu prestimoso blog tecer algumas considerações sobre a nova novela criada pelo governo de transição (GT), que é a «morte ou desaparecimento» do deputado Roberto Ferreira Cacheu.
Estes dias, ora o homem é dado como «morto», ora é dado como «desaparecido», conforme os humores e a inspiração do porta-mentiras do GT, o Sr Fernando Vaz. Na verdade, estes dias, temos assistido a cenas e saidas caricatas protagonizada por esse famigerado membro do governo da CEDEAO que, caso não fosse a seriedade e a gravidade da situação dava mesmo para rir às gargalhadas soltas e de pernas para o ar. Enfim, estamos a assistir na Guiné-Bissau, mais um cenário de montagem grosseira de assassinatos, igual a tantos outros, para fins meramente politicos. Porém, como a mentira tem pernas curtas, la chegaremos ao fundo da verdade.
No entanto, não quero com isso questionar ou pôr em causa de que o deputado Roberto Cacheu não possa estar morto ou estar desaparecido. Aliás, sendo um ser humano, até pode mesmo morrer de morte natural..., ou auto-constituir-se temporariamente sumido com propósitos de ganhos políticos. Enfim, na conjuntura actual na Guiné-Bissau, tudo é possível e o inimaginário, pode ser o mais natural deste mundo.
Para mim, o que se vislumbra da mente desses assaltantes do poder é o de criar mais um «caso político». Existe subjacente a todo esse jogo de cambalachos e declarações incongruentemente descaradas do porta-mentiras do governo saqueador, um plano maquiavélicamente urdido tendente a tentar criar um cenário de aparente «assassinato politico» e querer imputá-lo ao destinatário de sempre, Carlos Gomes Junior, líder do PAIGC.
Ciente desse propósito, nós, cidadãos atentos e conhecedores dos meandros desse maquiavélico plano, não podemos aceitar pacificamente sem reagir a mais uma montagem primária e grosseira, claramente forjada para tentar incriminar alguém que não tem nada a ver com um eventual caso de morte ou desaparecimento de um político que se activava permanentemente em cenários de golpes de Estado e conluios com os militares. Por estes dias, à força de inventar e querer ser "convincente", o porta-mentiras do GT foi tão infeliz e apressado na sua missão de inquisidor, que se perdeu em mentiras e contradições infantis que só o ridicularizam e o expõem à inevitável chacota pública - pobre ovelha transmalhada da família Vaz.
Está-se a ver que o bem falante Sr. porta-mentiras do governo ususrpador, só por sua conta, já investigou, auditou, inquiriu, fez os laudos, julgou e deu a sentença: é o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Junior o autor (material ou moral, sr speaker?) desse «crime» de laboratório. Uma semana depois, segundo o porta-mentiras, algures em Dingal "descobre-se" três corpos, sendo que um deles seria do morto/desaparecido deputado.
Porém, no dia seguinte, ja não havia corpo ou não era o corpo do "matado" que foi encontrado, aliás tinha-se que aguardar pois o «executor do deputado» não se dignou sequer a comparecer para mostrar o local onde sepultou o defunto deputado. Pelo surrealismo, estamos perante um assassino de luxo e disponibilidade muito cara. Não é verdade, pelos vistos, Sr. Porta-mentiras!. Contudo, vamos seguindo o enredo da novela que está a ser interessante, pois mais a história se alonga, mais as pernas do Sr. ministrinho se encurtam... e, estamos certos de que o ministro-pinóquio acabará por estatelar-se ingloriamente nas suas mentiras delirantes e não passará da figura que é: um Bobo na corte do Sr. Injai.
É mais do que evidente que estamos perante mais uma montagem vergonhosa com contornos obscuros e maquiavélicos que não tem outro objectivo senão criar falsos cenários na vã tentativa de colar mais um caso obscuro à figura de uma pessoa que, não o podendo combater politicamente, recorrem e usam contra ele os instrumentos mais insidiosos da calúnia e da mentira tentando forjar no seu espírito o cenário do medo e assim inibi-lo de querer regressar ao seu país e enfrentar o seu inevitável destino político e de cidadania que é assumir as rédeas da liderança desse país.
Porém, desenganem-se os fautores do medo e das montagens maquiavélicas político-militar, pois o Sr. Carlos Gomes Junior regressará de certeza ao seu país e então enfrentar-vos-á, olhos nos olhos, sem medo e sem complacências.
Ao seu lado, lá estarão a juventude, as mulheres e as forças do bem. Aliás, esse seu desejo é tanto mais consistente, tendo em conta a sua carta endereçada ao Secretário Geral das Nações Unidas, Sr Ban-Ki Moon, instando-o a instituir sob os auspícios das Nações Unidas e da Comunidade Internacional, um Tribunal Especial ad hoc à semelhança da do Libano, Serra-Leoa, entre outros, para julgar todos os crimes de sangue cometidos na Guiné-Bissau de 2000 a esta data (esta iniciativa, além de louvável, cauciona a sua boa fé e inverte os dados da suspeição, que passa a estar do lado dos militares).
Por fim, enunciarei alguns factos interessantes do enredo dessa nova novela para refrescar a memória do Sr porta-mentiras do governo de usurpação:
O Sr Robert Cacheu, depois da sua alegada participação no golpe de Estado de 26 de dezembro 2011, foi visto durante vários tempos na cidade de Bissau, nomeadamente a partir das zonas do aeroporto e da base aérea e estava sempre escoltado por militares (de quem não sei, mas deduz-se). Eu, pessoalmente, vi-o e até nos cumprimentamos no aeroporto no dia 13 de março 2012;
O Sr. deputado Roberto Ferreira Cacheu, se esteve ao alcance de alguém, foi dos militares, pois era com eles que ele lidava e até beneficiava da sua protecção pretoriana, fortemente armada;
Existem testemunhas oculares e factos probatórios de contactos de amigos e próximos de Roberto Ferreira Cacheu que provam que ele estava vivo até há bem pouco tempo, inclusivamente muito depois de o visado no seu assassinato não estava ha muito em Bissau... e, esses dados poderão dificultar e quiça desmascarar o papel de inquisitor-mor do comando militar que esta a assumir o Sr F. Vaz;
Hoje, existem pericias suficientemente evoluidas no campo da investigação criminológica que permitem determinar com precisão, a hora, a causa e o local da morte de qualquer pessoa.
Portanto, Sr Porta-mentiras, veja bem a 'koba di djanfa' que está a cavar para si.
O.P."
Encontro de alto nível para definir estratégias
No relatório apresentado no Conselho de Segurança, o Secretário-Geral insta a comunidade internacional a trabalhar em conjunto para restaurar a ordem constitucional na sequência golpe de Estado ocorrido há quase quatro meses. As Nações Unidas devem realizar um encontro de alto nível para definir uma estratégia comum para resolver a crise na Guiné-Bissau. A proposta foi lançada, quinta-feira, pela embaixadora do Brasil junto das Nações Unidas, Maria Luiza Ribeiro Viotti. Após uma reunião sobre o país, no Conselho de Segurança, a diplomata falou à Rádio ONU na qualidade de presidente da Estratégia de Paz para a Guiné-Bissau, no âmbito da Comissão de Consolidação da Paz da ONU.
"Este encontro seria uma oportunidade para que os parceiros internacionais da Guiné-Bissau pudessem participar e chegar a uma estratégia comum. A Cedeao, a Cplp, a União Africana e a União Europeia – é preciso que todos estejam unidos em torno de uma plataforma para apoiar neste momento. Embora haja um consenso, de certa forma, que foi expressado nas resolução do Conselho de Segurança e nas determinações da União Africana, de que é preciso trabalhar para restauração da ordem constitucional, estabilidade e desenvolvimento do país, ainda não há uma estratégia comum", referiu.
No relatório apresentado no Conselho de Segurança, o Secretário-Geral insta a comunidade internacional a trabalhar em conjunto para restaurar a ordem constitucional na sequência golpe de Estado ocorrido há quase quatro meses. Ao ler o documento, o representante especial do Secretário-Geral, Joseph Mutaboba, disse que o país está politicamente dividido entre apoiantes do governo de transição e dos líderes depostos pela junta militar a 12 de Abril.
Em declarações à Rádio ONU, o embaixador da Guiné-Bissau junto das Nações Unidas, João Soares da Gama, pediu "consenso real" de organizações internacionais quanto à questão da estabilização do país. "É uma crise muito complexa cuja solução não pode vir de apenas uma organização, não! Devemos estar todos de acordo. Há também uma outra questão, acho que os atores internos devem estar de acordo com o que está a ser feito. Portanto, o Paigc, que é o partido do país, com quase dois terços deputados não pode ser afastado da solução da Guiné-Bissau".
O período da realização da Assembleia-Geral, em Setembro, foi avançado para acolher o encontro internacional, a ser presidido pelo Secretário-Geral. O informe de Ban Ki-moon pede ações concretas para combater a impunidade e que seja garantido que os responsáveis por assassinatos politicamente motivados e de outros crimes graves sejam levados à justiça. Mutaboba referiu-se, igualmente, ao aumento do tráfico de drogas ilícitas e de atividades relacionadas com violações da ordem constitucional.
Guiné-Bissau nas bocas do mundo...
O Presidente da República Portuguesa, Cavaco Silva, aproveitou a viagem a Londres, onde esteve presente na abertura dos Jogos Olímpicos, para discutir a situação da Guiné-Bissau e de Timor Leste com o secretário-geral da ONU, disse à Lusa uma fonte diplomática. O encontro com Ban Ki-moon aconteceu durante uma receção no palácio de Buckingham pela rainha Isabel II aos chefes de Estado estrangeiros na sexta-feira, logo após a chegada de Cavaco Silva à capital britânica e antes da cerimónia de abertura. De acordo com fonte diplomática, apesar de o Presidente ter conversado com outros líderes estrangeiros, foi com o sul-coreano que manteve uma "longa conversa" que incidiu sobre os dois países lusófonos.
A propósito da situação na Guiné-Bissau, os dois comentaram um relatório divulgado recentemente pelas Nações Unidas "onde está expressa a conclusão que desde o golpe de Estado que aumentou o tráfico de droga", referiu a fonte diplomática à agência Lusa. O relatório de Ban Ki-moon, divulgado a 21 de julho, refere que também a situação humanitária se degradou desde o golpe de Estado de 12 de abril.
Já sobre Timor Leste, o tom foi mais positivo e os dois saudaram "o sucesso do processo de consolidação das instituições democráticas" naquele país e a evolução bem-sucedida do país, além de terem evocado questões de desenvolvimento e educação. O Presidente visitou Timor Leste em maio, durante a comemoração dos dez anos de independência, enquanto o secretário-geral da ONU tem, segundo a mesma fonte, prevista uma "deslocação em breve" a Díli.
No último dia da estadia em Londres, Cavaco Silva teve outro encontro diplomático inesperado com o homólogo alemão, Joachim Gauck, quando se encontraram durante uma visita às respetivas delegações nacionais na aldeia olímpica dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Acompanhados pelas respetivas mulheres, trocaram algumas de circunstância e marcaram encontro para a próxima reunião do grupo de Arraiolos, que junta informalmente nove chefes de Estado sem funções executivas, entre os quais o de Portugal e o da Alemanha. LUSA
Kiredi! Kuma kê?!
Fernando Vaz: "Vamos prosseguir esta operação. Entretanto, polícias estão no local para guardarem o local. Houve um problema técnico (...) e os executores do deputado Cacheu, que deviriam estar presentes para melhor localização (do corpo) no terreno não compareceram."
NOTA: "Os executores não compareceram?" - Mas que raio!!! Então o 'ministro' até sabe quem são/foram os executores e, ainda assim, eles não compareceram? Estarão ao menos sob custódia ou andarão a beber cervejas nas tascas e só comparecerão quando lhes der na gana? Ah, Guiné-Bissau, mãe madrasta...nem sabes os filhos que fizeste desaguar neste país!!! AAS
Trapalhadas & Companhia
- Afinal, parece que o 'corpo' do Roberto Cacheu não foi encontrado... O 'ministro' Fernando Vaz disse ter havido...uma falha técnica. Trocado por peanuts: a pessoa que dizia saber da localização das covas...talvez hoje dará com o lugar das mesmas...
- Ontem à tarde, em Bissau, havia dezenas de militares nos postos da Galp. Disseram que havia informação sobre um possível atentado por isso foram proteger o local... AAS
sexta-feira, 27 de julho de 2012
"Representante da CEDEAO foi particularmente infeliz"
Embaixador português na ONU diz que a posição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental face à siuação na Guiné-Bissau precisa de ser clarificada. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) evidenciou hoje divisões sobre a Guiné-Bissau no Conselho de Segurança que exigem um "esforço de concertação interna" para clarificar a posição, afirmou o embaixador de Portugal na ONU.
O diplomata, Moraes Cabral, falava à agência Lusa após uma reunião no conselho sobre a situação guineense, em que a declaração pública da CEDEAO foi crítica da postura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por esta se recusar a reconhecer o governo saído do golpe de Estado de 12 de abril, mas nas consultas à porta fechada, o Togo, país da comunidade membro do Conselho, mostrou outra postura. "Nas consultas informais, o ambiente foi totalmente diferente, [houve da CEDEAO] uma atitude extremamente construtiva", afirmou o diplomata.
Foi Youssoufou Bamba, embaixador costa-marfinense, a fazer as declarações na parte pública da reunião, criticando que "alguns países", caso de Portugal, "persistam na sua recusa de reconhecer e lidar com o governo de transição" e que a "fação dura do PAIGC e figuras internacionais" continuem a apoiar Carlos Gomes Júnior e insistam na "impossível exigência de reposição do governo deposto".
Bamba deixou ainda reparos a que o presidente deposto Raimundo Pereira tenha sido convidado a participar na cimeira da CPLP de 20 de julho, em Maputo. Para o diplomata português, que pediu de seguida a palavra no Conselho de Segurança da ONU, a intervenção "polémica" de Bamba tinha "imprecisões graves, de facto, não de opinião".
"Em vez de tentar colmatar divergências que existem, e que existem por motivos sérios, [a intervenção] era mais uma acha para a fogueira, tentando imputar à CPLP e países membros a responsabilidade da atual situação", disse Moraes Cabral à Lusa.
Sobre as duas posturas de membros da CEDEAO, o embaixador adiantou que "se há essas divisões" na organização, "ela própria tem de fazer um esforço de concertação interna, como por exemplo existe no quadro da CPLP que tem uma posição clara e nítida sobre esta matéria".
"O representante que falou em nome CEDEAO foi particularmente infeliz, fez afirmações que não correspondem de todo à realidade. Algumas delas são inclusivamente deselegantes, o que não é muito o tom habitual dos debates do Conselho de Segurança. Divergências políticas são sempre legitimas, mas exige-se um tom respeitador das posições de outras pessoas", afirmou.
"Espero que CEDEAO tenha uma posição clara, clarificada, aquando da reunião de alto nível que pretendemos e teve apoio no conselho", adiantou.
António Gumende, embaixador de Moçambique na ONU e representante da CPLP na reunião, e Maria Luiza Viotti, embaixadora do Brasil que preside à Comissão de Consolidação da Paz para a Guiné-Bissau, deixaram o apelo para que o secretário geral da ONU convoque uma reunião internacional de alto nível com os principais parceiros, com objetivo de delinear uma "estratégia conjunta para restaurar a ordem constitucional na Guiné-Bissau".
Já nas consultas, disse Moraes Cabral à Lusa, "houve no Conselho grande identidade de propósitos quanto à necessidade de encontrar uma solução [política interna] que seja credível, respeitadora da legalidade, que não premeie os fautores do golpe e permita antes de mais atender às necessidades do povo da Guiné-Bissau", afirmou.
A situação, adiantou, é de degradação "em termos económicos, humanitários, de criminalidade, e aumento do tráfico de droga" e "as chamadas autoridades de transição" não cumpriram mesmo o acordo com a CEDEAO, estando os preparativos para as eleições atrasados.
"É preciso ultrapassar isto e encontrar uma plataforma que congregue todas as partes, mas que seja credível, que tenha um quadro de referência temporal que seja também ele credível, que seja uma solução que aglutine as forças políticas e permita ultrapassar esta situação de ilegalidade em que atualmente se vive", disse o diplomata. Expresso
Descobertos três corpos, entre eles o do Roberto Cacheu
Os corpos do deputado guineense Roberto Cacheu e de mais duas pessoas não identificadas foram encontrados hoje na localidade de Dingal, a 25 quilómetros de Bissau, anunciou o Governo de transição.
As autoridades governamentais chamaram os jornalistas, membros do corpo diplomático e representantes das Nações Unidas, da União Africana e da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) ao local para verificarem a descoberta dos corpos, que estavam a ser exumados ao fim da tarde. Encontravam-se no local elementos da Polícia Judiciária da Guiné-Bissau e dos Serviços de Informações. LUSA
Guiné-Bissau nos Jogos Olímpicos Londres 2012
A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos Londres 2012 será hoje, dia 27 de Julho, a partir das 21 horas, 20 horas de Bissau. A Guiné-Bissau estará representada nas modalidades de atletismo com o recordista nacional nas provas de 60, 100 e 200 metros planos Holder da Silva e Graciela Martins, a melhor guineense da actualidade nos 400 metros planos.
Holder da Silva correrá os 100 metros planos no dia 4 de Agosto, a partir das 10h da manhã, uma hora a menos em Bissau, e a Graciela fará os 400 metros planos no dia 3, a partir das 12h, menos uma hora em Bissau.
A Luta Livre também estará representada, com destaque principal para os campeões de África em título nas respectivas categorias: Augusto Midana (74 Kg) e Jacira Mendonça (63 Kg). As provas têm lugar no próximo dia 6 de Agosto.
Fontes contactadas em Londres pelo ditadura do consenso, destacam o apoio dado pela diáspora guineense nas terras de Sua Majestade, com uma forte representação, no mais importante momento da vida dos nossos atletas.
De resto, em Londres, e em todo esse ambiente onde se vê tudo o que é de nível, os atletas guineenses estão cientes da nossa realidade, querendo apenas garantir que o nosso povo, que tanto merece, será representado com respeito, sacrificio e dignidade. AAS
Carlos Gomes Jr., pede à ONU a criação de um Tribunal Internacional ad hoc
O Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, escreveu, esta semana, uma carta ao Secretario Geral da ONU, Ban ki Moon, na qual solicita o Conselho de Segurança para que seja constituído um Tribunal Internacional ad hoc para a Guiné-Bissau para o julgamento de todos os crimes de sangue cometidos nos últimos anos no país de 2000 a 2012.
Na sua carta ao Secretario Geral da ONU, Carlos Gomes Júnior, lembra que várias personalidades politicas e militares foram assassinadas ao longo dos últimos 14 anos consecutivos de instabilidade político-militar crónica na Guiné-Bissau, sendo que a maioria dos referidos assassinatos ocorreu durante as sublevações militares, com destaque, nomeadamente do General João Bernardo Vieira, na época, Presidente da República, do ex-deputado Hélder Proença, do ex-Ministro Baciro Dabó, dos Ex-Chefes de Estado-maior General das Forças Armadas, Generais Ansumane Mané, Veríssimo Correia Seabra e Tagmé Na Waié, do Coronel Domingos de Barros, do Comodoro Lamine Sanhá e do ex-Chefe dos Serviços de Informações do Estado, Samba Djaló e do recente caso do desaparecimento do deputado Roberto Ferreira Cacheu.
O Primeiro-ministro deposto pelos militares guineenses solicitou ao Conselho de Segurança a constituição de um Tribunal Internacional ad hoc para a Guiné-Bissau à semelhança do que ocorreu no passado em situações idênticas, onde as Nações Unidas criaram e promoveram a criação de vários tribunais internacionais ad hoc ou tribunais especiais para o julgamento de crimes graves cometidos em diversos pontos do mundo, nomeadamente o Tribunal Especial para o Líbano, em 2005, para julgar os autores do ataque que matou o Primeiro-Ministro Rafiq Hariri, os Tribunais Internacionais para a Ex-Jugoslávia e para o Ruanda, criados pelo Conselho de Segurança em 1993 e 1994, respectivamente. Lembrou ainda, na sua carta, que em 2002, as Nações Unidas celebraram um acordo com o governo da Serra Leoa para o estabelecimento de um Tribunal Especial para o julgamento de crimes ocorridos neste país após 30 de Novembro de 1996.
Lisboa, 27 de Julho de 2012.
O Governo Legítimo da República da Guiné-Bissau
Guiné-Bissau: SECURITY COUNCIL URGED TO CALL FOR UNIFIED STRATEGY THAT WOULD RESTORE LEGITIMATE ORDER IN GUINEA-BISSAU
Divisions Blocking Progress, Says Secretary-General’s Special Representative
Describing the divergent positions of Guinea-Bissau’s international partners on the transitional process emerging in the country following the 12 April military coup d'état, the Secretary-General’s Special Representative there today appealed to the Security Council to call on them to forge a unified strategy for restoring legitimate order.
“Bissau-Guineans alone have the responsibility to shape the future of their country indeed,” said Joseph Mutaboba, who is also Head of the United Nations Integrated Peacebuilding Office in Guinea-Bissau (UNIOGBIS). “But equally, regional, continental and international partners must arrive at a common position on how best to assist the country in moving towards the full restoration of constitutional order,” he stressed, while presenting the Secretary-General’s latest report on the troubled West African country.
Also addressing the Council were Maria Luiza Ribeiro Viotti (Brazil), in her capacity as Chair of the Guinea-Bissau Configuration of the Peacebuilding Commission; Antonio Gumende (Mozambique), on behalf of the Community of Portuguese-speaking countries (CPLP); and Youssoufou Bamba (Côte d’Ivoire), on behalf of Heads of State of the Economic Community of West African States (ECOWAS). Jose Filipe Moraes Cabral ( Portugal) spoke in clarification of the issue.
Mr. Mutaboba said national and international opinion was divided over the country’s current transitional arrangements. The country itself was split between those supporting the Transitional Government, notably the Social Renewal Party, the military, the five candidates who had contested the first round of pre-coup presidential elections as well as the forum of opposition political parties, on the one hand, and those who did not recognize the transitional authorities, especially the major African Party for the Independence of Guinea and Cape Verde (PAIGC) and the National Anti-coup d'état Front (FRENAGOLPE). Along similar lines, civil society was also at odds, and the National Assembly was paralysed over its agenda, resulting in the closure of its current session.
He went on to say that the international community was also divided following attempts by the Transitional Government to reach out to international partners with pledges to conduct elections, prosecute those responsible for political assassinations and convene a long-overdue national conference. ECOWAS leaders meeting at the end of June had endorsed the transitional authorities, urging them to follow through on their pledges, and suspended the general sanctions imposed on the country, he said. However, CPLP had issued a statement on 19 July, following the meeting of its Council of Ministers, reaffirming its recognition of the deposed elected authorities. The President of the European Commission, who had attended that meeting, had stressed that the European Union would not tolerate coups in Guinea-Bissau.
Efforts by the Secretary-General and UNIOGBIS to harmonize the positions of the international partners had not yet produced the desired results, he continued, adding that in his consultations with a wide range of stakeholders, all groups had stressed the need for the country’s people and leadership to engage in inclusive and frank dialogue. They had also underscored the necessity of tackling the root causes of instability. However, it was critical that ECOWAS and CPLP, in collaboration with the African Union, the European Union and the United Nations, overcome their prevailing differences and agree on a common position. Similarly, all domestic political actors and civil society in Guinea-Bissau must work together to ensure a consensual transition as a step towards restoring constitutional order, he said, adding that national political actors must work towards ending the parliamentary deadlock.
Meanwhile, he said, elements of the Economic Community Mission in Bissau (ECOMIB) Force had been deployed to the port and airport as well as to most ministries in Bissau as part of their mandate to secure State institutions. However, deployment of the Force to the National Assembly on 5 July had been suspended following objections by members of the PAIGC, on grounds that the presence of armed individuals contravened parliamentary rules. Mr. Mutaboba added that Guinea-Bissau’s humanitarian, social and economic situation remained fragile, with a wave of criminal activities reported, as well as increased drug trafficking.
Ms. Viotti said that since the coup d'état, the Guinea-Bissau Configuration had been striving to facilitate dialogue among the main stakeholders, ECOWAS and CPLP. Nearly four months after the coup, constitutional order had yet to be restored and the humanitarian and economic situation continued to deteriorate. The derailment of the electoral process had reduced international confidence and donor support, thus threatening hard-won socio-economic gains, especially those relating to institution-building, economic recovery, financial management and the fight against drug trafficking.
Additionally, the current transitional arrangements had not been accepted by key national stakeholders, and still did not meet the requirements of legitimacy in the eyes of many international partners, she said. Nor was it conducive to stability and to a sustainable political solution since it excluded the country’s main political force. The current transitional arrangement also called into question Guinea-Bissau’s capacity to pursue efforts related to its most pressing peacebuilding priorities, such as security-sector reform, and the fight against impunity and transnational organized crime, particularly drug trafficking.
The restoration of constitutional order should evolve through dialogue and negotiation, with the participation of all political forces, she said. The United Nations, African Union, ECOWAS, CPLP and the European Union should seek a convergence of views and mutually reinforce each other’s actions. To that end, she suggested the convening of a high-level meeting be by the Secretary-General, with the aim of articulating a common strategy.
Mr. Bamba, speaking on behalf of ECOWAS Heads of State and Government, said the transitional process was hindered by the “pro-Carlos Gomes Junior faction of the PAIGC”, with the active backing of external supporters. Nevertheless, the Transitional Government, which included PAIGC members, remained focused on achieving inclusiveness and consensus. Largely as a result of unrelenting efforts by ECOWAS, there was a new environment of political peace, security and stability, instead of chaos and anarchy, he said. Dialogue between the Gomes faction of the PAIGC and the Transitional Government was ongoing, and efforts were under way to ensure the National Assembly’s smooth functioning.
Asking the international community “not to rush decisions, but to allow the internal stakeholders the space to dialogue among themselves”, he said the ECOWAS office in Guinea-Bissau had facilitated meetings with development partners, but regrettably, some countries still refused to deal with the Transitional Government. It was also regrettable that the hard-line PAIGC faction and other international figures continued to support the Gomes faction against the Transition Government. Among urgent priority tasks were the biometric registration of eligible voters, social and economic development, and defence and security-sector reform. The greater the cohesion within the world community, the quicker and more effectively could urgent initiatives be carried out, he emphasized. ECOWAS was ready to meet with CPLP for “open and frank discussions” which would make it possible for the international community to speak with one voice, he said.
Mr. Gumende expressed CPLP’s deep concern over the situation in Guinea-Bissau since the coup. Relating the results of the Community’s summit last week, he reiterated its appeal for the convening of a high-level meeting under the aegis of the United Nations, with a view to developing a comprehensive, integrated strategy aimed at restoring constitutional order in Guinea-Bissau, in close coordination with regional partners, notably CPLP, the African Union, ECOWAS and the European Union.
Mr. Cabral said the PAIGC, Guinea-Bissau’s major party, was not part of the Transitional Government. Members said to be participating no longer had a connection with the party, as made clear by successive communiqués from the legitimate PAIGC authorities. What had been called the “Gomes faction”, was in fact two thirds of the Guinea-Bissau parliament’s membership, he said, adding that to call that a “faction” lacked “elegance”, to say the least. The country’s international partners had refrained from collaborating with illegitimate authorities and would, no doubt, continue to do so until a credible political transition was in place, he emphasized. He pointed out that criminal activity and drug trafficking had increased, despite what had been described as a return to “normality” in daily life.
ONU sanciona mais seis militares
SECURITY COUNCIL GUINEA-BISSAU SANCTIONS COMMITTEE ADDS
SIX INDIVIDUALS TO ITS TRAVEL BAN LIST
On 18 July 2012, the Security Council Committee established pursuant to resolution 2048 (2012) concerning Guinea-Bissau approved the additional designation of the six individuals specified below to be subject to the measures (travel ban) imposed by paragraph 4 of resolution 2048 (2012).
1. Captain (Navy) Sanha CLUSSÉ
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 28 September 1965
Parentage: Clusse Mutcha and Dalu Imbungue
Official function: Acting Navy Chief of Staff
Passport: SA 0000515
Date of issue: 08.12.2003
Place of issue: Guinea-Bissau
Date of expiry: 29.08.2013
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012. Very close to António Injai. Sanha Clussé integrated the “Military Command” delegation that met with ECOWAS in Abidjan on 26 April 2012.
2. Colonel Cranha DANFA
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 05.03.1957
Official function: Head of Operations of the Armed Forces Joint Staff
Passport: AAIN29392
Date of issue: 29.09.2011
Place of issue: Guinea-Bissau
Date of expiry: 29.09.2016
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012. Close Advisor to Armed Forces Chief of Staff António Injai.
3. Major Idrissa DJALÓ
Nationality: Guinea-Bissau
Date of birth: 06 January 1962
Official function: Protocol Advisor to the Armed Forces Chief of Staff
Designation/Justification: Point of Contact for the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012 and one of its most active members. He was one of the first officers to publicly assume his affiliation to the “Military Command”, having signed one of its first communiqués (nº5, dated 13 April 2012). Major Djaló also belongs to the Military Intelligence.
4. Lieutenant-colonel Tchipa NA BIDON
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 28 May 1954
Parentage: “Nabidom”
Official function: Head of Intelligence
Passport: Diplomatic Passport DA0001564
Date of issue: 30.11.2005
Place of issue: Guinea-Bissau
Date of expiry: 15.05.2011
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012.
5. Lieutenant-colonel Tcham NA MAN (a.k.a. Namam)
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 27 February 1953
Parentage: Biute Naman and Ndjade Na Noa
Official function: Head of the Armed Forces Military Hospital
Passport: SA0002264
Date of issue: 24.07.2006
Place of issue: Guinea-Bissau
Date of expiry: 23.07.2009
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012. Also a member of the Military High Command (highest hierarchy of the Bissau-Guinean Armed Forces)
6. Lieutenant-colonel Júlio NHATE
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 28 September 1965
Official function: Commander of the Paratroops Regiment
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012. A loyal ally of António Injai, Lt.Col. Júlio Nhate has the material responsibility for the 12 April 2012 coup, having conducted the military operation.
Accordingly, the names of the above individuals have been added to the Committee’s consolidated travel ban list, which is available on the Committee’s website at the following URL: http://www.un.org/sc/committees/2048/pdf/2048_travel_ban_list.pdf.
Guiné-Bissau: Tensões Angola-Nigéria estendem-se à região
A retirada da Missang de Bissau não se teria registado, nem vingado, sem instigação e apoios da Nigéria; menos ainda contra sua vontade,as autoridades angolanas não conseguiram engolir isso em seco e usam de toda a sua influência na CPLP para inverter o actual quadro politico na Guiné- Bissau e conseguir base de apoio para as suas pretensões expansionistas para se transformar numa potência regional e ser respeitada como tal em toda África Ocidental destronando por isso a Nigéria,que vem denunciando todas essas acções angolanas.“Angola surge como potência na África Ocidcental, em parte, devido os crescentes problemas internos da Nigéria.Na África Austral, Angola faz face à concorrência de potências económicas como a África do Sul e a Nambia” para tudo isso é necessário que em Angola o processo eleitoral corra bem e que os problemas internos tais como a pobreza e a exclusão social sejam rapidamente resolvidos.(Comentário CAI)
A Nigéria encara com desconfiança e inquietação políticas e atitudes do regime de Angola a que associa “intenções expansionistas” contrárias aos seus interesses e influências regionais. É este o quadro em que análises pertinentes situam o “forcing” nigeriano que levou ao fim da presença militar angolana na Guiné-Bissau. É um dado considerado “adquirido” que o golpe de Estado, 12 de Abril, que provocou a retirada da Missang de Bissau não se teria registado, nem vingado, sem instigação e apoios da Nigéria; menos ainda contra sua vontade.
Os pronunciamentos iniciais do chamado Comando Militar, entidade que chamou a si a autoria da acção, deixaram transparecer uma tónica nitidamente anti-angolana. O script atribuia à Missang planos para “eliminar” as FA guineenses, para o que contaria com a cumplicidade das autoridades, entre as quais o PM, Carlos Gomes Júnior. O líder do golpe, General António Indjai, fora até Fevereiro de 2012, partidário da presença militar angolana; ao mesmo tempo, adversário público de compromissos de natureza militar com países da região. Mudou de posição na esteira de uma viagem à Nigéria, precedida de aproximações com outras personalidades da região.
A aplicação das autoridades angolanas na participação do seu país na CGG-Comissão do Golfo da Guiné e na CEEAC-Comissão Económica dos Estados da África Central, é igualmente vista pela Nigéria como correspondendo a artifícios para se implantar e disputar com ela uma área de sua influência. A Nigéria não só cultiva/preserva o seu papel de potência regional por meio de políticas destinadas a anular ou limitar “intrusões” do tipo de Angola, como cuida, ela própria, de alargar/consolidar influências e interesses próprio na área – esforço ditado pela necessidade de não dar vazão a novas “aventuras de secessão”. AM
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