"Exmo Senhor Aly Silva,
Sem querer antecipar o destino que podera dar a este meu texto de contribuição permita-me humildemente enaltecer o trabalho de informação responsavel e de qualidade que tem dispensado ao Povo Guineense, principalmente para nos que nos encontramos na diaspora por razões de varias ordem. Saber que trabalha por imperativo de patriotismo, alheando-se ao dinheiro e tentativas de manipulação da sua linha editorial, realça o penhor dessa admiração que, pode crer tem um alcance que decerto não calcula. Mais ainda, ficou acrescida essa admiração e gratitude, quando, foste selvaticamente agredido, privado da liberdade, tendo os teus preciosos bens de trabalho confiscados, por gente que, so sabe roubar e matar.
Haja bem à tua vida e aos teus projectos. Nos rezaremos por ti.
GEOESTRATEGIA DO SUB-DESENVOLVIMENTO
Meus irmãos e compatriotas,
Alguns de voçês, de entre os que tiverem a possibilidade de ler esta minha humilde contribuição, decerto me reconhecerão, ou pelo nome de registo que me identifico, ou pelo «nome de minineça» que acompanhara o texto. Espero, que me julguem por aquilo que interpretarem da mesma. Porém, quaisquer que seja a leitura exponho-me ao vosso «juizo» na certeza de que, fi-lo no estricto espirito de participar no esclarecimento do presente debate militar-politico que traz a Guiné-Bissau à actualidade do mundo. Estamos efectivamente perante uma querela militar-politico, porquanto as regras dos recorrentes conflitos da Guiné-Bissau, foram neste contexto particular completamente invertidas, isto porque, uma facção do Poder Militar (aqueles que detêm efectivamente o poder bélico nas mãos), no pleito eleitoral, tomou partido de forma ostensiva e sectarista de uma parte derrotada nas recentes eleições Presidenciais.
Comunicado Final da CEDEAO e «posição» dos Militares Golpistas.
Hoje, assiste-se a uma vã tentativa de disvurtação do Comunicado Final da Conferência de Chefes de Estado da CEDEAO de 26 do corrente por um putativo Doutor-Militar, hoje designado Porta Voz do famigerado «Comando Militar». Um novo rosto da alimaria de, um « Comando » sem comando, um «Comando» sem rosto, senão a berbarie das suas acções em defesa de um status quo da impunidade de um grupo sectaria e étnicamente circunscrita. Porém, vamos ao que mais interessa, nessa divagação sem rumo nem argumentos do New killer-intelected.
E bom que os Guineenses não se deixem enganar com interpretações enganosas e tendenciosas que tenho ouvido insistentemente da «boca» desse Senhor.
O Comunicado Final da Conferência de Chefes de Estado da CEDEAO de 26 do corrente, não pode e nem deve ser desassociada de três documentos e ou decisões fundamentais que são, respectivamente :
- O relatorio do Presidente da Republica da Guiné-Conakry, Professor Alpha Condé, Mediador da CEDEAO para o conflito da Guiné-Bissau ;
- O comunicado do Presidente da Comissão da CEDEAO, Sua Exa, Sr Désiré Kadré Ouedraogo e ;
- O Discurso do Presidente da Côte de Ivoire, Presidente em exercicio da Conferência de Chefes de Estado e de Governos da CEDEAO.
Esses três supracitados documentos retraçam sem quaisquer equivocos, as posições que se seguem
- O restabelecimento imediato da ordem constitucional violada com o Golpe de Estado ;
- O retorno imediato e sem condições dos Miliatres às casernas e que se abstenham de se imiscuir e de intreferir na vida politica ;
- Repudio e não reconhecendo quaisquer «ditos orgãos de transição» criados pelo Comando e os seus aliados politicos golpistas ;
- A libertação incondicional das Autoridades legitimamente eleitas, ou seja o Presidente Interino e o Primeiro-Ministro Candidato (realce-se que este é sempre tratado em todos os documentos, sempre como PM e, nunca como ex-PM ou Candidato, porquanto assim é de facto e de direito em face à Constituição e a Lei ;
- A aceitação sem condições pelos miliares a deslocação e instalação de uma Força de Interposição com vista a garantir a segurança e a governabilidade das instituições repostas em consequência da sua legitimidade eleitoral ;
- A reposição em estado de governabilidade as Autoridades legitimamente eleitas ;
- Criação de um dispositivo constitucional «transitorio» conforme a Constituição assim como ;
- A continuação do processo da segunda volta das eleições Presidênciais que, segundo os termos de todos os documentos, «foi ilegitimamente interrompido» por um golpe de força de militares à guiza de um grupo de candidatos derrotados.
Em suma, são estes os pontos que estão consubstanciados e explicitamente plasmados no Comunicado Final da Conferência de Chefes de Estado da CEDEAO de 26 do corrente mês. Um conjunto de decisões claro como a luz divina e limpida como a àgua benta.
Porém o New-Killer-Intelected (NKI) quer fazer querer aos Guineenses uma outra realidade, perdendo-se em interpretações «juridicas» perversas e posições contraproducentes com a realidade com o fito unico de, servir o seu recém criado clientelismo politico. Essas posições do NKI, não faz mais do que, ir agravando e desconsiderando as Forças Armadas Nacionais aos olhos dos nossos parceiros regionais e internacionais. Assim é, porque, manobrando na contracorrente da realidade politica-diplomatica, o NKI, quiça, por ambições inconfessaveis de ascensão militar ou politica (na terra dos cegos quem tem umolho é Reis), tenda, com subtileza atabalhoada, colar a questão guineense à questão maliana (duas realidades distintas e com pressupostos de decisões igualmente distintas).
O NKI, tenta criar similitudes virtuais através de jogos de interpretações juridicas dubias e maquiavélicas enganar os incautos com a situação do Mali onde os dois termos de «transições» não têm nada a ver um com o outro, porquanto a realidade politico-militar conjunturalmente são completamente diferentes. O pretenso militar com capa de intelectual, pretende subrepticiamente convalidar a «transição maliana» numa «transição à Comando Militar». Isto porque, o Comunicado Final dos CEG da CEDEAO, é claro : Os miliatres devem voltar as casernas e não se imiscuirem nas questões.
A suposta TRANSICAO com a qual o «intelectual» do Comando pretende manipular os Guineenses e a situação politico-militar é uma falsa intrepetação e tem fins meramente oporunistas e politicos.
Por isso, modéstia à parte sinto-me na obrigação de alertar os meus concidadãos de que, a dita «transição», deve ser imperativamente realizada nos moldes seguintes:
- sob exclusivo auspicio e mediação da CEDEAO, porém, sempre nos moldes previstos na Constituicional (o «Comando sem Rosto» não é aqui dado nem achado);
- com as autoridades legitimamente eleitas, o que significa com o Partido que venceu as Eleições Legistavivas cuja Legislatura esta em curso. Significando isto…, com o Governo do PAIGC, governo pretensamente destituido pelo «Comando» ou, eventualmente com um novo Governo a constituir-se para a vigência dos 12 meses. Quaisquer desses cenarios deve ser, sempre no pleno respeito do quadro Constitucional em vigôr, ou seja com o PAIGC, partido vencedor das Legislatura em curso, tanto mais que, não esta em causa a legitimidade Legislativa, mas sim a interrupcção de um processo de eleição Presidencial que estava na sua segunda e fase final ;
- essa « transição » dum periodo até 12 meses (que não implica obrigatoriamente a sua total decorrência), não significa nada mais do que a passagem da eleição e investidura de um novo Presidente eleito subsequente ao falecimento de um precedente. Esse periodo que não pressupõe quaisquer exigência de outra ordem, foi previsto para evitar imprevistos imponderaveis, isto porque, a deslocação e instalação das Forças de Interposição e Proteção das Autoridades, leva o seu tempo e tem os seus constrangimentos e afinamentos técnico-militar, acrescido ao facto de que, a reposição da Autoridade do Estado é crucial para a conclusão do processo.
Resumindo sobre este aspecto, o «Comando sem Rosto», deve assumir as suas responsabilidades, em particular, os seus erros que compremeteram seriamente o pais numa face de restabelecimento da sua credibildade e, em consequência mandar parar a saga manipuladora e vergonhosa do seu dito Porta-Voz, pois, caso contrario comprometera ainda mais, quaisquer tentativa de saida séria e responsavel a presente crise, em que eles, os MILITARES, são os unicos e exclusivos responsaveis.
Os bastidores da Conferência
Caros irmãos e compatriotas,
As incidências desta ultima Conferência da CEDEAO deixou-nos um sinal e um aviso muito sério a ter em conta no nosso contexto sub-regional. A Guiné-Bissau, por essencia, tanto no aspecto cultural assim como, civilisacional é um pais lusofono e, consequentemente « descartado » do espaço de jogos de interesses dos outros paise que compõem a CEDEAO.
Essa asserção de co-optação geo-socio-regional foi preceptivel nessa ultima cimeira, tendo-nos valido o peso, a sagacidade e a argucia da diplomacia dos paises irmãos da lusofonia, nomeadamente de Angola e Cabo-Verde, mas também, de um outro pais irmão a Guiné-Conakry. Também de forma compreensivel e salutar, quiça por sofrer dos mesmos males de obstrução a um desenvolvimento autonomo, a Gâmbia foi um aliado incondicional em advogar a nossa causa. Enfim uma atitude a reter e a retribuir. O Ghana, a Nigeria e a Côte d’Ivoire seguiram os principios basicos assim como os outros paise que abstenho de referir.
Por outro lado, dois paises, o Burkina-Faso e o Senegal tentaram nessa Conferência torpedear o processo de retoma da normalidade constitucional na Guiné-Bissau, criando « nuvens de interpretação » asssombrosas ao desfecho legal e firme desse processo, tentando sempre condicionar a clareza das leis e tentando, criar situações tortuosas para a nossa crise. Assim, chama-se à atenção para a concidência de posições, orientações e de atitudes entre esses dois paises e uma facção do dito Comando Militar, em particular do seu Porta-Voz.
Nessa saga de tentar «enterrar» a Guiné-Bissau como um «Estado Falhado», compreendo até certo ponto a posição do Senegal, pois este pais, simplesmente confirmar o seu interesse egoista sobejamente conhecido de querer ser um Estado omnipresente em todo o continente, em particular na zona oeste africana.
O Senegal, sempre quis ver a Guiné-Bissau como um Estado falhado, carente de soluções proprias, um pais necessitado da sua caridade e protecção para, subrepticiamente melhor delapidar os nossos recursos. Alias, o Senegal, malgrado a mudança do Presidente, continua a crer ver e trabalha arduamente para que, o nosso pais seja, fruto de permanente instabilidade, para assim continuar a ser, uma extensão da sua Casamança Natural, ou seja uma extensão do seu «Celeiro Agricola» e fonte de exploração incontrolada dos nossos recursos halieuticos.
Ao Senegal interessa e sempre lhe interessera a instabilidade crônica da Guiné-Bissau para dai tirar dividendos economicos e politicos. Mesmo com a eleição do novo Presidente Macky Sall, nada me permite dar-lhes até agora o minimo de beneficio de duvida de boa-fé ao encontro da Guiné-Bissau face aos ultimos acontecimentos desta Cimeira de muitos e sinuosos segredos de corredores. Para mim, Senegalês é sempre Senegalês, por isso, não acredito. Por outro lado, a permanente instabilidade alimentada pela classe castrense, não devera estar alheia à «mão» externa vizinha.
O antigo Presidente Abdoulaye Wade, funcionava quase de facto, como o nosso Comandante em Chefe das Forças Armadas tal era o nivel de manipulação das altas estructuras da classe Castrense contra o poder politico utilisando-os a seu bel prazer e convinência conforme as circunstancias. Essa manipulação foi sempre mais evidente contra os Governos mais consistentes do pais, em particular, o de Carlos Gomes Junior. Verdade é que, sempre que este conseguia, com o seu rigôr governativo dar algum destaque ao pais era-lhe submetido a uma insubordinação ou sublevação militar. Porém, em todo este cenario de suposto complôt a nossa atenção, não deve também deixar de lado, a quase « perpétua » presença do Embaixador do Senegal na Guiné-Bissau, General FALL (quase 20 anos), facto que, devera significar algo em todo esse palco de desordem politico-militar na Guiné-Bissau que, estranhamente, ja dura também quase 20 anos.
No que toca ao Burkina-Faso, o seu posicionamento dubio durante a Confereência, contrapondo uma posição, firme, coerente e legal dentro do quadro Constitucional Guineense proposto quase unanimimente pelos outros Chefes de Estado, sem quaisquer sombras de duvidas, parecendo à partida incompreensivel e até inadequado, tem as suas razões de ser face ao doentio protagonismo e ecocentrismo do seu eterno Presidente Blaise Campaore que quer ter mãos e contrôle em quase todos os conflitos africanos, em particular os da Africa Ocidental.
Alias, o posicionamento obscuro e dubio do Presidente Burkinabè face ao presente conflito na Guiné-Bissau podera até ter explicações até agora incompreensiveis, caso não se conheça as relações nebulosas e aparentemente mafiosas entre o Presidente Blaise Campaore e o pomposamente dito Comandante Umarou Cissoko (amigo de intimo de Kadafi e outros ditadores). Ao que se sabe foi este inigmatico comandante quem negociou o financiamento do Presi Burkinabe ao candidato Manuel Serifo Nhamadjo. Porém, atenção caros cidadãos…, muitas vezes, uma simples arvore pode esconder uma imensa e densa floresta que esconde sombrias e tenebrosas historias onde nos seus rios esquiosos se lavam imenso e sujo dinheiro do narcotrafico.
Em suma, sabe-se que nesta Cimeira extraordinaria dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, o Senegal e o Burkina-Faso destoaram da solidariedade que se requer numa união, e acabaram por formar no conjunto dos Estados da CEDEAO, de forma subtil e pretensiosa, uma cobarde coligação anti-democratica contra a paz na Guiné-Bissau.
Que estes dados nos sirvam de lição e saibamos, destinguir, entre os que são nossos verdadeiros amigos e os nossos supostos amigos. Para mim, seguramente, estes dois paises não o são para a Guiné-Bissau e, é preciso ter atenção e cuidado com as suas movimentações ao longo deste processo de restauro da ordem Constitucional na Guiné-Bissau.
Por isso, sejamos atentos e vigilantes.
Bem haja a Guiné-Bissau
Elautério Sousa (Teio)"
sábado, 28 de abril de 2012
Embaixador dos EUA diz que "é um erro acusar Angola"
O embaixador dos Estados Unidos em Angola, Cristopher McMullen, considerou hoje em Luanda ser "um erro" acusar Angola de ser a motivação para o golpe de estado de 12 de abril na Guiné-Bissau. "É falso. Angola tem jogado um papel muito construtivo e apoiamos completamente este papel", disse o diplomata, que falava aos jornalistas no final de um encontro com o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chicoti.
Segundo o embaixador norte-americano, durante o encontro de quase uma hora foram abordadas as situações na Guiné-Bissau, no Mali e no Sudão do Sul. Cristopher McMullen saudou o papel de Angola nos esforços para o restabelecimento da estabilidade nesses três países africanos. "Gostaria de saudar sobretudo o ministro Chicoti pelo papel muito forte, central e muito construtivo que ele teve desde esse período de tensão na Guiné-Bissau e também no Sudão", disse o diplomata.
McMullen acrescentou ainda que os Estados Unidos consideram que "Angola teve um papel central (na estabilidade da Guiné-Bissau)", esperando que possam continuar com o mesmo, "quer seja com a CEDEAO seja com a ONU, seja com outro grupo internacional ou regional". Relativamente à situação no Sudão do Sul, Cristopher McMullen disse ter sido informado sobre a posição da União Africana naquela questão, salientando que os Estados Unidos estão "completamente de acordo com Angola e a UA". Angola e a UA defendem a necessidade das partes baixarem as tensões para evitar violência, focando as atenções sobre as negociações para encontrar uma solução pacífica.
"Também no Mali, estamos de acordo com a posição de Angola e a UA", sublinhou. O embaixador norte-americano disse ainda que reiterou ao ministro Georges Chicoti o convite da secretária de Estado norte-americana, Hilary Clinton, para uma visita a Washington. "Quando ele tiver tempo, porque temos uma convergência muito forte em assuntos como estes e também sobre assuntos internacionais. Seria ótimo se o ministro pudesse visitar Washington para falar com a secretária de Estado e outros funcionários de alto nível sobre as nossas convergências de interesses", salientou. NME. LUSA
Segundo o embaixador norte-americano, durante o encontro de quase uma hora foram abordadas as situações na Guiné-Bissau, no Mali e no Sudão do Sul. Cristopher McMullen saudou o papel de Angola nos esforços para o restabelecimento da estabilidade nesses três países africanos. "Gostaria de saudar sobretudo o ministro Chicoti pelo papel muito forte, central e muito construtivo que ele teve desde esse período de tensão na Guiné-Bissau e também no Sudão", disse o diplomata.
McMullen acrescentou ainda que os Estados Unidos consideram que "Angola teve um papel central (na estabilidade da Guiné-Bissau)", esperando que possam continuar com o mesmo, "quer seja com a CEDEAO seja com a ONU, seja com outro grupo internacional ou regional". Relativamente à situação no Sudão do Sul, Cristopher McMullen disse ter sido informado sobre a posição da União Africana naquela questão, salientando que os Estados Unidos estão "completamente de acordo com Angola e a UA". Angola e a UA defendem a necessidade das partes baixarem as tensões para evitar violência, focando as atenções sobre as negociações para encontrar uma solução pacífica.
"Também no Mali, estamos de acordo com a posição de Angola e a UA", sublinhou. O embaixador norte-americano disse ainda que reiterou ao ministro Georges Chicoti o convite da secretária de Estado norte-americana, Hilary Clinton, para uma visita a Washington. "Quando ele tiver tempo, porque temos uma convergência muito forte em assuntos como estes e também sobre assuntos internacionais. Seria ótimo se o ministro pudesse visitar Washington para falar com a secretária de Estado e outros funcionários de alto nível sobre as nossas convergências de interesses", salientou. NME. LUSA
Houve libertação, mas isso é apenas o começo...
A “saída” dos dirigentes guineenses que se encontravam detidos pelos golpistas significa que a pressão internacional “funcionou” mas que ainda faltam cumprir outras condições, disse hoje à Lusa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. "É preciso avaliar os factos com exatidão. Por um lado, a saída do primeiro-ministro e do Presidente da República da Guiné-Bissau do seu cativeiro significa que a pressão da comunidade internacional para preservar a integridade física dos dirigentes eleitos do país funcionou” disse à Lusa Miguel Guedes, porta-voz do MNE numa primeira reação da diplomacia portuguesa sobre a libertação de Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro da Guiné Bissau, e Raimundo Pereira, Presidente da República interino que se encontravam presos pelos militares responsáveis pelo golpe de Estado no país ocorrido a 12 de abril.
“Há poucas semanas a sua vida estava ameaçada pelos autores do golpe que acabaram por ceder, tal o isolamento a que um cenário de violência os conduziria” referiu o porta-voz do MNE que sublinha que esta é apenas uma das condições impostas aos autores do golpe de Estado. “É necessário recordar que essa era apenas uma das condições do regresso à normalidade na Guiné-Bissau. Outras são, nomeadamente, a retoma da ordem constitucional e a conclusão do processo eleitoral”, disse. “Devemos ter presente que as declarações da ONU, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e da União Europeia são muito claras quanto ao que fazer.
Nesse sentido, será determinante ouvir Raimundo Pereira e Carlos Gomes Júnior como autoridades legítimas cuja liberdade deve ocorrer na Guiné-Bissau e não fora do país”, afirmou ainda Miguel Guedes. “O Governo português levará a cabo as diligências diplomáticas adequadas para obter o retrato completo da situação”, concluiu. O Presidente da República interino da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, derrubados por um golpe militar em 12 de abril, chegaram na noite de sexta-feira à capital da Costa do Marfim.
A libertação dos dois dirigentes guineenses pelo Comando Militar, designação do grupo que os derrubou, ocorreu a 48 horas do fim do ultimato dado pelos chefes de Estado da África Ocidental aos golpistas. Em declarações à imprensa, em Francês, Raimundo Pereira agradeceu ao chefe de Estado costa-marfinense, Alassane Ouattara, que é o presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental. A Costa do Marfim “é também o nosso país”, disse, sem mais comentários. PSP. Lusa
“Há poucas semanas a sua vida estava ameaçada pelos autores do golpe que acabaram por ceder, tal o isolamento a que um cenário de violência os conduziria” referiu o porta-voz do MNE que sublinha que esta é apenas uma das condições impostas aos autores do golpe de Estado. “É necessário recordar que essa era apenas uma das condições do regresso à normalidade na Guiné-Bissau. Outras são, nomeadamente, a retoma da ordem constitucional e a conclusão do processo eleitoral”, disse. “Devemos ter presente que as declarações da ONU, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e da União Europeia são muito claras quanto ao que fazer.
Nesse sentido, será determinante ouvir Raimundo Pereira e Carlos Gomes Júnior como autoridades legítimas cuja liberdade deve ocorrer na Guiné-Bissau e não fora do país”, afirmou ainda Miguel Guedes. “O Governo português levará a cabo as diligências diplomáticas adequadas para obter o retrato completo da situação”, concluiu. O Presidente da República interino da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, derrubados por um golpe militar em 12 de abril, chegaram na noite de sexta-feira à capital da Costa do Marfim.
A libertação dos dois dirigentes guineenses pelo Comando Militar, designação do grupo que os derrubou, ocorreu a 48 horas do fim do ultimato dado pelos chefes de Estado da África Ocidental aos golpistas. Em declarações à imprensa, em Francês, Raimundo Pereira agradeceu ao chefe de Estado costa-marfinense, Alassane Ouattara, que é o presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental. A Costa do Marfim “é também o nosso país”, disse, sem mais comentários. PSP. Lusa
Chegada a Abidjan do PR Raimundo Pereira e do PM Carlos Gomes Jr. - Será que o 'Comando Militar' vai desmentir outra vez?!
Raimundo Pereira, Presidente da República interino, é recebido na placa do aeroporto de Abidjan
PR, Raimundo Pereira e Carlos Gomes Jr., primeiro-ministro, à sua chegada a Abidjan, na Costa do Marfim
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Chico
Chico Buarque - João e Maria Sivuca - Chico Buarque
Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock
Para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim
Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock
Para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim
72 - 24 = 48 horas
Está feito o ultimato. Dentro de 72 horas tem de ser reposta a legalidade constitucional na Guiné-Bissau - esta foi, em síntese, a resolução da CEDEAO, ontem divugada. Para já, faltam 48 horas para que as ordens sejam cumpridas. Ou seja, até domingo, o auto-denominado 'Comando Militar' deve regressar às casernas, e deixar aos políticos a árdua tarefa de desatar mais este grande nó que nos impusemos.
O 'Comando Militar' deve restituir à liberdade - sem quaisquer condições - os senhores Raimundo Pereira, Presidente da República interino, Carlos Gomes Junior, primeiro-ministro e candidato à segunda volta das eleições presidenciais, Fodé Cassamá, secretário de Estado dos Antigos Combatentes, e todos os outros detidos na sequência do levantamento militar de 12 do corrente.
No aeroporto de Bissalanca, nos arredores de Bissau, a cúpula do Comando Militar' continua reunida com os chefes do Estado-Maior das Forças Armadas da Nigéria (que comandará o contingente militar da CEDEAO), do Senegal e da Costa Marfim. A reunião dura há várias horas. Talvez se entendam.
Chegarmos a este ponto, é triste, embora necessário. É um mal menor que devemos aceitar, é um mal menor e que a esmagadora maioria dos guineenses tem rezado para que acontecesse. Todos nós conhecemos o outro lado da moeda, aquele que uma força militar desempenha num país terceiro. Esperemos que tudo corra bem. Não falamos a mesma língua. Mas talvez nos entendamos. AAS
OPINIÃO: O país não anda nem desanda, preso num impasse: o poder castrense sabe que já perdeu e anda a fazer contas
Por: António Rodrigues[*]
Para onde vai um golpe militar que já não tem para onde ir e tem tudo para correr mal? Na Guiné-Bissau, a enésima sublevação do poder castrense não conseguiu o que os militares pensavam e está estacada no meio de uma ponte suspensa – indecisos os actores do próximo passo a dar.
A partir daqui estão reunidas as condições para que tudo dê para o torto. Talvez seja por isso que o rosto por trás da intentona, ao que tudo indica o do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, teime em não se revelar publicamente como tal e continue a falar pela boca do seu director de gabinete, denominado porta-voz do Comando Militar, o tenente-coronel Dabo Na Walna.
Tal como no livro de Joseph Heller “Catch-22”, também os militares se viram agora numa situação armadilhada para a qual, tendo em atenção o (pouco) de-senvolvimento dos últimos dias, só podem sair a perder.
Se recuarem – repondo a ordem constitucional, libertando o presidente interino Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, restituindo-os aos seus cargos e deixando que as eleições presidenciais de 18 de Março tenham, finalmente, a segunda volta (com a disputa entre Carlos Júnior e Kumba Ialá, os dois candidatos mais votados na primeira) –, não só abdicam da aura de intocáveis como perdem parte da capacidade de condicionar o poder civil que mantinham desde a independência do país em 1975.
A ameaça de um golpe militar que sempre pairava sobre qualquer governante guineense como espada de Dâmocles cessa de existir. Haverá outras espadas – um país não muda de um dia para o outro –, mas menos suspensas.
Se insistirem em levar o golpe para a frente – procurando substituir o poder eleito nas urnas por um Conselho Nacional de Transição fantoche, feito de formações políticas pouco representativas aliadas ao PRS (fundado por Kumba Ialá, a quem o PAIGC e Angola acusam de ser o inspirador do golpe) –, terão de haver-se com uma força de interposição internacional que acabará por ganhar o braço-de-ferro e, no fim, o resultado será o mesmo: os militares serão obrigados a abdicar dos trunfos que sempre mantinham na manga para ganhar os jogos de influências.
Habituados a resolver tudo pelas armas, com uma hierarquização inerente que permite manter um nível de organização razoavelmente elevado num país que ainda dá os primeiros passos ao nível das instituições políticas e judiciais, os militares subestimaram as mudanças em termos internacionais que são aquelas que deveriam ter tido mais em conta neste golpe militar.
Primeiro, a intolerância da comunidade internacional para os golpes de Estado vem a acentuar-se nos últimos anos. Bastava ver a reacção da CEDEAO e da ONU em relação ao golpe no Mali para saber que o clima era pouco propício a tais desideratos. A conjuntura não é favorável a acções externas às instituições democráticas.
Segundo, porque Portugal, a caminho das quatro décadas do fim do império, mais ou menos liberto da culpa colonialista e com um ministro dos Negócios Estrangeiros interessado em afirmar a CPLP como uma verdadeira organização internacional activa e não apenas uma de facto, assumiu uma posição inequívoca de condenação do golpe e de apoio incondicional aos representantes eleitos do povo guineense – aproveitando o facto de ter assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas para influenciar o órgão nesse sentido.
Terceiro, porque na questão está envolvida Angola, que quer afirmar-se como potência na África subsariana e em quem o governo de Gomes Júnior confiava para reformar as forças armadas guineenses. A Luanda interessa-lhe fortalecer os laços com Bissau e ter um pé mais forte na região, onde já tem em Teodoro Obiang, o ditador da Guiné Equatorial, um aliado (os equato-guineenses contam com o apoio de Angola para conseguir aderir à CPLP).
Por: António Rodrigues, Editor internacional do jornal "i".
Daba Na Walna, ao 'Público': «António Indjai é o chefe do Estado-Maior. Esse é o papel dele»
Daba Na Walna, porta-voz dos militares que tomaram o poder na Guiné-Bissau nega ligação ao candidato Kumba Ialá. E justifica prisão do primeiro-ministro, Gomes Júnior, como forma de evitar que seja morto. Tenente-coronel, mas também jurista, doutorando na Faculdade de Direito de Lisboa, Daba na Walna, 46 anos, é o rosto do denominado Comando Militar que fez o golpe de 12 de Abril em Bissau. Numa entrevista telefónica, quarta-feira à tarde, disse que os militares nada têm a ver com o futuro político do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior. “O que dissemos é que não nos crie complicações, que não nos mande forças estrangeiras secretamente.” Questionado sobre o papel de António Indjai, chefe de Estado-Maior, na acção golpista, afirma: “Que eu saiba não é membro do Comando”.
PÚBLICO: Qual o resultado dos contactos que o comando militar manteve nos últimos dias com a comissão da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) que esteve em Bissau?
Daba Na Walna: Era uma comissão técnica, veio discutir questões relativas à retirada das tropas angolanas, modalidades dessa retirada. Não chegámos a consenso sobre alguns aspectos, nomeadamente o envio de uma força da CEDEAO composta por 600 homens para supervisionar a retirada das tropas angolanas. Entendemos que decidir sobre o envio de forças ultrapassa a nossa competência como militares. Assim que um Governo for formado, poderá tomar decisões. [Indicámos] o Parlamento, para falarem com o presidente da Assembleia, a única entidade ainda a funcionar. Disseram-nos que não tinham mandato para falar com políticos, que careciam de autorização. Estamos a aguardar.
Como é que vão sair desta situação? Há um isolamento internacional.
Por via negocial. Há uma janela que foi aberta pela CEDEAO. E que eu saiba o Conselho de Segurança [da ONU] remeteu o processo de negociações para a CEDEAO. Vamos esperar. Seguramente vão mandar uma equipa técnica para discutir connosco e com a classe política modalidades de saída para a crise.
Que passaria pelo envio de uma força liderada pela CEDEAO. Isso seria aceitável para vocês?
Nós não nos opusemos à vinda de tropas que viessem supervisionar a retirada das tropas angolanas. Nem dissemos que sim. Dizemos tão só que não temos competência para decidir sobre essa matéria. Um eventual envio de força será decidido pelo governo a formar a partir da solução encontrada conjuntamente com a CEDEAO.
Há dias disse que uma força internacional seria entendida como invasora. Há uma mudança de posição.
Estamos a dizer que depois de formado Governo, se se chegar à conclusão que se adequa o envio de uma força e o Parlamento aprovar, se as instituições da República aceitarem, quem somos nós para negar? O que dissemos na altura foi que o envio unilateral que Angola tentava conseguir, sem ser decidido com as entidades políticas da Guiné, seria uma invasão. Nas palavras de George Chicoty [ministro das Relações Exteriores de Luanda] devia ser uma espécie de terapia para a Guiné. Se as entidades políticas chegarem à conclusão que devem aceitar, se o Parlamento concluir que deve aceitar está bem. O que dissemos a Carlos Gomes Júnior, relativamente ao pedido que formulou [para o envio de uma força internacional] foi que devia ter discutido isso no Parlamento e em Conselho de Ministros. Em Portugal, Cavaco Silva ou Passos Coelho não podem mandar ir forças sem que isso seja discutido em Conselho de Ministros nem aprovado no Parlamento. Foi só o que dissemos.
Mas devido ao golpe, as instituições, designadamente o Governo, não estão em funções. Qual é justificação, afinal, para o golpe?
Já disse, e voltei a repetir agora, que foi acarta secreta que foi escrita a mandar vir forças estrangeiras para dar uma terapia adequada às Forças Armadas da Guiné. O senho no meu lugar aceitaria isso? Tentaria actuar em legítima defesa.
Acredita mesmo que existia um acordo entre os governos da Guiné e de Angola para “aniquilar” as Forças Armadas guineenses?
Eu não disse que acredito que há. Eu disse que há uma carta escrita. Esta carta, está confirmado, existe.O golpe interrompeu o processo eleitoral para as presidenciais. Houve articulação com candidatos? Há alusões a uma articulação com Kumba Ialá [segundo mais votado na primeira volta, atrás de Gomes Júnior].
Isso são especulações. Que eu saiba, não há nenhuma ligação ao dr. Kumba Ialá, nem há razão para haver. Não actuamos por encomenda.
Não lhe parece que a melhor solução seria o retomar do processo eleitoral e os militares regressarem às casernas?
Não tenho nada contra. [Sobre isso] não dissemos nada. Dissemos é que somos contra o envio das forças para aqui. Quanto ao processo eleitoral caberá aos políticos decidirem o que acharem correcto.
O comando militar não se opõe à continuidade do processo eleitoral?
É um assunto político, não compete aos militares.
Relativamente ao primeiro-ministro, há uma intransigência, uma rejeição.
R - Rejeição em que sentido?
Gomes Júnior foi detido. Há oposição a que volte a exercer funções.
Ninguém diz isso. Não temos nada a ver com o futuro político de Gomes Júnior. Como empresário, se quiser continuar a sua vida empresarial [que continue]. Como político que o faça, dentro do PAIGC. O que dissemos, é que não [queremos que] nos crie complicações, que não nos mande forças estrangeiras secretamente. Se tiver que fazer isso que o faça obedecendo à Constituição e às demais leis da República.
Não há oposição a que retome a actividade política?
Isso é uma questão política que será discutida. Não connosco. Com Gomes Júnior, com o seu partido, com os políticos da oposição, não com os militares. Não temos nada a ver com a sua vida política. É um cidadão e tem liberdade de fazer política.
Não há oposição à sua acção como primeiro-ministro? Está detido por alguma razão.
Está detido porque senão levaria avante o seu projecto de vinda das tropas.
Por que não é agora libertado?
Não temos condições para o libertar. Não há governo com capacidade para garantir segurança. Logo que seja criado, e haja um ministro do Interior, nós o faremos. O senhor não está cá não sabe. [Há] uma onda de contestação a Carlos Gomes Júnior, ele terá morto muita gente, politicamente encomendou alguns assassinatos. Não sou eu quem o diz, é a ala do PAIGC [Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, do Governo afastado pelos militares] que entrou em confrontação com a ala apoiante dele. Se libertarmos agora Carlos Gomes Júnior, imagine que [alguém] aproveitava a oportunidade para o matar. Quem é que seria responsável? Não seríamos nós? Está sob nossa custódia, mas assim que for formado Governo será imediatamente libertado.
Qual é a situação dos detidos, do primeiro-ministro e do Presidente interino, Raimundo Pereira? Houve informações de que Gomes Júnior foi torturado.
É mentira. A Cruz Vermelha já disse que não há tortura, mas a imprensa gosta de mentiras.
Estão a ser-lhe fornecidos medicamentos?
Estão. A Cruz Vermelha já foi visitar Gomes Júnior três ou quatro vezes. Ninguém tortura ninguém. Ouvimos dizer na imprensa que foi visto aqui a sangrar. Foi dito que esteve connosco na negociação com a CEDEAO. Este país é um país de intrigas e a imprensa vem apanhar as mentiras que circulam por aí. É falso.
Quantas pessoas estão detidas?
Apenas três [o Presidente interino, o primeiro-ministro e o secretário de Estado dos Antigos Combatentes, Fodé Cassamá]. Ouço falar em centenas ou dezenas de pessoas detidas, perseguidas, intimidadas. Aqui em Bissau as pessoas organizam manifestações, a imprensa fala abertamente contra o golpe, a imprensa fala mal dos militares. Limitamo-nos a ouvir e a calar. Isto não é nenhum estado de repressão. Tentamos manter o mais amplo possível leque de liberdades fundamentais. O que fizemos foi uma legítima defesa.Foi anunciado um conselho de transição. Chegou a ser avançado um nome para Presidente de transição, Serifo Nhamadjo.
Tanto quanto se sabe não foram nomeados. Houve mudança de planos?
São especulações, são cogitações hipotéticas.
As nomeações, os nomes, são cogitações?
Não houve nomeação coisíssima nenhuma. Nós temos um compromisso com a CEDEAO. Estamos à espera para poder apresentar a nossa proposta, a proposta a que os partidos aqui chegaram. Mas a CEDEAO poderá também apresentar uma proposta para ser discutida, para se encontrar consensualmente uma saída airosa para esta crise. Não há nada decidido sobre a formação de Governo nem...
Os nomes referidos para Presidente e para o conselho de transição como é que apareceram? Que não foram nomeados é público. Não houve sequer convites?
Isso corre por conta de quem lançou boatos. Quando um jornalista lhe perguntou se fala na qualidade de Presidente de transição ou como presidente interino da Assembleia, Serifo Nhamadjo disse que não foi empossado nem ninguém o convidou para esse cargo.
Não é verdade que esses nomes foram ponderados?
Não. Pode ser uma das hipóteses por aí levantadas, mas em definitivo, como disse, nós estamos à espera da CEDEAO. Como poderíamos avançar com propostas e nomes se a CEDEAO não está aqui? Nesta altura quem assume o dossier Guiné-Bissau é a CEDEAO, não há nada decidido.
O senhor tem dado a voz, dado a cara. É o rosto do golpe. É também o líder?
Eu sou porta-voz.
Quem é o líder?
O líder é o Comando.
O Comando Militar. Que é também o Estado Maior das Forças Armadas, correcto?
Tem a liberdade de fazer a interpretação [que quiser]. Eu disse o Comando, agora o senhor quer expandir para chegar ao Estado-Maior.
Estou a pedir-lhe que clarifique.
Estado-Maior é uma coisa, Comando é outra. Não há confusão. Já disse que é o Comando.
Qual é o papel do tenente-general António Indjai?
Aonde, ao nível do Comando?
Sim, sim.
Que eu saiba, não é membro do Comando.
O senhor saberá.
Ele é chefe do Estado-Maior. Esse é o papel dele.
E está em funções? Chegou a ser dito que estava sob detenção.
Até agora não foi nomeado novo chefe do Estado-Maior. É ele o chefe de Estado-Maior.
PÚBLICO
quinta-feira, 26 de abril de 2012
CEDEAO decide enviar um contingente militar para a Guiné-Bissau, apenas com militares de quatro países da sub-região. Para já, Angola e Portugal ficam de fora, mantendo-se a porta aberta aos restantes países de língua portuguesa. O Comando Militar tem agora 72 horas para cumprir as exigências da comunidade de estados oeste africana. AAS
Os chefes de Estado da África Ocidental decidiram o envio de um contingente militar para a Guiné-Bissau e um ultimato de 72 horas aos golpistas para se submeterem às exigências feitas, sob pena de sanções, noticia a AFP.
Ao abrir a cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, exigiu que os responsáveis pelo golpe de Estado, realizado no dia 12 de abril, se «retirem» para que se possa avançar «rapidamente» com a transição.
No comunicado final da reunião, os dirigentes da CEDEAO solicitam à Comissão da CEDEAO que prepare, «com feito imediato, um contingente» da força militar regional para ser enviada para a Guiné-Bissau.
Os 500 a 600 homens do contingente serão fornecidos por pelo menos quatro países, a Nigéria, o Togo, a Costa do Marfim e o Senegal.
Garantem ainda que se o Comando Militar (a junta) não se submeter às exigências, «nas próximas 72 horas», a Comunidade «imporá com efeito imediato sanções dirigidas aos membros do Comando Militar e seus colaboradores, bem como sanções diplomáticas, económicas e financeiras à Guiné-Bissau, sem excluir processos no TPI» (Tribunal Penal Internacional).
Será?
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) "não tolerará mais tempo a usurpação do poder" do Comando Militar que derrubou o regime da Guiné-Bissau, avisou hoje o Presidente da Costa do Marfim, sem precisar medidas. Alassane Ouattara, que falava no início dos trabalhos da Cimeira Extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), iniciada hoje em Abidjan, defendeu que os responsáveis pelo golpe de Estado guineense, realizado no dia 12 de abril, devem "retirar-se" para que se possa implementar "rapidamente" a transição.
"(Na Guiné-Bissau) não podemos tolerar mais tempo esta usurpação do poder pela junta (Comando Militar guineense). Os líderes do golpe devem retirar-se, para que possa ser implementada rapidamente uma transição", avisou Ouattara, Presidente em exercício da CEDEAO. LUSA
CARLOS PINTO PEREIRA - DIREITO DE RESPOSTA(*)
«Exercendo o direito de resposta que a lei me concede, e sem prejuízo de recurso a todos
os meios legais para a defesa do meu nome e da minha honra, pessoal, familiar e
profissional, tenho o dever de informar a todos os meus concidadãos e à comunidade
internacional o seguinte:
1. A afirmação do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Mamadu
Saliu Jalo Pires, divulgada desde ontem através da RTP África e da RDP África,
segundo a qual eu teria furtado documentos confidenciais do Governo para
denunciar o Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Senhor Carlos Gomes Júnior, é
falsa e irresponsável. Faz parte de uma campanha difamatória que pessoas
indignas e cobardes tentam lançar contra a minha pessoa e a do Primeiro-
Ministro, com objectivos obscuros e inconfessáveis.
2. A integridade física e moral dos meus familiares e a defesa do bom nome e da
honra da minha família, construídos ao longo de séculos, obrigam-me a
apresentar o presente desmentido, ainda que considere que, no momento actual,
a liberdade e a saúde do Presidente da República Interino e do Primeiro-Ministro
devam ser a preocupação dominante e o objectivo principal do nosso combate.
3. A todos quantos estão por detrás destas sórdidas informações e desta campanha
maquiavélica, que eu conheço, quero deixar apenas um convite: se forem
Homens, dêem a cara para me enfrentar. Não se escondam.
4. A todos os guineenses amantes da Paz e da Verdade, peço que me concedam o
benefício da dúvida. A todos e a cada um terei o prazer de esclarecer sobre a
origem e a natureza desta campanha.
Bissau, 24 de Abril de 2012
Carlos Pinto Pereira
Obs.: Entretanto, como este Comunicado foi censurado, logo não foi emitido em
nenhuma das Rádios nacionais ou na TVGB, fui forçado a dar duas entrevistas já
tornadas públicas, na RTP África e na RDP África. O link RTP é: Repórter África –
Informação – Diária RTP Internacional – Multimédia RTP»
_________________________________________________________________________________
(*)Este 'Direito de resposta' do Dr. Carlos Pinto Pereira, obviamente não vincula
o blogue ditadura do consenso, que, de resto publicou em exclusivo, quer a carta
enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, quer ainda os dois bilhetes enviados
da prisão a Carlos Pinto Pereira, pelo pelo primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. Este
'direito de resposta', apenas tem lugar neste blog pela importância que tem. AAS
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