terça-feira, 13 de março de 2012
EPA 2012: CEDEAO envia 80 observadores, chefiado pelo ex-presidente do Níger. António Russo Dias, já não chefiará a delegação da CPLP por ter sido embaixador de Portugal na Guiné-Bissau - será "incompatível" (mas está cá o David Stephen, pelas mesmas razões, e que já foi representante do ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, na Guiné-Bissau...). Por seu lado, a CNE diz ter "tudo pronto" para a ida às urnas do próximo domingo. 'Sexta-feira, todas as CRE's receberão os materiais eleitorais' - garantiu o seu secretário-executivo. AAS
segunda-feira, 12 de março de 2012
Bubo Na Tchuto foi apanhado com o telemóvel na cueca!
O almirante Bubo Na Tchuto, detido desde 26 de dezembro de 2011, no quartel de Mansoa, a 60 quilómetros de Bissau, na primeira visita que recebeu da Liga dos Direitos Humanos, exigiu uma única condição: ser visto por um médico. Há cerca de três semanas, foi-lhe feita essa vontade. Uma carrinha com homens bem armados, escoltou o acossado almirante até ao hospital da Força Aérea, em Bissau, onde o esperava uma equipa de dois médicos. E foi ali, numa sala húmida, que o caricato que vão ler a seguir aconteceu.
Estamos a falar 'do' prisioneiro, não de um prisioneiro qualquer. Pois bem. O médico que recebeu o almirante para a consulta foi bastante prestável para o paciente Na Tchuto, disse uma fote do DC. Os militares, sempre armados, acompanharam-no até a essa sala sem nunca o perderem de vista. Assim que o Bubo levantava um pé, a bota omnipresente da tropa apagava-lhe o rasto. Pois bem...
A conversa com o médico ia avançada quando o médico pediu ao almirante que se despisse. E foi ali que o impensável aconteceu, deixando todos de boca aberta. Toca um telemóvel, mas ninguém atende. E o telefone continuava a tocar insistentemente, seria 'uma melodia vibrante', no dizer da mesma fonte. Então, um militar aproximou-se...o telefone tocava, tocava, mas... estava na cueca do almirante!!! Ou seja, quando o foram buscar na cela, Bubo estava ao telefone e assim que ouviu passos, nem teve tempo de o desligar...E enfiou-o na cueca!
Tal e qual, meus caros. O que aconteceu depois? O militar, com toda a calma tirou o telemóvel ao Bubo, desligou-o e guardou-o no bolso da farda. A consulta, que era para ser...foi chão que deu uvas! Agarraram no infeliz do Bubo Na Tchuto, enfiaram-no na carrinha e voltaram a fazer-se à estrada, a caminho de Mansoa. Lá chegados, não foi difícil chegar ao homem que forneceu o aparelho na cela ao almirante Na Tchuto. O resto foi expedito. O militar em causa foi rapidamente transferido para o Sul.
Mas o que se passou a seguir tem também a sua piada. Assim que se viu na posse do telemóvel (um aparelho da Nokia), a contra-inteligência militar pôs-se então em campo. Assentaram todos os números - chamadas feitas, recebidas, e as não atendidas. Depois, de um outro número, ligavam. "Alô, então você andou a falar com o prisioneiro Bubo Na Tchuto?". Claro que o interlocutor jurará que não, que nem sequer sabe quem é o Bubo Na Tchuto. Então, desculpam-se, dizem que foi um erro, uma linha cruzada e coisa e tal. Coisas que acontecem...
E chega a parte bonita. Esse alguém que a tropa acabou de ligar, numa atitude com tudo de impensável, talvez fruto do pânico que é ser abordado pelos militares, e sobretudo sem saber que esse telemóvel já nã se encontra na posse do Bubo, liga rapidamete para o almirante. "Estou, almirante? Aguém telefonou-me agora a perguntar se eu tinha falado contigo. Como é que pode ser?" - pergunta com a voz a tremer, completamente assustado. Do outro lado, a contra-inteligência ri-se. Está tudo gravado. E respondem: "Então você não tinha dito que não tinha falado com o Bubo...". Do outro lado, alguém está seguramente a tremer que nem uma vara verde, e a fazer contas à vida. Sabe bem que tropa já o tem na mira. E que o vai apanhar um dia destes... AAS
Estamos a falar 'do' prisioneiro, não de um prisioneiro qualquer. Pois bem. O médico que recebeu o almirante para a consulta foi bastante prestável para o paciente Na Tchuto, disse uma fote do DC. Os militares, sempre armados, acompanharam-no até a essa sala sem nunca o perderem de vista. Assim que o Bubo levantava um pé, a bota omnipresente da tropa apagava-lhe o rasto. Pois bem...
A conversa com o médico ia avançada quando o médico pediu ao almirante que se despisse. E foi ali que o impensável aconteceu, deixando todos de boca aberta. Toca um telemóvel, mas ninguém atende. E o telefone continuava a tocar insistentemente, seria 'uma melodia vibrante', no dizer da mesma fonte. Então, um militar aproximou-se...o telefone tocava, tocava, mas... estava na cueca do almirante!!! Ou seja, quando o foram buscar na cela, Bubo estava ao telefone e assim que ouviu passos, nem teve tempo de o desligar...E enfiou-o na cueca!
Tal e qual, meus caros. O que aconteceu depois? O militar, com toda a calma tirou o telemóvel ao Bubo, desligou-o e guardou-o no bolso da farda. A consulta, que era para ser...foi chão que deu uvas! Agarraram no infeliz do Bubo Na Tchuto, enfiaram-no na carrinha e voltaram a fazer-se à estrada, a caminho de Mansoa. Lá chegados, não foi difícil chegar ao homem que forneceu o aparelho na cela ao almirante Na Tchuto. O resto foi expedito. O militar em causa foi rapidamente transferido para o Sul.
Mas o que se passou a seguir tem também a sua piada. Assim que se viu na posse do telemóvel (um aparelho da Nokia), a contra-inteligência militar pôs-se então em campo. Assentaram todos os números - chamadas feitas, recebidas, e as não atendidas. Depois, de um outro número, ligavam. "Alô, então você andou a falar com o prisioneiro Bubo Na Tchuto?". Claro que o interlocutor jurará que não, que nem sequer sabe quem é o Bubo Na Tchuto. Então, desculpam-se, dizem que foi um erro, uma linha cruzada e coisa e tal. Coisas que acontecem...
E chega a parte bonita. Esse alguém que a tropa acabou de ligar, numa atitude com tudo de impensável, talvez fruto do pânico que é ser abordado pelos militares, e sobretudo sem saber que esse telemóvel já nã se encontra na posse do Bubo, liga rapidamete para o almirante. "Estou, almirante? Aguém telefonou-me agora a perguntar se eu tinha falado contigo. Como é que pode ser?" - pergunta com a voz a tremer, completamente assustado. Do outro lado, a contra-inteligência ri-se. Está tudo gravado. E respondem: "Então você não tinha dito que não tinha falado com o Bubo...". Do outro lado, alguém está seguramente a tremer que nem uma vara verde, e a fazer contas à vida. Sabe bem que tropa já o tem na mira. E que o vai apanhar um dia destes... AAS
domingo, 11 de março de 2012
Um mau exemplo
Botché Candé, o ministro da Economia há mais tempo no cargo neste País, foi 'inaugurar' a obra de terraplanagem da estrada que liga Ponta Nova a Geba, na região de Bafatá. Um oportunismo obviamente condenável, ainda que essa via estivesse intransitável há mais de 10 anos. A televisão da Guiné-Bissau até apareceu para cobrir o 'evento', em plena época de campanha eleitoral, influenciando o eleitorado e ganhando, assim, mais votos. AAS
EPA 2012: Bafatá e Gabú, a ferro e fogo
Bafatá e Gabú, são o coração destas eleições presidenciais antecipadas - mas para dois candidatos apenas: Carlos Gomes Júnior (PAIGC) e Manuel Serifo Nhamadjo, um dissidente desse mesmo partido. O primeiro a realizar um comício no Leste, nesta campanha, foi Cadogo Jr. Um mar de gente acorreu ao local. Assim que saiu, Serifo Nhamadjo entrou. Outro mar de gente, contaram-me. Tanto em Bafatá como no Gabú.
Mas, perguntam e bem, porquê esta histeria total apenas em Bafatá e Gabú - e não em todo o País? Dezenas de pesos-pesados de uma e de outra candidatura fixaram residência nestas duas cidades desde o primeiro dia da campanha eleitoral. Pelo menos numa coisa estas duas candidaturas são iguais: são uns mãos largas. Perfeitos Robbin dos Bosques à nova moda: roubar os pobres...para voltar a dar aos pobres. Nem uma ONG, aposto, tinha sequer pensado nesta nova forma de 'ajuda ao desenvolvimento'...
As duas candidaturas tanto 'oferecem' chapas de zinco, arroz, açúcar, tudo que possa influenciar alguém a votar no seu candidato, como também têm para 'oferta' bicicletas, motocicletas e mesmo carrinhas de caixa aberta, chinesas. Tem sido uma festa. Caravanas de carros novos e usados (todos sem matrículas, portanto não legalizadas...), atravessam avenidas e ruas interas, buzinam, violam regras de trânsito, fazem o que lhes der na real gana. Não se vê um polícia para amostra.
E Bafatá e Gabú lá continuam. A temperatura está alta. Gabú e Bafatá continuam pejada de 'enviados especiais' com todo o tipo de promessas que, sabem, ninguém irá cumprir. E de lá sairão apenas no dia 19, quando na véspera tiverem acompanhado toda a votação, vigiarem a recolha das urnas, contado os votos e assinado as actas-síntese. Então, via telemóvel, informarão o seu núcleo duro, instalados nas sedes nacionais de candidatura, em Bissau, o número de votos obtido.
E por volta das 21/22 horas, timidamente, ouvir-se-à uma ou outra buzinadela prolongada, ver-se-ão bandeiras ao vento. Algumas candidaturas chamarão a imprensa para dizer de sua justiça - uns para aparecer apenas, outras para adiantar números que conhecem, e portanto com alguma credibilidade. Mas só quando a Comissão Nacional de Eleições se pronunciar, provisoriamente, é que um candidato (ou alguém por ele) deverá pronunciar-se. Ou não?
António Aly Silva
Mas, perguntam e bem, porquê esta histeria total apenas em Bafatá e Gabú - e não em todo o País? Dezenas de pesos-pesados de uma e de outra candidatura fixaram residência nestas duas cidades desde o primeiro dia da campanha eleitoral. Pelo menos numa coisa estas duas candidaturas são iguais: são uns mãos largas. Perfeitos Robbin dos Bosques à nova moda: roubar os pobres...para voltar a dar aos pobres. Nem uma ONG, aposto, tinha sequer pensado nesta nova forma de 'ajuda ao desenvolvimento'...
As duas candidaturas tanto 'oferecem' chapas de zinco, arroz, açúcar, tudo que possa influenciar alguém a votar no seu candidato, como também têm para 'oferta' bicicletas, motocicletas e mesmo carrinhas de caixa aberta, chinesas. Tem sido uma festa. Caravanas de carros novos e usados (todos sem matrículas, portanto não legalizadas...), atravessam avenidas e ruas interas, buzinam, violam regras de trânsito, fazem o que lhes der na real gana. Não se vê um polícia para amostra.
E Bafatá e Gabú lá continuam. A temperatura está alta. Gabú e Bafatá continuam pejada de 'enviados especiais' com todo o tipo de promessas que, sabem, ninguém irá cumprir. E de lá sairão apenas no dia 19, quando na véspera tiverem acompanhado toda a votação, vigiarem a recolha das urnas, contado os votos e assinado as actas-síntese. Então, via telemóvel, informarão o seu núcleo duro, instalados nas sedes nacionais de candidatura, em Bissau, o número de votos obtido.
E por volta das 21/22 horas, timidamente, ouvir-se-à uma ou outra buzinadela prolongada, ver-se-ão bandeiras ao vento. Algumas candidaturas chamarão a imprensa para dizer de sua justiça - uns para aparecer apenas, outras para adiantar números que conhecem, e portanto com alguma credibilidade. Mas só quando a Comissão Nacional de Eleições se pronunciar, provisoriamente, é que um candidato (ou alguém por ele) deverá pronunciar-se. Ou não?
António Aly Silva
sábado, 10 de março de 2012
Valentine Strasser:
Por: Tânia Pereirinha/SÁBADO
Chamaram-lhe Operation Daybreak. No dia 29 de Abril de 1992, seis jovens oficiais invadiram o gabinete do Presidente Joseph Momoh, no centro da capital da Serra Leoa, depois o Lodge Presidencial, no outro lado de Freetown. Encontraram o Chefe de Estado, que consideravam incapaz de acabar com a guerra civil que durava há já um ano, escondido na casa de banho, de roupão. Meteram-no num helicóptero e levaram-no para o exílio, na Guiné Conacri.
Estava dado o golpe de Estado. Dos seis insurrectos, Valentine Strasser era o que tinha a maior patente (capitão), o que falava melhor inglês (o que não quer dizer que dominasse o idioma) e o mais facilmente manipulável, segundo alguns analistas. Para a história ficou como o Chefe de Estado mais jovem do mundo. Filho de um professor e de uma pequena empresária, Valentine Esegragbo Melvin Strasser chegou ao poder três dias depois de fazer 25 anos. E lá ficou até aos 29, idade com que foi metido à força num helicóptero com destino à Guiné Conacri.
Duas décadas depois, aos 45 anos, vive novamente em Freetown. Não no imponente Kabasa Lodge, para onde se mudou depois do golpe de Estado, mas na casa da mãe, num subúrbio pobre da capital. Passa os dias de calções, em tronco nu, no alpendre à beira da estrada, muitas vezes de garrafa de gin na mão. Não tem trabalho, recebe uma pensão do Governo, de 200 mil leones por mês – 34 euros. Nem para comprar um telemóvel tem dinheiro. Mas já foi pior: até há alguns meses só tinha direito a 11 euros. A pensão é, talvez, a única coisa que lhe resta dos anos que passou a governar o país, com sucessivos confrontos entre o exército e a Frente Unida Revolucionária (RUF). A guerra acabou em 2002.
Chegou a ordenar a execução de 29 pessoas, suspeitas de um golpe de Estado – que nunca aconteceu–, contra o seu governo. Foram todas consideradas inocentes, anos mais tarde. Mas Valentine nunca se arrependeu. “Vai-te f...! No Texas matam pessoas todos os dias!”, respondeu ao repórter da revista britânica New Statesman, quando questionado sobre as mortes. Também não admite que foi deposto em Janeiro de 1996. Diz que simplesmente se retirou depois de os seus 10 anos de serviço militar obrigatório terem terminado
Ainda foi admitido na Universidade de Warwick, no Reino Unido, para completar os estudos secundários e licenciar-se em Direito. Mas acabou por ser obrigado a fugir, depois de a sua cara começar a aparecer nos jornais, onde era apelidado de Antigo Ditador.
REVISTA 'SÁBADO'
Carlos Gomes Júnior, candidato do PAIGC, em entrevista ao semanário português 'Sol'
A uma semana das presidenciais antecipadas, o ex-primeiro-ministro guineense Carlos Gomes Júnior fala ao SOL. O líder do PAIGC admite que Bissau tem um défice de imagem, mas fala em estabilidade e crescimento. Aos 62 anos, Carlos Gomes Júnior deixa a chefia do Governo e é o candidato do partido do poder nas eleições presidenciais de 18 de Março, antecipadas após a morte a 9 de Janeiro do chefe de Estado Malam Bacai Sanhá.
As presidenciais de 18 de Março podem também ser vistas como um referendo ao seu legado enquanto primeiro-ministro. Sente-se confortável com isso?
Não penso que estas eleições possam servir para julgar a minha actuação enquanto primeiro-ministro. Mas, se o eleitorado assim o entender, estou confortável com o legado que deixo enquanto primeiro-ministro. Apesar de alguns incidentes menores, como os ocorridos no final do ano passado, hoje a Guiné-Bissau vive um período de paz e estabilidade, reconhecido aliás não apenas pelos guineenses, mas também por diversas instituições internacionais.
As greves na administração pública repetem-se, e em Dezembro o país voltou a viver momentos de agitação militar. A Guiné-Bissau está hoje melhor do que quando a encontrou?
A Guiné-Bissau está hoje um país melhor, embora muito exista ainda para fazer. O meu Governo investiu muito na função social do Estado. Existiram aumentos salariais e registou-se uma subida do salário mínimo nacional. Existe hoje em dia um maior controlo da despesa pública, e o esforço que o País está a fazer é reconhecido pelas instituições internacionais. Repare, em quatro anos passamos de um crescimento negativo de - 2,8% para um crescimento positivo que oscila entre os 4,5% e os 5,2%. Tudo isso foi feito com muito esforço de todos. A agitação de que fala é residual e decorre de algo que temos vindo a resolver aos poucos. Queremos fazer uma reforma condigna da Segurança e das Forças Armadas que possa valorizar os nossos militares e dignificá-los enquanto pilar essencial da nossa sociedade, do nosso País e da nossa independência.
Pretende abandonar por completo a actividade executiva ou poderá a Guiné-Bissau vir a ter um Governo de iniciativa presidencial?
Eu acredito e defendo a separação de poderes. E embora o partido seja o mesmo (PAIGC), a chefia do Governo estará nas mãos de uma pessoa muito competente, em quem deposito toda a minha confiança. Claro está que isso facilita o diálogo entre as instituições e eu enquanto chefe de Estado estarei atento, colaborante e dialogante, mas é ao Governo que compete governar. O meu papel como primeiro-ministro acabou e entendi que posso ser muito mais útil ao meu país na Presidência da República. É também por isso que me candidato.
Quem gostaria de ver suceder-lhe na chefia do Governo?
A escolha caberá aos meus camaradas do partido e os seus militantes. Como lhe referi, defendo a separação de poderes e quando for eleito chefe de Estado deixarei igualmente a liderança do PAIGC. O partido tem quadros competentes, com experiência, e o passado tem mostrado que, quando a hora chega, sabem não apenas escolher o melhor mas rodearem-se dos melhores. Não estou preocupado com a minha sucessão, estou optimista com o futuro do meu país.
Quais as suas prioridades para a Presidência?
Quero, acima de tudo, contribuir como elemento agregador e pacificador do meu povo. Serei o seu primeiro representante, no país e no exterior. Sei que a imagem externa da Guiné-Bissau reflecte uma realidade que não é a mais exacta e correcta. Os guineenses vivem tempos difíceis – um pouco como acontece em todo o mundo, incluindo Portugal – mas acredito que a nossa vontade como Povo vai superar os desafios que enfrentamos. Todos somos chamados a esta tarefa e eu, enquanto Presidente da República, tudo farei para que amanhã o meu povo possa viver melhor.
A oposição afirma que a sua candidatura é inconstitucional pelo facto de um primeiro-ministro não poder ser demitido por um Presidente interino, nem por poder alguém acumular os cargos de primeiro-ministro e Presidente. Como responde?
Essa é uma falsa polémica e uma falsa questão que está a ser trazida por alguns elementos da oposição para tentar incendiar a campanha e confundir o povo. O acesso de qualquer guineense ao mais alto cargo do país é constitucionalmente garantido. Irónico seria se isso não fosse permitido a alguém que ocupava até há pouco tempo a chefia do Governo. As instituições nacionais competentes já se pronunciaram pela legalidade da minha candidatura e até mesmo reputados constitucionalistas internacionais – como o Dr. Jorge Miranda – confirmaram a legalidade da minha candidatura. Estou sereno e confiante e sei que isto também não passa de manobras de alguma oposição, porque sabem que o PAIGC e eu próprio estamos em condições de vencer e logo à primeira volta.
Dados os conhecidos problemas com a actualização dos cadernos eleitorais, acredita estarem reunidas condições para uma eleição livre e justa?
Nesse aspecto, nós estamos à vontade. Fomos a primeira força política a apelar para que o prazo dos 60 dias fosse alargado para permitir que os cadernos eleitorais fossem actualizados e que fossem registados os novos eleitores. Será uma eleição livre e justa, com vários observadores internacionais a atestá-la, algo que sempre defendemos. Queremos olhar a Guiné-Bissau para o futuro e não estar presos ao passado. A 18 de Março há uma nova oportunidade para o país e para o seu povo e sabemos que esta não irá ser desperdiçada.
Dispõe de sondagens? A eleição poderá ficar resolvida à primeira volta?
Estamos muito confiantes que a 18 de Março a maioria dos eleitores vai escolher o PAIGC como força política mais votada e eleger-me como Presidente da República. As pessoas conhecem-me, conhecem o meu trabalho e a minha obra e os eleitores sabem que Carlos Gomes Júnior é o único candidato que lhes oferece a certeza de um futuro melhor.
Que palavras merecem os seus mais directos rivais Kumba Yalá, Henrique Rosa e Serifo Nhamadjo?
Eu respeito todos os candidatos. Quero fazer uma campanha pela positiva e estou a fazer essa campanha. Não entro em polémicas estéreis, mesmo quando criadas pelos meus adversários.
O país ainda não alcançou a desejada estabilidade. Como conta promovê-la na Presidência?
O poeta costuma dizer que o caminho faz-se caminhando. Hoje estamos melhores que ontem e amanhã estaremos melhores que hoje. Acredito que estas eleições serão determinantes, não apenas ao nível nacional mas também junto da comunidade internacional, para mostrar que a Guiné-Bissau caminha na senda do sucesso. E com o sucesso vem a estabilidade e a paz que todos queremos e desejamos.
Qual a sua relação actual com o CEMGFA António Indjai?
É uma relação cordial e de respeito.
Que balanço faz da colaboração angolana? Pretende vê-la reforçada?
Angola tem sido um bom amigo da Guiné-Bissau e esperamos e contamos com a sua leal colaboração. Sentimos que somos parceiros, unidos por um passado comum e com um futuro onde os dois, preservando as suas independências enquanto países, podem continuar a trabalhar nos vários domínios que até aqui temos desenvolvido. Queremos reforçar a cooperação internacional, não apenas com Angola, mas com todos os estados com os quais nos sentimos próximos e onde percebemos que os nossos objectivos são comuns.
Como é público, a Guiné-Bissau é hoje vista como um narcoestado por vários observadores externos. O que está a ser feito para alterar esta situação e que contributo conta prestar na Presidência?
A Guiné-Bissau tem desenvolvido um intenso combate a este flagelo e temos contado com o apoio das organizações internacionais. Temos determinação e temos vontade e o Governo que liderei deu um sinal claro nesse combate. Mas temos a consciência que estamos a lidar com um inimigo poderoso e sabemos que este não é um combate que vencemos sozinhos. Mas acredito que a comunidade internacional irá ajudar-nos a combater este flagelo.
Como se consegue ‘vender’ uma Guiné-Bissau com défice de imagem aos investidores estrangeiros?
Penso que aqui há duas palavra-chave: credibilidade e estabilidade política. Temos feito um esforço no sentido de consolidar as contas públicas e esse esforço tem tido resultados práticos e é reconhecido pelas instituições internacionais. Acredito que é uma questão de tempo até que novos investidores internacionais vejam que a Guiné-Bissau é um país de futuro e onde vale a pena investir.
Quais os grandes vectores para o desenvolvimento do país?
Continuamos a apostar na agricultura e nas pescas, que garantem a subsistência de inúmeras famílias guineenses. Mas não só. Acreditamos que o investimento estrangeiro será benéfico para o desenvolvimento da Guiné-Bissau. Há muito para fazer no país e estamos dispostos a arregaçar as mangas e trabalhar em conjunto com quem queira investir e apostar no futuro da Guiné-Bissau. Acreditamos que, com a estabilidade política e social, virão novas oportunidades de desenvolvimento.
Quais os maiores desafios?
Acima de tudo, acho que o maior desafio é o da estabilidade política e social no país. Assim que esta seja uma realidade que também seja percebida lá fora, da mesma forma que já é vivida e sentida pelos guineenses, acredito que a Guiné-Bissau se irá levantar. Temos o turismo para desenvolver, por exemplo, com o arquipélago dos Bijagós a ser um verdadeiro diamante em bruto para ser explorado. Outra das apostas vai ser o sector minério.
Como tem acompanhado a situação no vizinho Senegal?
O Senegal é um país irmão e tudo o que se passa no Senegal acaba sempre por afectar, directa ou indirectamente, a Guiné-Bissau. Temos boas relações de vizinhança com este país e pertencemos à mesma comunidade (UEMOA, União Económica e Monetária do Oeste Africano e CEDEAO, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e estamos sempre prontos a que tudo se faça para que entre vizinhos tudo corra bem. Acompanhamos com alguma preocupação o acto eleitoral que também decorre no país, mas sabemos que quem quer que seja que os senegaleses escolham será sempre um bom amigo da Guiné-Bissau. E isso para nós é o mais importante.
No quadro da Lusofonia, qual o estado das relações com Cabo Verde, Portugal e Brasil, e quais as expectativas para o futuro próximo?
Temos as melhores relações com os países que referiu e também com os nossos restantes irmãos lusófonos de Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e também com Timor-Leste. Acredito que todos juntos somos mais fortes e que o nosso passado e herança comum hoje liga-nos e identifica-nos no mundo. A CPLP está com um dinamismo extraordinário e orgulhamo-nos do trabalho que o guineense Domingos Simões Pereira tem estado a desenvolver. A língua Portuguesa tem força e voz no mundo. Trabalhamos juntos para que o futuro seja melhor e que nos possamos ajudar mutuamente.
Entrevista: Pedro Guerreiro
Jornal 'Sol', Lisboa
As presidenciais de 18 de Março podem também ser vistas como um referendo ao seu legado enquanto primeiro-ministro. Sente-se confortável com isso?
Não penso que estas eleições possam servir para julgar a minha actuação enquanto primeiro-ministro. Mas, se o eleitorado assim o entender, estou confortável com o legado que deixo enquanto primeiro-ministro. Apesar de alguns incidentes menores, como os ocorridos no final do ano passado, hoje a Guiné-Bissau vive um período de paz e estabilidade, reconhecido aliás não apenas pelos guineenses, mas também por diversas instituições internacionais.
As greves na administração pública repetem-se, e em Dezembro o país voltou a viver momentos de agitação militar. A Guiné-Bissau está hoje melhor do que quando a encontrou?
A Guiné-Bissau está hoje um país melhor, embora muito exista ainda para fazer. O meu Governo investiu muito na função social do Estado. Existiram aumentos salariais e registou-se uma subida do salário mínimo nacional. Existe hoje em dia um maior controlo da despesa pública, e o esforço que o País está a fazer é reconhecido pelas instituições internacionais. Repare, em quatro anos passamos de um crescimento negativo de - 2,8% para um crescimento positivo que oscila entre os 4,5% e os 5,2%. Tudo isso foi feito com muito esforço de todos. A agitação de que fala é residual e decorre de algo que temos vindo a resolver aos poucos. Queremos fazer uma reforma condigna da Segurança e das Forças Armadas que possa valorizar os nossos militares e dignificá-los enquanto pilar essencial da nossa sociedade, do nosso País e da nossa independência.
Pretende abandonar por completo a actividade executiva ou poderá a Guiné-Bissau vir a ter um Governo de iniciativa presidencial?
Eu acredito e defendo a separação de poderes. E embora o partido seja o mesmo (PAIGC), a chefia do Governo estará nas mãos de uma pessoa muito competente, em quem deposito toda a minha confiança. Claro está que isso facilita o diálogo entre as instituições e eu enquanto chefe de Estado estarei atento, colaborante e dialogante, mas é ao Governo que compete governar. O meu papel como primeiro-ministro acabou e entendi que posso ser muito mais útil ao meu país na Presidência da República. É também por isso que me candidato.
Quem gostaria de ver suceder-lhe na chefia do Governo?
A escolha caberá aos meus camaradas do partido e os seus militantes. Como lhe referi, defendo a separação de poderes e quando for eleito chefe de Estado deixarei igualmente a liderança do PAIGC. O partido tem quadros competentes, com experiência, e o passado tem mostrado que, quando a hora chega, sabem não apenas escolher o melhor mas rodearem-se dos melhores. Não estou preocupado com a minha sucessão, estou optimista com o futuro do meu país.
Quais as suas prioridades para a Presidência?
Quero, acima de tudo, contribuir como elemento agregador e pacificador do meu povo. Serei o seu primeiro representante, no país e no exterior. Sei que a imagem externa da Guiné-Bissau reflecte uma realidade que não é a mais exacta e correcta. Os guineenses vivem tempos difíceis – um pouco como acontece em todo o mundo, incluindo Portugal – mas acredito que a nossa vontade como Povo vai superar os desafios que enfrentamos. Todos somos chamados a esta tarefa e eu, enquanto Presidente da República, tudo farei para que amanhã o meu povo possa viver melhor.
A oposição afirma que a sua candidatura é inconstitucional pelo facto de um primeiro-ministro não poder ser demitido por um Presidente interino, nem por poder alguém acumular os cargos de primeiro-ministro e Presidente. Como responde?
Essa é uma falsa polémica e uma falsa questão que está a ser trazida por alguns elementos da oposição para tentar incendiar a campanha e confundir o povo. O acesso de qualquer guineense ao mais alto cargo do país é constitucionalmente garantido. Irónico seria se isso não fosse permitido a alguém que ocupava até há pouco tempo a chefia do Governo. As instituições nacionais competentes já se pronunciaram pela legalidade da minha candidatura e até mesmo reputados constitucionalistas internacionais – como o Dr. Jorge Miranda – confirmaram a legalidade da minha candidatura. Estou sereno e confiante e sei que isto também não passa de manobras de alguma oposição, porque sabem que o PAIGC e eu próprio estamos em condições de vencer e logo à primeira volta.
Dados os conhecidos problemas com a actualização dos cadernos eleitorais, acredita estarem reunidas condições para uma eleição livre e justa?
Nesse aspecto, nós estamos à vontade. Fomos a primeira força política a apelar para que o prazo dos 60 dias fosse alargado para permitir que os cadernos eleitorais fossem actualizados e que fossem registados os novos eleitores. Será uma eleição livre e justa, com vários observadores internacionais a atestá-la, algo que sempre defendemos. Queremos olhar a Guiné-Bissau para o futuro e não estar presos ao passado. A 18 de Março há uma nova oportunidade para o país e para o seu povo e sabemos que esta não irá ser desperdiçada.
Dispõe de sondagens? A eleição poderá ficar resolvida à primeira volta?
Estamos muito confiantes que a 18 de Março a maioria dos eleitores vai escolher o PAIGC como força política mais votada e eleger-me como Presidente da República. As pessoas conhecem-me, conhecem o meu trabalho e a minha obra e os eleitores sabem que Carlos Gomes Júnior é o único candidato que lhes oferece a certeza de um futuro melhor.
Que palavras merecem os seus mais directos rivais Kumba Yalá, Henrique Rosa e Serifo Nhamadjo?
Eu respeito todos os candidatos. Quero fazer uma campanha pela positiva e estou a fazer essa campanha. Não entro em polémicas estéreis, mesmo quando criadas pelos meus adversários.
O país ainda não alcançou a desejada estabilidade. Como conta promovê-la na Presidência?
O poeta costuma dizer que o caminho faz-se caminhando. Hoje estamos melhores que ontem e amanhã estaremos melhores que hoje. Acredito que estas eleições serão determinantes, não apenas ao nível nacional mas também junto da comunidade internacional, para mostrar que a Guiné-Bissau caminha na senda do sucesso. E com o sucesso vem a estabilidade e a paz que todos queremos e desejamos.
Qual a sua relação actual com o CEMGFA António Indjai?
É uma relação cordial e de respeito.
Que balanço faz da colaboração angolana? Pretende vê-la reforçada?
Angola tem sido um bom amigo da Guiné-Bissau e esperamos e contamos com a sua leal colaboração. Sentimos que somos parceiros, unidos por um passado comum e com um futuro onde os dois, preservando as suas independências enquanto países, podem continuar a trabalhar nos vários domínios que até aqui temos desenvolvido. Queremos reforçar a cooperação internacional, não apenas com Angola, mas com todos os estados com os quais nos sentimos próximos e onde percebemos que os nossos objectivos são comuns.
Como é público, a Guiné-Bissau é hoje vista como um narcoestado por vários observadores externos. O que está a ser feito para alterar esta situação e que contributo conta prestar na Presidência?
A Guiné-Bissau tem desenvolvido um intenso combate a este flagelo e temos contado com o apoio das organizações internacionais. Temos determinação e temos vontade e o Governo que liderei deu um sinal claro nesse combate. Mas temos a consciência que estamos a lidar com um inimigo poderoso e sabemos que este não é um combate que vencemos sozinhos. Mas acredito que a comunidade internacional irá ajudar-nos a combater este flagelo.
Como se consegue ‘vender’ uma Guiné-Bissau com défice de imagem aos investidores estrangeiros?
Penso que aqui há duas palavra-chave: credibilidade e estabilidade política. Temos feito um esforço no sentido de consolidar as contas públicas e esse esforço tem tido resultados práticos e é reconhecido pelas instituições internacionais. Acredito que é uma questão de tempo até que novos investidores internacionais vejam que a Guiné-Bissau é um país de futuro e onde vale a pena investir.
Quais os grandes vectores para o desenvolvimento do país?
Continuamos a apostar na agricultura e nas pescas, que garantem a subsistência de inúmeras famílias guineenses. Mas não só. Acreditamos que o investimento estrangeiro será benéfico para o desenvolvimento da Guiné-Bissau. Há muito para fazer no país e estamos dispostos a arregaçar as mangas e trabalhar em conjunto com quem queira investir e apostar no futuro da Guiné-Bissau. Acreditamos que, com a estabilidade política e social, virão novas oportunidades de desenvolvimento.
Quais os maiores desafios?
Acima de tudo, acho que o maior desafio é o da estabilidade política e social no país. Assim que esta seja uma realidade que também seja percebida lá fora, da mesma forma que já é vivida e sentida pelos guineenses, acredito que a Guiné-Bissau se irá levantar. Temos o turismo para desenvolver, por exemplo, com o arquipélago dos Bijagós a ser um verdadeiro diamante em bruto para ser explorado. Outra das apostas vai ser o sector minério.
Como tem acompanhado a situação no vizinho Senegal?
O Senegal é um país irmão e tudo o que se passa no Senegal acaba sempre por afectar, directa ou indirectamente, a Guiné-Bissau. Temos boas relações de vizinhança com este país e pertencemos à mesma comunidade (UEMOA, União Económica e Monetária do Oeste Africano e CEDEAO, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e estamos sempre prontos a que tudo se faça para que entre vizinhos tudo corra bem. Acompanhamos com alguma preocupação o acto eleitoral que também decorre no país, mas sabemos que quem quer que seja que os senegaleses escolham será sempre um bom amigo da Guiné-Bissau. E isso para nós é o mais importante.
No quadro da Lusofonia, qual o estado das relações com Cabo Verde, Portugal e Brasil, e quais as expectativas para o futuro próximo?
Temos as melhores relações com os países que referiu e também com os nossos restantes irmãos lusófonos de Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e também com Timor-Leste. Acredito que todos juntos somos mais fortes e que o nosso passado e herança comum hoje liga-nos e identifica-nos no mundo. A CPLP está com um dinamismo extraordinário e orgulhamo-nos do trabalho que o guineense Domingos Simões Pereira tem estado a desenvolver. A língua Portuguesa tem força e voz no mundo. Trabalhamos juntos para que o futuro seja melhor e que nos possamos ajudar mutuamente.
Entrevista: Pedro Guerreiro
Jornal 'Sol', Lisboa
sexta-feira, 9 de março de 2012
Para Istambul, com amor
As prestações dos dois atletas guineenses nos Mundiais de pista coberta em Istambul, na Turquia, "ficaram acima do esperado", confidenciou ao DC Renato Moura, o mais jovem presidente de uma federação de atletismo do mundo. Esta tarde, o atleta masculino Holder da Silva, ficou em 3º lugar na sua série (60 metros planos). Holder "perdeu o acesso às meias finais por apenas quatro centêsimos de segundo - correspondente a um piscar de olho", lamentou 'Papi' Moura.
Por sua vez, a atleta Graciela (400 metros) também ficou pelo caminho com o 4º lugar na sua prova (400 metros), e onde apenas duas de cada série seriam apuradas para as meias finais. As prestações foram definitivamente positivas até porque estamos nos Campeonatos do Mundo. Estão presentes 172 Países e cerca de 800 atletas nestes campeonatos.
Amanhã, após as meias finais e a final dos 60 metros masculinos, saber-se-á em que posição, na classificação geral, ficou o nosso atleta masculino. O presidente da Federação de Atletismo da Guiné-Bissau, Renato Moura, sonha alto: "Com toda a certeza ele estará posicionado nos vinte primeiros", disse ao editor do ditadura do consenso.
Por sua vez, a atleta Graciela (400 metros) também ficou pelo caminho com o 4º lugar na sua prova (400 metros), e onde apenas duas de cada série seriam apuradas para as meias finais. As prestações foram definitivamente positivas até porque estamos nos Campeonatos do Mundo. Estão presentes 172 Países e cerca de 800 atletas nestes campeonatos.
Amanhã, após as meias finais e a final dos 60 metros masculinos, saber-se-á em que posição, na classificação geral, ficou o nosso atleta masculino. O presidente da Federação de Atletismo da Guiné-Bissau, Renato Moura, sonha alto: "Com toda a certeza ele estará posicionado nos vinte primeiros", disse ao editor do ditadura do consenso.
Autópsia de um fim
Falta pouco mais de uma semana. Dia 18, cidadãos eleitores guineenses - não na proporção desejada, é claro - escolherão entre nove candidatos aquele que lhes inspira mais, digamos que, confiança. É óbvio, até para um invisual, a diferença de meios entre pelo menos dois candidatos, e os restantes sete. Mas, se não tens dinheiro, porque te metes então numa campanha, neste caso, presidencial? Da chacota não escaparás (mininus di Bissau ka ta tarda), e daí a tomarem-te por um tonto, é...
Dá pena ver alguns candidatos, a campanha que estão a fazer... E as poucas pessoas que tiverem o azar de cruzar com alguma dessa 'comitiva, sentem-se encurralados. Então, limitam-se simplesmente a ouvir, com a mão a suportar o queixo. Alguns candidatos ainda nem sequer foram ao interior do País. Andam - e é quando a força e a vontade o permitem - por alguns bairros periféricos de Bissau. Candidatos. Política a sério custa dinheiro. Muito dinheiro. Mas deve custar mais pensar que não se lutou. Portanto...
Não sei se alguma coisa vai mudar na Guiné-Bissau depois das eleições presidenciais, ou se haverá mesmo eleições. O que sei e não tenho dúvida alguma, é que nada mudará se não se impuser a ordem neste País! Primeiro, a ordem; depois, a Justiça. Sim, por esta ordem. E não custa perceber - se permanecer a desordem - o que nos vai cair em cima. Para alguns, muito poucos, nada; para muitos, um pouco mais, maiores dificuldades; para muitos mais, pobreza; e, para a esmagadora maioria do Povo guineense, a pobreza extrema. Perdemos o nacionalismo, não temos exemplo que nos empolgue. Temos um Povo sem alma, nú de espírito, baralhado da mente.
Por agora é a festa, mas o 'fim' está próximo. Por agora é mar de gente em todo o lado. As pessoas não se reconhecem, torna-se impossível saber onde acaba o passeio (quando houver, é claro) e começa o alcatrão (onde houver alcatrão, é óbvio). E faz calor. Uma corrente de gente que parece aumentar de volume até fazer explodir as praças onde assistirão aos 'showmícios'.
Festas à parte, o guineense comum está cansado. Não é que não lhe passe pela cabeça a palavra 'lutar'. Passa. E muitas vezes. Só que o guineense acomodou-se faz tempo. Não quer lutar pelo simples prazer que tem em pensar que lutar deve cansar muito - e para quê mesmo cansar um corpo que mal se alimenta e que é difícil arrastar para onde quer que seja? Será que é preciso um partido ultra-nacionaista para as coisas entrarem nos eixos? Seja. AAS
Dá pena ver alguns candidatos, a campanha que estão a fazer... E as poucas pessoas que tiverem o azar de cruzar com alguma dessa 'comitiva, sentem-se encurralados. Então, limitam-se simplesmente a ouvir, com a mão a suportar o queixo. Alguns candidatos ainda nem sequer foram ao interior do País. Andam - e é quando a força e a vontade o permitem - por alguns bairros periféricos de Bissau. Candidatos. Política a sério custa dinheiro. Muito dinheiro. Mas deve custar mais pensar que não se lutou. Portanto...
Não sei se alguma coisa vai mudar na Guiné-Bissau depois das eleições presidenciais, ou se haverá mesmo eleições. O que sei e não tenho dúvida alguma, é que nada mudará se não se impuser a ordem neste País! Primeiro, a ordem; depois, a Justiça. Sim, por esta ordem. E não custa perceber - se permanecer a desordem - o que nos vai cair em cima. Para alguns, muito poucos, nada; para muitos, um pouco mais, maiores dificuldades; para muitos mais, pobreza; e, para a esmagadora maioria do Povo guineense, a pobreza extrema. Perdemos o nacionalismo, não temos exemplo que nos empolgue. Temos um Povo sem alma, nú de espírito, baralhado da mente.
Por agora é a festa, mas o 'fim' está próximo. Por agora é mar de gente em todo o lado. As pessoas não se reconhecem, torna-se impossível saber onde acaba o passeio (quando houver, é claro) e começa o alcatrão (onde houver alcatrão, é óbvio). E faz calor. Uma corrente de gente que parece aumentar de volume até fazer explodir as praças onde assistirão aos 'showmícios'.
Festas à parte, o guineense comum está cansado. Não é que não lhe passe pela cabeça a palavra 'lutar'. Passa. E muitas vezes. Só que o guineense acomodou-se faz tempo. Não quer lutar pelo simples prazer que tem em pensar que lutar deve cansar muito - e para quê mesmo cansar um corpo que mal se alimenta e que é difícil arrastar para onde quer que seja? Será que é preciso um partido ultra-nacionaista para as coisas entrarem nos eixos? Seja. AAS
Subscrever:
Mensagens (Atom)