terça-feira, 15 de setembro de 2009
domingo, 13 de setembro de 2009
Cabral... Ka kê? Torossa...
Completaram-se ontem 85 anos do nascimento de Amilcar Lopes Cabral (12 de Setembro de 1924 – 12 de Setembro de 2009). Sou um cidadão guineense que sente um orgulho desmedido quando falo, sobretudo com estrangeiros, sobre a figura deste mítico chefe guerrilheiro do século XX, e insigne pensador.
Para o livro «O Fazedor de Utopias – Uma Biografia de Amilcar Cabral», do jornalista e antropólogo angolano António Tomás, o escritor e seu conterrâneo José Eduardo Agualusa, escreveu: «Tenho para mim que Amilcar Cabral foi uma das figuras mais interessantes do século XX, uma espécie melhorada (muito melhorada mesmo) de Che Guevara africano».
Agora, apresento-vos a obra-prima da estupidez extrema (humana e partidária!). Nas últimas eleições Legislativas, o PAIGC (‘dunus’ di Cabral) afirmava do alto da sua eterna ignorância, que a casa onde nasceu Amilcar Cabral iria transformar-se «num exemplo para o País, com as obras de reabilitação» que se seguiriam.
Quase dois anos depois (!) das promessas eu, António Aly Silva, fui ontem, dia 12 de Setembro verificar isto mesmo: nada, zero, niente foi feito! Ora vejam lá. AAS
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Memórias dos meus governantes tristes
A minha fortuita posição de cidadão, ainda por cima esclarecido, valeu‐me ter presenciado toda a nossa tragédia enquanto País desde 1980. E que tragédia vivemos! O ambíguo contraponto entre alguma ficção que aqui se tem escrito e a realidade que assistimos no dia‐a‐dia constitui o cerne do blogue Ditadura do Consenso. Coincidência? Nenhuma. Parecenças? Também não. Contentores de parecenças!
A precisão com que descrevo o presente envenenado que foi a nossa vida praticamente desde a independência, há 35 anos, a quase futurologia que teimo em não parar de fazer sobre o destino do nosso povo, e do nosso País; a frieza que o passado não pára de me trazer, surpreendendo‐me sempre, faz de mim um típico sobrevivente. Muito mais até do que aqueles que lutaram nas matas da Guine‐Bissau. Aliás, se repararem bem, as técnicas de sobrevivência do guineense são de tal forma impressionantes que fizeram com que me mantivesse vivo durante todo esse tempo – umas vezes era eu o espancado, outras vezes um espectador impotente.
Durante o fugaz período de dez anos ‐ uma década, portanto – os meus olhos assistiram a muita tragédia. Fotografei inúmeros cadáveres, alguns de amigos, suportando alguns olhares de espanto e outros de desprezo. Ainda hoje, alguns, poucos, arriscam um ou outro comentário. Passam ao lado. No entanto, algumas dessas pessoas esforcaram‐se, e de que maneira, para garantir que a Guine‐Bissau, 35 anos depois de proclamar a sua independência, continuará a ser um dos países mais pobres do mundo. Desanco‐os um dia destes...
E porque tudo o que aqui tenho escrito – e isto é muito importante – está impregnado de um espírito para além do trágico que me toca particularmente, por estar de certa forma muito próximo das coisas que os meus olhos viram, que são, para mim, o que os guineenses conseguem exprimir de mais parecido com o espírito das tragédias que temos presenciado com o credo na boca. Ah, e mesmo assim sem fazer nada. Isso é o que mais faltava! AAS
A precisão com que descrevo o presente envenenado que foi a nossa vida praticamente desde a independência, há 35 anos, a quase futurologia que teimo em não parar de fazer sobre o destino do nosso povo, e do nosso País; a frieza que o passado não pára de me trazer, surpreendendo‐me sempre, faz de mim um típico sobrevivente. Muito mais até do que aqueles que lutaram nas matas da Guine‐Bissau. Aliás, se repararem bem, as técnicas de sobrevivência do guineense são de tal forma impressionantes que fizeram com que me mantivesse vivo durante todo esse tempo – umas vezes era eu o espancado, outras vezes um espectador impotente.
Durante o fugaz período de dez anos ‐ uma década, portanto – os meus olhos assistiram a muita tragédia. Fotografei inúmeros cadáveres, alguns de amigos, suportando alguns olhares de espanto e outros de desprezo. Ainda hoje, alguns, poucos, arriscam um ou outro comentário. Passam ao lado. No entanto, algumas dessas pessoas esforcaram‐se, e de que maneira, para garantir que a Guine‐Bissau, 35 anos depois de proclamar a sua independência, continuará a ser um dos países mais pobres do mundo. Desanco‐os um dia destes...
E porque tudo o que aqui tenho escrito – e isto é muito importante – está impregnado de um espírito para além do trágico que me toca particularmente, por estar de certa forma muito próximo das coisas que os meus olhos viram, que são, para mim, o que os guineenses conseguem exprimir de mais parecido com o espírito das tragédias que temos presenciado com o credo na boca. Ah, e mesmo assim sem fazer nada. Isso é o que mais faltava! AAS
"Procurador-Geral da Republica foi exonerado"
É a noticia que eu gostava de ouvir nos proximos dias. Quem nao serve a Justiça deve, pura e simplesmente, desaparecer de cena (no bom sentido, bem entendido). AAS
Gaffe revolucionária exige desculpa de Estado!
A tomada de posse do Presidente da República, Malam Bacai Sanha, foi, para além de molhada, trapalhona. Então isto faz-se?
Convidaram o Rei de Marrocos e - pasme-se! - o 'presidente' da República Saaraui Democrática (um grupo de guerrilheiros revolucionários que luta contra Marrocos, esse sim um Estado soberano e reconhecido pelas Nações Unidas, por uma área de areia em pleno deserto).
Esta gaffe (ai, Protocolo de Estado) pode até dar lugar a um incidente diplomático com Marrocos, do qual os nossos ainda revolucionários podem sair bastante chamuscados. A 'quinta coluna' que ladeia o Presidente também não esta isenta de responsabilidades. O resultado de toda esta trapalhada ficou bem à vista de todos: o Rei Mohammed não veio para a posse; o subdito-revolucionário, sim. Ora essa! AAS
Convidaram o Rei de Marrocos e - pasme-se! - o 'presidente' da República Saaraui Democrática (um grupo de guerrilheiros revolucionários que luta contra Marrocos, esse sim um Estado soberano e reconhecido pelas Nações Unidas, por uma área de areia em pleno deserto).
Esta gaffe (ai, Protocolo de Estado) pode até dar lugar a um incidente diplomático com Marrocos, do qual os nossos ainda revolucionários podem sair bastante chamuscados. A 'quinta coluna' que ladeia o Presidente também não esta isenta de responsabilidades. O resultado de toda esta trapalhada ficou bem à vista de todos: o Rei Mohammed não veio para a posse; o subdito-revolucionário, sim. Ora essa! AAS
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
09.09.09 - Sobre a Vergonha
Pedro Verona Pires. Fixem este nome. O Presidente de Cabo Verde foi o unico chefe de Estado de lingua portuguesa que nos honrou com a sua presença na tomada de posse do Presidente eleito da Republica da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha.
É inadmissivel que continuemos a tolerar que nos humilhem: enquanto Estado, e enquanto Povo. Para nos lixarem a vida, tudo serve. Para comemorar, nem mandam a sombra... Obrigado, Comandante Pedro Pires. Esta é também uma parte da sua terra. AAS
É inadmissivel que continuemos a tolerar que nos humilhem: enquanto Estado, e enquanto Povo. Para nos lixarem a vida, tudo serve. Para comemorar, nem mandam a sombra... Obrigado, Comandante Pedro Pires. Esta é também uma parte da sua terra. AAS
terça-feira, 8 de setembro de 2009
E depois da posse...
... Volta tudo à estaca zero. Com a "reposiçao da ordem constitucional e democratica" (que merda de frase) ha ja quem faça figas para que tudo corra mal. Isto somos nos, guineenses, nascidos numa terra de guerreiros, ainda que gentios.
Tucidides escreveu que ha três coisas que empurram os homens para a guerra: A honra, o medo e o interesse proprio (resta-nos esta hipotese, infelizmente).
... E agora, Nobas di aonti:
Ontem, fui jantar fora (tenho para mim que quem quer comida caseira...come em casa. Este assunto parece arrumado). Adiante.
Ao jantar, um ministro nosso apresentou-me a outro ministro, nao nosso, dizendo: "Este aqui é um jornalista, dos perigosos". O ministro, aquele que nao é nosso, apertando-me um bacalhau daqueles, retorquiu calmamente: "Mas perigoso porquê? Deixem o homem escrever, desde que diga as verdades". Sorrimos. Eu, os ministros e mais dois convivas.
Depois do jantar, nas despedidas, outra revelaçao do ministro, daquele que nao é o nosso: "Olhe, o Presidente (o dele) nao para de me telefonar desde que cheguei a Bissau (tinha dois Nokia communicator pousados na mesa). E ironizou: "queria saber se estou a ser bem tratado e se nao me puseram hospedado numa casa de palha"...
O nosso ministro saiu-se muito bem (eu nao esperava outra coisa mesmo). Ah, e que bem que se come no restaurante da Residencial Coimbra. AAS
Tucidides escreveu que ha três coisas que empurram os homens para a guerra: A honra, o medo e o interesse proprio (resta-nos esta hipotese, infelizmente).
... E agora, Nobas di aonti:
Ontem, fui jantar fora (tenho para mim que quem quer comida caseira...come em casa. Este assunto parece arrumado). Adiante.
Ao jantar, um ministro nosso apresentou-me a outro ministro, nao nosso, dizendo: "Este aqui é um jornalista, dos perigosos". O ministro, aquele que nao é nosso, apertando-me um bacalhau daqueles, retorquiu calmamente: "Mas perigoso porquê? Deixem o homem escrever, desde que diga as verdades". Sorrimos. Eu, os ministros e mais dois convivas.
Depois do jantar, nas despedidas, outra revelaçao do ministro, daquele que nao é o nosso: "Olhe, o Presidente (o dele) nao para de me telefonar desde que cheguei a Bissau (tinha dois Nokia communicator pousados na mesa). E ironizou: "queria saber se estou a ser bem tratado e se nao me puseram hospedado numa casa de palha"...
O nosso ministro saiu-se muito bem (eu nao esperava outra coisa mesmo). Ah, e que bem que se come no restaurante da Residencial Coimbra. AAS
So para chatear
A juntar ao corrupio criado à volta da tomada de posse de Malam Bacai Sanha, so faltou mesmo o directo televisivo. Ah, pois, mas se fosse a paupérrima taça Amilcar Cabral la vinha um carro de exteriores desde Angola. Que falta que faz 'Nino' Vieira numa altura destas... N'punta nam dê!... AAS
Pose para a chuva
Ali esta ele de novo: o tempo nao da descanso a ninguém. A tenda instalada no estadio 24 de Setembro, apesar da carga de agua, esta tao quente, tao quente que os convidados nao param de se socorrer dos convites para se abanarem. Por falar em abanar, Pedro Pires, acabadinho de aterrar e chegado de fresco ao estadio...quase foi 'abananado' numa confusao entre seguranças dum e doutro lado. O comandante até tirou os oculos nao va o diabo tecê-las...
- A Radio Nacional esta a ser uma vergonha a todos os niveis (as outras radios também. Kapli ka tem!). Comentarios despropositados, descabidos, uma asneirada tal. Punheticies do costume...
- Nigéria abanou Bissau com dois senhores avioes! Um trouxe a 'escumalha'; no outro, a S. Exa., o Presidente. AAS
- A Radio Nacional esta a ser uma vergonha a todos os niveis (as outras radios também. Kapli ka tem!). Comentarios despropositados, descabidos, uma asneirada tal. Punheticies do costume...
- Nigéria abanou Bissau com dois senhores avioes! Um trouxe a 'escumalha'; no outro, a S. Exa., o Presidente. AAS
Pubis modja iop!
A posse de Malam Bacai Sanha, hoje, podemos dizer, vai ser de arromba: mais de 80 viaturas, centenas de convidados, e...a chuva! Manga di tchuba, pa laba bo cabeça, pa limpa kil mufunessa ku na durmi ba... Alias, chegou-me via telefone, através do meu enviado especial no estadio 24 de Setembro, que ha mais chapéus de chuva do que propriamente gente. Tchuba tchubi i modja Bissau iop! Bom, mas como sao todos lavradores, djitu tem ku tem. AAS
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Alo, daqui posto de comando
Calma, n'bé, anta bo ka kustuman nan?
Bom, era so para desejar ao meu amigo, e camarada das trincheiras de Gadamael (n'disdja luta!), Sua Excelência quase-quase Presidente da Republica da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha, boa sorte para amanha e para os outros amanhas que virao.
Ao Governo, que dê ouvidos ao Presidente da Republica; aos militares, que nao metam o bedelho onde nao sao chamados. Nunca. Nunca mais! Tenho dito. AAS
Bom, era so para desejar ao meu amigo, e camarada das trincheiras de Gadamael (n'disdja luta!), Sua Excelência quase-quase Presidente da Republica da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha, boa sorte para amanha e para os outros amanhas que virao.
Ao Governo, que dê ouvidos ao Presidente da Republica; aos militares, que nao metam o bedelho onde nao sao chamados. Nunca. Nunca mais! Tenho dito. AAS
sábado, 5 de setembro de 2009
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
A liberdade, essa conquista!
"Ola Aly,
Parabéns pela coragem de escrever sobre os ausentes à força (Liberdades que valem mil prisoes). Coragem porque nos falta a coragem para ouvir verdades, e coragem para ouvir ideias contrarias às nossas. Estou com saudades dos bate-papo com ideias diferentes. Para quando?
Abraço, MR"
- Ola, MR
Obrigado pela coragem também. O café ja esta à espera. Outro abraço. Aly
Parabéns pela coragem de escrever sobre os ausentes à força (Liberdades que valem mil prisoes). Coragem porque nos falta a coragem para ouvir verdades, e coragem para ouvir ideias contrarias às nossas. Estou com saudades dos bate-papo com ideias diferentes. Para quando?
Abraço, MR"
- Ola, MR
Obrigado pela coragem também. O café ja esta à espera. Outro abraço. Aly
Lebssimenti di manpassada
De cada vez que ha uma tomada de posse, seja la do que for, é ver todo o mundo a suar que nem um condenado. Ha, de facto, duas coisas que agitam o sangue na veia ou na guerla de qualquer guineense: eleiçoes e tomadas de posse (normalmente, na Guiné-Bissau, as tomadas de posse sao sempre porque um 'desconhecido' matou um conhecido de todos nos).
E a tomada de posse que se seguira - agora, sine die, foi por causa do quê mesmo? Acertaram: foi porque um 'grupo desconhecido' decidiu estragar-me a noite (que falta de respeito do catano!) matando um Presidente da Republica eleito e em funçoes quase nas minhas barbas.
Ah, e a tomada de posse (posse?! Di kê propi?!) la nos fez ferver o sangue: toca a tapar os buracos na lua, perdao, nas estradas por onde os convidados (aposto aqui que nenhum chefe de Estado em pleno gozo das suas faculdades mentais vira para a festa...guerr matchu ta bin lanta na gassali tchon, na kebra ramo, na fertcha pedra...).
E à falta de alcatrao, toca a encher cimento nos buracos. Agora, temos estradas negras com manchas brancas. Tudo isto, num pais cinzento. Pas mal, pas mal. AAS
E a tomada de posse que se seguira - agora, sine die, foi por causa do quê mesmo? Acertaram: foi porque um 'grupo desconhecido' decidiu estragar-me a noite (que falta de respeito do catano!) matando um Presidente da Republica eleito e em funçoes quase nas minhas barbas.
Ah, e a tomada de posse (posse?! Di kê propi?!) la nos fez ferver o sangue: toca a tapar os buracos na lua, perdao, nas estradas por onde os convidados (aposto aqui que nenhum chefe de Estado em pleno gozo das suas faculdades mentais vira para a festa...guerr matchu ta bin lanta na gassali tchon, na kebra ramo, na fertcha pedra...).
E à falta de alcatrao, toca a encher cimento nos buracos. Agora, temos estradas negras com manchas brancas. Tudo isto, num pais cinzento. Pas mal, pas mal. AAS
Nao posse!
Bacai Sanha, eleito Presidente da Republica, ja nao toma posse a 8 de Setembro. Motivo? So o PR tem cerca de 200 convidados, ainda que nem um avo va aparecer. Na Assembleia, nao caberao duzentas almas. No estadio 24 de Setembro, sim, mas ha a questao chuva. Assim, nao posse! AAS
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