segunda-feira, 30 de março de 2009

Pela primeira vez estou de acordo com Francisco Fadul. Assim, sim! (*)

(*) Só é pena que Francisco Fadul tenha falado como "Embaixador da Paz" das Nações Unidas. Bom, mas como anda tudo nervoso, se calhar foi melhor assim...AAS

60 dias são 60 dias são 60 dias

É uma afronta! O primeiro-ministro, Carlos Gomes Junior, quer, à viva força, modificar o texto da nossa Constituição. Ela diz que a eleição presidencial deve ocorrer "num prazo de 60 dias". Nem mais um, nem menos um dia. E começou a contar desde 02 do corrente...

Temos de parar com aquela mesquinhice crónica: a de não nos importarmos com quem nos governa, mas tendermos a ser implacáveis com quem concorre a governar-nos. Pelos vistos tem sido assim há 35 anos. E ainda nada mudou. Porém, e desta vez, ninguém muda nada! Este País não é quintal de ninguém. Se o Governo não pode e está sem rumo, que saia. Rua!!! Ha quem possa.

P.S. 1 - Hoje, a CPLP falou no hipotético envio de uma força militar para a Guiné-Bissau. Espero que seja para proteger os cidadãos guineenses, pois não ha político que mereça tal força...

P.S. 2 - Pela primeira vez (há sempre uma primeira vez para tudo) cruzei-me de frente com o Presidente da República interino. Afinal, tem tanta escolta como o presidente assassinado: Segurança do Estado, militares e Polícia de Intervenção Rápida. Tudo numa caravana de 6 carros. AAS

Calma. Ainda estou em liberdade - ainda que provisória (ou será condicional?)...

Hoje, recebi muitos telefonemas: "Ouvi dizer que te foram prender". Que nada, eu estou aqui. Encostei o carro, circulo a pé, atento a cada ronco de motor. Uma coisa é certa: não mais andarei escondido e não temo nada! Nem militares, nem políticos, nem 'angolanos', nem 'aguentas'.
A ser verdade que me vão prender hoje, eles que venham. Mas com respeitinho, e de preferência que seja num dos 13 Citroen C5 que o Khadaffi mandou oferecer à tropa. Mas alguém dispensa mesmo o ar condicionado com uma temperatura destas?... AAS

Comunidade Internacional - Um tumor na vida da Guiné-Bissau

As nossas crises resolvem-se sempre fora do nosso País? Óptimo! É o chamado círculo vicioso: uma sucessão, geralmente ininterrupta e infinita, de acontecimentos e consequências que resulta sempre numa situação que parece sem saída e sempre desfavorável a todos. O ponto de partida e a conclusão, carecem de demonstração. Um é demonstrado pelo outro, formando assim um círculo. Vicioso.

Mas, para além de nós, guineenses, há algo que nos tem dificultado (ainda mais) a vida e que se chama - acertaram! - COMUNIDADE INTERNACIONAL. Nome pomposo, cheio de estilo, e que não faz por esconder os vícios: exibe-os. Um tumor na vida do nosso País é o que é, e como qualquer tumor que se preze precisa ser removido. E rapidamente.

- A Gâmbia, por exemplo, pode explicar-nos a razão de tanto vai vem de políticos e militares? O que é que a Gâmbia pensa que é mesmo?

- Portugal, sinceramente, nunca gostou de nós, mas fala em nosso nome como se para tal fosse mandatado. Podemos trocar: Luís Amado - «A Guiné-Bissau perdeu o rumo há muito tempo...» - vem para cá como ministro dos Negócios Estrangeiros, Adiatu Nandigna vai para Portugal como...eu sei lá! E voltam a trocar, mas só depois da crise (que é como quem diz daqui a uma eternidade e mais... seis meses).

- À Líbia, do beduíno, pergunto: Para quê enviar 13 (lá está o número do azar) viaturas para a tropa, ainda por cima automóveis? Eles deviam era pedir 13 Hummer. Estilo.

COMUNIDADE INTERNACIONAL: Já perdemos quase tudo neste País, mas estamos decididos a manter a nossa dignidade, nem que tenhamos que enfrentar exércitos inteiros, deste e doutro mundo. AAS

Fresco que nem uma alface; Rijo que nem um fuso

Depois de três dias de ausência, cá está de novo o pesadelo de algumas pessoas. Não, não fugi, nem me amedrontei (perguntaram-me isso mesmo em alguns e-mail). Quem me conhece sabe que não fujo às guerras (aliás, estou comprador...).

O problema é que, por motivos óbvios, de 'força maior' desapareci da circulação. E como se tudo isto não bastasse - por cima da queda, o coice - a internet móvel ficou sem pio, há já três dias. Ai, MTN...

A partir de agora: NÃO voltarei a dormir fora de minha casa. Não e não!

Djinti garandi ka ta kurri. Nô ta burgunho ma nô ka ta medi!

'Não desanimar'

"Força e não desanimes. A Guiné-Bissau está a necessitar de várias pessoas com coragem para dizerem realmente o que se passa neste País.

G. Silva
"

"A verdade prevalecerá"

"Caro Aly,

Meu nome é Boaventura Santy, estudante guineense em Brasil. Tenho acompanhado o teu ótimo trabalho através do seu blog, tou escrevendo para me solidarizar com você que é o minimo que posso fazer nessa altura.

Sei que deves ouvir muito isso mas nunca é demais elogiar um trabalho bom por isso te digo que estás de parabéns por resgatares a fraca esperança e um pouco de dignidade que ainda não nos tiraram e que não vamos deixar que nos tirem.

O Seu trabalho me faz lembrar o nosso saudoso Amílcar Cabral que contra tudo e todos levantou a bandeira da resistência e mudou o a história do nosso país, de Cabo Verde e da África em geral. Portanto muita força e coragem.

Conseguimos nos libertar de mais de 500 anos de dominação e servidão portuguesa, conseguiremos nos libertar do jugo desses sanguessugas!!! A verdade prevalecerá

"Cabral pensa él cu manda Cabral murri"(Mama Djombo)
"

sexta-feira, 27 de março de 2009

A clandestinidade é romantica; o meu trabalho, uma merda. Ninguém percebe patavina! AAS

Pedro Infanda encontra-se hospitalizado. AAS

Ministério Público mantém Infanda na prisão

Depois de ontem ter sido entregue ao Ministério Público, pelo EMGFA, o advogado Pedro Infanda viu este aplicar-lhe a mais dura das medidas: a prisão preventiva. O advogado do acossado ex-Chefe do Estado Maior da Armada, entrou ainda com um pedido para deixar de patrocinar Bubo Na Tchuto, que se encontra há vários meses na vizinha República da Gâmbia. Pedro Infanda está detido numa das celas da 1a Esquadra de polícia, no centro da cidade de Bissau. AAS

Para o Mundo

O nosso País - a Guiné-Bissau - está praticamente em guerra!


O Governo guineense não diz uma palavra que seja sobre o que está a acontecer neste País. Foge a sete pés no parlamento quando lhe cheira que o assunto é a classe castrense. E nós? Nós vimos bazucas e AK 47 diariamente, somos revistados de uma ponta à outra e humilhados. Andamos 5 quilómetros e parece que já estamos a atravessar a fronteira para o Senegal... As pessoas estão a ser presas arbitrariamente, são assustadas, quiçá espancadas, agredidas de todas as formas, e o Governo nem pia!!!

Vivemos num País assente sobre um vulcão!

A comunidade internacional tem de agir, e já! Há que acabar com os desmandos, as provocações, o mostrar a força. Se isto continuar assim, o povo guineense endossará uma boa parte das responsabildades à própria comunidade internacional - que não está a ser justa em todo este processo. Andam todos na negociata, como se estivéssemos na 'City'.

A noite de ontem, não foi seguramente das minhas melhores noites. Nem a madrugada - que ainda nem a meio vai - está a ser. Ontem, por diversas vezes, gentes 'visitaram' a minha residência na Rua de Angola. Alertado por meia dúzia de chamadas (uma delas do estrangeiro), procurei proteger-me da melhor maneira. Percorri, a pé, correndo sérios riscos, grande parte da escuridão de Bissau para me salvaguardar. Consegui recuperar o computador e outras coisas. Enfim, o indispensável. E até agora...

Por isso, pensei que talvez fosse melhor deixar aqui algumas considerações.

Se as 'visitas' foram por causa do post:

Advogado Pedro Infanda terá morrido na prisão. AAS

# posted by Oremos @ 3:54 PM
- a língua portuguesa dá-me razão: o termo «terá» não é nem sim, nem não; é ficar na dúvida. E a verdade é que toda a Guiné-Bissau falou no assunto. Mas como não têm lugar para todos na cadeia, perseguem o mensageiro. Para o calar, pensando que calarão todo um povo. Mas não.

Se, por outro lado, for pelo post:

+ um na cadeia da tropa - bom, a verdade é que Pedro Infanda esteve mesmo numa unidade militar, preso numa cela fria (não foi lá como convidado para o jantar, portanto). Isto foi confirmado por Zamora induta, hoje proposto para CEMGFA.

Posto isto, pergunto:

Por que me 'visitaram', então? Se um dia nos encontrarmos, é a primeira e única pergunta que vos farei. AAS


P.S.:

Ao Dr. Pedro Infanda,

Eu, e o pacífico povo da Guiné-Bissau respiramos de alívio ao saber - apesar de toda a contra-informação que percorreu, em 24 horas, esta cidade triste e assustada - que está VIVO.

Peço-lhe desculpas pelos danos que eventualmente tenha causado.
Juntos, eu, você e muitos milhares de guineenses indignados continuaremos a luta pela Justiça e pela nossa dignidade. Com coragem, pois, segundo Charles Peguy liberdade é um sistema baseado na coragem
.

Com estima,

António Aly Silva

“Encostem-me a uma parede e disparem”

Março 5, 2009 at 4:54 pm | In Media & Jornalismo, Política |


Vale a pena conhecer um blogue interessante, de um jornalista da Guiné-Bissau, que, apesar do conturbado momento político que se vive no país, tem coragem para aceitar que o espírito seja mais forte do que o corpo, dizendo tudo o que lhe vai na alma. De nome controverso, o blogue Ditadura do Consenso é editado por António Aly Silva, que traz uma mensagem forte no seu cabeçalho: “a dignidade de uma pessoa pode ser atacada, vandalizada, cruelmente posta a ridículo, mas não pode ser-lhe tirada, a menos que a ela renuncie”.

António Aly Silva é um jornalista da Guiné-Bissau, uma pessoa frontal, que diz as coisas que pensa e não tem medo de enfrentar a crítica e o próprio ‘ferro’ (que nos tempos da escravatura servia para amarrar nele os escravos quando iam ser castigados e hoje serve para uns matarem os seus concidadãos). Respondendo frontalmente às perguntas de um jornalista da TVI, António Aly Silva viu-se confrontado com a seguinte pergunta: “não tem receios por dar esta entrevista e por dizer tudo o que aqui disse”? Desafiando tudo e todos, responde: “nenhum! Encostem-me a uma parede e disparem".

quinta-feira, 26 de março de 2009

Rectificação de notícia: Advogado Pedro Infanda, afinal, está vivo. AAS

Kumba Ialá pronto para combates políticos

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O ex-presidente da Guiné-Bissau e líder do Partido da Renovação Social (na oposição), Kumba Mohamed Ialá, vai regressar ao seu país para enfrentar os próximos combates políticos.

A residir actualmente no Senegal, após uma longa estadia em Marrocos, Kumba Ialá afirmou que está "a arrumar a casa" para concorrer às próximas eleições presidenciais antecipadas, um facto que "só dependerá do partido", pois afirma-se "disponível".

Na capital senegalesa, Dacar, o ex-Chefe de Estado guineense tem acompanhado a situação política e militar do seu país e considera que é "utópico" realizar eleições presidenciais antecipadas no prazo previsto na Constituição.

"Objectivamente não há condições para se realizar o recenseamento e todo o processo de preparação. Isso pode levar, no mínimo 40 e tal dias. Objectivamente as condições para as eleições são utópicas", sustentou. Kumba referiu ainda que está a "estabelecer contactos políticos" no exterior e também a buscar meios para arrumar a casa para o embate político.

Advogado Pedro Infanda terá morrido na prisão. AAS