terça-feira, 2 de novembro de 2010

Todos os mortos

Pouco antes de falecer, o meu Pai deixou este poema escrito. Hoje, dia de Todos os Santos, partilho-o com todos.

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O meu Pai é o que está de frente, em tronco nú



Meu Sofrimento, Minha Penúria (Desabafo de um Arrependido)

Que mal te fiz que me atormentas (sei)
Que razões tens para me castigares (sei)
Que direito te assiste para ser teu escravo (também sei)
Diz-me, oculto vingador!
Deixei de ouvir a sinfonia de viver
Deixei a alegria de lado por muito que sei que sofreste!

Sofrendo vou buscando um alento com a esperança de continuar a viver
Esperança que considero cada dia mais escassa, pois cada dia meu mal se agrava!

Esquece, por favor oculto vingador, tanta veleidade
Tanta euforia, tantos desenganos e desencantos que
De mim fizeram de ti implacável inimigo!
Esquece o ajuste de contas, as represálias, a vingança

Vingador oculto, perdoa-me e olha que ainda permanece
Em mim ânimo e coragem de continuar a viver embora
Num corpo alquebrado pelo peso da idade mas de espírito são em mente sã´!
Prometo-te que serei outro!!!

Bissau 12/11/2000

Carlos Alberto Rodrigues da Silva (Beto)
Nascido a 19 de Setembro de 1939 / Falecido a 14 de Maio de 2001


Do meu Pai, recordo apenas um homem culto e inteligentíssimo. Eterna saudade, Pai. AAS