domingo, 25 de julho de 2010

Muito comovido, e agradecido

Hoje, recebi uma chamada de um membro da comunidade guineense no Canadá, convidando-me para uma visita a este grande País a fim de ser homenageado pelos meus conterrâneos.

Fiquei bastante comovido, e agradeci do fundo do coração este convite de que não estava nada à espera. A homenagem será em Outubro próximo. E eu lá estarei. Muito obrigado aos meus irmãos que vivem no Canadá. AAS

CPLP na Praça da Figueira

A CPLP comemora o seu XIV aniversario com uma festa de arromba, hoje, na 'nossa' Praça da Figueira, em Lisboa. Bonga, Toque de Classe, EDDU, Ancha, Akunamatata, Cremilda, Bei Gua e o grupo Super Mama Djombo animarão as hostes. Hoje, as 16:30h. Eu não vou faltar. AAS

JORNALISTA DO ANO 2010 NA GUINÉ-BISSAU


Caro Aly!

Venho através deste meio ultra moderno de comunicaçao para desejar-lhe umas boas e merecidas férias ao lado dos seus familiares, amigos, queridos, fãs e ex-colegas e amigos da batalha.

Ciente do quanto é difícil ser jornalísta num país e continente ainda com muito por fazer, queria em poucas palavras dizer que sou um teu acompanhante quotidiano, aliás uma janela que me permite inteirar in loco dos problemas mais actualizados da nossa querida e amada pátria, GUINÉ-BISSAU.

A forma simplicista em jeito dum cronista/jornalista como narras os episódios informativos e formativos das actualidades guineense em particular e universal em geral, num cenário de trabalho nefasto em todos as vertentes, fazem de vossa Excia, no meu ponto de vista, merecedor dum reconhecimento Nacional e Internacional, devendo para o efeito ser-lhe atribuído o prémio de JORNALISTA DO ANO 2010 na GUINÉ-BISSAU.

A base do meu reconhecimento assenta na naraçao do caso 01 e 02 de março de 2009, 01 de abril de 2010, denúncia do caso da C.N.E.-COMISSAO NACIONAL DE EMPREITADAS, Por ser o 1º a publicar a célebre carta DO ESTADO MAIOR DAS F.A.R.P. contra ZAMORA INDUTA, da sua recente viagem-terror à Gâmbia e a denúncia PREVENTIVA (já que ajudou a prevenir o mal maior para a GUINÉ-BISSAU) sobre o eventual PEDIDO DE DEMISSAO DO 1º MINISTRO Carlos Gomes Junior aquando da sua convalescença em PORTUGAL.

Para terminar deixo aqui o pedido para que CONTINUES O ÁRDUO TRABALHO JORNALISTICO NA GUINÉ-BISSAU e também que tentes avistar e fazer as pazes com o nosso grande e querido amigo Didinho.

Por hoje fico por aqui fortes abraços.

MAMADÚ B. BALDÉ, Eng.º Civil, Mestrando em Eng.ª Civil-Contrucçao pela U.ÉVORA e Empresário de Construçao e Comércio.


Obrigado, amigo. Terei em conta tudo o que escreveu. Abraços e boa continuação. Aly

Nenhuma doença foi curada sem um bom diagnôstico, ninguém nunca passou sobre uma ponte que nunca foi construída

"Olá Aly Silva,

Parabéns pela tua convicção, coragem e determinação. Em suma, pelo teu profundo senso patriótico.

Certamente que nos cruzamos na Guiné durante as minhas viagens de trabalho e prospecção cultural, sem saber quem tu "eras" - as minhas desculpas. Isto confirma bem que a ignorância é um dos inimigos do homem.

Apesar de musicalmente silencioso, pois desde a saída do meu último album Simbioses em 2004, nada mais fiz. Quero com este gesto manifestar-te não só o meu apoio, mas também dizer-te que contigo venho dar a minha contribuição militante, pelo, e para o encorajamento e o reconforto dos nossos compatriotas.

Como tenho dito: a formação e o diploma, são instrumentos necessários, mas insuficientes, se com eles não estão: a prática embebida de convicção própria, da perseverança e do sentido de responsabilidade que cada um de nós tem, face ao favor que a nossa nascença nas terras da Guiné-Bissau nos fez, e se com eles também não está, a noção da responsabilidade que envolve um título, face ao potencial do nosso país.

Também costumo dizer ainda que: um título é uma função, e não um simples objecto de decoração. Para além do seu valor jurídico, um título é para mim, um veiculo a motor com capacidades e potencias incomensuráveis. Tudo depende do seu piloto. Infelizmente na nossa querida e infinitamente amada, mas tão martirizada Guiné-Bissau, demos títulos à individuos que nunca incarnaram a problemática digna e merecida do Povo guineense.

Até aqui, todos têem pautado exclusivamente, no capital monetário e financeiro, deixando completamente nas valas, o capital e o valor incontestável que é a CULTURA. Ora, o que tu tens estado a fazer, e que está dando coragem e esperanças aos nossos irmãos, é, simplesmente, a meu ver, uma das disciplinas da CULTURA.

Caro Aly Silva! Tudo o que acima disse, pode parecer vago e talvez mesmo, como uma pretenção teórica. Estamos longe de tudo isso. Mas neste primeiro contacto, a ética nos é imposta. Ofereço-te assim, toda a minha amizade e disponibilidade para que, com outros guineenses que como tu, labutam para o crescimento harmonioso da Guiné-Bissau, partindo da sua "coluna vertebral" a CULTURA, façamos caminho juntos.

Nenhuma doença foi curada sem um bom diagnôstico, ninguém nunca passou sobre uma ponte que nunca foi construída. Este é o paradoxo ridículo no qual os nossos sucessivos dirigentes se inscrevem obstinadamente, apesar dos repetidos insucessos.

Sem mais, deixo-te estas palavras, esperando que te dêem mais oxigénio para a continuidade do combate, e toda a afeição do irmão e companheiro da luta cultural.
Sidónio Pais
Sidó de Capa Negra
"

Grande Sido, palavras para que? Falou o artista que o homem projectou! Amigo, que Deus te proteja e te dê a força que todos precisamos. Aly

sábado, 24 de julho de 2010

Radios comunitarias: Um instrumento de luta contra a pobreza e a exclusão social na Guine-Bissau

Por: Adão Nhaga

Guineense Actualmente Residente em Espanha

Ex-Secretário Executivo da RENARC – Rede Nacional das Rádios Comunitárias da Guine Bissau


Com a liberalização económica, a sociedade civil da Guiné-Bissau apostou numa mudança de atitude política do Estado e dos cidadãos por forma a encontrar novas formas de organização social que implicassem mais os cidadãos no processo de desenvolvimento, apostando na sua capacidade e criatividade individual, no surgimento de estruturas descentralizadas que evitassem que o poder político e económico fossem monopolizados e manipulados, concentrando-se nas mãos de uma minoria que dificulta ou impede o acesso do cidadão à livre expressão das suas opiniões.

A Guine Bissau, especialmente notada pela instabilidade dos últimos anos, é, em matérias, apontado como um modelo para outros países lusófonos, que vem a Bissau colher a experiências de 28 rádios comunitárias hoje existente no pais cobrem praticamente toda a população.

As rádios comunitárias surgem como um dos meios mais importantes para fazer ouvir a voz dos cidadãos não só enquanto pessoas individuais como também enquanto integradas em associações profissionais de defesa dos seus interesses específicos e das comunidades de base, rurais em especial. O cidadão deixa de ser só um ouvinte para passar a ser um interveniente activo na discussão dos problemas nacionais, libertando-se a si próprio e ganhando gradualmente um estatuto de cidadania.

As rádios comunitárias, têm-se revelado um instrumento incontornável para introduzir uma linguagem mais acessível e directa junto das comunidades em que está inserida, falando dos seus problemas concretos, dando voz às suas preocupações e desejos, respeitando a diversidade étnica e fazendo que todas as pessoas se reconheçam nelas. O acesso é aberto e fácil. Os programas respeitam as prioridades e interesses das diferentes camadas sociais, em especial as mulheres, os jovens e os agricultores.

Elas aparecem como um instrumento privilegiado para a transmissão de mensagens que reforçam a consciência das populações nos seus direitos enquanto cidadãos e nos seus deveres para com o interesse colectivo, promovendo assim uma melhor compreensão do que é a democracia, das modalidades do seu funcionamento e das suas vantagens enquanto factor de desenvolvimento, assumindo-se como determinantes para o empoderamento das comunidades locais.

A primeira rádio comunitária da Guiné-Bissau, a Radio Voz de Quelele, surge em 1994, num bairro pobre da cidade de Bissau sendo fortemente contestada pelo poder político que na altura a mandou encerrar antes das primeiras eleições legislativas multipartidárias de 94. Outras foram surgindo, a Rádio Kasumai (1995), a Rádio Lamparam (1996), assim como a DjanDjan, a Waquilara, a Forréa, a Djalicunda, a Mindara, a Rádio Escolar EVA e outras.

Nos ultimos anos as mulheres rurais têm vindo a protagonizar um importante movimento associativo no campo, especialmente através da criação de agrupamentos e associações à volta de interesses económicos e sociais comuns, cujo impacto é já reconhecido por todo o país.

No quadro do processo de descentralização as associações de base de mulheres têm vindo a conquistar um maior espaço de afirmação e intervenção local, no sentido de marcar pela positiva as políticas de implementação das estruturas de funcionamento municipal, as opções de desenvolvimento regional e os programas prioritários.

As mulheres têm vindo a assumir um maior poder combativo a partir das suas organizações próprias, dispondo de maior clarividência na defesa das suas posições e na expressão das suas preocupações.

Apesar de ainda embrionário, o movimento associativo das mulheres rurais está a assumir cada vez mais um protagonismo que não se limita aos simples aspectos de promoção económica dos seus membros, apostando igualmente em formas mais modernas de organização, como elemento determinante para influenciar o envolvimento e a participação das populações rurais nos processos de conquista de uma cidadania activa.

A grande dificuldade vem residindo no deficiente acesso das mulheres à informação, aos orgãos de comunicação, ao debate e reflexão sobre as oportunidades e riscos do desenvolvimento e na falta de capacidade de mobilização das outras mulheres.

As mulheres têm que utilizar as rádios comunitárias enquanto processos populares, educativos, livres, participativos, interactivos, mostrando a diversidade e a riqueza dos diferentes movimentos associativos de mulheres, das diversas opções e práticas de desenvolvimento, das culturas próprias das mulheres de cada etnia enquanto elementos fundamentais da cidadania guineense e não da superioridade ou inferioridade de alguma delas em relação às outras. Daí que o desafio seja o de promover o acesso das mulheres à palavra para democratizar a sociedade.

Outro dos desafios das mulheres é o de criarem espaços colectivos de interesse, que possam influenciar a opinião pública, estabelecer consensos à volta de causas justas e solidárias, ajudar a melhorar as condições de vida das mulheres, de propiciar o exercício de direitos e o cumprimento de deveres. Isto é, construir uma comunidade, cidadanizar.

Nestes tempos de crescente globalização e homogeneização, é um imperativo de democracia que as mulheres promovam espaços de participação cidadã onde se expressam as suas vozes e se defende a diversidade de idiomas e de culturas, onde se assume o direito de pensar diferentemente e de ter gostos e aspirações distintos. Isto é, promover uma cultura e uma prática onde o direito à diferença implique o dever de tolerância.

As mulheres têm a obrigação de se envolverem activamente no funcionamento interno das rádios comunitárias sem que se verifique nenhum tipo de discriminação, funcionando democraticamente, com membros seus nas direcções e corpos sociais eleitos.

Respeitinho...

Bom dia Aly,

Bem vindo a este continente. Ha tempo tenho acompanhado o teu percurso ate a Gambia, infelizmente, tiveste que ficar por Dakar. O nosso Governo tem ainda que fazer muito para que os cidadaos guineenses sejam respeitados noutros paises, pelo menos nos paises vizinhos. Passa bem a tua estadia em Portugal.

Bem vindo, da Eslovenia!

I.B.


AMIGO, muito obrigado. Grande abraço, Aly

sexta-feira, 23 de julho de 2010

No entra

Fui, sou e serei sempre contra a entrada da Guine Equatorial na Comunidade de Paises de Lingua Portuguesa - CPLP. Pois bem, hoje, em Luanda os chefes de Estado e de Governo da Comunidade de paises falantes da lingua portuguesa recusaram a entrada da Guine Equatorial como membro de pleno direito da CPLP.

Este e um pais dirigido por um sanguinario e ditador - Teodoro Obiang, ha 31 anos no poder, onde chegou depondo - e fuzilando - o proprio tio. Dele, diz-se que gosta de saborear os testiculos ou o cerebro dos adversarios politicos.

Em 1996, foi descoberto petroleo (grandes reservas), mas a esmagadora maioria da populaçao continua pobre e a viver com menos de 1 euro por dia. 96 por cento da populaçao fala o espanhol, a lingua oficial do Pais. AAS

Bom. Bem bom! + entretantos...

- Desde que, ontem, aterrei em Lisboa tenho recebido telefonemas de amigos e de gente simpatica. Melhor ainda: ja recebi mais de uma centena de telefonemas!!! Os convites sucedem-se a um ritmo frenetico e eu nao vou conseguir - com muita pena - estar com todos eles, embora tenham todos lugar no meu coraçao!

Ontem, almocei com a Marina no El Corte Inglês (que e espanhol...). A Marina e uma das melhores apresentadoras de televisao que Portugal alguma vez tera. Revi ainda o Luis (socio da Marina), que vi apenas uma vez num jantar - e ficou-me na memoria: uma pessoa espectacular e com pensamentos positivos para ajudar o meu Pais: embora nessa, amigo.

Hoje, almocei com alguns ex-colegas de "O Independente" (da revista Sabado) e ficou ja marcado um hiper jantar para o dia 1 com quase todos eles, espalhados pela "Sabado", "Sol", "Correio da Manha", "i" entre outros. Vai ser bom rever os amigos de verdade. Da parte da tarde fui a FNAC - livros e discos, e fiz compras na H&M.

Falei ao telefone com o Helder Vaz, outro amigalhaço, que se encontra por terras de Angola, no ambito da CPLP, de que e director-geral. Conversei com outro bom amigo: Anilson Vaz, que me convidou para ir a casa dele - e sera ja no domingo. Vaz, esta combinado? Uma almoçarada daquelas, hein? Abraço forte de sempre.

Vi ainda amigos que conheci ao tempo, na Guine (o senhor Louro que foi director do Hotel 24 de Setembro), falei com o director-geral da Saude de Portugal, o meu bom amigo Francisco George - "Aly, a Guine e aminha segunda Patria e vou dentro em breve rever amigos" - obrigado, Francisco.

Bebi cafe com o juiz Mota e mais uns amigos, recebi abraços sentidos de dezenas de guineenses - um amigo português (o Manuel, que foi director do grupo Fernando Barata, primeiro em Cacheu e depois no 'Namtchit') convidou-me a ir a Nazare - e vou!.

Revi o Cordeiro, o grande Cordeiro, com quem partilhei um senhor leitão da Bairrada, em Bissau em casa de um amigo e falei com o Cornelio - homem de bem, guineense, nascido num pais que se tornou madrasta para ele e para muitos outros.

Quero ver o Barnabe e mais amigos. So assim me sentirei bem, pois são gente por quem tenho carinho e admiração. Telefonem: 92 682 11 86 (Marcos, meu querido primo - estou a espera do teu telefonema e daquele abraço).

Durante toda a manha andei com o meu filho, o Guilherme, de um lado para o outro: No Colombo, compramos um violão (não, eu não pesco nada disso, mas ele diz que sabe tocar). Veremos...

Fui tão bem recebido que me apetece ficar toda a vida e mais seis meses. Enfim, tenho estado com quem conta! Amanha, lanche com a Mafalda - uma amiga, e conselheira, como nunca terei.

Para fechar a noite, a rever, no canal 1 da RTP o filme: Kiss Kiss, Bang Bang!

- Entretanto em Bissau, mais um conselheiro: To Diouf foi nomeado Conselheiro do Presidente da Republica para a area da Ciencia e da Tecnologia.

- Outro entretanto: O Conselho de Segurança das Nações Unidas apelou hoje ao governo da Guiné-Bissau para que seja "imediatamente" libertado, ou entregue à Justiça, o ex-chefe de Estado-maior das Forças Armadas detido em abril, Zamora Induta.

O apelo consta de uma declaração da presidência nigeriana do Conselho de Segurança hoje divulgada, negociada desde quinta feira da semana passada, quando o representante do secretário geral na Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, esteve em Nova Iorque para fazer o ponto de situação no país
.

Podem esperar sentadoS, de preferencia com uma taça de champanhe numa mao e um croquete na outra... Não baixaremos mais as calças - nem com a ONU nem com a UE. O tanas!.

PREOCUPANTE: O Governo guineense anda a comprar guineenses no exterior, para dizerem INVERDADES - o que pode ser PERIGOSO... AAS

quinta-feira, 22 de julho de 2010

To the Gambia Embassy in Guinea-Bissao

Preparem-se, porque no dia em que eu aterrar em Bissau vou PARTIR a tiros de pressão de ar os vidros do carro do vosso embaixador. Ou eu não me chame Antonio Aly Silva. AAS

Viuva de 'Nino' Vieira deixa procuradores do Ministerio Publico com o credo na boca

Isabel Romano Vieira, a viuva do Presidente 'Nino' Vieira, não compareceu esta semana em Dakar, no Senegal, conforme combinado, para ser ouvida como testemunha do assassinato do seu marido e ex-Presidente da Republica, ocorrido a 2 de Março de 2009. "Não me sinto ainda em condiçoes de falar" - foi o que alegou, o que deixou os procuradores do Ministerio Publico com o credo na boca. Afinal, Isabel Romano Vieira sera uma das peças-chave de todo este processo que se arrasta ha mais de um ano.

Em Dakar, foram ouvidos João Monteiro (que levou 3 tiros nessa fatidica madrugada) e mais duas outras testemunhas. Resta esperar para saber se, e quando, Isabel Vieira se disponibilizara para ser ouvida na qualidade de testemunha. AAS

P.S. - Cheguei esta manhã a Lisboa. Desculpem a falta de acentos - ainda não os descobri no 'Magalhães' do meu filho. Abraço todos. O meu contacto em Lisboa: 92 682 1186. AAS

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Viajar pela África ainda é muito complicado

"Lamento profundamente o que aconteceu na Gâmbia. Viajar pela África ainda é muito complicado. Bem mais difícil do que ir de Lisboa a Madrid ou Barcelona. Um abraço, J.H."

Amigo, é a grande verdade. Obrigado e um abraço. Aly

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Presidente da República, Deputados da Nação, Primeiro-Ministro: Eu, cidadão da República da Guiné-Bissau, fui raptado durante 4 horas na Gâmbia

No dia 11 do corrente, saí de Bissau com um destino na cabeça: Lisboa, Portugal - por terra. E no entanto nem 1000 quilómetros percorri. A principal culpada? A polícia de imigração e o próprio Governo da República da Gâmbia. Quem me humilhou pertence à mesma comunidade que eu pertenço: a CEDEAO.

Vou começar esta história do ínicio. Quando cheguei à fronteira em Amedalai, embirrei logo quando me pediram para pagar 1000 fcfa por um carimbo que mal se lê (havia lá um casal guineense a assistir). Disse-lhes que não devia pagar nada porque pertencemos à mesma comunidade. E disse-lhes que há uma lei que devia ser respeitada e que nesse momento estava a ser violada: a lei sobre a livre circulação de pessoas e bens dentro dos países membros da CEDEAO. Ele respondeu: «Não quero saber nada disso! Se não queres pagar, volta para o teu País!», assim mesmo. Paguei, e ele olhou-me e disse: vou ter de escrever no seu passaporte. Eu respondi: não deve fazê-lo, ponha apenas o carimbo. Nada. Escreveu: «Permit to visit 24 hrs». Humilhado e espezinhado, confrontei-o à minha maneira: «Fico na Gâmbia uma semana, um mês, se quiser!». Go!, go!, e lá fui para o meu carro. Chaves, ignição....apito! «Abra a bagageira, se fizer o favor». Nada mau, pensei. Uma revista rápida e um boa viagem selaram aquele brevissímo encontro.

Mas o meu destino estava muito, mas muito mais adiante daquilo que eu mesmo supunha. Ou esperava.

Presidente da República, Deputados da Nação, Primeiro-Ministro:

Eu, António Aly Silva, cidadão de um único País deste mundo - a República da Guiné-Bissau -, fui raptado em plena via pública e durante escaldantes quatro horas, dentro das instalações do Porto da Gâmbia, em Banjul, capital da República da Gâmbia! E fui extorquido por duas pessoas (tenho os nomes e os números dos telefones deles).

Afinal, enquanto tudo aquilo acontecia a uma velocidade estonteante, um militar gambiano assistia à cena não de muito longe. Chegou mesmo a adverti-los. Ainda naquele vai-que-fica, tirei o telefone do bolso para tentar, junto de alguém, em Bissau, contar o que se estava a passar comigo, aproveitando para pedir que alertasse a nossa embaixada, em Banjul. «Se fazes uma chamada rebentamos contigo (o ‘udju di djambatuto’ estava com ele, mas apenas no pensamento, pois eu sei que ele estava era interessado no meu dinheiro – era um simples motorista do Porth Of The Gambia. Pareceu-me até simpático,e vi logo nele um grande fumador de haxixe oude marijuana. Ficou sempre comigo, ora orientando, ora desorientando-me, e contribuiu na roubalheira quando fui comprar o bilhete para o carro – venderam-mo a 5.200fcfa quando devia ser 3.200 fcfa, há um recibo para comprovar, acompanhou-me até à entrada no ferry, viu o acidente tal como o polícia de fronteira, autor de todo o meu drama, um cumpridor zeloso, ambicioso e a chorar por uma promoção, viu»

Pediram-me a chave do carro mas recusei - eu não estava nem detido, nem preso e, menos ainda, não era acusado de coisa nenhuma! Quando recusei entregar as chaves do carro começaram os empurrões, o puxar da camisola... mas desta vez o militar intrometeu-se, puxou-me para junto de si, e protegeu-me até a um gabinete já no interior das instalações do porto.

O militar foi o primeiro a falar: Falaram todo o tempo em língua mandinga, mas eu notei que ele estava a repugnar o acto que acabar de presenciar. Depois falou o chefe, também em mandinga, e o militar abandonou a sala. E o agente causador do meu drama, também. Dois minutos depois, regressou à sala e pousou na mesa do chefe duas latas de chumbos de pressão-de-ar. «Look this, sir» - gritou. Calmamente, fiz ver ao chefe que aquilo eram chumbos de espingarda de ar comprimido - para desporto, portanto. Ofereci-me para deixar os chumbos na imigração, mas devolveu-mos sem sequer pestanejar – era dos moderados, o chefe.

Mas eis que tudo dá uma reviravolta: entra o militar (aquele que me protegeu) e, agora numa atitude mais seca, pede-me as chaves do carro. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, o chefe fala-lhe novamente em mandinga, e pede-me, educadamente, que lhe entregue as chaves do carro, o que fiz. Contaram-lhe, afinal, que «achavam que eu transportava drogas no meu carro».

Quatro horas depois, extorquiram-me 20.000 fcfa, mais 2.000 por dois carimbos horríveis, e ter-me-iam extorquido mais. Quando sentiram que eu estava a ganhar terreno, queria falar com o big boss, lá me guiaram por um canto alegando que me iam meter na fila dos carros do Governo para, assim, puder atravessar no próximo ferry!

Na jangada, foi aquilo que já sabem:

O meu carro foi o segundo a entrar no ferry, logo atrás de um carro do Governo da Gâmbia (na foto). Estaciono uns 20 cm atrás - ordens do arrumador. E sinto um baque e dou um salto dentro do carro: olho e não queria acreditar no que os meus lindos olhos viam: tinha a traseira do enorme Land Cruiser 'sentado' no capot do meu carro!!!

O condutor saiu calmamente - eu já estava aos gritos e aos berros, estava até capaz de o atirar borda fora, olhou para o disparate que acabara de fazer, e voltou a entrar no Land Cruiser e encaixou a primeira e saiu calmamente. De cima do capot do meu carro, bem entendido.

Eu, apenas queria a polícia. Mas qual polícia? Tenho um seguro CEDEAO (carta castanha, válido por 2 meses, que me custou mais de 25. 000 fcfa).

Se a Embaixada da Gâmbia ou o seu Governo não me pagar os prejuízos, então terá muito com que se preocupar daqui para a frente.

Senhores Deputados da Assembleia Nacional Popular: Eu, cidadão da República da Guiné-Bissau, peço a vossa ajuda.

Com consideração,
António Aly Silva

P.S. - A minha aventura com destino a Portugal termina aqui. Regresso a Bissau brevemente. Estou a recuperar das febres altas e das dores que tive desde o dia 11 - para além de ter perdido mais de 2 quilos. E, acreditem, o problema no porto de Banjul abalou-me psicologicamente. Sinto-me capaz de continuar mas gente amiga, algumas muito mais velhas, pediram-me que parasse por agora. De certeza que em Agosto estarei em Lisboa, Portugal, para abraçar os meus filhos. Abraço todos e cada um. AAS

terça-feira, 13 de julho de 2010

Queria ver tudo o que John Hopkins viveu

Que pena que já não possas ver mais
as muralhas vermelhas de Marráquexe
e a multidão que a teu lado caminha
na porta de Essaouira

Que pena que já não vejas
os jacarandás, as roseiras, as bungavílias dos jardins
que já não oiças o som da água nas fontes
que não escutes o silêncio dos pátios
que não vejas as estrelas nos terraços
Que pena que já não possas alisar com a mão
os azulejos do Palácio Bahia

Que pena que já não vejas todas
as coisas que amavámos
que não caminhes, não sintas, não te percas
em Marráquexe - a mais bela das cidades do Sul.


Poema escrito pela mulher e pelos oito filhos de John Hopkins, um inglês que viveu 22 anos em Marráquexe.

No stress

"Então rapaz, pelos vistos a tua viagem não começou nada bem, mas não percas a calma porque vai melhorar de certeza. Desejo que te corra tudo melhor daqui para a frente. Um abraço,
J.A
"

NOTA: Amigo, aquele abraço. Não me sinto lá muito bem a nível de saúde... AAS