terça-feira, 30 de outubro de 2012
Preocupação de bispo
O Bispo de Bissau considerou preocupante a situação político-militar que a Guiné-Bissau tem vivido nos últimos tempos. Dom José Cam-na Na Bissing falou esta terça-feira, 30 de Outubro, depois do encontro que manteve com Presidente da República de transição, Manuel Serifo Nhamadjo. O líder religioso disse haver necessidade de diálogo entre os guineenses, como forma de ultrapassar a crise que afecta o país. «Acreditamos que a única e a melhor via para sairmos da situação em que nos encontramos é por todos guineenses na mesma mesa, discutir e resolver os nossos problemas internos com toda a camada da sociedade», disse o Bispo de Bissau.
A iniciativa é do Programa «Voz di Paz» que inclui outros líderes religiosos, cujo período máximo para o seu arranque foi estabelecido, por José Cam-na Na Bissing, para dentro de quinze dias. Tal como o Bispo de Bissau, também o Representante da União Africana, Ovídio Pequeno, e Joseh Mutaboba foram recebidos, esta terça-feira, 30 de Outubro, pelo Presidente de transição, Manuel Serifo Nhamadjo. À saída desta reunião, ambos foram unânimes ao defender as políticas de inclusão e diálogo entre os guineenses, como forma de ultrapassar a atual crise político-militar na Guiné-Bissau. LUSA
PORCO, SUJO E MAU
Enquanto o fulano esteve ausente por uns bons tempos do pais, apesar de alguns precalços sociais e politicos, sentiu-se uma certa acalmia, estabilidade, a emergência de uma cultura de harmonia e sinais de aproximação e até de reconciliação entre os guineenses.
Por largo periodo de tempo, à parte, como se disse atras, a existência de alguns focos de perturbações, inerentes à vida politica e social da Guiné-Bissau, as quais foram sendo geridas e sanadas ora bem ora mal, não se falava expoxta e exacerbadamente de violência, não se instigava claramente à guerra, não se focalizava o debate politico permanentemente sobre as questões racicas e tribais, não se apregoava publicamente a divisão entre guineenses e nem se doutrinava o odio e a vingança em circulos do poder e nos quarteis.
Bem ou mal, com altos e baixos de permeio, os fantasmas dos complexos crônicos da vitimização social que uns teimam arreigadamente a doutrinar, tendiam a esmorecer-se face ao argumento em crescendo da esperança, porquanto o pais respirava o ar puro da ansiedade e vontade de caminhar rumo ao desenvolvimento, potenciando as expectativas em dias melhores para todos.
De regresso, vindo repentino dos confins do deserto, esse vil fulano, Porco, sujo e mau, embuido de odio, qual «obulum» do mal, traz com ele, os ventos da instabilidade, a intriga, o incitamento à violência, o tribalismo, a instrumentalização das forças armadas e de segurança, a subversão da ordem e dos valores sociais, os insultos de baixo nivel, as ameaças à estabilidade social e democratica. O demônio em pessoa
Assim foi. O Porco, Sujo e Mau fez chorar mais uma vez o Povo da Guiné-Bissau. Encenando uma contestação eleitoral sem o seu quê de fundamento, entre a tragicomédia irrealista montou-se de emergência um autêntico Conselho de Guerra e,... o Porco, Sujo e Mau e mais quatro dos seus acolitos do poder, vêm mostrar aos Guineenses e ao mundo o que é a intolerância de um anti-democrata doentio e esquizofrémico.
Num apice a paz arduamente conquistada, as feridas pacientemente saradas, a confiança laboriosamente tecidas, esmoreceram como um castelo de areias. Medos antigos foram reabilitados. Mentes débeis e complexadas foram manipuladas, demonios antigos foram ressuscitadas e as maquiavélicas engenharias do odio, traçoeiramente forjadas na mentira e na falsa vitimização, vieram à toda... com ela a violência gratuita e selectiva e... toda a sociedade estremeceu. E, não foi por menos. Houve destruição, houve mortes... enfim a democracia foi posta de joelhos, humilhada e desventrada.
Para tudo isso, bastou um mero sinal de um fulano, Porco, Sujo e Mau. Esse fulano, eminência perigosa de um tribalismo de eliminação selectiva, volta a dar mostras ao mundo da prova do seu poder desestabilizador, destruidor e nocivo na sociedade Guineense : mais um golpe de estado brutal e aberrante com cariz e motivações que nenhuma logica pode explicar, senão aquele que claramente submerge de um mero impulso de demostração de força e irracionalidade étnico-tribail que faz e desfaz do poder conforme o sentido das suas baionetas impregnadas de sangue dos inocentes.
Esta crua realidade, mostra aos Guineenses e ao mundo em geral..., como uma pessoa tão insignificante, pode ser Porco, Sujo e Mau.
Olegario Tavares
A verdade tarda, mas não maina
"Aly,
Agradecia, mais uma vez o favor de publicar esta minha contribuição.
Meus irmãos assistimos mais uma vez um episódio desta novela com que as autoridades militares e civis golpitas estão a animar os Palcos da Guiné-Bissau. Desta vez, embora para estes ferozes é normal, infelizmente assistimos a morte ou assassinato de alguns dos jovens das forças armadas, alguns até com formação superior.
Dissemos novela ou parte da novela, porque o povo guineense gostaria de saber o seguinte:
- Onde é que estavam as armas que os jovens ditos assaltantes da quartel de pára-comandos utilizaram?
- A arma utilizada para abater os ditos assaltantes era bomba napalm, pois, só assim se pode notar vestígios de queimadura no cadaver dos jovens ditos assaltantes?
- Quem vem sob orientação de um país estrangeiro para dar golpe e depois anda envolto na bandeira do mesmo país?
- O porta-voz do EMGFA disse que se o Capitão Pansau Intchama não tivesse estatuto de assilado não podia viver em Portugal, sem o conhecimento das autoridades. Mas, será que as autoridades portuguesas sabiam que quando o Daba na Walna frquentava o curso de mestrado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa trabalhava nas obras, não obstante ter assinado um termo de compromisso com o IPAD de que não podia exercer actividade remuneratória?
- Será que as autoridades de transição não sabem quem mandou sequestrar, torturar e abandonar (crime previsto e punido pelo artigo 124.º do Código Penal - dois a oito anos de prisão - vide n.º 2, al. b)) o Dr. Iancuba Injai e Dr. Silvestre Alves?
A verdade tarda a surgi, mas aparece sempre. Para os senhores que agora armam em mandantes não esqueçam do artigo 221.º e 222.º ambos do Código Penal:
artigo 221.º
1. Quem por meio de violência ou ameaça de violência, tentar destruir, alterar ou submeter o Estado de direito constitucionalmente estabelecido, é punido com pena de prisão de cinco a quinze anos.
2. Se o facto for praticado por meio de violência armada é punido compena de prisão de cinco a quinze anos
Artigo 222.º
1. Que atentar contra a vida, a integridade fisica ou a liberdade do Chefe de Estado, de quem constitucionalmente o substituir ou de quem tenha sido eleito para o cargo, mesmo antes de tomar a posse, é punido com pena de prisão de cinco a quinze anos, se o facto não corresponder pena mais grave por força de outra disposição legal.
2. No caso de consumação do crime o agente é punido com pena correspondente ao crime praticado (5 a 15 anos) agravado de um terço nos seus limites.
Preparem-se porque pelo menos 5 anos vão ter que viver atrás da grades, mesmo que tenham 90 anos.
Bolingo Cá""
Irmão do Didi escreve ao Ditadura do Consenso
É com muito agrado e ao mesmo tempo com muita tristeza que li o comunicado do porta-voz das forças armadas guineeses, Daba Na Walna. Como guineense, e irmão do Didi, limito-me apenas a acreditar que um dia esses ditadores serão julgados pelo mal que estão a cometer contra os guineenses. Esse senhor, o Daba Na Walna, disse que tem a prova da conversa entre o meu irmão e o sr. Zamora Induta. Se isso for verdade que as apresente sem medo em vez de mandar torturá-lo ao ponto de estar a urinar sangue.
Se a ordem partiu para levar o homem para Guiné-Konacri porque haveria o meu irmão de levá-lo só até Bolama? Deixo essa pergunta no ar. Aly, na qualidade de um excelente defensor da liberdade de opinião, faça essa pergunta aos seus seguidores.
O meu muito obrigado,
Victor Hugo Amadú Injai
PROVA A : JOÃO MENDES...ERA GUINEENSE
Na qualidade de guineense atento a efeméride do meu país, estou muito confuso com as declarações do Porta-voz do Governo de Transição, no que concernem as identidades das pessoas que foram assassinadas no passado dia 21/10/12. Segundo as declarações de Fernando Vaz,, os 6 (Seis) supostos golpistas que foram vitimas do assalto a Quartel de Para-Comandos são de nacionalidades estrangeiras, inclusive estavam a comunicar em Dioula, mas, uma das vitimas é, João Mendes, da ETNIA Felupe.
Estudou na Universidade Lusófona da Guiné-Bissau e licenciou-se em Economia na mesma Universidade. Ele sempre intercalava os seus serviços militares com a sua formação universitária. Após a sua formação, foi colocado no Liceu Dr. Agostinho Neto como Professor da Matemática em acumulação com a Introdução à Economia pelo Ministério da Educação Nacional.
Dai que pergunto:
Será que os Felupes não fazem parte das etnias da Guiné Bissau?
Aliás, Vide a sua fotocopia de Bilhete de Identidade da Guiné Bissau em baixo.
Ainda, e relativamente, o comunicado do Governo, explicita que as situações estão controladas, portanto, cada um pode retomar a sua vida normal. Quiça, foi neste sentido que os Dr´s Silvestre Alves e Iancuba Djola N´djai, retomaram as suas vidas normais e foram espancados brutalmente por uns individuos que se dizem desconhecidos.
Pergunto mais uma vez o seguinte:
Porquê de espancamentos destas pessoas? Onde está a garantia e a segurança das pessoas?
O mais irónico de tudo, é que o Governo apareceu mais com outro comunicado a condenare as situações que ele mesmo provocou... Porque se não fosse o comunicado do Governo eles iriam proteger-se.
Para terminar, queria aproveitar esta oportunidade ainda para questionar ainda o seguinte:
Onde estão as tropas do CEDEAO que andavam todos os dias a patrulhar o mercado de Bandim? Porque os mesmos, ainda que pretendesse comprar piripiri no mercado, levam as armas de grandes calibres para provocarem medo aos populares.
“GUINEENSES PANHA DJA PÉ BÓ, PABIA PÓ, TUDU TARDA KI TARDA NA MAR, IKATA BIDA LAGARTU”
(Os Guineenses já entenderam muito bem o que está acontecer, mas um pau por mais tempo que fique na água nunca se transformará num crocodilo).
Um guineense atento
Os militares e a ilegalidade
Há muito que vimos seguindo a periclitante situação. A Guiné-Bissau viveu nos últimos dias mais um tumulto, reportado como um ataque a um quartel dos comandos. O líder do grupo atacante foi identificado por um dos soldados da unidade atacada e acaba de ser detido. Segundo consta, a investida do capitão tem no seu substrato intenções daquilo que pode configurar o rastilho de fogo de uma tentativa de golpe de Estado.
Nestes termos, uma pergunta se coloca a todo tempo e a todo gás: para quando o regresso dos militares definitivamente às casernas, em ordem à estabilização definitiva daquele país? Vencida a fase de transição resultante do golpe militar capitaneado por Ansumane Mané, foi indigitado primeiro- ministro de um governo provisório o ideólogo do seu “movimento reajustador” o jurista Francisco Fadul, em finais dos anos 1990 e princípios de 2000. O porta-voz deste movimento desencadeado por Mané foi o então capitão Zamora Induta, que rápida e miraculosamente subiu na alta hierarquia militar, tendo sido o chefe do Estado-Maior General que rendeu Tagamé Na Wayé.
Tal cenário de ruptura política penosa abriu caminho para a democratização do país, saldando-se na organização, a posterior, com o concurso da comunidade internacional, das primeiras eleições democráticas na Guiné-Bissau. Deste primeiro pleito saiu vencedor o polémico líder do PRS, o filósofo e jurista Kumba Yala, que não cumpriu mandato por vários desmandos e dado o ambiente de várias controvérsias que marcou a sua turbulenta e precária gestão. Apesar da impugnação que sofrera no passado a sua presidência, o homem do barrete vermelho voltou à ribalta da política activa e, sedento de poder, tornou a candidatar-se às presidenciais. Vale a pena reter que durante o seu curto reinado foi assassinado por militares o então líder revoltoso Ansuman Mané, que abriu o prenúncio da nova era democrática para o país da mancarra.
Mané foi morto depois das diversas dificuldades da sua acomodação política, pois recusara inclusive ser ministro de Estado junto da Presidência de Kumba Yalá. De eliminação em eliminação física, assim vai a Guiné-Bissau em polvorosa. Em Outubro de 2004 foi morto o então chefe do Estado-Maior General, na sequência de um motim perpetrado por militares oriundos da Libéria, numa missão ao abrigo da CEADEAO, que reclamavam os salários que há mais de oito meses não eram pagos.
Os amotinados investiram contra o quartel central das Forças Armadas Guineenses e assassinaram o chefe do EMG, V. Seabra, um general da nova vaga, formado na antiga URSS, num exército dominado por antigos comandantes guerrilheiros. A morte de Seabra abriu caminho, mais uma vez, para ascensão de um velho maquisard, Baptista Tagmé Na Wayé, que nem sequer dominava a língua do poder, só falava crioulo, o que não deixa de constituir um sério “ruído” na administração pública, em particular na orientação do sistema de Defesa e Segurança do país, pois tinha que se fazer acompanhar de um tradutor, para se fazer entender mesmo no espaço lusófono.
A ascensão de Tagmé abriu velhas rixas entre o generalato guineense, agravadas com o retorno do seu antigo chefe militar Nino Vieira, oriundo da etnia papel, o que deixa mais uma vez a descoberta o factor étnico como uma vertente importante, não exclusiva, para a compreensão do diferendo local, acrescido do narcotráfico, dominado por certos segmentos influentes da elite militar, onde avulta o nome do antigo chefe da Armada e que também fugira para a Gâmbia, há alguns anos, sob acusação igualmente de tentativa de golpe de estado, após uma fugaz passagem pelos escritórios das Nações Unidas em Bissau, onde pedira asilo político. No meio deste ambiente de instabilidade militar o almirante voltou ao país e a instalar-se entre a elite dominante do Exército guineense. Durante algum tempo foi mesmo apontado como a segunda figura do Exército, depois do truculento António Indjai, o actual chefe do EMG das Forças Armadas guineenses, líder do último golpe militar que ocorreu na Guiné-Bissau em 12 de Abril.
Tal situação reclama a urgência da tão apregoada Reforma no sector de Defesa e Segurança da Guiné-Bissau que, para já, contava com uma vultuosa ajuda financeira e material internacional, designadamente da União Europeia e da CPLP, sobretudo de Angola, que mandara para o terreno uma missão militar, recambiada pelos golpistas suspeitando do seu alegado potencial dissuasor de um eventual golpe militar, que veio a ocorrer em Abril. Decididamente, a comunidade internacional, a União Africana e a ONU têm de tomar uma posição mais enérgica no isolamento político dos golpistas e na reposição da legalidade para conformação da ordem interna guineense à ordem internacional. Jornal de Angola
Guiné-Bissau: A realidade-ficção
Os acontecimentos na Guiné-Bissau, são de tal forma confusos, que, a confirmarem-se as suspeitas de que tudo não passa duma enorme encenação, é a prova de que a ficção ultrapassa em muito a realidade. Não sei como descalçar esta bota!
1) Parece que há uma "guerra" (vinganças) entre as etnias balanta e felupe;
2) Parece que uma balantização militar e política, com um provável regresso de Kumba Yalá à Presidência, haverá uma reacção por parte das restantes etnias/sociedade e a Guiné-Bissau mergulhará de novo e em breve, numa guerra civil;
3) Parece que o Almirante Zamora Induta esteve na Gâmbia a orquestrar uma tentativa de Golpe de Estado na Guiné-Bissau;
4) Parece que o ex-PM guineense, Carlos Gomes Jr, Cadogo para os amigos, enviou sms's para os seus familiares em Bissau, a partir de Lisboa, a avisar para não sairem à rua na noite de 20 para 21 de Outubro, porque algo se iria passar;
5) Parece que o Capitão Pansau N'Tchama, tentou um golpe de mão no quartel dos Pára-Comandos em Bissau, com meia-duzia de djolas de Casamansa, que afinal parece que eram felupes;
6) Parece que o Capitão Pansau N'Tchama, que nunca teve estatuto de asilado político em Portugal, afinal caiu no conto do vigário e regressou a Bissau a convite do General António Indjai, actual CEMGFA;
7) Parece que o Capitão Pansau N'Tchama, ex-braço direito do General António Indjai e ex-guarda-costas do Almirante Zamora Induta, é uma testemunha chave nos processos das mortes do ex-Presidente João Bernardo Nino Vieira, do General Tagme Na Wai e dos Deputados Baciro Dabó e Hélder Proença;
8) Parece que há nomes de políticos portugueses, de primeira linha, envolvidos na morte de alguns destes homens, sobretudo do ex-Presidente Nino;
9) Parece que o Capitão Pansau N'Tchama assinou uma confissão na qual denuncia os cúmplices desta trama, que teria Portugal e a CPLP como principais apoiantes, procedendo-se de momento a uma caça às bruxas, a qual eliminará sobretudo, a "Ala Cadogo" do PAIGC;
10) Parece que nos comunicados efectuados pelo actual Governo Provisório, quando se refere o nome CPLP, se quer na verdade dizer Angola e também Cabo Verde;
11) Parece que estavam preparados 6 helicópteros angolanos na Gâmbia, prontos a levantar voo, caso o golpe de mão no quartel dos Para-Comandos tivesse êxito, bem como mais tropas que chegariam por via marítima;
12) Parece que este Governo Provisório está a renegociar os contratos de exploração da bauxite e do fosfato, assinados pelo ex-PM Carlos Gomes Jr e a angolana GP Phosphates Mining, nos quais o Estado guineense apenas arrecadaria 10% e 2% respectivamente, no negócio da exploração;
13) Parece que este Governo Provisório está cheio de vontade de correr com a Galp do território guineense;
14) Parece que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa confortou os portugueses no domingo passado, dizendo que Portugal nada tem a ver com tudo isto;
15) Parece-me que este texto não ficará por aqui e que o irei actualizando à medida que for recolhendo mais informações;
16) Parece que lhe deixei um sorriso nos lábios e uma pulga atrás da orelha! Era mesmo essa a ideia.
Raúl M. Braga Pires, em Bissau, para o Expresso
Militares deixaram Bolama enlutada
Três jovens da Ilha de Bolama foram mortos friamente a golpes de catanas pelos militares que detiveram sabado, o capitão Pansau Ntchama, presumivel cêrebro do ataque a uma caserna dos para-comandos, no dia 21 de outubro 2012 em Bissau, indicou a imprensan, segunda feira, um habitante dessa ilha.
Segundo ele, os três jovens rapazes, todos na faixa étaria de 30 anos, "foram friamente assassinados na Vila de Colonia em Bolama, apesar de terem contribuido com informações que levaram aos militares de localizar o esconderijo do capitão Pansau Ntchama". Esses três jovens rapazes, entre eles um ex-motorista do General Tagma Na-Way, assassinado, foram acusados pelos militares de serem cumplices do capitão Pansau Ntchama ajudando-o a se infiltrar no territorio guineense, indica a mesma fonte. "Os três corpos foram encontrados domingo à tarde no areal da praia de Colonia e devem ser enterrados segunda feira (ontem), precisa a mesma fonte.
O Baba e o Carlos Alves. O Baba era mecanico militar do Serviços Materiais e filho de um alto oficial da Força Aerea (Jorge Charua da Costa da etnia Balanta mas pouco influente nas fileiras das FARP) mas de mãe fula morador de bairro de Pluba. O Carlos Alves era guarda-costas do falecido CEMGFA Tagme Na Wai. O Didi, segundo informações apuradas pelo DC, encontra-se em estado crítico, na unidade de cuidados intensivos do hospital 'Simão Mendes', em Bissau. AAS
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Clima de terror em Bissau
Sábado e domingo, com a desculpa de Tabaski, reuniram-se na casa do Lino, que usurpou o cargo de Director dos Correios, em Antula, varias figuras do PRS para a elaboração de uma lista de pessoas para ATERRORIZAR/MATAR/BATER/HUMILHAR e que posteriromente deverá ser remetida aos militares.
Nessa fatídica lista constam Manuel Saturnino da Costa (eliminação da liderança no PAIGC), Luís Sanca (pela sua frontalidade), Francisca Pereira (porque o Sory Djaló quer a casa dela de qualquer jeito), Fernando Borges (como sempre) e mais alguns que brevemente saberemos.
A intenção é colocar as culpas na Presidência actual e assim eliminam os opositores futuros. Como o próprio Kumba disse “Serifo Namadjo é PAIGC disfarçado”. Mas parece que nem todos concordam porque o complô vazou… Agora é esperar para ver se António Injai irá obedecer aos seus chefes.... AAS
CPLP: Tribunais preocupados com situação na Guiné-Bissau
A IX Conferência do Fórum dos Presidentes dos Supremos Tribunais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que teve lugar de 22 a 24 de Outubro em Dili, Timor-Leste, condenou a situação prevalecente na Guiné-Bissau. De acordo com o presidente do Tribunal Supremo de Angola, Cristiano André, em declarações sexta-feira à Angop, momentos após o seu regresso ao país, a conferência aprovou uma declaração final, que toma uma posição em relação à situação prevalecente na Guiné-Bissau. “A situação ali prevalecente não só desvia os rumos da justiça, como também acaba por ofender os princípios dos direitos humanos”, afirmou o magistrado, acrescentando que o povo da Guiné-Bissau vive uma situação que merece todo o apoio da comunidade regional e internacional, para que esse quadro se modifique.
O encontro, que reuniu nove países e territórios que têm o português como língua oficial, decorreu sob a égide do governo de Timor-Leste, e teve como objectivo passar em revista algumas questões que preocupam a comunidade a nível dos tribunais e da magistratura em particular. “Fomos convidados pelo presidente do Tribunal de Recursos de Timor-Leste e abordámos questões relacionadas com a independência do judicial e a globalização na justiça”, disse.
Guiné-Bissau: Amnistia Internacional denuncia "actos selvagens e clima de medo"
A Amnistia Internacional (AI) denunciou hoje o "clima de medo" que vigora desde terça-feira na Guiné-Bissau, após as agressões a dois opositores e operações de busca a suspeitos de envolvimento no ataque a um quartel miliar no domingo. "É inaceitável que os civis estejam a ser aterrorizados pelo facto de viverem numa área onde o exército suspeita que se escondem os apoiantes do antigo governo", referiu Noel Kututwa, diretor da AI para a África Austral. Num comunicado da AI hoje divulgado, Kututwa considera "imperativo" que as autoridades defendam o Estado de Direito "e investiguem este ataque em vez de perseguir os políticos da oposição".
Membros do Governo deposto procuram refúgio em embaixadas
A organização de defesa dos direitos humanos denuncia a "violenta agressão" em 23 de outubro "a dois proeminentes críticos do governo de transição por soldados, alguns dos quais vestidos à civil". Iancuba Indjai, líder do Partido da Solidariedade e Trabalho, encontra-se atualmente a "receber tratamento médico numa embaixada", enquanto Silvestre Alves, advogado e presidente do Movimento Democrático Guineense, "encontra-se atualmente hospitalizado numa unidade de cuidados intensivos, tem ferimentos graves na cabeça e duas pernas partidas".
A ONG refere ainda que as autoridades procuram agora o antigo secretário de Estado das Pescas, Tomás Barbosa, acusado de conspiração no ataque de domingo. De acordo com informações recolhidas pela Amnistia Internacional, Tomás Barbosa encontrou refúgio numa embaixada, à semelhança de outros membros do Governo deposto em abril, também recolhidos em diversas representações diplomáticas. "Estes atos selvagens servem apenas para deteriorar a situação de direitos humanos no país e aumentar o clima de medo", refere Noel Kututwa.
Na madrugada de domingo, um grupo de homens armados tentou tomar pela força o quartel dos para-comandos, uma unidade de elite das forças armadas da Guiné-Bissau, tendo resultado seis mortos dos confrontos, todos do grupo assaltante. O Governo de Bissau alega que o ataque ao quartel de uma unidade militar de elite nos subúrbios da capital, Bissau, foi uma tentativa de golpe de Estado por parte dos apoiantes do anterior primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, também destituído após um golpe de Estado em abril.
Suicídio ou assassinato?
Um efectivo do Batalhão de Pára-comandos suicidou-se, esta segunda-feira, 28 de Outubro, junto ao Quartel desta instituição militar. Baciro Ampa Sinabe tinha cerca de 30 anos e era natural de Susana, Sector de São-Domingos, região de Cacheu, norte do país. Era casado e tinha dois filhos.
Citado pela RDN, Júlio Cabi, Comandante da brigada de Pára-Comandos (foto), lamentou o ocorrido e informou que se desconhece ainda o motivo que levou o jovem militar a cometer suicídio. Baciro Ampa Sinabe fazia parte do grupo de etnia Felupe, acusado pelo Governo de transição de pretender derrubar as actuais chefias militares da Guiné-Bissau, alegadamente com o apoio do Capitão Pansau Ntchama, entretanto detido.
Trata-se de um grupo étnico do qual faz parte o Secretário de Estado dos Antigos Combatentes do actual Governo, Mussa Djata, bem como o Presidente do Tribunal de Contas da Guiné-Bissau, Alberto Djedjo. Fontes da PNN indicaram que as razões da morte de Baciro Ampa Sinabe podem estar relacionadas com as acusações de que a etnia Felupe vem sendo alvo nos últimos dias, sobre o alegado envolvimento na eliminação de militares balantas das Forças Armadas. PNN
Palavras para quê? É de um Jornalista, com certeza!
Ditadura do Consenso - o bloque fala da Guiné-Bissau, o mais lido no mundo todo!!!
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Cabo Verde
44.485
Marrocos
42.813
AAS
Crónica da véspera
No dia 19 de Outubro o General António Injai vai ao Quartel da Base Aérea de Bissalanca com o discurso de que Carlos Gomes Júnior enviou dinheiro ao General Manuel Minas para o liquidar, sem mencionar o nome de Pansau Intchama. O General Manuel Minas é testemunho do processo Tagme Na Wai.
No dia seguinte, 20 de Outubro, um dia antes do acontecido, ele vai a Marinha com os mesmo discurso e a seguir volta a fazer o mesmo na Base aérea, onde foi questionado por um veterano que era seu chefe durante a Luta de Libertação Nacional e que hoje possui paténte inferior ao António Injai. A resposta do General foi de que o homem de encontra co insanidade mental.
A programação continua e era preciso fazer as pazes com o General Bubo Na Tchuto, vítima de várias acusações e perseguições por parte do António Injai e comparsas. Mas mesmo com a intervenção do dito Presidente de Transição Serifo Namadjo, a pontaria falhou redondamente. O Bubo quer ser julgado de qualquer forma porque sabe que é inocente e também sabe que qualquer associação com o António Injai é admissão de culpa.
Actualmente quem reina entre os balantas é a geração do Norte, apadrinhado pelo Koumba Yala.
2) Doze horas antes do acontecido o General António Injai manda retirar toda a sua família de Bissau e ele, na escuridão, rumou para a zona de Ingoré com uma comitiva reforçada.
3) Cinco horas antes do acontecido o General António Injai manda os Serviços de Inteligência invadir o Bairro de Cuntum Madina onde habitam a maior parte dos felupes residentes em Bissau, deixando o corredor central da Avenida Combaténtes da Liberdade da Pátria para os assaltantes. Completa montagem.
4) Na madrugada do dia 21, o plano é posto em acção com o seu líder Pansau Intchama juntamente com os amigos recrutados para um assalto a Base aérea, o que seria um autêntico suicídio, se fosse verídico. Com um grupo de mais ou menos 10 pessoas fardadas, sequestraram os carros da EAGB e do Secretário das Pescas do governo deposto Tomás Barbosa para a execução do assalto aos quartéis de Pára-comandos, Força Aérea e Artilharia, sem ter retaguarda de defesa. Quando digo que seria suicídio é porque o Quartel da Base Aérea de Bissau tem em todas as vertentes e possíveis saídas para a Brigada Mecanizada, o Comando do exército, o Estado Maior da Marinha, o Estado Maior da Amura, o Batalhão de Cumeré, o Batalhão de Mansoa, o Batalhão de Ingoré, o Batalhão de Bafatá. Todos eles com condições de sobra de impedir a fuga de 10 pessoas, que como demonstram as noticias, não são tropas de elite.
Retomando, a intervenção do Primeiro Ministro aponta para acusação do exterior na preparação do assalto.
A pergunta é o seguinte: Como foi feita a ligação entre o sucedido e a tal FRENAGOLPE? Parece haver interesses para que a tal fosse paralisada totalmente. As tentativas foram muitas no plano politica e jurídico sem resultado, com a intenção de favorecer a quem?
Como podíamos ao mesmo tempo aproveitar da situação para arrebentar com a FRENAGOLPE como sendo a única respiração de PAIGC, Cadogo e seus aliados? Como alcançar Iancuba Injai, Silvestre Alves e Carlos Gomes Júnior?
O discurso do PM de Transição não fala dos carros sequestrados da EAGB, da qual o condutor e seu Director já se justificaram perante a Mídia; mas fala do carro do ex-secretário das Pescas, Tomas Gomes Barbosa, desaparecido até a presente data, que segundo o mesmo fazia parte do assalto e tendo sido encontrado documentos e objectos pessoais do mesmo dentro do veículo.
Agora pergunto: Quem vai para um acto de crime e leva todos os seus documentos pessoais e o deixa ficar no carro no momento da fuga?
Sabendo de antemão a quem pertencia o carro (o que não é difícil em Bissau), que em Bissau é a identidade de um cidadão, não é preciso ser da polícia criminal para pensar que o Dono, ex-membro do Governo venha praticar actos de kamikase e se denunciar deixando documentos pessoais no local. Se fizermos ligação do Tomas Barbosa com a FRENAGOLPE justifica-se a perseguição, mas pelas informações, o referido não é membro da FRENAGOLPE.
ACONTECIMENTO NAS VÉSPERAS
5) A situação nos estava muito tensa e o clima de desconfiança e o descontentamento era grande por razões da distribuição de patentes. As reuniões feitas na base aérea com os pára-comandos não terminou da melhor forma, assim como na Brigada Mecanizada com séries de insatisfações e a última feita no Exercito em clima bem pior.
6) O porque do confronto entre o Pansau Intchama e o Júlio do pára-comandos? O que tem em comum é que os dois fazem parte dos testemunhos oculares do acontecido de 1 de Abril.
Pelas últimas informações, as relações entre o António Injai e o Júlio eram péssimas. O plano montado está tão mal elaborado que torna-se patético.
• Meter medo para quê?
• Porque os assassinatos como no genocídio de Ruanda?
• Esta luta é pelas paténtes?
• Pelo tráfico de drogas, como a Mídias internacional diz?
• São brigas pessoais?
• O “matar” para semear medo nos outros e do povo em geral não justifica.
7) Será que era contragolpe ou conspiração?
Se era pra contragolpe porque não foram a casa do Presidente de Transição, do Primeiro Ministro de Transição e a todos os membros deste governo? Se era pra demonstra descontentamento no país poderiam simplesmente ter ido atirar na Embaixada do senegal, da Nigéria, na sede da CEDEAO e por ai vai. Mandavam balas ao Palácio do Governo e depois desapareciam. Dez pessoas atacar um quartel centralizado??? Enfim…
António N’Calli
Um balanta descontente
A vingança contra a testemunha-chave
Quem programou a viagem de Pansau Intchama com o título falso do retorno à ordem constitucional (contragolpe)? Os dois se comunicam sempre quando é preciso, o General António Indjai e o próprio Pansau Intchama. Porque eram amigos? Familiares? Subordinado ao chefe? Parece que a última é verdadeira. A viagem de Pansau Intchama foi programada em segredo para fazer chegar o rato a ratoeira. Assim foi, ao convite do General a vinda secreta de Pansau Intchama para a Guine. Perguntamos “porquê Pansau e não o ex-chefe de estado maior Zamora Induta?
A resposta é de que a testemunha-chave da morte do General João Bernardo Vieira Nino chama-se precisamente... Pansau Intchama.
O 21 de Outubro foi muito bem programado a partir do interior da Guine e com a infantilidade do Pansau Intchama, envolvendo serviços fiéis ao António Indjai.
Quem o fabricou? Quem o executou? E a favor de quem? Para despistar todos era preciso que o Pansau desenvolvesse contactos com os ex-companheiros de 7 de Junho retirados da tropa, assim como alguns em activo.
Recordando a história, apos o 7 de Junho houve muita limpeza étnica nas forças armadas e um dos mais afectados foi a etnia felupe, que se tornaram guardas nocturnos nas residências particulares e que hoje os auto-intitulados ministros de transição argumentam que são djolas e não guineenses.
O acontecimento do dia 21 de Outubro de 2012 é o marco negro para o povo guineense e para todos os amantes da paz e merece pela atitude, a violência e pelas vidas de inocentes ceifadas. Mas também a data merece uma aténção para todos os guineenses com a imposição da intimidação, do terror e a limpeza de testemunhos dos assassinatos ocorridos nos últimos anos como é a morte do General João Bernardo Vieira Nino., do General Tagme Na Wai, dos deputados Baciro Dabó e Hélder Proença, do segurança de estado Samba Djalo e da suposta morte do político Roberto Ferreira Cacheu.
Podemos ser espertos mas o mundo actual está inserido nas altas tecnologias de análise de informações. Quando os rastos ficam pelo caminho é fácil encontrar o dono das pegadas. A grande questão que se põe é: Se houver hoje o julgamento destes crimes, quem irá para o banco dos réus?
Ou pode ser que os líderes da conferência de reconciliação e da paz proposta pelo presidente falecido Malam Bacai Sanha já não têm raízes? O General António Indjai precisa de protecção ontem, hoje e amanhã, razão da sua intranquilidade, o que lhe empurra ao desespero a procura de alternativas. Assim iniciou a nova etapa para a orquestração do assalto do dia 21 de Outubro, podendo com isso executar as limpezas dos testemunhos.
1) Fazer chegar o Pansau Intchama a Bissau, o que parece ter sido bem sucedido. O Pansau, sem saber da ratoeira que lhe esperava, rumou de viagem para Bissau com ajuda de elementos fiéis ao General António Injai, através da Republica vizinha de Gambia. Os contactos foram desencadeados e a data foi marcada.
António N’Calli
(Um balanta descontente)
Fernando Vaz por um fio
O 'ministro da presidência e porta-voz do governo de transição', Fernando Vaz, está mal visto e a um passo da porta da rua. Ditadura do Consenso sabe que o mal-estar gerado pelas constantes calinadas do 'ministro' - caso Roberto Cacheu e, mais recentemente, as acusações infundadas sobre Portugal estar por detrás da 'tentativa' de golpe do passado dia 21 de outubro - agora o 'ministro' fala em 'explicações' por parte de Portugal, deixaram o 'governo de transição' de mãos atadas.
Kumba Yalá não pode sequer ouvir falar dele, mas o problema do 'governo' é outro, ainda muito mais bicudo: é que Fernando Vaz é um protegido do CEMGFA António Indjai (como convencer o general que, a par de Kumba Yalá, manda na Guiné-Bissau? Uma faca de dois gumes, como se pode ver) o que pode trazer problemas ao executivo golpista bissau-guineense. Fernando Vaz tem acusado Portugal (ele próprio portador de nacionalidade portuguesa) mas assim que adoeceu a primeira coisa em que pensou foi...Portugal!!! Nando saiu de Bissau para Dakar, ali apresentou um passaporte português e viajou para Espanha onde 'amigos' de negócios menos claros o foram buscar de carro para ir tratar-se a Portugal. Para isso, Portugal serve... AAS
Situação na Guiné-Bissau exige intervenção africana
Angola pediu ao Conselho de Paz e Segurança da União Africana informações sobre a Guiné-Bissau, principalmente as acções para repor a ordem constitucional naquele país. A interpelação, de acordo com a Angop, que cita o secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto, foi feita durante a reunião ministerial do Conselho de Paz e Segurança da União Africana sobre a aplicação dos acordos entre o Sudão e o Sudão do Sul e a situação no Mali. Para Manuel Augusto, a situação na Guiné-Bissau está cada vez mais preocupante e urge a necessidade da União Africana e todos os envolvidos trabalharem unidos para ajudar a encontrar uma solução de paz.
O comissário para a Paz e Segurança da União Africana fez uma exposição sobre a situação na Guiné-Bissau e os passos a dar com vista à reposição da ordem constitucional e a normalidade da vida no país. O secretário de Estado das Relações Exteriores elogiou o trabalho positivo que o Conselho de Paz e Segurança da União Africana tem feito para solucionar as crises que ainda perturbam o ritmo do desenvolvimento do continente.
Sobre a crise entre o Sudão e o Sul do Sudão, o diplomata disse que se registaram avanços significativos, durante os acordos rubricados no passado dia 20 do corrente em Adis Abeba, Etiópia. Lembrou que persiste algum impasse no que toca à região de Abey, rica em petróleo. Quanto ao Mali, afirmou que os membros do Conselho de Paz e Segurança da União Africana decidiram pelo levantamento da suspensão deste país junto da organização continental. Os 15 membros do Conselho de Paz e Segurança decidiram pelo fim da suspensão, voltando o Mali a assumir o seu lugar de pleno direito junto da União Africana. Sob responsabilidade do grupo de acompanhamento da situação no Mali, ficou a responsabilidade de se trabalhar com a União Africana no que toca à decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre uma intervenção militar.
Um Estado de espírito ajoelhado e desesperado
A 'novela' Pansau Ntchama, para além de real, é triste. A chegada do acossado ao porto de Bissau foi tristemente retratada. A bandeira portuguesa - de um Estado! - envolta no seu corpo ultrapassa todos os limites do bom-senso! As autoridades golpistas na Guiné-Bissau, completamente isoladas por países e organizações democráticas por todo o mundo, merecem uma resposta dura e exemplar: a CPLP devia já ter expulso o nosso país da sua organização - não sei porque espera a nossa organização, mas, talvez com este último episódio, decidam por abrir os olhos.
É intolerável, inaceitável e, sobretudo, vergonhoso ver a bandeira de Portugal enxovalhada e envolta no corpo do Pansau como se ele já o tivesse consigo durante a sua mal explicada aventura (espero que Daba Na Walna tenha gravado a conversa do tal de Didi com o Zamora Induta...) - prova melhor não teria!
Ao mundo:
As autoridades sanguinárias bissau-guineenses (civis e militares) precisam de uma grande lição, de uma lição da qual as gerações vindouras ouvirão falar.
Agora pergunto:
- Bubo Na Tchuto, esse sim com protecção do Estado da Gâmbia, não saiu do país vizinho entrando na Guiné-Bissau à socapa? Alguém (civil ou militar) chegou a acusar a Gâmbia de conivência, que depois deu em golpe de Estado? Não me parece...;
- 'Nino' Vieira entrou na Guiné-Bissau ilegalmente, num helicóptero armado, de um país também vizinho - a Guiné Conacry. Alguém (civil ou militar) acusou o estado guineense por esta aventura digna de um filme de Hollywood? Não creio...
Que Estado este que rapta os seus cidadãos, espanca-os e deixa-os à beira da morte abandonados à sua sorte? Que Estado prende supostos golpistas, para depois os torturar, executando-os de seguida a sangue frio? - Só um Estado de dementes e de assassinos a soldo de um grupinho de esquizofrénicos!!!
Para a comunidade internacional:
Se não tomarem a Guiné-Bissau de ponta, os vossos cidadãos irão sofrer - e falo dos diplomatas, dos funcionários de organizações e dos cidadãos comuns. Talvez assim chegaremos lá. Estamos cansados, fartos de cowboys e de aventureiros. Vive-se uma ditadura sanguinária onde quem não é a favor é considerado inimigo e um alvo a abater. António Aly Silva
Para os que andam a ganir: "Pansau nunca teve estatuto de asilado político"
Portugal esclarece o seguinte: "Em relação a alegações recentemente efetuadas pelas entidades guineenses não reconhecidas internacionalmente de que o capitão Pansau N'Tchama teria tido estatuto de asilo político em Portugal, o Governo português esclarece que esse cidadão guineense não tem, nem nunca teve, o estatuto de asilo político em Portugal", disse à Lusa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), Miguel Guedes. E disse mais: "O Estado português não se presta por isso, em nenhumas circunstâncias, a qualquer instrumentalização para efeitos de questões internas do poder militar em Bissau", acrescentou Miguel Guedes. LUSA
O trajecto de Pansau: ilhéu do Rei, ilha das Cobras e, finalmente, Bolama
O capitão Pansau N'Tchamá, suposto líder do grupo que atacou um quartel na Guiné-Bissau e agora capturado, chegou ao país vindo da Gâmbia depois de sair de Portugal, disse ontem o porta-voz das Forças Armadas guineenses. Daba Na Walna explicou que Pansau N'Tchamá "há muito tempo que circulava" entre Portugal e Gâmbia, de onde teria recebido instruções do ex-chefe das Forças Armadas guineenses Zamora Induta para atacar o quartel dos para -comandos no passado domingo, 21 de Outubro, de que resultaram seis mortos. "Pansau chegou aqui via Gâmbia, contactou com o seu grupo e foi ao quartel dos para -comandos para aí tentar subtrair armas para vir atacar o Estado-Maior e liquidar o chefe do Estado-Maior e o seu staff", afirmou Daba Na Walna em conferência de imprensa em Bissau.
O porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses adiantou que a operação contou com dinheiro e armas enviados de fora. Negou, contudo, que o grupo de Pansau N'Tchamá tivesse subtraído documentos no Tribunal Militar, onde se encontram, por exemplo, os processos relacionados com a morte do ex - Presidente 'Nino' Vieira. "Isso não corresponde à verdade. Não tiraram nenhum documento do Tribunal Militar, queriam era tirar armas de lá, mas não conseguiram", declarou Na Walna, refutando informações de que Pansau N'Tchama - apontado também como tendo estado envolvido no assassínio de 'Nino' Vieira - teria roubado documentos daquele tribunal.
Daba Na Walna confirmou que Pansau N'Tchamá entrou no quartel dos para -comandos, telefonou ao responsável pela unidade, o tenente-coronel Júlio Nsulté, e disse-lhe que se rendesse, já que tinha tomado conta do quartel. Da alteração morreram seis pessoas.
"Quando ele se apercebeu que o seu plano tinha falhado, pôs-se em fuga em direcção à zona de São Paulo, de lá seguiu para a zona de Antula e seguidamente escondeu-se aqui no porto de Bissau até ser transportado para a ilha do Rei, depois para a ilha das Cobras e mais tarde para Bolama", explicou Na Walna. "Ainda houve quem nos tentasse desviar do alvo, dando-nos informações falsas, mas sempre fomos avisados pela população das deambulações de Pansau N'Tchama até ser capturado em Bolama pelas nossas forças", indicou o porta-voz do Estado-Maior.
"A ideia dele era fugir para a Guiné-Conakry, mas isso só não foi possível porque faltou-lhe dinheiro. Quem o ia transportar, de piroga, para Conakry pediu-lhe três milhões de francos, acontece que o seu elo de ligação com Zamora Induta só tinha na altura 500 mil francos", acrescentou Na Walna, contando ainda um episódio que se terá passado durante as operações de caça ao capitão N'Tchamá. "A pessoa que faz a ligação entre Pansau e Zamora, um tal de Didi (familiar do capitão), foi capturado pela nossa gente, sem saber o Zamora liga para esse Didi, e com o telefone em mãos livres, ouviu-se o Zamora a dizer ao Didi que fizesse tudo para pôr o Pansau na Guiné-Conakry. Provas mais que estas não podem existir", sublinhou Daba Na Walna. AngolaPress
domingo, 28 de outubro de 2012
CASO NTCHAMA - Guiné-Bissau exige explicações de Portugal
O Governo de transição guineense exigiu este domingo "uma explicação clara e justificada" de Lisboa sobre "a expedição terrorista do capitão Pansau N´Tchama à Guiné-Bissau", antes de "ser forçado a rever as suas relações com Portugal". A exigência surgiu este Domingo em forma de comunicado do Conselho de Ministros, após uma reunião extraordinária na sequência da prisão, no sábado, de Pansau N´Tchama, acusado pelas autoridades da Guiné-Bissau de ter sido o responsável por um ataque a um quartel no passado domingo.
As autoridades de transição têm acusado Lisboa de envolvimento no caso, alegando que Pansau N´Tchama vivia em Portugal, onde teria pedido asilo político. Um dia depois da prisão do alegado responsável pelo ataque, do qual resultaram seis mortes, o Governo de transição manifestou também "reservas nas suas futuras relações com a CPLP" (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), entidade que também tem acusado de ligação com o que considerou hoje ter sido uma tentativa de "golpe de Estado".
O Governo de transição decidiu também "comunicar a todas as representações diplomáticas acreditadas no país que não tolerará actos que impliquem auxílio e protecção de terroristas que atentem conta a segurança nacional", lê-se no comunicado. No mesmo documento, o Governo de transição agradece o apoio da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO) e pede à organização e aos países amigos para que acompanhem "todo este processo de invasão e de tentativa de golpe de Estado montado no exterior com conivência externa".
No comunicado, lido pelo ministro da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do executivo, Fernando Vaz, o Governo de transição acusa a CPLP e particularmente Portugal e Cabo Verde "de uma política de terrorismo de Estado contra as instituições da República da Guiné-Bissau, que visa a criação de um clima de instabilidade política e social, de forma a justificar a intervenção de forças militares sob a alçada das Nações Unidas". Fernando Vaz disse também aos jornalistas que "pelas primeiras informações" de que o Governo dispõe, Pansau N´Tchama "estava na Gâmbia desde finais de Abril". Ainda assim, o porta-voz não quis envolver o país vizinho no caso, afirmando que se está em fase de investigações.
Também pelo mesmo motivo, em relação a Portugal não fez outros comentários. "Estamos na fase de investigação, não vamos acusar Portugal se não houver provas, não falamos nada de ânimo leve", disse. "Não condenamos Portugal, exigimos que Portugal se explique. Tem um asilado político, terá a obrigação de se justificar como é que esse indivíduo, pelo menos, saiu de Portugal para atacar de seguida um quartel na Guiné-Bissau e protagonizar uma tentativa de golpe de Estado", afirmou. Segundo Fernando Vaz, no ataque de domingo havia a conivência de militares e políticos dentro do país. O ministro não adiantou mais pormenores.
sábado, 27 de outubro de 2012
Militares vigiam acessos às embaixadas
A zona da Penha, onde se situa a maior parte das embaixadas, está pejada de agentes e informadores da contra-inteligência militar. MOTIVO: impedir que políticos e outros peçam asilo nas representações diplomáticas, incluindo a UNIOGBIS e a União Europeia. AAS
Uma noite em Djufunko
O povo guineense, e a comunidade internacional, não tiveram conhecimento do que se passou numa tabanca de Felupes, para os lados de Varela, há cerca de quatro semanas atrás. Um grupo de ladrões de gado tentou roubar vacas armados com bazucas e metralhadoras kalashnikov's, mas, para seu azar, os felupes estavam prevenidos e à espera armados com arcos e flechas. Conseguiram apanhá-los e liquidaram-nos a todos recuperando assim o arsenal que levavam.
Os seis infelizes que foram torturados antes de serem assassinados, como se pode ver pelas fotografias, foram mortos por vingança, dentro de uma casa e não no quartel dos pára-comandos como foi dito - depois da matança é que foram levados para lá - e estou a falar de cinco deles, uma vez que a sexta vítima foi morta, confirmou o editor do Ditadura do Consenso, em frente a populares na estrada que vai para Safim, precisamente no local onde controlam as senhas das candongas que vão para o interior do país.
Ligaram para ele a partir dali, um amigo fingiu um encontro e quando chegou o condutor do comandante dos pára-comandos já estava preparado e à espera. Começaram a atirar para os pés e depois acabou com o resto proferindo palavras de ameaças, inclusive que deixaria de gastar comida do quartel... Depois de assassinato, carregaram o corpo como se de um saco de lixo se tratasse, atiraram-no para a carrinha que pertencera ao ex-director da segurança de Estado e foram deitá-lo no campo de futebol onde os miúdos da zona costumam jogar.
Ainda voltaram ao local, proferindo várias ameaças veladas, prometendo matar e fazendo chamadas entre eles de que acabariam com todos se necessário fosse. Depois tudo isto todos se perguntam: porqué só felupes? Impõe-se, portanto, uma resposta: com tantas horas de tiroteio... as vítimas tinham que ser só felupes? AAS
ÚLTIMA HORA: Pansau Ntchama foi, afinal, capturado há dois dias, e terá feito um acordo tácito com as chefias castrenses, enquanto que os outros foram torturados e sumariamente executados. As cadeias de Bissau irão rebentar pelas costuras. Ditadura do Consenso apurou que muitos nomes foram citados pelo capitão (que está detido na ala direita do EMGFA) dando, assim, azo às pretensões de 'limpeza'... AAS
Pansau tinha uma corda ao pescoço e seis armas apontadas à cabeça
O capitão Pansau N'Tchama, que terá liderado há uma semana um ataque ao quartel de uma força de elite do exército guineense, foi capturado na ilha de Bolama e transportado hoje para Bissau, onde foi preso sem prestar declarações. A agência Lusa testemunhou o momento em que um pequeno barco atracou no cais do porto de Bissau, onde Pansau N'Tchama, de 33 anos, estava sentado sob uma forte vigilância de seis militares fortemente armados. O capitão vinha amarrado com uma corda ao pescoço e vestia uma camisa de farda militar e um calção e estava descalço. Sem prestar quaisquer declarações, Pansau N'Tchama foi conduzido numa carrinha de caixa aberta, sempre com armas apontadas à cabeça, para o Estado-Maior General das Forças Armadas, onde foi presente ao chefe das Forças Armadas, António Indjai. Após breves palavras de circunstância Pansau N'Tchamá foi conduzido para uma cela no Estado-Maior, também sem que ninguém prestasse declarações. Entretanto, os militares prometeram para amanhã mais explicações sobre o caso. LUSA
Pansau Ntchama terá sido detido em Bolama
"Pansau NTchama foi capturado na ilha de Bolama e está a ser transportado de barco para Bissau", disse à Lusa o porta-voz do Governo de transição, Fernando Vaz. O suposto líder do ataque que no domingo provocou seis mortes junto ao quartel dos para-comandos, perto do aeroporto de Bissau, estava a ser procurado pelas Forças Armadas desde então. O Governo de transição tem implicado Portugal e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no ataque ao quartel, pelo facto de Pansau NTchama viver nos últimos anos em Portugal, onde tinha pedido asilo político.
Há dois dias, cerca de 200 homens, 'mobilizados' em Mansoa, chegaram a Bolama com informações que davam conta de que Pansau Ntchama teria desembarcado na primeira capital da Guiné, mas afinal tinha já sido capturado... AAS/LUSA
É já amanhã...
MEIA MARATONA DE BISSAU - QUILÓMETROS DE ESPERANÇA
A 3a Meia Maratona de Bissau a semelhança das outras, é uma corrida com uma distância de 21,1 kms cujo objectivo é projectar ao máximo o nosso atletismo. Está agendada para o dia 28 de Outubro mas, devido aos últimos acontecimentos trágicos, corre sérios riscos de sofrer um aborto provocado e deitar água abaixo todo o esforço da federação de atletismo da Guiné-Bissau (F.A.G.B.) e do seu presidente, Renato Moura (Papi) em prol do desenvolvimento do desporto nacional.
Este ano, ao contrário dos anos transatos, o que tem sido festa, (se nao...) ocorrerá sem dúvida num ambiente consternado e doentio. Terá um percurso muito difícil, com muitas subidas e descidas (de consciência) nas estradas esburacadas da cidade triste e amedrontada.
Espero que este importante evento desportivo venha atrair uma multidão; encher as ruas da capital de gentes de todas as idades, religiões, sexos, raças, cores, de políticos, militares, enfim, toda a sociedade guineense; fortalecer o carácter e reforçar a união entre todos os guineenses; silenciar as armas e por fim a toda a violência; encher com o espírito competitivo e a camaradagem necessária para a luta pela liberdade sonhada; trazer uma visão comum, rumo a um futuro que se quer risonho sobretudo para as gerações vindouras.
Uma meia maratona é uma prova de resistência... Resistência é o que não falta com certeza aos guineenses. Faço votos que o povo resista com coragem a tudo o que tem ameaçado ou destruído a paz e a estabilidade; opte pelo diálogo social como caminho para a reconciliação nacional; não dê ouvidos à voz daqueles que têm interesses obscuros e querem impedir o desenvolvimento do nosso país; lute contra aqueles que pretendem interromper os esforços e todos os “ganhos” conseguidos para o restabelecimento da legalidade constitucional e o bom funcionamento da democracia.
Irmãos, vamos correr pela paz! É a melhor maneira de obter uma boa forma física e sanidade mental... Fazer desta corrida um desafio, momento de união, reflexão e um ponto de viragem de página na história do nosso país!
Correr sem pretensões a títulos e no final assistir este povo sofrido a subir o pódio e a receber como troféu, a PAZ, LIBERDADE E DIGNIDADE.
“Só com uma sociedade unida e não unitária e que passe pelo respeito pela dignidade de cada um é que se pode construir o futuro. Só uma solidariedade efectiva pode ser o antídoto contra os problemas... É urgente educar para a paz!” (sua santidade Papa Bento XVI).
Façamos do desporto uma prioridade! Haja saúde!
Londres, 26/10/12
Vasco Barros.
Carlos Gomes Jr.: "Rejeito a violência porque sou um homem de bem"
O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau declarou hoje à Lusa que rejeita atos de violência, é homem de bem e terá de reagir a quem o acusa de envolvimento no assassínio de políticos ou ataques militares. Carlos Gomes Júnior, que se encontra na África do Sul desde quarta-feira, disse à agência Lusa, em contacto telefónico a partir de Lisboa, que desconhece a existência de uma carta rogatória que as autoridades de Bissau informaram ter enviado a Portugal no passado dia 10 para que seja ouvido no âmbito do processo de Helder Proença, ex-ministro da Defesa guineense, assassinado em 2009. Face à carta, que segundo fonte do gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República portuguesa ainda não deu entrada na instituição, Gomes Júnior não hesita em afirmar que os seus advogados tratarão de seguir o processo. LUSA
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
José Maria Neves: “Guiné-Bissau está a transformar-se num narco-Estado, onde as instituições não funcionam”
O primeiro-ministro, José Maria Neves, considerou hoje na Cidade da Praia que a Guiné-Bissau deve ser motivo de preocupação para toda a comunidade internacional porque “está a transformar-se num narco-Estado, onde as instituições não funcionam”. O chefe de Governo falava aos jornalistas à margem da cerimónia de assinatura do protocolo entre o Governo de Cabo Verde e os Bancos Comerciais para a operacionalização do Sistema de Crédito para Estudantes com Garantia Mútua. José Maria Neves fez estas considerações depois de escusar-se a tecer qualquer comentário sobre as declarações do porta-voz do governo de transição da Guiné-Bissau, Fernando Vaz, que considerou “vergonhosas” e pediu que acabem “as faltas de respeito” referindo-se às declarações das autoridades cabo-verdianas sobre os últimos acontecimentos no seu país.
Isto porque, na sequência da tentativa de assalto a um quartel em Bissau, no passado domingo, na qual as autoridades de transição implicam Portugal e a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), o primeiro-ministro de Cabo Verde remeteu para posteriormente um comentário mais consistente, alegando que, de Bissau, nem sempre as declarações políticas correspondem à realidade. “Não merecem qualquer comentário do Governo de Cabo Verde. O Estado de Cabo Verde é uma pessoa de bem, as instituições da República são legítimas, Cabo Verde é um Estado de Direito Democrático e tem uma grande confiança e prestígio no plano internacional”, respondeu hoje o primeiro-ministro cabo-verdiano. O chefe do executivo aproveitou ainda para dizer que no arquipélago está-se sobretudo a trabalhar para que se possa combater com vigor os tráficos, o desrespeito pelos direitos humanos e qualquer desvio em relação aos princípios fundadores de um Estado de Direito Democrático.
Cabo Verde, acrescentou José Maria Neves, quer que a Guiné-Bissau encontre a paz, quer que a comunidade internacional preste atenção a este país irmão porque “está a transformar-se num narco-Estado, onde não há respeito pelos direitos humanos, onde as instituições da República não funcionam e não há a submissão do poder militar aos poderes civis legitimamente constituídos”. O primeiro-ministro aproveitou igualmente para instar a União Africana a ver com um “olhar atento” a situação da Guiné-Bissau, buscando consensos com as Nações Unidas, a CPLP e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para, entre outros, o lançamento das bases para a consolidação da democracia e para o desenvolvimento da Guiné-Bissau.
“GUERRA” COMEÇOU ONTEM
Ainda ontem, o Governo de transição da Guiné-Bissau, através do seu porta-voz, Fernando Vaz, atacou, de forma pouco cordial, o Primeiro-Ministro e Presidente da República de Cabo Verde, que se pronunciaram sobre a crise política e militar, que tende agudizar-se dia após dia na quele país lusofono. Em declarações à RTP África, Fernando Vaz disse que é “vergonhoso” as declarações do primeiro ministro de Cabo Verde, quando “põe em causa a veracidade dos actos do Governo da Guiné-Bissau”. O porta-voz vai mais longe ao interrogar se a Independência de Cabo Verde é verdade. “De onde é que veio? Terá vindo de Portugal? O senhor José Maria Neves se fala hoje deve a este povo e pelos milhares de mortos, que sofreram para ele poder falar dessa maneira”.
Referindo-se à recente situação que provocou seis mortos num assalto a uma das casernas das Forças Armadas guineenses, Fernando Vaz diz que sabe, perfeitamente, que essa é uma estratégia de Portugal, CPLP e os seus “comparsas”, que prepararam um levantamento militar, com vista a tentar descredibilizar o Governo de transição na Guiné-Bissau. “Foi um acto terrorista de assalto a um quartel para trazer a instabilidade e morte da Guiné-Bissau, novamente”, frisou o porta-voz, que fez questão de responder o PR e o PM de Cabo Verde, no que concerne ao envio de uma força internacional para tentar estancar a onda de violência que assolando a Guiné-Bissau.
“Quero dizer ao senhor José Maria Neves e o senhor Jorge Carlos Fonseca que nós iremos reforçar o contingente militar. Vamos pedir à CEDEAO para que reforce o contingente militar, para que eles, Portugal e os seus comparsas não preparem mais situações deste género e que as nossas fronteiras estejam mais protegidas”, frisou. “Pedimos ao PM e ao PR de Cabo Verde que deixem o papel que fizeram no período colonial, que deixem de ser instrumento do colonialismo e que sejam africanos hoje. Eles são daquelas pessoas que, se calhar, defendiam a posição de Cabo Verde como Portugal insular. Nós sempre defendemos a independência, não confundam e não nos faltem mais ao respeito”, concluiu.
INFORPRESS-DC
Casa roubada...
... Trancas à porta. Pelo menos hoje foi assim durante toda a manhã, na cidade de Bissau. Militares da ECOMIB em grupos de dois, três fecharam todas as entradas que vão dar ao largo da Câmara Municipal de Bissau, onde os fieis muçulmanos rezavam. De AK-47 a tiracolo e com caras de poucos amigos, nem sequer falavam. Um gesto apenas indicava que o acesso está barrado. A sua presença, contudo, intimidava.
No centro da cidade de Bissau, podia ouvir-se uma mosca. O silêncio era total, o calor infernal, estamos a ser engolidos pela humidade. Sobretudo sentia-se a ausência de gente - que incomodava. O corrupio diário, frenético e desorganizado ausentara-se para dar lugar a uma calma de morte, pesada como chumbo. O que se passará? Nada que (me) surpreenda.
Para os lados dos bombeiros, dos coqueiros, de outros 'os', as Kalashnikov já não assustam vivalma. Aliás, as pessoas olham para ela sem desconfiança. Tornou-se habitual a sua presença e a rotina tem destas coisas - o que é perigoso. Por esta hora, ainda são vistos, amiúde. Vestem camuflados e coletes à prova-de-bala, usam um capacete branco, logo não são daqui.
Nunca, em 46 anos de vida, me senti tão assustado, perseguido e ameaçado como nestes últimos dias. Tenho-o dito a amigos próximos com tal convicção que um deles se prestou a acompanhar-me como se disso dependesse a minha própria salvação. Tomei precauções, identifiquei as pessoas que mandaram os recados (assim mesmo e sem medo da expressão, pois foi disso mesmo que se tratou). Assentei os nomes, estão com interposta pessoa, em local seguro.
Contudo, não estou alarmado. Tomei, como disse, precauções mas não creio que alguém se sinta completamente seguro nesta cidade, neste país de traições e cumplicidades dúbias. Tenho ouvido boatos, calúnias. Mantenho-me na minha - informar com base na veracidade (para que ninguém tussa) com humor (é melhor rir do que chorar) e, sobretudo, com total independência. Doa a quem doer. António Aly Silva
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Eid al-Adha : Thompson diz que o Islão é “poderoso promotor da paz na Guiné Bissau”
Peter Thompson, representante do grupo parlamentar do Reino Unido para a Guiné-Bissau, encontrou-se com a Comunidade Islâmica da Guiné-Bissau, numa antecipação às celebrações do Eid al-Adha. Na sexta-feira, dia 26 de Outubro, Thompson irá testemunhar o sacrifício tradicional de uma cabra na área de Mansoa, a convite dos líderes locais. Desde o golpe de Estado em Abril, quando chefiava a delegação da missão do Reino Unido às eleições presidenciais na Guiné-Bissau, Peter Thompson tem desenvolvido esforços no sentido de promover o diálogo entre as partes no âmbito da Reconciliação Nacional. Thompson foi o delegado internacional para a Conferência de Reconcialiação Nacional, adiada em Janeiro, e tem mediado conversações que se destinam a um novo processo de reconciliação não partidário com uma ”Estratégia de Futuro Partilhada”.
Na quinta-feira, dia 25 de Outubro, Thompson manteve um encontro com o Conselho Superior Islâmico em Bissau. Em declarações aos jornalistas, após este encontro, Peter Thompson afirmou ter “uma enorme admiração pela força da Fé da comunidade Muçulmana na Guiné-Bissau”, tendo aproveitado igaulmente a oportunidade para “congratular o Conselho Superior e o Conselho Nacional pelo trabalho tremendo que têm feito em prol das populações empobrecidas e marginalizadas de todo o país”. Acrescentou ainda: “A fé religiosa é um meio incomparável para encontrar soluções pacíficas para problemas políticos, como o nosso próprio processo de paz na Irlanda do Norte mostrou ao mundo. Na celebração do Eid-al-Adha, esta mensagem deve ser uma inspiração para todos os políticos.” Apesar de professar a religião cristã, Thompson tem vindo a trabalhar de perto com a Comunidade Islâmica em Bissau no processo de Reconciliação Nacional há mais de dois anos.
Cólera: Está confirmado
A Guiné-Bissau começou a ser atingida em agosto por um surto que as autoridades locais consideram ser de diarreia aguda, lançando apelos às populações sobre os cuidados a ter com o saneamento básico e com os alimentos. A pedido das autoridades sanitárias guineenses, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou análises que revelaram que o surto inclui diarreias e cólera.
Fonte do Ministério da Saúde Pública da Guiné-Bissau disse à agência Lusa que "como a OMS diz, há cólera", o que não significa que os cerca de dois mil infectados tenham sido atingidos pela doença. "Não negamos que haja cólera. Poucos casos. Mas dizer que as pessoas que têm sido atingidas pela diarreia aguda têm todas cólera, isso não podemos admitir, porque sabemos que a cólera mata rápido se não for bem tratada", disse a fonte.
A fonte do ministério da Saúde confirmou que até terça-feira foram registados 1.807 casos de diarreia aguda, que resultaram na morte de nove pessoas, sete das quais na capital, Bissau."Temos de admitir que algumas dessas pessoas terão falecido devido a cólera, mas há um surto declarado de diarreia no país", observou a fonte da Saúde Publica guineense, lembrando que na última epidemia de cólera registada no país em 2008 "em poucos dias" morreram mais de 200 pessoas.
A fonte oficial enfatizou que as diarreias são frequentes na Guiné-Bissau na época das chuvas (entre de Maio e Novembro) sobretudo em Bissau "devido às péssimas condições de higiene e saneamento", apontando situações em que as latrinas ou as casas de banho são construídas ao lado de poços de água.
AMNISTIA INTERNACIONAL - Guinea Bissau: Beatings and intimidation create a climate of fear
A climate of fear has fallen over Guinea Bissau since Tuesday when two government critics were badly beaten and soldiers conducted searches for people they suspect were involved in an attack on a military barracks early Sunday.
The government claims the attack on the barracks of an elite army unit based on the outskirts of the capital, Bissau, was an attempted coup by supporters of the previous Prime Minister Carlos Gomez Júnior, who was himself ousted by a coup in April this year. "It is wholly unacceptable that civilians are being terrorised because they happen to live in an area where the army suspects that supporters of the former government are hiding," said Noel Kututwa, Amnesty International's southern Africa director.
"It is imperative that the authorities uphold the rule of law and conduct investigations into this alleged attack rather than hunting opposition politicians down on the streets." On Tuesday 23 October two outspoken critics of the transitional government were badly beaten by soldiers, some of whom were dressed in civilian clothes. Iancuba Indjai, leader of the Partido da Solidaridade e Trabalho (Party of solidarity and Labour Workers Solidarity – PST) was assaulted, bundled into a car and dumped some 40 kilometres outside the city. He was recognised by local residents and was later collected by his family. He is currently in an embassy receiving medical treatment.
Following the coup in April, Iancuba Indjai had to go into hiding as the military were seeking to arrest him. Later on Tuesday, Silvestre Alves, a lawyer and president of a political party Movimento Democrático Guineense or MDG (Guinean Democratic Movement), was taken from his office and also severely beaten and dumped north of Bissau. He is currently hospitalised in an intensive care unit suffering from severe head injuries and two broken legs.
The authorities have also now accused the former secretary of state for fisheries, Tomas Barbosa, of collusion in Sunday's attack and are hunting for him. According to information received by Amnesty International he has taken refuge in an embassy. Other members of the government deposed in April have apparently also taken refuge in embassies. Some of them have already spent months in hiding following the April coup. "These savage acts only add to rapid deterioration of the human rights situation in the country and the pervasive climate of fear," said Noel Kututwa.
"These witch hunts must end and the perpetrators of these vicious attacks brought to justice or the cycle of violence that has plagued Guinea Bissau for decades will never end." The April coup exacerbated the political instability and fragility of Guinea-Bissau and accentuated the tension between the military and civilian authorities, and was a setback to the tenuous democratic and human rights gains made in recent years. For years, security and stability in Guinea-Bissau have been threatened by rampant impunity for human rights violations by the armed forces, including stalled investigations into the killings of political and military figures since 2009, the urgent need to reform the security forces, including the military who have long interfered in politics, and suspicions that several military officers and other officials are involved in international drug trafficking.
Coups, attempted coups and military revolts that have plagued the country since its independence from Portugal in 1974 became more frequent after 2000.
Notes to Editors:
Iancuba Indjai is also a spokesperson of the Frente Nacional Anti-Golpe – FRENAGOLPE, (a platform of political parties and civil society groups set up to contest the April coup)
For more information or to organise an interview with an Amnesty International expert, please call Katy Pownall on +27 (0) 797 378 600/ +44 (0) 7961 421 583 or email kpownall@amnesty.org
Katy Pownall
Africa Press Officer,
Amnesty International
International Secretariat
Guiné-Bissau: Presidente de Cabo Verde defende intervenção "firme e determinada" da ONU
Presidente de Cabo Verde defende intervenção "firme e determinada" da ONU na Guiné-Bissau. Jorge Carlos Fonseca defendeu ontem, na Cidade da Praia, que sem uma intervenção "firme, determinada e interessada" das Nações Unidas, a Guiné-Bissau corre o risco de não ter solução.
Falando à agência Lusa e à RTPÁfrica, à margem de uma reunião dos presidentes dos Tribunais de Contas lusófonos, Jorge Carlos Fonseca considerou "lamentáveis e inaceitáveis" os acontecimentos de domingo de manhã em Bissau, onde um alegado ataque a um quartel provocou seis mortos. "Estamos a acompanhar os acontecimentos e a tentar perceber a sua real dimensão e efetivo significado. É muito lamentável e inaceitável que se continuem a registar atos de violência, que haja continuidade da intervenção de forças militares no processo político", afirmou Jorge Carlos Fonseca. LUSA
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
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