segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Meu. Quebo.
Quem me conhece bem sabe que não sou pessoa de desistir facilmente. Tenho, de resto, o empenho estampado no rosto. Gosto do meu País. Dez minutos depois de atravessar as suas fronteiras, começo a sentir arrepios. Bom, dez minutos talvez seja exagerado; Que sejam cinco. Mas de certeza que de trinta minutos não passa.
Pessoalmente, tenho dificuldade em orgulhar-me das coisas que me acontecem por casualidade. Fernando Pessoa escreveu: «O lugar onde se nasce é o lugar onde mais por acaso se está» - uma frase com a sua piada.
Eu nasci na Aldeia Formosa (actual Quebo). Já fui ao Quebo umas vezes, passei outras tantas sem parar e confesso que nem de uma nem de outra vez senti grande coisa. Nem um arrepio na alma. Não me vieram - ao contrário dos piegas - lágrimas aos olhos, nem me deu vontade de escrever contos. Nem sequer um poema.
Pouco me importa que milhão e meio de guineenses desconheça onde fica a vila do Quebo, ou quantos habitantes terá ou teve em tempos. Ou sequer se tem tradições, e já agora quais serão.
Trata-se de um sítio, e pronto. Um sítio de merda, como o são aqueles sítios onde por nada deste mundo assentamos arraiais, ainda que por breves momentos. Passámos, e às vezes desviámos o olhar, talvez envergonhados.
O facto de eu ter nascido na Aldeia Formosa, não transformou o Quebo num lugar especial - e é assim que está bem. Um sítio banal, aquele onde eu nasci. Talvez seja por isso que eu vivo de forma espartana. E não me tenho dado mal.
Mas não trocaria o Quebo por nenhum outro lugar. E com a vossa licença vou embora já. Vou para o outro Sul - e será sempre o eterno Sul cheio de estrelas e de noites intermináveis. António Aly Silva
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Com grandes Homens
José Maria Neves, primeiro-ministro de Cabo Verde
Suzi Barbosa, secretária de Estado da Cooperação e Cipriano Cassama, presidente da Assembleia Nacional popular
Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, ex-secretário Executivo da CPLP e ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau
SÓ PARA RECORDAR
OPINIÃO AAS: JOMAV perdeu esta batalha e… todas as outras batalhas
À atenção de:
PALOP
CPLP,
CEDEAO,
UNIÃO AFRICANA,
UNIÃO EUROPEIA,
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
Ao demitir o governo de Domingos Simões Pereira, José Mário Vaz, Presidente da Guiné-Bissau apresentou basicamente dois argumentos: a corrupção e a perda de confiança política no Chefe do Governo.
Em relação ao primeiro argumento, não só foi incapaz de provar qualquer acto de corrupção do governo demitido como se recusou a colaborar com a Comissão de Inquérito criada pela ANP para averiguar as suas acusações.
Quanto ao segundo argumento, pode-se dar o benefício da dúvida na sua avaliação, já que a Constituição dispõe que o Primeiro-ministro é politicamente responsável perante o Presidente da República e a interpretação de quebra de confiança política é meramente subjectiva.
Contudo, diante de sérias dúvidas quanto à bondade destes argumentos, um leque enormíssimo de vozes, quer dentro quer fora do país, tentaram em vão demover o Presidente da República da sua intenção de demitir o governo de DSP com o receio de que o acto político poderia ameaçar a concretização dos fundos prometidos na mesa redonda de Bruxelas e recolocar o país numa nova espiral de instabilidade política.
Jomav ignorou todos os apelos vindos de vários partidos políticos, da sociedade civil, dos líderes religiosos e tradicionais, do presidente senegalês Macky Sall, do seu homólogo Alpha Condé, do secretário-geral da ONU Ban Ki Moon, e de tantos outros.
Ao preservar na sua determinação de derrubar o governo de DSP (coisa que durante a campanha eleitoral jurara a pés juntos que nunca iria fazer), Jomav avocou a si o ónus da estabilidade política.
Isto é, assumiu o risco de que, a partir daquele momento, ele seria o único responsável pela estabilidade política na Guiné-Bissau. O risco era elevado, mas a perseverança de Jomav fazia pensar que ele sabia o que fazia e tinha o controlo da situação. Estava enganado ou deixou-se enganar.
O seu plano falhou redondamente. Desde 12 de Agosto de 2015 que o país entrou num ciclo de instabilidade política absolutamente desnecessário e não consegue sair dele – dois meses sem governo, nomeação de um governo inconstitucional, anulação do acto pelo STJ, nomeação de um governo incompleto (há quatro meses sem Ministro da Administração Interna e Ministro dos Recursos Naturais), transferência da luta política para o Parlamento, disputas sobre aprovação ou rejeição do programa do governo, actos de vandalismo no Parlamento, disputas nos tribunais, etc.
Perante tudo isto, o presidente parece ter sido apanhado num turbilhão inesperado que ultrapassa a sua capacidade de reacção. Ele, que é suposto ser o árbitro de todo o processo político já deixou transparecer que não tem uma porta de saída airosa para a crise por si criada.
De comunicados inoportunos e mal articulados da Presidência da República a iniciativas tardias e frouxas de diálogo político, Jomav cimenta a cada dia que passa a impressão de que fez o país refém de propósitos mesquinhos e não sabe o que fazer para o tirar do imbróglio em que o meteu.
Constitucionalmente Jomav ainda tem armas para resolver o problema. Só que essas armas viraram armas de arremesso. Para voltar a derrubar o governo terá que fornecer uma boa justificação (algo que não tem) e o resultado será sempre voltar a entregar o poder ao PAIGC. Neste cenário, Jomav sofreria um sério desgaste político e consolidaria a sua imagem de factor de instabilidade política.
Se dissolver o Parlamento, baralha todo o jogo mas ele próprio entrará na disputa eleitoral. Perante tudo o que está a acontecer, ninguém no seu mais perfeito juízo colocará a hipótese de que se possa clarificar o jogo político sem que o próprio Jomav vá às eleições. Este é o seu grande dilema hoje: a derrota, amanhã.
O que lhe resta? Pouca coisa. Jomav está cada vez mais isolado e o seu capital político erodiu dentro e fora das nossas fronteiras. Os populares não o respeitam; os músicos atiram toda a ira nacional contra ele em canções extremamente agressivas e desrespeitosas; os blogues vilipendiam-no diariamente.
O homem vive num absoluto hermetismo, reflexo da sua incapacidade de lidar com as populações. Nos seus dois anos como Presidente da República não visitou uma única região do país.
O seu único vai vem é entre o Palácio luxuosamente pago por terceiros e Calequisse, uma vila no meio de nenhures, sem uma única estrada. Os seus pares da sub-região não querem tratar com ele; internacionalmente, está muito mal visto (um alto funcionário das Nações Unidas comentou em tempos que nunca nos seus 24 anos na ONU tinha visto um Presidente da República que perdeu credibilidade internacional em tão pouco tempo).
A pergunta que muitos fazem agora não é se Jomav vai ter um segundo mandato, mas sim se vai terminar este. Em todo o caso, se conseguir terminar este, poderá agradecer aos deuses (ou aos Irãs em que muito acredita) de ter tido essa sorte. AAS
Diabos engarrafados e outros seres míticos em defesa das florestas da Guiné-Bissau
Um homem que um dia acampou numa floresta sagrada do Boé, leste da Guiné-Bissau, levou sem querer, fechado numa garrafa, um pequeno diabo de volta para casa, conta-se nas aldeias guineenses.
Foram tantos os infortúnios que lhe aconteceram a ele e a quem o rodeava que todos tiveram que se mudar para outras terras, para bem longe daquela espécie de demónio. Superstições como esta ainda são contadas com frequência para preservar as florestas que a população classifica como sagradas, um saber ancestral que uma Organização não-governamental (ONF) holandesa quer preservar.
Estas histórias estão em risco de desaparecer, alerta Annemarie Goedmakers, dirigente da Chimbo, que lhes pretende dar um novo fôlego. A associação de origem holandesa tem como objetivo proteger o meio-ambiente, centrada no estudo e vigilância dos chimpanzés guineenses, e mereceu agora apoio da União Europeia para um projeto que pretende também proteger os valores culturais e promovê-los como produto turístico.
No interior da Guiné, sem estradas, nem comunicações, sujeitas ao isolamento, as populações podem ter diferentes entendimentos em relação à gestão de recursos, consoante as suas crenças e etnias, mas ninguém desafia o conceito de floresta sagrada. "Sobre as florestas sagradas todos estão de acordo, devem ser preservadas, mas é importante que se faça algo já, porque os mais novos começam a perder este conceito", refere Goedmakers.
Os jovens "pensam que os mais velhos só relatam contos sem importância sobre espíritos. Nós queremos juntar todas as histórias, promovê-las e unir as pessoas em torno da preservação da natureza", sublinha. Caso contrário, os mais novos podem baixar a guarda e florestas inteiras podem ser devastadas -- os incêndios que resultam de descuidos na renovação de pastagens e o corte ilegal de madeira têm provocado um recuo das florestas no país.
Além dos residentes que têm plena consciência do valor ambiental em causa, há muitas pessoas "que de facto acreditam nas histórias, nas superstições". "Não é diferente do que acontece noutros sítios no mundo, nomeadamente em locais onde há nascentes de água", destaca Annemarie Goedmakers.
No Boé, a missão de preservação que estas crenças encerram "é ainda mais importante que noutros sítios, porque a terra em redor destas florestas [sagradas] é inóspita. Se se perdem estes locais, deixa de haver água para a população" -- que se estima em redor das 12 mil pessoas.
O projeto que agora arranca vai ter a duração de dois anos e parte da estrutura já montada através da Chimbo -- com comités de aldeia que fazem vigilância das florestas adjacentes. Estes membros ativos recebem algumas remunerações pelo trabalho regular que desenvolvem e ainda pelos serviços de guia e cozinha, com pratos locais, aos turistas atraídos sobretudo pelos chimpanzés -- visitantes ainda em número residual, sobretudo estudantes.
"Mas o principal interesse deles em relação aos turistas tem a ver com o contacto o resto do mundo, que é muito difícil", devido ao isolamento da região. Os visitantes podem contar com um acolhimento afável, hospitalidade, natureza em estado bruto com observação de espécie selvagens e "nenhuma Internet, o que por vezes é muito bom", refere Annemarie.
Além do registo e divulgação das histórias locais, entre as iniciativas propostas pelo novo projeto está também a realização de um festival cultural do Boé, a cada quatro anos.
No final, espera-se que a auto estima da população saia reforçada e que a atividade cultura e proteção ambiental sejam reconhecidas formalmente a nível internacional. Lusa
sábado, 13 de fevereiro de 2016
Guia Prático Para Perceber Esta Crise
Facto:
Desde 1994, quando a Guiné-Bissau entrou na era da democracia multipartidária, realizando as primeiras eleições pluralistas da sua história, nunca um governo terminou o seu mandato. As legislaturas são sempre interrompidas.
Porquê?
Porque os perdedores não têm paciência para aguardar as próximas eleições e não conseguem arranjar emprego porque nunca trabalharam na vida. Assim, no dia seguinte às eleições começam a planear o derrube do governo.
Quem São?
São geralmente líderes das formações políticas minoritárias, líderes de partidos sem expressão ou que não conseguem eleger um único deputado, candidatos presidenciais insignificantes, com meia dúzia de votos a nível nacional, elementos descontentes do partido vencedor, etc.
O Que Fazem?
Formam entre eles uma Santa Aliança, movidos por um único objectivo: derrubar o governo que acaba de ser entronizado com a maioria dos votos do povo e obter um outro governo (de unidade nacional, de iniciativa presidencial, de transição, de manta de retalhos, etc.)
Como Fazem?
Montam uma estratégia de assalto ao poder, encostando-se nos militares ou - aproveitando as fragilidades da Constituição - no Presidente da República.
O Que Conseguem?
Conseguem tornar os vencedores das eleições em perdedores e eles, perdedores das eleições, tornam-se vencedores.
E Desta vez?
Desta vez essa estratégia faz face a uma nova realidade: um povo farto da instabilidade política, umas forças armadas determinadas a afastar-se do jogo político, e um partido vencedor das eleições (PAIGC) com uma liderança forte e decidido a não deixar triunfar o golpe habitual.
O Que Vai Acontecer?
Os líderes das formações políticas minoritárias, os líderes de partidos sem expressão, os candidatos presidências frustrados, os elementos descontentes do partido vencedor vão ter que ir às próximas eleições, e ganhá-las, se quiserem governar. AAS
BOCEJOS: "Estou Farto da Comunidade Internacional!"
"Estou Farto da Comunidade Internacional!"
Eis a infeliz frase com que Obama, perdão Jomav, brindou os presentes na última reunião no Palácio, em Bissau, na presença de Olesegun Obasanjo.
Segundo um diplomata em Bissau, nem mesmo Obama, o Presidente da Nação mais poderosa do mundo, deixaria escapar esta frase da sua boca.
DETALHE: No país de Jomav, 40% do Orçamento Geral do Estado é financiado pela tal comunidade internacional.
O próprio Jomav, quando viaja para o estrangeiro, precisa que lhe tragam um avião para lhe dar boleia… Esta frase ficará na história. AAS
POUCA VERGONHA TEM LIMITES/JUIZ LASSANA CAMARA
NA SUA PÁGINA DO FACEBOOK, REFERINDO-SE AOS 15 DEPUTADOS EXPULSOS DO PAIGC...:
"Vc são verdadeiros filhos desta terra, pena é que falta este povo senso crítico para poderem enxergar a vossa atitude. Por isso continuem a vossa luta é justa e legítima."
Alguém no seu perfeito juízo entende mesmo o nosso País?!
NOTA: Pelo português, nota-se logo QUE NÃO FOI o Lassana que escreveu o documento...Mais uma. AAS
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
CAPTURADO NA GÂMBIA: O ex-presidente do União de Leiria, condenado por homicídio em Portugal, foi recapturado na Gâmbia. António Basto estava sob alçada da PJ guineense, mas escapou às autoridades depois de simular um mal estar. Foi agora recapturado na Gâmbia e a sua extradição pode acontecer o mais rápido possível. AAS
PORTO de BISSAU recebe pavimento novo
A cerimónia de inauguração das obras de pavimentação do recinto do porto comercial de Bissau, hoje, são boas noticias para a diáspora guineense. A partir desta manha, o porto de Bissau passa a ter a capacidade de albergar ate 72 mil contentores (35 mil antes).
No acto de inauguração, que contou com a presença do PM Carlos Correia, o Secretario de Estado dos Transportes e Telecomunicações, João Bernardo Vieira, disse que "a boa governação é sinónimo de desafios de quem trabalha mais."
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