terça-feira, 2 de dezembro de 2014
URGENTE: Mais de 3.000 novos casos de SIDA na Guiné-Bissau
Na Guiné-Bissau, dados apontam para o registo de novas infecções em 2014. As cifras apontam para 3.197 novos casos, entre 42 mil e 261 do total de pessoas que vivem com VIH. esse número, as crianças representam 16,9%. Um quadro que não deixa de ser preocupante, perante as preocupações e dificuldades com que os seropositivos deparam.
Os seropositivos guineenses consideram-se marginalizados e abandonados pelos seus próximos, ou, por outras palavras, a estigmatização representa ainda um dos factores de risco para os doentes de sida, na Guiné-Bissau.
“Muitas pessoas morreram, porque são severamente rejeitadas pelas suas comunidades”, afirma Pedro Mandica, presidente da Rede Nacional das Associações de Pessoas que vivem com o VIH, uma estrutura que congrega cerca de duas dezenas de organizações autónomas.
Quem também aceitou que o estigma figura no topo da lista dos factores de morte da maioria dos doentes de VIH na Guiné-Bissau é o Secretário Executivo do Secretariado Nacional de Luta contra a SIDA, Anaximandro Zylene Casimiro Menut.
Fontes indicam que em 2012, com o arrefecer de relações com os parceiros internacionais, em consequência do golpe militar de 12 de Abril, os seropositivos enfrentaram dificuldades de sobrevivência, em consequência da constante penúria de medicamentos, o que levou a morte de muitos.Neste momento, mais de oito mil pessoas estão em tratamento.
Comparativamente aos outros países da sub-região oeste africana, em termos da prevalência de números de seropositivos, a Guiné-Bissau apresenta um quadro muito preocupante.VOA
ÉBOLA: Encerramento de fronteira na Guiné-Bissau pode "acentuar riscos" de falta de alimentos
O encerramento dos postos de fronteira com a Guiné-Conacri para prevenir a entrada do Ébola na Guiné-Bissau pode "acentuar riscos de insegurança alimentar", alerta a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, sigla inglesa).
"Se esta situação continuar, pode acentuar riscos de insegurança alimentar, sobretudo das famílias pobres das regiões fronteiriças", refere-se no documento de avaliação da campanha agrícola na Guiné-Bissau a que a Lusa teve hoje acesso. De acordo com o levantamento, o fecho de fronteiras causa diversos problemas.
CAJU/FAO: "campanha foi boa", mas continua a faltar dinheiro para comer
O caju, principal fonte de rendimento das famílias da Guiné-Bissau, foi este ano vendido a bom preço, mas a população continua a ter dificuldades para comprar alimentos, alerta a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, sigla inglesa).
"A campanha de comercialização da castanha de caju, este ano, é considerada boa relativamente aos preços praticados", destacou o documento de avaliação da campanha agrícola na Guiné-Bissau a que a Lusa teve hoje acesso.
No entanto, "os efeitos combinados do fraco rendimento de uma boa parte da população e os níveis dos preços dos produtos alimentares de base não deverão melhorar o acesso das populações aos produtos alimentares", acrescentou. Lusa
VIH/SIDA: Prevalência na Guiné-Bissau é das mais altas da África Ocidental
A taxa de prevalência do VIH/SIDA na Guiné-Bissau é das mais altas da África Ocidental, declarou hoje, Anaximandro Menut, diretor do secretariado nacional de luta contra a doença. O organismo foi convidado pelo parlamento para apresentar um ponto da situação sobre a doença, a propósito do Dia Mundial da Luta Contra a SIDA, que hoje se assinala.
De acordo com Anaximandro Menut, a taxa de prevalência no país ronda 5,3% na faixa etária dos 15 aos 49 anos. Dados da ONU/SIDA, agência das Nações Unidas que monitoriza a doença, apontam que, até final do ano, mais de 42 mil guineenses serão considerados seropositivos, acrescentou aquele responsável. Na Guiné-Bissau, as mulheres são as mais afetadas pelo VIH e as zonas no Leste - regiões de Bafatá e Gabú - que fazem fronteira com a Guiné-Conacri e o Senegal, são as mais atingidas pela doença, notou ainda Anaximandro Menut.
As regiões de Oio e Biombo (centro/norte) e Bolama/Bijagós (ilhas) são as zonas da Guiné-Bissau com menor prevalência. Mais de 30 mil guineenses necessitam de tratamento com antirretrovirais, embora apenas cerca de oito mil recebam os medicamentos que são comprados através de verbas do Fundo Global e de países como Portugal e Brasil.
O Dia Mundial de Luta Contra a Sida é comemorado no primeiro dia de dezembro para alertar as populações quanto à necessidade de prevenção e de precaução contra o vírus, que ataca o sistema imunológico do doente, e para lembrar todas as vítimas que faleceram ou estão infetadas com a doença. A SIDA é a primeira causa de mortalidade em África e a quarta em todo o mundo.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
DEFESA: Portugal avalia retoma da cooperação
Aguiar Branco mencionou que a cooperação ficou suspensa durante “um período lato” e, agora, é preciso iniciar “uma nova cooperação” do princípio, disse, sublinhando que “há essa vontade política” para tal. “Na relação bilateral entre Portugal e Guiné-Bissau, estava suspensa a cooperação por força dos acontecimentos num passado recente. Está neste momento a ser feita a avaliação para a retoma da cooperação na Defesa."
"Já troquei impressões com a ministra da Defesa da Guiné-Bissau [, Cadi Seidi]”, anunciou hoje o ministro da Defesa Nacional, numa conferência de imprensa após a assinatura de um contrato-programa com o homólogo angolano, João Lourenço.'Segundo Aguiar Branco, o director-geral de Política de Defesa Nacional, Nuno Pinheiro Torres, “vai deslocar-se à Guiné-Bissau para avaliar os termos em que se pode retomar agora uma cooperação que estava suspensa”.
O objectivo, disse o governante português, é o de vir a criar “de forma estruturada” a capacidade de a Guiné-Bissau “consolidar esse pilar fundamental para um Estado de Direito”, a nível das Forças Armadas e da Defesa Nacional.
Aguiar Branco mencionou que a cooperação ficou suspensa durante “um período lato” e, agora, é preciso iniciar “uma nova cooperação” do princípio, disse, sublinhando que “há essa vontade política” para tal.
Após o golpe de Estado militar de 2012, a Guiné-Bissau viveu durante cerca de dois anos com um governo de transição, situação que foi ultrapassada no início do verão deste ano, com a realização de eleições legislativas e presidenciais, que permitiram indicar Domingos Simões Pereiras como chefe do actual governo guineense e José Mário Vaz como chefe de Estado. Lusa/i online
OPINIÃO: MFDC continua a provocar dores de cabeça
"O MDFC continua a provocar dores de cabeça ao nosso país e vai seguramente continuar a causar danos. Enganam-se aqueles que porventura pensam que conflitos desta natureza, classificados de baixa intensidade (low intensity conficts), não têm futuro. É precisamente o inverso. Têm tendência a durar eternamente ou pelo menos enquanto os seus líderes tiverem forças e alguma capacidade de recrutamento. Essa capacidade de recrutamento pode, eventualmente, ocorrer e ganhar algum fôlego à medida que a repressão das forças governamentais aumenta e as populações forem ganhando consciência de que as suas reivindicações (políticas, económicas e sociais) jamais serão atendidas.
Ora, pela idade que os comandantes da frente sul de um dos ramos do MDFC (Duarte Djedju e Alfucene Djedju), que se reuniu em Farim com o Ministro da Administração Interna (MAI) aparentam ter, este conflito de baixa intensidade pode vir a durar mais 20 ou 30 anos, o que adicionado aos 32 anos que já se passaram perfará 62 anos. E isto sem contar com as reivindicações políticas que tiveram início, efetivamente, em 1947, ano da fundação do movimento.
O facto de os reencontros militares serem raros e pouco desgastantes faz com que a resistência seja muito mais duradoira do que os conflitos de alta intensidade. Mas há um outro fator que se deve adicionar a tudo o que acaba de ser dito. É a circunstância de os elementos rebeldes desposarem mulheres guineenses, o que em conflitos de género não pode de modo algum ser descurado.
Com base na experiência tida de outros conflitos, um dos elementos que muitas vezes concorre para as deserções, além da componente psicológica associada à intensidade da guerra, da demora da guerra e das dificuldades experimentadas pelo grupo armado a nível do aprovisionamento de víveres e de armamento, é precisamente o facto de os rebeldes terem a ansiedade de refazerem as suas vidas o mais rapidamente possível (por exemplo constituírem família) com o fim da guerra e se verem confrontados com o seu indefinido prolongamento.
Neste caso concreto os rebeldes de Casamansa não precisam de se preocupar tanto com o assunto de constituírem família pois podem fazê-lo cruzando a fronteira e terem uma prole que eventualmente venha a substituir os pais na sua atividade. Neste aspeto particular, seria muito interessante estudar o perfil e a história familiar dos elementos que compõe as várias fações do MDFC.
Mas regressemos imediatamente ao incidente de fronteira que levou à demissão do MAI. Estava precisamente a meio deste artigo quando fui surpreendido (positivamente) pela demissão do Ministro. Sim, porque depois de ter visto as imagens não tive dúvidas de que o Ministro em causa, que tinha começado muito bem o seu périplo com repreensões sobre o comportamento indigno de alguns dos seus subordinados e que estava (diga-se em abono da verdade) a desempenhar muito bem as suas funções, tinha levado longe demais o seu esforço e criado condições para que o Estado guineense sofresse um vexame por parte de um grupo armado que não reconhece. Por várias razões que passarei a enumerar:
1)A reunião (e toda a discussão que se gerou a propósito de se saber se o grupo armado estaria ou não do nosso lado da fronteira) ainda que informal, era absolutamente desnecessária e só veio pôr a nu a velha questão da volatilidade da nossa fronteira. E mais!
2) Veio demonstrar (se é que algumas dúvidas existem) o total desconhecimento da nossa fronteira por parte das autoridades que inclusivamente tinham a responsabilidade de zelar pela sua vigilância, segurança e controlo. Depois de várias décadas de independência o Estado guineense (como desconfiávamos) ainda não tomou verdadeiramente posse (de jure e de facto) das nossas fronteiras. Dai também o descalabro que se verificou nos acordos rubricados com o Senegal nos anos 90. O incidente de fronteira e a reunião que se lhe seguiu exige agora mais esclarecimentos. O guineense comum quer agora saber se o grupo armado do MDFC estava ou não a operar impunemente do nosso lado da fronteira. E como é que isso se faz? Criando e enviando uma missão de verificação dos dois países para a zona;
3) Naquelas condições ao constatar e ao lhe ser barrada a passagem na dúvida (como de facto relevou ter dúvidas se estava do lado guineense ou do lado senegalês, facto que me pareceu incrível) a primeira atitude a tomar seria informar imediatamente o Primeiro-ministro e a Ministra da Defesa para que, junto das autoridades senegalesas, através do Ministério de Negócios Estrangeiros, se criasse uma missão conjunta de verificação dos marcos fronteiriços numerados que existem (ou deveriam existir) e não são propriamente montes de pedras e de areia. Além do mais, a própria Presidência da República deveria ser imediatamente informada do incidente.
Depois da verificação conjunta e se se constatasse que o grupo armado estava de facto a violar a nossa fronteira a Guiné-Bissau deveria imediatamente lavrar uma nota de protesto junto do Governo senegalês a queixar-se da violação reiterada do seu território por grupos armados e como medida preventiva e dissuasora colocar um contingente militar na linha de fronteira. O MAI não deveria estar em amena cavaqueira com os rebeldes de Casamansa;
4) Como se não bastasse ainda convocou uma reunião com a direção militar dos rebeldes em Farim, o que acabou por ser um reconhecimento tácito, por parte de um membro de Governo guineense, do movimento rebelde e da força que dispunha no terreno quando afirmou, na sua alocução, que esses poderiam ter aniquilado a comitiva ou quando deixou a entender (ainda que de forma implícita) que controlavam uma área. Foi um erro grave. Muito grave, mesmo.
A reunião de Farim ainda veio agravar a situação, ofuscando completamente aquilo que estava a ser o desempenho positivo e a atitude discursiva do MAI que antecedeu o incidente. Depois disto e de tudo o que pude subtrair do noticiário da televisão da Guiné-Bissau, não tive dúvidas nenhumas de que o MAI tinha caído numa verdadeira armadilha e que alguém tiraria as devidas consequências, na minha opinião, de um ato irrefletido e talvez até inconsciente, mas que acabou por ridicularizar os governantes que se deslocaram à região. Tão irrefletido e inconsciente que, caso os rebeldes quisessem ganhar notoriedade a nível interno (do Senegal) e internacional, poderiam ter raptado o MAI e o seu staff, o que colocaria a Guiné-Bissau em maus lençóis. Ainda assim, a atitude deixou mossa que deve colocar o Estado guineense e o próximo titular do cargo de sobreaviso.
Algo de positivo ficou, porém, deste indesejável incidente na fronteira e da também indesejável e subsequente reunião de Farim: a vontade expressa pelos rebeldes em negociarem sobre a mediação do nosso país que não deve ser descurada. Todavia, os rebeldes se tiverem mesmo vontade em negociar devem comunicar as suas intenções ao Governo legítimo do Senegal. Subsidiariamente é preciso saber (até porque a existir paz em Casamansa é necessário que essa paz seja de facto definitiva) com quem negociar. Por outras palavras, negociar com qual das fações de um grupo decomposto em três ou quatro alas?
Criadas essas condições internas (no Senegal) para o advento dessas negociações é claro que a Guiné-Bissau deve predispor-se (e não seria a primeira vez) a oferecer o seu território e a participar na mediação por ser uma das partes interessadas na resolução de um conflito que ameaça eternizar-se. Deve fazê-lo de uma forma séria e responsável. Mas não transformar a mediação numa aventura em solitário do nosso país. Deve engajar também a Gâmbia (outra interessada!), aCEDEAO (pois o conflito impede a livre circulação de pessoas e bens), com todos os prejuízos que isso acarreta à integração regional, e a própria CPLP de que a Guiné-Bissau é Estado membro.
A resolução do conflito em Casamansa interessa, portanto, aos países vizinhos limítrofes (Guiné-Bissau e Gâmbia), às organizações regionais e sub-regionais e à CPLP. Por isso, todos eles (individualmente ou em conjunto) deveriam redobrar os seus esforços no sentido de criarem condições para a pacificação definitiva da região.
Enquanto isso não acontece, a Guiné-Bissau deve:
vigiar as suas fronteiras e tomar posse efetiva delas;
Reativar urgentemente as Brigadas Geodésicas e geo-hidrográficas que existiam no tempo colonial;
criar uma missão de verificação conjunta das fronteiras com o Senegal e com a Guiné-Conakry;
estudar as convenções que Portugal fez com a França e que estabeleceram as fronteiras atuais;
conhecer as retificações efetuadas, bem como os diferentes relatórios das missões geo-hidrográficas.
Julião Soares Sousa"
domingo, 30 de novembro de 2014
Nuno Nabian lançou partido político
O ex-candidato à presidência da Guiné-Bissau Nuno Nabian lançou hoje um novo partido, a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que diz destinar-se a "provocar mudanças de que o povo precisa" no país.
Nabian apresentou publicamente o seu partido em Gabu, a 200 quilómetros a leste de Bissau, mas avisou os militantes e simpatizantes para se prepararem para intimidações e perseguições de que poderão vir a ser alvo, sobretudo nos locais de trabalho.
"Toda a luta política tem um risco e o partido não foi fundado contra ninguém, mas sim para provocar mudanças de que o povo precisa", declarou o candidato derrotado na segunda volta das presidenciais guineenses por José Mário Vaz, o atual chefe de Estado. Lusa
VULCÃO DO FOGO:
Por: José Sousa Dias
Delegado da Agência Lusa em Cabo Verde
Expresso – Especial
Medo e confiança à sombra do vulcão do Fogo
Sentada na encosta da localidade de Portela, Maria Teixeira está muito mais velha do que os seus 42 anos. A lava do vulcão do Fogo, que ferve há vários dias na ilha cabo-verdiana a que lhe dá nome, está a dezenas de metros de Maria Teixeira, agasalhada e com pele enrugada pelo frio e nevoeiro que se sente na zona, a 2.300 metros de altitude. "Aqui não houve ninguém que não perdesse nada. Não sei o que vou fazer da minha vida”, diz, resignada, ao lado de um monte de bens, retirados da sua casa, no centro de uma Portela, ameaçada pelas chamas.
A casa, à semelhança de muitas outras, foi esvaziada de tudo, desde janelas, colchões, eletrodomésticos, mesas ou portas. Agora, os pertences de uma vida estão amontoados num monte sobre o solo à espera que os serviços de proteção civil de Cabo Verde os venham retirar. “A minha casa está vazia. Vivia da agricultura e agora vou perder tudo”, desabafa a mãe de quatro filhos que já foram transferidos para casa de familiares.
Desde a semana passada que o vulcão nervoso tem assustado a população e a lava já destruiu dezena e meia de casas. Na quinta, o cenário agravou-se com novas erupções de magma, criando novas bocas do vulcão. De visita à ilha, o primeiro-ministro, José Maria Neves, admitiu a falta de recursos para lidar com a situação. "Neste momento estamos numa situação de catástrofe”, disse o governante, que se mostrou particularmente preocupado com a situação dos mais frágeis. "Há muitas crianças. Temos de lhes reforçar a dieta alimentar”, exemplificou.
Mas Maria Teixeira espera pelo fim deste calvário. “Quero poder voltar um dia e espero que o vulcão acabe rapidamente”. A Portela está hoje fantasmagórica, apenas os esqueletos das casas e a quase totalidade dos seus habitantes já saiu para outros sítios mais seguros da ilha.
Por todo o arquipélago há uma onda de solidariedade. A lava que descia em direção à Portela parece ter mudado de direção, o que acalmou muitos dos desalojados mas obriga as autoridades a alterarem permanente os planos de atuação. Agora, a zona central da ilha cobre-se de um manto de magma que escorre pelas encostas a um ritmo lento mas imparável e com rumo imprevisível.
As autoridades apenas podem retirar as pessoas e os bens que estiverem no caminho da lava. "Vamos ter de monitorizar cientificamente o vulcão para estabelecer cenários numa base diária”, afirmou o primeiro-ministro. Hélio Semedo, do Serviço Nacional de Proteção Civil (SNPC) de Cabo Verde, confirma que as várias bocas do vulcão ficaram unidas numa única cratera, aumentando a quantidade de lava que escorre do monte.
As câmaras cabo-verdianas juntaram-se na recolha de donativos. Também a sociedade civil se juntou à causa e até a seleção de futebol vai avançar com uma campanha de angariação de fundos. De Portugal já partiu a fragata Álvares Cabral - com “medicamentos, equipamentos para a proteção civil e meios de comunicação”, segundo o primeiro-ministro cabo-verdiano -, mas também os alunos cabo-verdianos nas universidades portuguesas já se juntaram para recolher apoios, a que se juntam iniciativas de operadores turísticos e de organizações vocacionadas para o espaço lusófono.
A maior parte da ajuda está a ser coordenada por um grupo autodenominado "Amigos do Fogo", que constituiu uma comissão de trabalho, abriu contas bancárias e contactou a diáspora. João Miguel Alves, um dos elementos da comissão, diz que o primeiro sinal de apoio vem da Holanda, um dos países onde existem mais emigrantes cabo-verdianos, estando prevista a chegada de um contentor já no início da próxima semana.
Em Chã das Caldeiras, a maior cooperativa vinícola da ilha esteve em risco de ser destruída. David Gomes Monteiro, diretor da instituição, mostra-se agora mais confiante porque a lava está a seguir por outros caminhos. “O susto passou. Depois dos primeiros três dias, estávamos muito aflitos, mas hoje a coisa acalmou”, diz. As autoridades também abriram uma nova estrada e agora a cooperativa até pondera repor o equipamento industrial que havia retirado do local, como medida de segurança. “Vamos manter aqui parte da produção de 2013 e toda a produção de 2014. Já regressou tudo à normalidade e pensamos manter para já as coisas”, explica.
Por isso, há quem esteja otimista e queira já regressar antes de outros terem partido da Portela. É o caso de Manu Teixeira, 24 anos, que insiste em manter-se na terra onde vive há 18 anos e porque acredita que já conhece o vulcão. “A lava já está a parar e agora queremos continuar na nossa casa. Já não a vamos abandonar e vamos ficar aqui”, afirma, enquanto carrega os seus bens, que estavam em São Filipe, principal cidade da ilha do Fogo. “Se acontecer outra vez apanhamos novamente as nossas coisas e colocamo-las aqui”, diz. Mas agora, “não tenho medo e não vai acontecer mais erupções”, diz o jovem confiante, sob a sombra do monte do vulcão. “Já sabemos o que é isto”.
sábado, 29 de novembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
EXCLUSIVO DC/POR QUE CAIU O BOTCHE CANDÉ?
ESMAGADO PELO PILAR 111
A história que conduziu ao pedido de demissão do ministro da Administração Interna da Guiné-Bissau, Botche Candé, podia ter um título: "esmagado pelo pilar 111".
Há pouco tempo, o Presidente da República, José Mário Vaz, foi alertado pela presença sistemática, na zona de fronteira - pilar 111, de rebeldes do MFDC. Enquanto comandante-chefe das forças armadas, JOMAV convocou o CEMGFA Biague Na Ntam e passou-lhe a informação. Este mandou averiguar, mas nada se apurou (ou talvez se tenha apurado e preparava-se uma operação idêntica à levada a cabo pelo ex-CEMGFA Tagme na Waie).
Até que Botche Candé se insurgiu, insistindo que sim, que "havia rebeldes nessa área" e que podia prová-lo. Primeiro erro: não é a todos os sítios que se vai e se leva a imprensa atrás. Botché foi de facto, levou um batalhão de jornalistas e, pasme-se, deu de caras e viu-se até rodeado de um grupo de indisciplinados rebeldes armados com AK 47 e RPG-7!
Segundo erro: Então, por que razão, sendo rebeldes e encontrando-se no nosso território, o ministro da Administração Interna, não deu/mandou dar ordem de prisão ao grupo que trava uma luta armada contra um regime legal e com a qual a Guiné-Bissau tem fronteiras e relações diplomáticas? Mistério.
Ou seja, houve outro erro, o terceiro, o chamado pecado capital: uma fonte garantiu ao DC "existir a sensação" de que a operação em que Botche Cande se envolveu "foi mal preparada e fez mais estragos para a imagem do país do que os beneficios pretendidos." Ou seja, diplomaticamente, foi como que um tiro no próprio pé.
JOMAV 'desrespeitado'
Quem não gostou mesmo nada do modus facendi do agora ex-ministro Botche Cande foi o Presidente da República José Mário Vaz. "Embora tenha compreendido a motivação, sentiu se um pouco desrespeitado enquanto Comandante em Chefe das Forcas Armadas", disse a fonte do DC. Jomav não gostou e foi aos arames. "Ou Botche, ou nada mais importará", terá dito um presidente furioso - e com razão.
O caldo entornar-se-ia na reunião de hoje do Conselho Superior de Defesa. Logo a seguir à reunião houve uma concertação restrita, quase rápida, entre o Presidente da República, o Presidente da ANP e o Governo. O destino de Botche ficou traçado: demita-se o minsitro. Botche Candé pede a demissão a contragosto.
Agora os guineenses podem questionar-se: mas pode o PR exonerar um ministro sem aval do primeiro-ministro? Poder, pode, mas geralmente procura o consenso com o chefe do Governo. Até porque para nomear o subsituto, tem que haver consenso entre os dois: um propõe e outro nomeia. AAS
A história que conduziu ao pedido de demissão do ministro da Administração Interna da Guiné-Bissau, Botche Candé, podia ter um título: "esmagado pelo pilar 111".
Há pouco tempo, o Presidente da República, José Mário Vaz, foi alertado pela presença sistemática, na zona de fronteira - pilar 111, de rebeldes do MFDC. Enquanto comandante-chefe das forças armadas, JOMAV convocou o CEMGFA Biague Na Ntam e passou-lhe a informação. Este mandou averiguar, mas nada se apurou (ou talvez se tenha apurado e preparava-se uma operação idêntica à levada a cabo pelo ex-CEMGFA Tagme na Waie).
Até que Botche Candé se insurgiu, insistindo que sim, que "havia rebeldes nessa área" e que podia prová-lo. Primeiro erro: não é a todos os sítios que se vai e se leva a imprensa atrás. Botché foi de facto, levou um batalhão de jornalistas e, pasme-se, deu de caras e viu-se até rodeado de um grupo de indisciplinados rebeldes armados com AK 47 e RPG-7!
Segundo erro: Então, por que razão, sendo rebeldes e encontrando-se no nosso território, o ministro da Administração Interna, não deu/mandou dar ordem de prisão ao grupo que trava uma luta armada contra um regime legal e com a qual a Guiné-Bissau tem fronteiras e relações diplomáticas? Mistério.
Ou seja, houve outro erro, o terceiro, o chamado pecado capital: uma fonte garantiu ao DC "existir a sensação" de que a operação em que Botche Cande se envolveu "foi mal preparada e fez mais estragos para a imagem do país do que os beneficios pretendidos." Ou seja, diplomaticamente, foi como que um tiro no próprio pé.
JOMAV 'desrespeitado'
Quem não gostou mesmo nada do modus facendi do agora ex-ministro Botche Cande foi o Presidente da República José Mário Vaz. "Embora tenha compreendido a motivação, sentiu se um pouco desrespeitado enquanto Comandante em Chefe das Forcas Armadas", disse a fonte do DC. Jomav não gostou e foi aos arames. "Ou Botche, ou nada mais importará", terá dito um presidente furioso - e com razão.
O caldo entornar-se-ia na reunião de hoje do Conselho Superior de Defesa. Logo a seguir à reunião houve uma concertação restrita, quase rápida, entre o Presidente da República, o Presidente da ANP e o Governo. O destino de Botche ficou traçado: demita-se o minsitro. Botche Candé pede a demissão a contragosto.
Agora os guineenses podem questionar-se: mas pode o PR exonerar um ministro sem aval do primeiro-ministro? Poder, pode, mas geralmente procura o consenso com o chefe do Governo. Até porque para nomear o subsituto, tem que haver consenso entre os dois: um propõe e outro nomeia. AAS
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