terça-feira, 1 de outubro de 2013
Indjai ameaça com novo golpe de Estado
Numa reunião de segurança de estado que começou hoje em Bissau, António Indjai voltou a fazer - e a falar - das suas. Pela primeira vez, disse publicamente que o golpe de estado de 12 de Abril piorou a situação da Guiné-Bissau. Segundo ele, o levantamento militar que derrubou o poder civil destinava-se a ver a situação melhorada do país mas afinal estava enganado. Não deveriam remeter o poder aos civis, ou seja os militares deviam assumir o poder, e se calhar o povo estaria mais descansado, pela lei dura que instauravam...
O CEMGFA António Indjai acusou, num tom bem carregado, o Primeiro Ministro Rui Barros de estar a matar o país e reafirmou que os militares estão fartos e cansados de guerra se não já teriam saído de novo para as ruas para mais um golpe contra atual governo, porque estes não estão a fazer nada. "Fizemos este golpe para mudar e melhorar a situação do país, mas na realidade está pior", referiu, deixando um aviso: "Se estão a brincar com este país, fiquem a saber que nós, os militares, não estamos na brincadeira e apenas vos chamámos para governar". AAS
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Aly Silva, em entrevista exclusiva ao jornal angolano 'O País' (Parte I)
Jornal 'O País', edição de 27 de setembro de 2013
40 anos de independência da Guiné-Bissau: O triste olhar de António Aly Silva sobre o país de Amílcar Cabral, 40 anos depois
Entrevista de Orlando Rodrigues
Cidade da Praia, Cabo Verde
É jornalista, e é com a palavra que, todos os dias, nas páginas virtuais do blog “Ditadura do Consenso”, procura combater a situação real prevalecente na Guiné-Bissau, um país que, no momento em que completa 40 anos de independência, ainda passa a vida “na intriga e na matança”. Chama-se António Aly Silva, e é conhecido em todo o mundo como um dos principais opositores ao regime militar, vigente naquele país lusófono na sequência do Golpe de Estado de 12 de Abril de 2012. Contundente na palavra e convicto dos próprios princípios e ideias, lança, nesta entrevista exclusiva a “O País”, um olhar de mágoa, tristeza e revolta, sobre a actualidade guineense, um país geograficamente distante mas muito próximo, em cultura, afectividade e afinidades históricas, do povo angolano. António Aly Silva, cujo blog conta já mais de 8 milhões de visitas, identifica, denuncia e acusa, sem papas na língua, os que considera serem os culpados pela situação do seu país que, avisa com tristeza, “vai voltar a sangrar”.
A Guiné-Bissau está a celebrar o 40º aniversário da sua independência nacional (proclamada a 24 de Setembro de 1973). Enquanto cidadão guineense, tem motivos para festejar?
Não! Não tenho. Não tenho e deixei isso claro hoje no meu blog, dizendo que não ia ser actualizado por protesto. Porque estar neste momento fora da Guiné-Bissau, e logo em Cabo Verde, um país que connosco fez a luta de libertação, e ver o desenvolvimento a que aqui se chegou mesmo com todas as dificuldades, o que só mostra que a estabilidade é essencial, deixa-me, por um lado, orgulhoso dos cabo-verdianos, e, por outro, extremamente triste por contraste com o que se passa no meu país. Porque vivemos permanentemente em instabilidade, criamos e fomentamos o ódio, passamos a vida na intriga e na matança, e o mais chocante é que não há responsáveis. E o descaramento total foi, agora, a tropa querer que um parlamento também ele ilegal, amnistiasse os crimes que ela própria cometeu. As pessoas que deram o golpe nunca foram à tropa e acabaram por ser incorporadas às pressas, para receberem a farda e o (António) Indjai poder manter a sua guarda pretoriana de analfabetos e assassinos.
A que pessoas se refere especificamente?
São muitas. Está lá a pessoa que me prendeu e cortou a orelha, no dia do golpe. Todos aqueles jovens que estão hoje em Cumeré para serem militares, nunca antes vestiram a farda. Um dos exemplos é um dos cabeças do tráfico de drogas e que é a mão direita e o pé esquerdo do Indjai e que conheço bem porque foi a pessoa que me prendeu no dia a seguir ao golpe e nem era militar na altura. Até tenho fotos dele em Cumeré, de boxer, corpo nu e kalashnikov na mão. Não consigo ver em que outro país se possa encontrar soldados assim.
O facto de estar em Cabo Verde acentua ainda mais, na sua percepção, os contrastes que há nos percursos dos dois países?
Os contrastes são gritantes. A Guiné-Bissau tem um Ministério da Indústria e não sei para quê. Cabo Verde, em contrapartida, fabrica e produz bens e serviços em quase todas as ilhas. Na ilha do Fogo até fabricam vinhos reconhecidos internacionalmente, e sei, por exemplo, que o vosso primeiro-ministro foi recentemente à Itália e levou 10 caixas, justamente para promover o que aqui se produz, e bem. Pelo que conheço dos dois países, posso afirmar que a Guiné-Bissau, mesmo com estabilidade, nem daqui a 20 anos chegará ao patamar de desenvolvimento que Cabo Verde já atingiu. Porque parece que, lá, ninguém deseja o desenvolvimento do país, que não se constrói com analfabetos no Parlamento, no Governo e nas Forças Armadas. E muito menos com bandidos no poder, pois bandido tem de estar é na cadeia. A diferença gritante é que, em Cabo Verde os traficantes são presos e, quando são condenados, todos os seus bens são confiscados a favor do Estado, enquanto, na Guiné, não se confisca um triciclo de um traficante. Quando muito, a tropa liga e diz: acabou a audiência. E o Ministério Público e os tribunais obedecem e soltam os bandidos. Isso não é país, nem Estado.
O que é que chamaria, então, à Guiné-Bissau?
Um Estado completamente anárquico, onde cada um faz o que quer. A EAGB (empresa de electricidade) chega e corta a luz, e quando dá as costas a pessoa coloca uma escada, liga de novo e as coisas continuam iguais. A pirâmide está invertida, os que sabem e os que são honestos estão a ser esmagados aqui em baixo, e todos estão reféns daquela gente. Estamos reféns da tropa que faz e desfaz, e não sei para que é que a Guiné pede dinheiro para eleições e a comunidade internacional dá.
Dá razão, então, ao antigo Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, quando ele é citado pela imprensa a dizer que a instituição militar guineense caiu na delinquência e na tirania?
O comandante Pedro Pires tem autoridade moral para falar como falou. Ele foi combatente da liberdade pelos dois países, foi governante dos dois países logo após a independência e, posteriormente, primeiro-ministro de Cabo Verde, país de que veio a ser eleito, por duas vezes, Presidente da República. Neste momento, ele fala como um simples cidadão mas tem toda a legitimidade para criticar a situação actual e os seus protagonistas, acima de tudo porque ele gosta da Guiné-Bissau e nós também gostamos muito dele. Existe até, na Guiné, quem discuta sobre a tribo a que pertence: uns dizem que é manjaco, outros que é papel, e há ainda quem pense que ele é balanta. Isso ilustra bem a empatia que existe entre Pedro Pires e povo guineense, e demonstra o quanto ele é querido no meu país. Por isso, acho que o comandante não disse o que disse por mal, e de uma conversa que tive com ele depreendi que até que foi mal interpretado, intencionalmente ou não. Mas como tem autoridade moral para isso, aquilo bate e cai e tanto faz que ele tenha dito como não. Assim como o primeiro-ministro cabo-verdiano terá afirmado que, em Cabo Verde, não se brinca aos Estados, e está muito bem dito. Porque nós não temos um Estado. E só temos fronteiras porque existem.
Não se pode falar do percurso histórico da Guiné-Bissau dissociando-o do caminho feito por Cabo Verde. A Guiné-Bissau fez a luta de libertação de maior sucesso em África…
…do mundo. Tivemos a melhor guerrilha do mundo.
…seja, do mundo, e libertou pelas armas o seu próprio território, após o que proclamou unilateralmente a independência, imediatamente reconhecida por toda a comunidade internacional. Unido a Cabo Verde fez a primeira parte do percurso, e depois aconteceu a ruptura. A Guiné-Bissau desfez a unidade preconizada por Amílcar Cabral, e na última década e meia tem vivido em constante instabilidade. Qual foi, para si, o momento crítico que terá conduzido à actual situação?
O golpe de Estado de 1980. O dia 14 de Novembro de 1980 marca o fim do sonho que Amílcar Cabral idealizou. Eu não sou um saudosista que pensa que a unidade Guiné-Cabo Verde, concebida por Cabral, poderia ter-se concretizado. Não podia. Mas os dois países tinham tudo a ganhar com uma cooperação estreita e saudável. Temos, com Cabo Verde, mais afinidades que com qualquer outro país do mundo, mesmo com Portugal, que esteve presente na Guiné-Bissau durante 500 anos, e com os países com os quais temos fronteiras terrestres. O Senegal, por exemplo, é o nosso maior inimigo, e este golpe de 12 de Abril não foi para depor o Cadogo (Carlos Gomes Júnior, antigo primeiro-ministro). Foi por causa do trabalho que Angola vinha fazendo, por exemplo no Porto de Buba (a cerca de 200 km de Bissau), que seria certamente o maior da África Ocidental e viria naturalmente a eclipsar a importância do Porto de Dakar. É um projecto antigo que se ia concretizar com a cooperação Angolana, e os senegaleses, sempre que ouvem falar disso, começam a “dar ataques”. O Senegal nunca quis isso, e fez intrigas para provocar o golpe de Estado e, assim, comprometer os investimentos angolanos e promover a saída da MISSANG (Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau) do país. Esses investimentos e a MISSANG eram uma forma de Angola demonstrar gratidão pelo que deve à Guiné-Bissau, algo de que muita gente não tem sequer noção. A Guiné foi um dos principais palcos logísticos da guerra em Angola, para onde enviou milhares de homens para combaterem os sul-africanos.
Honras de capa
Quer dizer que a MISSANG era uma forma de Angola demonstrar a sua gratidão para com a Guiné-Bissau…
Nem mais. E o Fidel Castro disse isso mesmo ao Carlos Gomes Júnior em Cuba. Derramou-se sangue guineense em Angola, assim como se derramou sangue cabo-verdiano na Guiné. A verdadeira vocação da MISSANG era a reforma das Forças Armadas guineenses, um problema que se arrasta desde a independência e nunca foi resolvido, e é por isso que o país vive a situação que todos conhecem, protagonizada pelos militares. Portanto, nós só teríamos a ganhar se puséssemos de lado esse orgulho de merda que nem sei onde fomos buscar e aceitássemos a ajuda que nos chegava de Angola. Os militares criaram um ódio visceral, não só em relação a Angola mas, até, com Cabo Verde, mas felizmente esse ódio não é retribuído. Existem mais de 9 mil guineenses a viver em Cabo Verde, 8 mil dos quais em situação perfeitamente legal…
E as autoridades cabo-verdianas têm promovido frequentemente campanhas de legalização de emigrantes guineenses indocumentados, o que ainda não aconteceu com qualquer outra comunidade presente no país. Isso, certamente, não pode ser visto com um sinónimo de ódio em relação aos guineenses…
Muito pelo contrário. Por isso, se os militares pensam que tudo o que têm feito e dito contra Cabo Verde e Angola pode pôr em causa as afinidades e a amizade entre os nossos povos, estão completamente enganados. Mas devo ser justo e dizer que não é toda a instituição militar que está envolvida nestes desmandos. Há oficiais sérios e honestos, que apenas compactuam porque têm medo. Existem outros, que acabaram por abandonar o país e não estão envolvidos nas intentonas nem no tráfico de drogas.
O Zamora Induta é um deles?
O Zamora Induta foi deposto, e o que se passou nesse dia foi um autêntico filme de comédia. (CONTINUA)
Não conseguem matar a honra
Quem me conhece bem sabe que não sou pessoa de desistir facilmente. Tenho, de resto, o empenho estampado no rosto. Gosto do meu País. Dez minutos depois de atravessar as suas fronteiras, começo a sentir arrepios. Bom, dez minutos talvez seja exagerado; Que sejam cinco. Mas de certeza que de trinta minutos não passa.
Pessoalmente, tenho dificuldade em orgulhar-me das coisas que me acontecem por casualidade, mas como escreveu o Fernando Pessoa «o lugar onde se nasce é o lugar onde mais por acaso se está». Outra frase com a sua piada...
Eu nasci na Aldeia Formosa (actual Quebo). Já fui ao Quebo umas vezes, passei outras tantas sem parar e confesso que nem de uma nem de outra vez senti grande coisa. Nem um arrepio na alma. Não me vieram - ao contrário dos piegas - lágrimas aos olhos, nem me deu vontade de escrever contos. Nem sequer um poema.
Pouco me importa que milhão e meio de guineenses desconheça onde fica a vila do Quebo, ou quantos habitantes terá ou teve em tempos. Ou sequer se tem tradições, e já agora quais serão. Trata-se de um sítio, e pronto. Um sítio de merda, como o são aqueles sítios onde por nada deste mundo assentamos arraiais, ainda que por breves momentos.
O facto de eu lá ter nascido - como de resto já adivinhava enquanto a minha querida Mãe andava comigo às voltas - não transformou Quebo num lugar especial - e é assim que está bem, acreditem. Um sítio banal, aquele onde eu nasci. Mas não o trocaria por nenhum outro. Por agora: vou-me embora. Vou para o outro Sul. E será sempre o eterno Sul cheio de estrelas e de noites intermináveis. ANTÓNIO ALY SILVA
Morte de cidadão chinês: Cinco pessoas detidas
A Guarda nacional guineense deteve cinco pessoas supostas de estarem implicadas do assassinato de um homem de negocios chinês, Li Zhuosen, em Mafonco (região de Gabu, 170 km à Leste de Bissau), apurou fonte proxima da embaixada da China em Bissau.
Li Zhuosen, 42 anos, que vivia com a sua esposa ha muitos anos na Guiné-Bissau, foi friamente abatido, quarta feira passada no seu domicilio por um grupo de homens armados, apos lhe terem roubado o dinheiro que guardava com ele, confiaram as testemunhas. A prisão dos suspeitos foi confirmada sexta feira à imprensa Xinhua pelo comandante Samuel Fernandes da Guarda nacional, que no entanto recusou-se a revelar a identidade das pessoas detidas.
Segundo fontes proximas do inquérito, um dos suspeitos detidos trabalha na povoação de Mafanco. A viatura a bordo da qual se encontravam os suspeitos detidos foi confiscada e guardada nos locais da Guarda nacional em Bissau, constatou Xinhua.
domingo, 29 de setembro de 2013
É assim, um amigo
O Governo de Cabo Verde considera fundamental que "a comunidade guineense seja uma ponte de entendimento e progresso" entre Cabo Verde e Guiné-Bissau, declarou, na cidade da Praia, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e da Defesa Nacional, Jorge Tolentino. Ao usar da palavra na do 1º Congresso da Diáspora Guineense em Cabo Verde, Tolentino afirmou que o mesmo princípio se aplica, naturalmente, aos cabo-verdianos que vivem e labutam na Guiné-Bissau.
Jorge Tolentino prometeu que o Governo continuará a envidar esforços no sentido de boa integração da comunidade guineense no arquipélago cabo-verdiano através, nomeadamente, do processo de regularização especial dos guineenses residentes em Cabo Verde, do acesso a cuidados básicos da saúde e da sua participação nas eleições autárquicas. O governante reconheceu ainda haver trabalhos por fazer e aspetos por aperfeiçoar como, por exemplo, o que se refere à previdência social e regulação do mercado de trabalho, aos setores onde, reconheceu, existem ainda "enormes desafios por vencer".
Jorge Tolentino, porta-voz do Conselho de Ministros, considerou "reconfortante" que este congresso tenha lugar em Cabo Verde, desejando que o evento seja "bem-sucedido" e que signifique um contributo "marcante" para a contínua melhoria das condições de vida e de participação citadina da diáspora guineense. O governante cabo-verdiano disse esperar que esta iniciativa dos guineenses em Cabo Verde sirva de exemplo às outras comunidades estrangeiras no arquipélago.
O governante aproveitou ainda a oportunidade para felicitar a todos os Guineenses presentes pelo 40º aniversário da Independência da Guiné-Bissau, assinalado a 24 de setembro, sublinhando que, "não é por acaso" que em Cabo Verde "se vive com interesse e preocupação os sucessos e percalços do povo guineense". O ministro não fez referência à situação interna na Guiné-Bissau e nem tão pouco aos recentes incidentes que marcaram o relacionamento entre os dois países, fez votos que o futuro a que aquele país tem direito seja de "desenvolvimento e de respeito pela dignidade da pessoa humana".
Conforme o "Perfil Migratório de Cabo Verde editado em 2009", os cidadãos naturais da Guiné-Bissau (mais da metade dos 17 mil imigrantes no arquipélago) constituem a maior comunidade estrangeira em Cabo Verde, estando predominantemente ligada às áreas de serviços, comércios, profissões intelectuais e científicas, bem como profissões não qualificadas. AFRICA 21
SENEGAL? Só para recordar...
O embaixador do Senegal na Guiné-Bissau e general na reserva, Dieng, QUESTIONOU em 2009, à saída do encontro do Governo com o corpo diplomático acreditado em Bissau: "Será que em democracia os militares podem invadir a casa de alguém e matá-lo?". E perguntou: "Será que tinham um mandado de captura?".
NOTA: O que mudou? O embaixador do Senegal na Guiné-Bissau é o decano dos embaixadores no País: está no mesmo posto há 20 ou mais anos...Ele é general, e uma espécie de agente secreto ao serviço do estado do Senegal e por isso, também, não teremos paz enquanto ele se mantiver nesse posto...cozinha aqui, prova ali, serve acolá. DIZEM QUE ESTÁ NA 'RESERVA', MAS ESTÁ A TRABALHAR NO DURO, A FAZER O JOGO SUJO NA PRAÇA DE BISSAU... Um autêntico pirómano. AAS
Quebo*
Marcas que o tempo deixou
Terias
De ser um arrozal do meu Sul
Para me alimentar
Uma palmeira alta e esguia
Para me saciar a sede
Um mar fundo de vida
Um sopro violento na alma
Quando aqui chegaste
Eram só afagos, atenções
As manhãs eram claras e
Ensolaradas
Os campos vastos e verdejantes
Hoje há nuvens a anunciar
O vento
Vês em todos o melhor e o pior
Que quererás?
Havias de querer estar um dia
Quando os rapazes se fizerem
Homens
As mulheres
Mães
Terias de ser
Tudo aquilo que eu não escrevi
Para assim tudo contares
(*) - Nha terra/minha terra
António Aly Silva/Out/2010
É isto que eu acho:
"Acho que o Serifo Nhamadjo perdeu uma boa oportunidade para, na 68a Assembleia Geral da ONU, pedir solenemente desculpas ao povo da Guiné-Bissau e admitir a sua quota parte de responsabilidade no golpe de Estado de 12 de Abril, e a interrupção, de forma violenta, do processo eleitoral que estava em curso e que culminou com a implantação de uma ditadura militar feroz, que vive da perseguição, do rapto, de espancamentos e de assassinatos de cidadãos guineenses - a quem o Estado devia garantir protecção e segurança, como diz a nossa Constituição." António Aly Silva
68ª Assembleia Geral da ONU: O discurso de José Maria Neves, Primeiro-Ministro de Cabo Verde
"Senhor Presidente da Assembleia Geral
Senhor Secretário Geral da Nações Unidas
Excelências Chefes de Estado e de Governo
Senhoras e Senhores
Saúdo, com satisfação e entusiasmo, a todas e a todos.
Gostaríamos ante de mais de saudar o Sr. John Hash de Antigua e Barbuda, Presidente da sexagésima oitava Sessão da Assembleia Geral que, estamos seguros trará toda a sua paciência experiência e sabedoria na condução dos debates e das tarefas importantes que são da responsabilidade da Assembleia Geral.
Mencionaria, para começar, o notável trabalho desenvolvido pelas Nações Unidas para que todos tenhamos levado avante os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio e nos permita a este estágio de inferir conjuntamente uma nova agenda de desenvolvimento pós-2015. Realmente, este é um desafio à escala global que, para além de inaugurar mais uma era no desenvolvimento global, nos interpela a cumprir os oito Objectivos do Desenvolvimento do Milénio. O foco desta sessão é a equidade e dignidade para todos, como bem referiu o Senhor Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, tarefa que desafia a todos e impõe a cada um novas atitudes e comportamentos na premissa de que um Mundo Melhor É Possível.
Cabo Verde, Pequeno Estado Insular e independente há menos de 39 anos, tendo já alcançado a maioria das metas preconizadas, vai continuar os seus esforços para cumprir os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio. Graças a uma Agenda de Transformação, que vimos levando a cabo desde 2001, progressos significativos aconteceram no País, então na lista dos Menos Avançados. Estes progressos aconteceram, tanto a nível socio-económico, como a nível político, para a melhoria global do nível de vida das nossas populações.
Tem sido clara, inequívoca e sistemática a nossa aposta no acesso à educação e à saúde, à água e à alimentação, bem como ao esforço da inserção competitiva da nossa economia ao mercado internacional, com apoio de parceiros internacionais. A par disso a Agenda de Transformação, perfeitamente sintonizada aos compromissos e metas do Milénio, permitiu, nomeadamente, a histórica transição de Cabo Verde para a esfera dos Países de Desenvolvimento Médio, ainda de Renda Baixa e com a agravante do forte impacto da crise internacional que tem condicionado a dinâmica de alguns progressos em curso.
Dando conta a esta magna Assembleia, diremos que o quadro dos indicadores mostra que reduzimos a pobreza a metade e estamos em tendência claramente decrescente, sendo nosso actual desafio, o da vigilância apertada a evitar situações de retrocesso, em virtude da conjuntura económica global e do seu impacto sobre Cabo Verde. Em verdade, não obstante a graduação a País de Desenvolvimento Médio os indicadores revelam ainda elevadas taxas da pobreza, da desigualdade e do desemprego, ainda insuficiente o acesso das pessoas a muitos bens e serviços, e ainda aquém de realização do bem-estar e da qualidade de vida para todos.
Os cabo-verdianos estão prontos para evoluir sobre os postulados dos ODM e engajar na substituição do «reduzir» para «erradicar» a pobreza extrema, não deixando ninguém para trás. Outrossim, estão prontos, porque já o assumiram em Cabo Verde, para colocar a questão da sustentabilidade económica no centro da agenda de desenvolvimento do país. Encaramos a transformação que em Cabo Verde, mais do que palavra-chave, é uma agenda de trabalho, a partir do crescimento inclusivo. E temos vindo a criar instituições responsáveis, abertas a todos, que garantam a boa governança.
Nessa perspectiva, havíamos reorientado a nossa política interna e, consequentemente, mobilizando as vontades nacionais, apelando ao apoio dos parceiros internacionais, para o prospecto do Desenvolvimento Avançado no horizonte 2030 e é esse sentido que para nós significa engajarmo-nos numa Agenda pós 2015. Neste momento, encontramo-nos numa situação de transição. Os instrumentos criados não são suficientes para responder isoladamente às questões do presente, nem para preparar esse futuro que aponta para o Desenvolvimento Avançado, senão no quadro de uma agenda global, liderada pelas Nações Unidas e de uma intensa cooperação e parceria internacional, tanto na vertente multilateral como na vertente bilateral.
Cabo Verde tem-se empenhado neste esforço conjunto. Os cabo-verdianos olham com acuidade questões globais como as mudanças climáticas, a fome e a desnutrição e a abordagem de diferentes formas de desigualdade, bem como a garantia da sustentabilidade ambiental e parcerias a nível nacional e internacional em prol do Desenvolvimento Global. As mudanças climáticas constituem um problema premente dos nossos tempos que importa tratar com urgência e sentido de responsabilidade. Com efeito, o mundo atingiu recordes em termos de emissões e concentrações de dióxido de carbono na atmosfera, atingindo agora cerca de 400 partes por milhões. Isso poderá significar a ruína dos nossos esforços de desenvolvimento e, pior ainda, uma clara agudização das tensões sociais, abrindo portas para potenciais conflitos tanto a nível nacional como regional.
Da mesma forma, importa sublinhar os impactos sobre a segurança alimentar global. Por outro lado, a acidificação dos oceanos elevou-se a uma taxa jamais atingida em 55 milhões de anos. A prazo, o desaparecimento de numerosas espécies marinhas tornou-se inevitável. Assim devemos todos enfrentar esse problema que põe em perigo o nosso futuro comum e tomar as decisões que se impõem, assegurando ainda o indispensável cumprimento dos engajamentos financeiros destinados a adaptação nos países mais vulneráveis em particular. No concernente à agenda pós-2015, a questão do emprego domina a preocupação dos cabo-verdianos. O assunto ocupa o lugar cimeiro entre as pessoas consultadas que identificam o emprego como essencial para alcançar o desenvolvimento económico e humano.
Outra questão gravosa tem a ver com a sustentabilidade da segurança social. Precisamos universalizar mais o sistema de previdência e temos de introduzir engenharias nos instrumentos previstos para o efeito, só possível com mais dinâmica económica. Não haverá Agenda de Transformação se não criarmos bases sólidas e sustentáveis de amparo social. Para tanto, precisamos crescer e ampliar a riqueza, criando uma onda de modernização da sociedade e factores de competitividade para a nossa economia, num quadro de melhoria de ambiente de negócios e de atracção de investimentos externos.
A resposta maior será o crescimento económico e a criaçao da riqueza que induzirá a melhoria dos indicadores que importam elevar. Temos de reconhecer que há espaços para melhorias, nomeadamente em termos da redução da burocracia estatal e do aumento da competitividade, bem como tornar o investimento externo mais simplificado e mais eficiente em termos de empreendimento. Estamos a exortar os nossos cidadãos a serem produtivos, competitivos e prósperos, sem que percam a grande matriz cabo-verdiana da generosidade, da solidariedade e da responsabilidade.
A continuidade da crise internacional e o seu impacto em todos os países criam sérios problemas a toda a comunidade mundial. No caso de Cabo Verde, esta situação nos coloca sérios desafios que, a todos os títulos importam vencer, de aceleração do crescimento económico, da promoção do emprego e da redução da pobreza. Nesta sexagésima oitava sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, reafirmamos o nosso compromisso com a Paz e o Diálogo, nos parâmetros consagrados na Carta das Nações Unidas.
A nossa visão das Nações Unidas, é a de organização que queremos mais coesa e mais unida, em que os esforços se orientem para a prosperidade das Nações, a sua Assembleia-Geral seja o grande fórum de diálogo sobre os Desafios Globais do Planeta e da Humanidade e no seu Conselho de Segurança tenha uma representação mais equilibrada e mais ajustada à evolução geopolítica que o Mundo conheceu de 1945 a esta parte.
É esta uma ocasião impar para reafirmarmos o desejo e o empenho, enquanto país falante do português como língua oficial, na afirmação da diversidade cultural e no afã da multiculturalidade que nos é apanágio, pleitearmos a Língua Portuguesa – o 5º idioma mais falado no mundo, ligando Estados e povos nos cinco continentes – a uma das línguas oficiais ou de trabalho das organizações internacionais, em particular das Nações Unidas.
Mais uma palavra para nos posicionarmos, na sequência do Relatório dos Peritos das Nações Unidas, contra a criminosa e inaceitável utilização de armas químicas na Síria, que temos seguido com muita atenção, e nos congratularmos com os progressos alcançados em prol do diálogo, nomeadamente a busca conjunta de soluções pacíficas, principalmente no quadro das Nações Unidas. Aliás, somos contra a utilização das armas de destruição de massa e alinhamo-nos nas iniciativas consequentes em prol de sua erradicação. Entrementes, somos contra a guerra e a beligerância, pelo que defendemos a implementação da Estratégia Global no combate à violência.
Queremos ainda expressar a nossa solidariedade com o Governo e o Povo do Quénia, bem como o nosso inequívoco repúdio pelos actos de barbárie e de selvajaria humana, de todo condenáveis, ocorridos no passado sábado em Nairobi. Outrossim, exortamos todos os membros desta Assembleia-Geral a uma convergência histórica em prol do Ambiente. A grande meta é implementar as estabelecidas no documento final da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, intitulado "O Futuro que Queremos".
Reafirmamos também, nesta tribuna, a nossa firme vontade de cooperar com todos para reduzirmos as tensões regionais e mundiais, alargando o entendimento sobre as soberanias, as liberdades e os direitos humanos. Reafirmamos ainda, perante vós, a nossa opção pela definição conjunta de novas metas que preconizem os fundamentais para a prosperidade dos países e para o bem-estar dos povos no mundo, buscando, de forma convergente, uma Agenda Pós 2015. Cabo Verde está empenhado em dar a sua contribuição para a criação de um novo cenário das metas, tão sucessor quão complementar aos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio.
Cumprir os oito Objectivos é o nosso compromisso comum e criar uma nova agenda pós 2015 em prol do desenvolvimento sustentável é a nossa responsabilidade partilhada. A forma como o fizermos determinará o nosso destino comum. A importância das nossas decisões e a responsabilidade de o fazermos no quadro das Nações Unidas são evidentes.
Vamos à obra! Por uma nova sociabilidade global que incida numa visão conjunta da promoção do progresso. Cabo Verde está firmemente empenhado na definição de uma agenda de desenvolvimento pós-2015, que seja também, o Futuro que Queremos. E queremos garantir-vos que tudo faremos, em nome de um futuro melhor de liberdade, igualdade e prosperidade. Contem connosco.
Muito obrigado."
sábado, 28 de setembro de 2013
68ª Assembleia Geral da ONU: Portugal alerta para a «continuada subversão da ordem constitucional» na Guiné-Bissau
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, alertou hoje para a “continuada subversão da ordem constitucional” na Guiné-Bissau, instando à realização em breve de eleições presidenciais e legislativas, no discurso que proferiu na Assembleia-Geral da ONU.
O chefe da diplomacia sublinhou que Portugal "prossegue esforços, juntamente com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para que se realizem, o mais rapidamente possível, eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau" e manifestou “apreensão com as notícias sobre o prolongamento do período de transição”. Rui Machete frisou ainda a necessidade de essas eleições serem livres. Por último, Machete falou sobre o objectivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) de que o português, “a língua de origem europeia mais falada no mundo, com 250 milhões de falantes, seja língua oficial das Nações Unidas”.
Viva a CPLP - Comunidade de Países de Língua Portuguesa!
Serifo Nhamadjo, o golpista-mor da Guiné-Bissau, teme que a posição coletiva da CPLP impeça o auxílio brasileiro. Ele ainda solicitou apoio da comunidade internacional para a realização do recenseamento, sem o qual as eleições ficariam inviáveis. Diz que conta com a ajuda do Brasil para realizar as eleições gerais, marcadas para dia 24 de novembro.
(ELEIÇÕES? QUANDO? ONDE, ONDE? Ó SERIFO, CAI NA REAL...TU E ESSA CANALHA DE CAMUFLADO, INTERROMPERAM UMAS ELEIÇÕES, CARAGO! E 50 POR CENTO DISSO FOI PAGA POR ESSA MESMA COMUNIDADE INTERNACIONAL - A QUEM DEVIAS UM PEDIDO DE DESCULPAS E NÃO PEDINHCICE...VOCÊS NÃO SABEM COMO FAZER ELEIÇÕES, NÃO TÊM ONDE CAIR MORTOS, NÃO TÊM DINHEIRO PARA FAZER CANTAR UMA DUPLA DE CEGOS... VOCÊS QUEREM É DINHEIRO PARA CONSTRUIR CASAS, COMPRAR CARROS DE LUXO PARA AS COMADRES...ELES JÁ VOS TOPARAM. NEM UM TOSTÃO!!! SE QUISEREM ETERNIZEM-SE NO PODER! TAMBÉM COM ESSE POVO...)
Em entrevista à Rádio ONU, pouco antes de discursar na Assembleia Geral, Nhamadjo elogiou o apoio dado pelo Brasil há vários anos, mas disse que receia mudanças por causa da situação política gerada com o golpe de 12 de abril na Guiné.
(RECEIAS MUDANÇAS, SERIFO? PABIA GORA? E PORQUE TE FOSTE ENTÃO METER NUM GOLPE DE ESTADO? APENAS PARA DIZER 'FUI PRESIDENTE' TAL COMO AQUELES QUE DIZEM 'NBAI LUTA.
- TOMA LÁ PARA APRENDEES: A CPLP É GRANDE!?
A respeito da possível ajuda do sistema de urnas eletrônicas do Brasil, o presidente avalia que seria um ótimo auxílio. Mas, ponderou: "O presidente Ramos Horta esteve lá, eu não sei o que é que se evoluiu. Acredito que dentro desta comunidade CPLP, da posição que tem em relação aos acontecimentos de 12 (de abril), poderá contribuir para esse recuo na participação do Brasil. Não sei, não sei...".
(NÃO SABES NADA, SERIFO! ÉS COMO UM SANTO. MAS DEIXA PARA LÁ PORQUE O RAMOS HORTA TAMBÉM NÃO, E VAI NA TUA/VOSSA CANTIGA...AFINAL TIMOR QUER FICAR COM O NOSSO PETRÓLEO, A NOSSA BAUXITE, O NOSSO FOSFATO E, PASME-SE, ATÉ CONTINUAR COM A OBRA DO PORTO DE BUBA INICIADA POR UMA EMPRESA ANGOLANA...O TANAS É QUE VÃO!!! NEM QUE TENHAMOS QUE PASSAR A BEBER SUMO DE PETRÓLEO!!!)...
"Cabo Verde é um país de relações históricas muito sólidas, não são esses pequenos incidentes que vão criar problemas ou que vão pôr em causa essa nossa relação histórica, e com São Tomé a mesma coisa. Falando de São Tomé, fala-se de Angola e de Moçambique. São todos países irmãos e nós temos uma cumplicidade histórica, que é impensável dizer que teremos problemas de maior. Há um incidente, que deve ser analisado e situá-lo no seu momento, no seu contexto, para que depois das eleições, o país se reencontre com todos esses países irmãos, para o desenvolvimento que todos desejamos".
(CARAGO! SERIFOOOOO, CHAMAS A UM GOLPE DE ESTADO CANALHA DE 'PEQUENO INCIDENTE'? QUE DESCARADO... SABES QUANTO TEM CUSTADO ÀS EMPRESAS QUE INVESTEM NA GUINÉ-BISSAU ESTE GOLPE DE ESTADO PATÉTICO? SABES POR QUE PASSAM AS EMPRESAS? E OS HOTÉIS? CLARO QUE NÃO, E NEM QUERES SABER. TU ATÉ TENS UM PALÁCIO - AINDA QUE NENHUM GUINEENSE VOTOU EM TI. PARA TI, ESTAVA CLARO: DEPOIS DO BACAI, SERIFO! MAS A GUINÉ-BISSAU É O VOSSO QUINTAL, NÃO É MESMO? TÉ NA DIA... AAS
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
ÚLTIMA HORA-TENSÃO EM BISSAU: NOTÍCIA DC CONFIRMA-SE
1ª página do jornal 'O Democrata' de hoje, 27 de setembro de 2013. A NOTÍCIA do DC, tinha razão de ser... (...) Treze metralhadoras AK-47, de um lote indeterminado de armas roubadas do batalhão dos páracomandos, na passada quarta-feira, foram ontem recuperadas. Para já, os militares afectos a este batalhão estão confinados ao quartel, proibidos de sair. AAS
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