quinta-feira, 27 de junho de 2013
APGB - O cerco continua
Um despacho do ministro de Estado e dos Transportes e Comunicações, Orlando Viegas, determina a proibição da Administração dos Portos da Guiné-Bissau (APGB) realizar despesas com valor superior a 5 milhões de Fcfa (cerca de 7 mil euros). Estão proibidos também a autorização de isenção e "créditos a terceiros" (como se a APGB fosse um banco...)
Em relação a Armando Correia Dias, o acossado presidente do Conselho de Administração da APGB, o ministro de Estado e dos Transportes e Comunicações exige a "eliminação da assinatura" de Armando Dias de todas as contas bancárias onde, doravante, passa a ser obrigatória as assinaturas do diretor-geral da APGB, Augusto Cabi e do director administrativo e financeiro. AAS
Conferência de paz com Guiné-Bissau como tema
O Coordenador do Grupo Parlamentar do Reino Unido para a Guiné-Bissau, Peter Thompson, irá discursar sobre como o crime organizado afecta a construção da paz numa cimeira de alto nível, patrocinada pelo Governo Suíço, que terá lugar na próxima semana em Genebra. A conferência, denominada “O Crime Organizado e o seu Impacto nos Esforços de Construção da Paz”, foi organizada pela Divisão de Segurança Humana do Departamento Suíço das Relações Exteriores, em conjunto com a Plataforma de Construção de Paz de Genebra, uma organização que junta as quatro maiores instituições suíças que lidam com a paz e a resolução de conflitos.
Centrado na questão da Guiné-Bissau e comparado o que se passa neste país africano com a Irlanda do Norte, de onde Thompson é natural, e onde o crime organizado dominou durante o conflito nesta região do Reino Unido, Peter Thompson irá discutir esta questão em conjunto com um mediador sénior do Governo Suíço e representantes da União Africana, das Nações Unidas e do Comité Internacional da Cruz Vermelha. Thompson irá também discursar numa sessão pública desta conferência destinada a apresentar o seu mais recente estudo, “Responsabilidade e Reconciliação na Guiné-Bissau”, publicado pela Universidade de Defesa Nacional dos Estados Unidos de America. Esta cimeira terá lugar nos dias 02 e 03 de Julho no Hotel d’Angleterre, em Genebra.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
ÚLTIMA HORA/EXCLUSIVO/ORGIA NA ABGP: Depois de o ministro de Estado e dos Transportes e das Comunicações, Orlando Viegas, ter exonerado o administrador dos Portos da Guiné-Bissau, Armando Correia Dias por burla e desvios de mais de um bilhão e duzentos mil de Francos CFA, eis que surge em cena alguém inusitado: Sory Djaló, o presidente da Assembleia Nacional Popular, "mandou" chamar o ministro, pedindo-lhe que...revogasse o seu (do ministro de Estado!) próprio despacho. Uma fonte do Ditadura do Consenso fala em suposto suborno, e avança mesmo os números: 15 milhões de FCFA - do Dias para o Sory Djaló. AAS
Força, Mandela!
"Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis." (Bertold Brecht)
Nada podem contra mim
"Carta de Lisboa:
Aly Silva - o D. Quixote guineense
Jornalista e pintor, António Aly Silva, também bloguista, é um autêntico D. Quixote da Guiné-Bissau, uma figura ímpar de que me apetece aqui falar.
O António, de 43 anos, natural do Quebo, antiga Aldeia Formosa, na região de Tombali, no interior da Guiné-Bissau, é um caso fabuloso de desdobramento de personalidades, entre o pintor que começou a ser ainda muito novo, na adolescência, e o jornalista irreverente em que depois se tornou, com uma posição assinalável no blogue Ditadura do Consenso. Rapaz de duas pátrias, a guineense e a portuguesa, pois que em ambas já viveu, ele tem um desassombro excepcional quando fala dos muitos problemas da terra onde também nasceu Amílcar Cabral; e onde tantos morreram, em circunstâncias várias.
Falar do António Aly Silva e da sua maneira de estar na vida é homenagear todos aqueles que transgridem, que fazem tantas vezes aquilo que nós pensamos mas não temos a coragem de fazer ou de dizer. Depois de tanto se ter escrito nos últimos anos sobre uma pátria ainda a dar como que os primeiros passos, pois que 36 anos pouco são na vida de uma nação, é bom ter uma matéria nova para falar, que não seja o peso dos militares ou as influências do narcotráfico.
Aly é um artista e um poeta, que nos sabe bem ler, pois dele transcende o mais puro espírito libertário. E aqui o gostaria de colocar ao lado de muitas das outras figuras africanas que já tenho abordado ao longo da vida, pessoas com maneiras diferentes de estar na vida, mas que de algum modo não podemos ignorar: o José Vicente Lopes, o Tony Tcheka, o José Eduardo Agualusa, o Ondkaji, o João Paulo Borges Coelho, o Mia Couto, o Nelson Saúte e tantos outros.
Esta minha carta é para eles, os cidadãos lusófonos que aprecio, pessoas que têm ajudado a fazer notadas as jovens nações onde vivem. Pessoas todas elas com menos de 65 anos; nascidas portanto depois da II Guerra Mundial e de tudo o que ela significou para marcar um antes e um depois.
O António Aly Silva andava na instrução primária em Portugal quando aqui foi o 25 de Abril de 1974 e algum tempo depois seguiu para Bissau, a matricular-se no Liceu Kwame Nkrumah, onde a sua pintura começou a ser notada, em tons vivos, como é próprio da África e dos africanos. Galerias de Dacar, Lisboa, Sintra, Paço d'Arcos e Cascais viram os seus quadros, bem como algumas salas de Bissau. Toda uma corrente de afectos se foi gerando à sua volta, como de ódios também; ou não fosse a Guiné-Bissau um país de perfídias, onde por vezes parece tão fácil morrer, vítima do feitiço de alguém que nos quer mal.
Aos meus olhos, ao colocar claramente os pontos nos iis, denunciando as conjuras, os golpes baixos, em pleno terreno armadilhado, o Aly é um herói, um autêntico D. Quixote deste tempo novo, deste século XXI em que nos é dado viver, até que os deuses o permitam. "Venham mais cinco!", como ele, como o Zeca Afonso, como o José Dias Coelho. E um dia talvez o mundo seja melhor, onde mereça a pena viver. Graças ao esforço dos que tantas vezes chegam a duvidar de que valha a pena. Dos que tropeçam nos escolhos mas acabam por arranjar forças para se levantar.
Jorge Heitor"
terça-feira, 25 de junho de 2013
COCAÍNA: Morreu um cidadão guineense, na cidade de Renens, na Suíca. A autópsia revelou que o homem, de 29 anos, ingeriu 24 saquetas (250grs) de cocaína. O comunicado da polícia revelou que pelo menos uma saqueta rebentou, tendo sido suficiente para lhe causar a morte. Os primeiros elementos do inquérito, indicam que o cidadão guineense não era conhecido no cantão, e estava na posse de uma autorização de residência emitida em Espanha. AAS
segunda-feira, 24 de junho de 2013
EXCLUSIVO DC-APGB: A primeira medida administrativa tomada pelo ministro de Estado e dos Transportes e Comunicações, Orlando Viegas, foi enviar uma carta aos bancos comerciais a ordenar a suspensão da assinatura do presidente do conselho da Administração dos Portos da Guiné-Bissau, Armando Correia Dias (Ndinho) junto dos mesmos. Motivo? Orlando Viegas alega uma "investigação em curso." Espera-se portanto, que quer da parte do Ministério Público quer do procurador-geral da República, Abdu Mané, haja total empenho e colaboração institucional... AAS
Esclarecimento
A fim de evitar mal entendidos, e calúnias que se tornam virais, o editor do blog Ditadura do Consenso esclarece o seguinte:
Ponto 1 e único) Não voltar a publicar notícias relacionadas com os candidatos à liderança do PAIGC até que a data do Congresso esteja oficialmente marcada.
Lisboa, 24 de junho de 2013
António Aly Slva
Federação de Futebol de pantanas!
Os membros da direção da Federação de futebol da Guiné-Bissau estão envolvidos numa acesa polémica que já motivou demissões de vários elementos do Comité Executivo, o último o secretário-geral, Alberto Dias. De acordo com uma fonte da Federação, Alberto Dias foi hoje demitido do cargo por ordens expressas do presidente do organismo, Manuel Nascimento Lopes, na sequência de uma auditoria recentemente realizada, que teria mostrado "várias irregularidades" financeiras.
A fonte não adiantou os valores em causa, mas precisou que o presidente da Federação prometeu entregar os resultados dos inquéritos ao Ministério Público. Interinamente, o lugar de secretário-geral da Federação de Futebol guineense será ocupado por Virgínia Mendes da Cruz. Já antes da suspensão do secretário-geral, outros elementos do Comité Executivo tinham sido exonerados ou '"batido com a porta", como os casos de Alfredo Gomes, segundo vice-presidente da Federação, Inum Embaló, responsável pelo futebol feminino, e Mutaro Bari, responsável financeiro.
Tirando Inum Embaló, que foi suspenso de funções depois de levantar várias suspeições sobre a forma como o presidente da Federação está a conduzir o organismo, Alfredo Gomes (atual ministro da Educação, Juventude, Cultura e Desporto) e Mutaro Bari saíram por discordarem da forma como Manuel Nascimento Lopes dirige a Federação. Os clubes de futebol da Guiné-Bissau estão a exigir a realização de um congresso extraordinário para uma análise profunda à gestão da atual direção da Federação, eleita há pouco mais de um ano.
Enganar os menos atentos
Quase dois anos depois, uma notícia publicada no blog ditadura do consenso mereceu uma atenção especial de um jornalista 'quase especial' para alguns guineenses. Segundo esse reconhecido jornalista, quando, nas vésperas da campanha eleitoral de 2012, o então ministro do Comercio, Botche Candé, fez o lançamento das obras de reparação de uma estrada do interior do país, este acontecimento mereceu atenção especial de um blogue de um conterrâneo nosso, que classificou esta acção de lançamento da obra (com cobertura da comunicação social), como sendo uma pura propaganda eleitoral. Para o autor deste blogue, o ditadura do consenso, o ministro Botche Cande não passava de “um ministro analfabeto”, como se alguém não merecesse o reconhecimento e elogio do seu trabalho útil para as populações, sobretudo quando faz um trabalho bem feito!
A dúvida reside no seguinte: Ele é analfabeto? Lançou a pedra da obra? Alguma mentira foi dita pelo editor do blog ditadura do consenso? E ter um ministro analfabeto merece chacota ou não? Venha o diabo e escolha...
Como disse e bem o reputado jornalista: Quando nas vésperas da campanha eleitoral de 2012, o então ministro do Comercio, Botche Candé, fez o lançamento das obras de reparação de uma estrada do interior do país, este acontecimento mereceu atenção especial de um blogue de um conterrâneo nosso, que classificou esta acção de lançamento da obra (com cobertura da comunicação social), como sendo uma pura propaganda eleitoral. Outra vez pergunto: A atenção que este facto mereceu no blog ditadura do consenso era só para fazer chacota ou para reportar o lançamento da obra? A obra foi pura propaganda eleitoral? Compete ao Ministro do Comercio a reabilitação das estradas? Qual devia ser papel do ministro do Comércio para com o ministro das infraestruturas/ministro das finanças, se o ministério de Vomércio dispunha de montante para reabilitar a estrada?
O António Aly Silva falou mentira? Nos EUA, é o ministro do Comércio que faz a manutenção das estradas? Mas, a maior curiosidade, o porque só agora (passaram quase dois anos) esta notícia merece especial atenção de reconhecido jornalista? Será que esta passagem no texto, não é algo para desviar atenção dos menos atentos, quando a razão é defender a desflorestação denunciada na semana passada por ONG´s entre os quais a AD?
Senão vejamos, o reputado jornalista disse:
Por exemplo, se uma organização não-governamental ou ambiental achar injusta a exploração de uma determinada floresta guineense, que a mesma proponha uma zona protegida, como aliás fizeram com as florestas de cantanhez, com o parque nacional de orango (ilhas bijagós), com o parque natural dos tarrafes do rio cacheu (norte), com o parque nacional marinho joão vieira e poilão (sul), e com o parque nacional lagoas de cufada (sul). Mas, outras experiências africanas e mundiais têm mostrado que quando questões ambientais se transformam em políticas, dificilmente um consenso é alcançado. Só me resta encorajar as partes a não perder a esperança de discutir e partilhar as melhores ideias e passar à sua aplicação.
Mas outras perguntas:
O reconhecido jornalista achou justa a forma como está a ser explorada a nossa floresta? Será que a questão da nossa floresta recentemente denunciada pelas ONG´s é politizada? Por ultimo, meu caro Jorge Herbert, há muito que aprecio as sua publicações, mas hoje confesso que tiro-lhe o chapéu. Os grandes se conhecem no momento certo."
O algodão não engana
Sondagem Ditadura do Consenso
Pergunta
- ESTE GOVERNO É ILEGAL?
Respostas
- SIM, COMPLETAMENTE - 430 (53%)
- NÃO, É DE GOLPISTAS - 175 (21%)
- É LEGALMENTE DOENTE - 140 (17%)
- NÃO SEI - NÃO RESPONDO - 64 (7%)
Votos apurados: 809
A falta de rigor dos atuais intelectuais/académicos ou formados
Saber ler não é o mesmo que saber estudar ou saber pesquisar com rigor, da mesma forma que dominar a arte de escrever não significa de todo saber opinar com rigor. Refiro-me ao tão propalado e almejado, mas um tanto ou quanto mal definido, rigor académico. Aquele rigor que devia nortear, para o resto da vida, todos aqueles que um dia tiveram a oportunidade de cumprirem um percurso académico com maior ou menor sucesso… É certo que não devemos confundir um intelectual de um académico e muito menos um destes dois com um “formado”…
Ao ler o artigo “O Cinismo e as Ambiguidades dos “futuros arrependidos”, fiquei estupefacto com a falta de rigor demonstrado pelo seu autor, atendendo ao reconhecimento profissional de que já goza entre os guineenses!
O poeta português Fernando Pessoa escreveu uma vez que “para que um homem possa ser absolutamente intelectual, tem que ser um pouco imoral”. Mas, modéstia a parte, vou discordar do grande poeta português, já que defendo que a intelectualidade só é sustentável, enquanto andar de mãos dadas com a moralidade. Ou seja, uma intelectualidade verdadeiramente produtiva necessita também da moralidade como matéria-prima.
Segundo o nosso reconhecido jornalista, “Muitos ignoram o facto de qualquer desenvolvimento de um país começar pela criação de infra-estruturas indispensáveis para o seu funcionamento, criando estrutura administrativa e empresarial precisa. Daí serem extremamente importantes as construções de obras públicas, que possam albergar serviços públicos e privados, com o objectivo de proporcionar um ambiente propício e confortável para o exercício digno da profissão.
Para o nosso jornalista, as infraestruturas, depois de criadas, criam eles automaticamente condições de trabalho, que influenciam o desenvolvimento de um país!? Não sei em que manual académico relacionado com modelos de desenvolvimento das nações foi buscar essa ideia, mas fico a espera da respetiva referência bibliográfica.
Numa "dança" entre a ambiguidade e o contraditório, o nosso reconhecido jornalista faz referência às infraestruturas criadas no período da presidência de Luís Cabral (“Socotram, Fábrica Bambi, Leite Blufo, Fábrica de Cumeré, Fábrica de Compotas Titina Silá, Fábrica de Nhaye, montagem do Volvo, Fábrica Cicer”), mas esquiva-se a questionar as viabilidades económicas das mesmas, como se isso não tivesse a mínima importância para a sustentabilidade e a continuidade desses mesmos investimentos! Simultaneamente fala de “guineenses orgulhosos e nostálgicos” desses projetos, assumindo claramente os seus desaparecimentos, mas sem fazer um pequeno exercício de raciocínio para perceber que, efetivamente, não foi por terem sido erguidos que o país tirou o devido proveito deles, acabando por desaparecerem…
Para não ser fastidioso, não pretendo divagar-me sobre as "estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável", nem vou dissecar os seus componentes (ambiental, económica e sociopolítica), para depois remeter-me aos abates indiscriminados das árvores na Guiné-Bissau, entre outras delapidações dos nossos recursos naturais que têm acontecido, sem que o povo usufrua verdadeiramente disso... Também não vou falar do conceito da “Felicidade Interna Bruta” de um país para analisar o impacto desses investimentos no nosso país, nem tão pouco vou socorrer-me de referências bibliográficas internacionais sobre modelos de desenvolvimento.
Vou sim aconselhar ao nosso reconhecido jornalista, a leitura muito atenta de um livro, escrito por um guineense, que retrata e analisa de forma implícita e explícita, nada mais que a criação e o fim desses projetos do “tempo de Luís Cabral” que deixou alguns guineenses nostálgicos. Não é que concordo ou me identifique com a linha de raciocínio e orientação política e cultural que Filinto Barros denotou no livro intitulado “Testemunho”. Mas, uma leitura imparcial e desapaixonada desse livro, principalmente a sua primeira metade, permite-nos tirar ilações sobre a falta ou ausência de estratégias de desenvolvimento a médio-longo prazo dos sucessivos governos, desde a nossa independência… Numa passagem na página 14 do mesmo livro, o autor dá uma pequena lição “pós-mortem” ao nosso reconhecido jornalista, afirmando o seguinte: “È neste mar de ingenuidade que os dirigentes da Guiné-Bissau se lançaram numa tarefa inglória de industrializar por industrializar, na vã esperança que uma unidade industrial caída de para-quedas, geraria por si só todas as condições necessárias ao seu sucesso”. A verdade é que ainda temos quadros e dirigentes políticos a pensar desta forma, perpetuando o nosso marcar do passo, rumo ao desenvolvimento!
“Assim, o povo tem o direito de pedir explicações sobre quaisquer “contrapartidas” e exigir, sobretudo, uma maior transparência na selecção e aplicação dos projectos de desenvolvimento. Todavia, esta “vontade de saber” não deve ser guiada pelo sentimento antigovernamental, fruto de ajustes de contas com os “inimigos” dos nossos amigos. Este sentimento deve ser genuíno, apolítico e guiado por um espírito de incentivar parcerias entre as instituições estatais, não-estatais e comunitárias”.
Contrariamente ao nosso reconhecido jornalista, importo-me sim quando as ajudas e novos acordos de cooperação estão a ser negociados e viabilizados por um governo e um presidente ilegítimos, sedentos de financiamento recusado pelos principais financiadores do país e a quem o povo não pode, de forma nenhuma, pedir explicações! Que mecanismos de fiscalização existem neste momento, para este governo ilegítimo? A quem o povo guineense pede explicações hoje em dia, sobre a governação do bem comum!? O povo que, num estado de direito democrático, poderia ter uma atitude vigilante e crítica e posteriormente julgar nas urnas, está neste momento oprimido, atemorizado e impedido de exercer qualquer dos seus direitos mais básicos!
“Portanto, para concluir, diria que os projectos que já existem ou em vias de construção devem ser encarados como investimentos patrimoniais bem-intencionados e que, se espera que mais tarde ou mais cedo, irão beneficiar a Guiné-Bissau. Se calhar, nessa altura, dificilmente lembraremos que este ou outro edifício público tenha sido fruto de um Governo de Transição.”
Sr. Jornalista, “investimentos patrimoniais bem-intencionados” cheira-me a empirismo e leviandade que temos assistido a conduzir a Guiné-Bissau aos piores índices de desenvolvimento. Os investimentos estatais, patrimoniais ou não, não podem assentar no princípio de boas intenções! Conforme diz o português, “de bem-intencionados está o cemitério cheio”. Quando vejo um académico, intelectual ou formado a aplaudir “investimentos patrimoniais bem-intencionados”, sem olhar ao rigor que a gestão da coisa-pública exige, fico deveras preocupado com o futuro da nossa Guiné-Bissau e da nova geração de intelectuais que o país está a formar…
“Devemos sim, apoiar sempre, sem preconceito de quem faz o bem, independentemente do facto de ser ”analfabeto”, não licenciado ou outro.”
Sr. Jornalista, sem qualquer preconceito da minha parte em relação aos analfabetos, digo-lhe que não apoio qualquer analfabeto que queira fazer o bem, com o dinheiro público (portanto de todos nós), a não ser que se faça rodear de bons conselheiros letrados e tecnicamente capazes e ele limitar-se apenas a pôr o dedo ou a carimbar os documentos, como fazia o primeiro responsável pela área dos transportes no período imediato pós-independência, conforme reza a história,
Sr. Jornalista, é com esses analfabetos, alguns mal formados, golpistas e pseudo-transicionistas, obviamente “bem-intencionados”, a gerir a coisa-pública é que a nossa Guiné-Bissau insiste em não sair da equipa de países mais pobres do mundo! Aplaudi-los e incentivá-los, não é mais que contribuir para o prolongar do “estado comatoso” em que se encontra o nosso país… O mundo está em constante mudança e a Guiné-Bissau não pode continuar a insistir na sua guetização, com dirigentes políticos analfabetos ou semi-analfabetos aplaudidos por intelectuais/académicos ou formados.
Jorge Herbert
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